Do meu lixo cuido eu – Reduzir, Reutilizar e Reciclar.


                                       

Até a Revolução Industrial o lixo era composto basicamente de restos de alimentos. Após essa fase, passou a ser identificado como todo e qualquer resíduo sólido descartado e rejeitado pela sociedade. Assim que a escala de produção de materiais como: plástico, papel, papelão, isopor, metais, entre outros, se tornou industrial, nosso lixo aumentou significativamente, já que tudo que compramos e consumimos é excessivamente embalado, gerando mais quantidade de resíduos. Geralmente, associamos a palavra lixo a algo sujo e repugnante, que queremos descartar imediatamente, mas vale ressaltar que lixo só vira de fato lixo, quando se mistura sem pudor com tudo que descartamos.

O hábito de separar os resíduos para reciclagem é pouco cultivado no nosso país, onde apenas 2% do total são reciclados. Segundo informações da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2008), um brasileiro produz em média 1,5Kg de resíduo por dia, separados em secos e úmidos, e recebendo seu destino correto, pode-se diminuir consideravelmente esse volume diário. Resíduos orgânicos representam 50% do nosso lixo; os recicláveis 30%; os outros 20%, são o que de fato seriam encaminhados para o aterro sanitário por não possuírem alternativas de reuso.

Precisamos por em prática os três Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. Só assim será viável uma diminuição no descarte incorreto de todo esse material, que pode se tornar fonte de renda de diversas maneiras e impulsionar a economia do país em cifras significativas. O papel do catador no âmbito socioambiental é vital para impulsionar o volume de resíduos reciclados, pois no Brasil são eles os maiores responsáveis pela coleta desse material, de forma autônoma ou em cooperativas. Sobretudo na forma de arte, onde muitos artistas fazem dos resíduos sólidos uma forma criativa de mostrar como a sociedade despreza materiais que podem ser reaproveitados, reutilizados e reciclados, seja como decoração, vestuário, e até mesmo uma reflexão sobre a nossa postura consumista.

É preciso se conscientizar que cada um é responsável pelo lixo que produz, ele é seu, antes de ir para a lixeira e consequentemente o destino que recebe também é de sua responsabilidade. Adotar o ‘modo reciclar’ é um exercício diário. Os benefícios que a prática da reciclagem nos traz são inúmeros, como a economia de recursos naturais extraídos do meio ambiente; a diminuição na emissão de gazes do efeito estufa; poupando aterros sanitários, e principalmente, exercendo a cidadania de cuidar do único planeta habitável que conhecemos.

Laísa Mangelli

Foto: Blog da E.M. Odilon de Andrade

Qual a diferença entre Reciclar e Reutilizar?


 
 
Reutilizar
 
Jogar algo que pode ser recriado diretamente no lixo esvazia as chances de se aproveitar todas as possibilidades de um mesmo objeto. Móveis podem ganhar novas roupagens e funções, porcelanas repletas de parafina podem iluminar o ambiente como velas estilizadas, folhas de rascunho podem virar cadernos e blocos de anotação… aproveite a internet, ótima ferramenta para encontrar boas ideias de reutilização e reaproveitamento. Buscar novos significados para os pertences é um excelente convite à criatividade e ajuda a diminuir a demanda de consumo que alimenta as cadeias produtivas, polui o meio ambiente e prejudica a sociedade.
 
Reciclar
 
Colocar objetos em um novo ciclo de produção: eis o que se faz ao “re-ciclar”. Diferentes técnicas de reciclagem constituem um mercado que gera empregos, economiza energia e origina matérias-primas para fabricação de outros bens – o que é mais econômico e sustentável do que começar o ciclo do zero, com recursos extraídos primariamente da natureza. A coleta seletiva doméstica tem um papel importante nisso tudo. Em casa, duas lixeiras são o suficiente: uma para os resíduos orgânicos – como cascas de frutas e restos de verduras que pode ser transformados em adubo por meio de compostagem no quintal – e outra para os secos.
 
Quando os resíduos são separados corretamente, o índice de aproveitamento passa de 70%. Exigir programas de reciclagem dos governos locais também é essencial para que o objetivo final seja de fato atingido. Uma pesquisa do Ipea apontou que apenas 8% dos município brasileiros têm estrutura para reciclagem. O alumínio é o campeão no País, com índice de 90%. Isso se deve ao alto valor de mercado de sua sucata, associado ao elevado gasto de energia necessário para a produção de alumínio metálico. Para o restante dos materiais, à exceção das embalagens longa vida, os índices de reciclagem variam entre 45% e 55% (saiba mais sobre a reciclagem de embalagens longa vida neste post)
 
O que também é importante:
 
Reduzir
 
A primeira atitude do consumo responsável é questionar a real necessidade de determinada aquisição, seja de produtos, seja de serviços. Escolher aqueles que duram mais ou são reutilizáveis e abolir a compra por impulso evita desperdícios e diminui a quantidade de resíduos gerados. Não é de hoje que a literatura usa o jogo de palavras para rimar e distinguir os verbos “ser” e “ter”. Gente que experimenta a simplicidade no cotidiano sabe que ter menos pode ser mais prazeroso. Um bom começo é reduzir o uso de embalagens, preferir produtos a granel àqueles embalados em isopor e plástico, evitar o “troca-troca” de celulares e computadores e repensar a quantidade de brinquedos que abarrotam os quartos das crianças. Palavra de ordem por uma vida menos superlativa e mais bem vivida.
 
Recusar
 
Para uma sociedade com menos resíduos muitas vezes é necessário – e possível – dizer não. Por exemplo: recusar o excesso das famigeradas sacolinhas plásticas no supermercado é um bom começo. É hábito colocar até mesmo compras minúsculas em sacolas plásticas desproporcionais, completamente dispensáveis (por exemplo, ao comprar cartela de remédios na farmácia ou um chocolate na padaria).
 
Redesenhar
 
Empresas e indústrias também devem entrar no jogo e investir em projetos inteligentes que alterem a forma como suas mercadorias são produzidas. Processos que consomem menos água e materiais, embalagens e produtos mais fáceis de serem reciclados e esforços para uma gestão adequada de resíduos são pontos importantes.
 
Reparar
 
Uma forma de reagir à cultura do descartável é investir no conserto de objetos quebrados em vez de comprar novos – exigentes de muita energia e matéria-prima extraídas de um planeta que já acenou sua finitude.
 

Fonte: Super Interessante

Publicado em Autossustentável