ECOS na luta pela preservação do Caminho das Águas


Integrantes* do Movimento Socioambiental e Jurídico ECOS participaram, no último sábado (25), de mais uma etapa de mobilização para preservar o percurso conhecido como ‘Caminho das Águas’, da Baixa Serra do Curral, região leste de Belo Horizonte. A ação teve início às 7h30 no bairro da Saudade, onde os convidados e integrantes do Movimento Cultural e Ambiental (MOC-ECO), organizador do evento, saíram em uma caminhada com cerca de 12 km de extensão.

 

Muito mais do que símbolo de BH, a Serra do Curral é um cartão-postal repleto de belezas naturais, rodeado pelo crescimento urbano e que pede socorro. Mesmo sendo alvo de degradação, atividades minerárias, especulação imobiliária e turismo sem controle, o patrimônio abriga nascentes, córregos, vegetação, fauna e sítios históricos.

 

Luta

 

O Movimento comunitário, cultural, esportivo e ecológico do bairro Saudade e adjacências é composto por cidadãos moradores da região Leste da cidade. De acordo com o presidente do MOC-ECO, Marco Antônio Zocrato, os objetivos da iniciativa é a busca pela preservação ambiental da região, principalmente das nascentes.

 

Para Zocrato a luta pela preservação e tombamento da região é mais que um sonho possível, é um dever, “nossas nascentes definham, vítimas do descaso da prefeitura e da Copasa, que vivem empurrando para o outro a responsabilidade de sua preservação”, afirma.

 

A ação predatória do homem muda a cada dia a paisagem da região. Nascentes e córregos estão sendo poluídos, a mata devastada e quase ninguém vê. “Este local é praticamente desconhecido pelos jovens, mas foi palco da minha infância e da de muitos outros aqui”, diz Zocrato.

 

O MOC-ECO busca a restauração de espaços do entorno da Serra do Curral, com destaque para a Nascente Santa Clara, situada em Sabará, ameaçada pelo avanço da mineração. Além da preservação do meio ambiente, o movimento também luta pela vida e defende a criação de um Centro Comunitário na região e a revitalização do Cemitério da Saudade, dentre vários outros projetos.  

 

Cartão-postal

 

Moldura de Belo Horizonte, visível de diferentes pontos, a Serra do Curral se impõe como um dos principais símbolos da capital mineira. A flora é diversificada e varia de espécies do Cerrado até remanescentes da Mata Atlântica.

 

Parte do local está sob proteção municipal desde 1991, com retificação em 2002, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1960. Mas não tem sido o bastante. Durante a caminhada, o que se vê é o domínio da mineração, o descaso dos visitantes com a riqueza natural. Praticantes de moto trilha ignoram os transeuntes e o trajeto das águas, cravando na Serra um caminho de devastação. 

 

Conhecedor do monumento desde menino, Zocrato afirma que o Movimento que preside não vai descansar ou mesmo tapar os olhos para o descaso. “Estamos organizados para defender esse tesouro escondido, que representa um lado abandonado da história de nossa cidade”, destaca.

 

ECOS – Juntos podemos!

 

As ações promovidas pelo MOC-ECO muitas vezes são vistas como um “trabalho de formiguinha”, mas toda luta pela preservação ambiental favorece a sobrevivência da nossa espécie e das demais no planeta. E é exatamente desta ideia que o Movimento ECOS compartilha.

 

O professor Luiz Chaves, um dos coordenadores do ECOS, participou da caminhada e destacou o fato dos dois Movimentos formarem uma parceria em defesa do meio ambiente e da paisagem cultural e ambiental da grande BH. “O ECOS por ser um movimento socioambiental e jurídico, com raízes acadêmicas, tem procurado apoiar as iniciativas populares que visam proteger e cuidar do nosso ambiente e da nossa cidade, a qual acaba sendo nossa própria casa”, afirma Chaves.

 

O MOC-ECO é um movimento popular que há anos enfrenta uma intensa batalha contra o poder econômico e político das mineradoras que solapam as nossas riquezas minerais e destroem o nosso ecossistema de forma brutal. “Temos a obrigação de apoiá-los nessa luta”, conclui Chaves.

 

A caminhada ecológica reuniu crianças, adultos e idosos, as diferenças de idade se destacavam em um público que variou de 4 a 80 anos, todos unidos pela mesma causa.   terminou na aconchegante Casa de Retiro – Recanto das Águas, dos Freis Franciscanos, localizada no município de Sabará, a 12 km da Sede Provincial. Na chegada ao sítio todos se reuniram para saborearem um especial e tradicional almoço.

 

*Participaram da caminhada o coordenador do ECOS e do NPJ, professor Luiz Chaves; a pró-reitora de pós graduação Valdênia de Carvalho; e a jornalista Caroline Machado.

 

Confira as fotos da caminhada!

Fonte: Da Redação

Publicado em: ECOS