Cooperação entre China e EUA quer fortalecer a proteção dos oceanos (Foto: Amanda Lee Myers/AP)
China e Estados Unidos lançaram uma iniciativa conjunta nesta quarta-feira para proteger os oceanos, ressaltando essa cooperação como prova de que os dois países podem trabalhar juntos apesar dos desacordos persistentes.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o conselheiro de Estado chinês, Yang Jeichi, presidiram a primeira reunião de um novo grupo de trabalho sobre os oceanos, no terceiro e último dia de negociações anuais entre Pequim e Washington.
"Mais uma vez nós estamos desbravando novos caminhos no que diz respeito à China e à capacidade dos Estados Unidos para encontrar uma área em que podemos cooperar, que tem grande importância…para todos os povos", disse Kerry.
Cerca de 400 funcionários chineses visitam Washington desde domingo para o diálogo estratégico e econômico anual, um fórum para os dois desconfortáveis parceiros tentarem atar laços cada vez mais complexos.
China e Estados Unidos são duas das principais nações pesqueiras do mundo, afirmou Kerry, e também líderes em ciência dos oceanos.
"Então nós temos uma oportunidade real aqui para sermos capazes de trabalharmos juntos para lidar com a conservação e proteção dos oceanos", explicou, acrescentando que poderia ser "uma peça central no relacionamento recém-definido com a China".
Yang concordou, dizendo que os oceanos eram "uma pátria comum da humanidade, vitais para nossa sobrevivência e desenvolvimento".
Mesmo que as duas principais economias do mundo continuem em desacordo sobre alguns aspectos da política marítima – em especial a reivindicação territorial de Pequim sobre a soberania do Mar da China do Sul – Kerry disse que "no meio marinho há uma necessidade urgente de que os nossos países deem um passo à frente e tenham liderança".
"Os oceanos são parte de nós, todos nós", Kerry insistiu, dizendo que "precisamos prestar atenção com cuidado às responsabilidades que temos".
Selvageria primitiva
Pequim e Washington estão trabalhando juntos para tentar criar uma área marinha protegida na Antártica no Mar de Ross, declarou Kerry, fazendo referência a um dos últimos verdadeiros lugares selvagens do mundo.
Os Estados Unidos têm procurado há muito tempo criar uma reserva marinha no Mar de Ross que se estende por 1,34 milhão de quilômetros quadrados em uma área muitas vezes referida como o "Último Segredo", devido a sua condição primitiva.
Ambientalistas dizem que o Oceano Antártico é o lar de mais de 10.000 espécies únicas, incluindo pinguins, baleias e lulas colossais.
Mas, para o desgosto dos ambientalistas, a China bloqueou a iniciativa em uma reunião na Austrália no ano passado. Os dois países também concordaram em reforçar a cooperação no combate ao tráfico ilegal de animais silvestres.
Uma nova pesquisa divulgada esta semana pelo Pew Research Center mostra que a oferta dos Estados Unidos de se voltar mais para a Ásia ganhou apoio geral em ambos os lados do Pacífico.
Os Estados Unidos ainda são vistos como primeira potência econômica do mundo, ainda mais do que no ano passado. Mas 48 por cento das 45.435 pessoas entrevistadas em 40 países acreditam que a China irá substituir os Estados Unidos como superpotência líder mundial.
Transparência
Em seu florescente laço econômico, o lado dos Estados Unidos salientou a necessidade de transparência e uma regulamentação adequada para as empresas.
A China é a fonte de investimento direto estrangeiro nos Estados Unidos que mais cresce, e em 2014 as exportações norte-americanas para a China atingiram 124 bilhões de dólares, tornando-se o terceiro maior mercado de exportação.
"Um ingrediente-chave é a adoção de normas reguladoras que sejam transparentes, previsíveis e abertas para envolver as partes de entrada", explicou o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, em uma mesa redonda com os principais executivos-chefes de empresas chinesas e americanas.
"É também de vital importância que haja políticas de tecnologia não-discriminatórias e mercado aberto em tecnologias de informação e bens de comunicação".
O vice-premiê chinês Wang Yang, falando através de um intérprete, disse que o investimento empresarial foi uma parte importante do relacionamento.
"Ainda há problemas e obstáculos, e estes requerem novas formas de pensar", afirmou.
Fonte: G1