Internet é aliada na descoberta de novas espécies


A internet vem ajudando na descoberta de novas espécies? De modo geral, pode-se dizer que sim. Casos como o do pesquisador Shaun Winterton, que descobriu acidentalmente uma nova espécie de inseto no site de compartilhamento de fotos Flickr, ainda são extremamente raros. Contudo, a rede possibilita a colaboração de pesquisadores de diversas universidades ao redor do mundo, na identificação e informação de novas espécies.

PhD em insetos pela Universidade de Queensland, o australiano Shaun Winterton descobriu a nova espécie por um acaso. Enquanto navegava pelo Flickr, viu a foto do inseto e estranhou as características. Winterton então entrou em contato com o autor da foto, Guek Hock Ping, que procurou por mais de um ano mais informações sobre o animal, encontrado inicialmente em uma área de floresta no estado de Sabah, o segundo maior da Malásia.

Semelhante aos crisopídeos encontrados no Brasil, conhecidos como “bicho-lixeiros”, a espécie chama atenção pelo padrão de mancha escura em suas asas, oscilando entre o preto e o azul. Outro detalhe que a distingue são duas marcas na base das suas antenas.

Batizada de Semachrysa jade em homenagem à filha do pesquisador, a nova espécie foi registrada na revista internacional "ZooKeys", lançada no dia 7 de agosto. O estudo foi assinado em conjunto pelos dois e por um pesquisador do Museu de História Nacional de Londres, Stephen Brooks, que confirmou o ineditismo do animal.

Colaboração

Mas não é somente o acaso que ajuda os pesquisadores a identificarem espécies inéditas no reino animal. Criado pelo Instituto Smithsonian de Washington em 2008, o EOL, ou Encyclopedia of Life (Enciclopédia da Vida), é um “tipo de Wikipédia” cujo objetivo é reunir em uma página da internet absolutamente todas as informações conhecidas e confiáveis sobre uma determinada espécie.

O projeto já conta com mais de um milhão de espécies catalogadas. As informações são atualizadas diariamente e passam por uma curadoria antes da publicação. A intenção é que a base de dados se torne uma comunidade global de colaboradores e contribuidores para servir tanto o público em geral, quanto entusiastas, educadores, estudantes, cientistas e profissionais da área.

Quando terminar de reunir o conhecimento científico taxonômico gerado nos últimos 250 anos, a Enciclopédia da Vida, segundo seus organizadores, poderá ter uma série de aplicações úteis. Pode-se, por exemplo, realizar um mapeamento do fluxo de endemias causadas por insetos, como o mosquito da febre amarela que possui dados detalhados no site.

Fonte: Eco Desenvolvimento