Alterações em vegetação do Ártico podem acelerar mudanças climáticas


Vegetação de tundra. Foto: Flickr (CC)/Jason Ahrns

Um estudo publicado na revista Nature revela que temperaturas mais elevadas no Ártico têm levado a um crescimento acima da média de espécies vegetais da região. Segundo a pesquisa, que avaliou mais de três décadas de oscilações na cobertura vegetal, a variação na altura das plantas pode contribuir ainda mais para o aquecimento global e as mudanças climáticas. O problema preocupa a ONU Meio Ambiente.

Na zona ártica do planeta, a terra é coberta por uma vegetação conhecida como tundra. Nesse bioma sem árvores, espécimes vegetais de pequeno porte florescem e se desenvolvem sobre um solo permanentemente congelado, que funciona como um repositório fixo de carbono. Mas com o aumento das médias de temperatura no mundo, esses ecossistemas estão vendo seu equilíbrio se transformar.

A pesquisa publicada na Nature mostra que arbustos, gramíneas e outras plantas no Ártico estão ficando mais altas devido ao aquecimento. Com um tamanho maior, essa vegetação acaba concentrando mais neve em torno dela, o que impede que o solo congele tão intensamente. Isso favorece o derretimento do solo congelado da tundra durante o verão — o que libera carbono na atmosfera. Até 50% dos estoques subterrâneos de carbono são encontrados nesses pedaços de terra a 0ºC, ou mesmo abaixo.

“A tundra está esquentando mais rapidamente do que qualquer outro bioma na Terra, e os desdobramentos potenciais são de longo alcance por causa dos efeitos de retroalimentação globais entre vegetação e clima”, aponta a pesquisa.

As plantas mais altas também tornam a superfície da terra mais escura — o que faz a tundra acumular mais calor do sol. O levantamento analisou 56.048 registros de características das plantas e 117 sítios de pesquisa de vegetação espalhados pelo bioma.

“Esse é um estudo importante que deve ajudar a melhorar as projeções de mudanças nos ecossistemas de tundra com o aquecimento climático”, afirmou o especialista em mudanças climáticas da ONU Meio Ambiente, Niklas Hagelberg.

ONU News