Principais problemas ambientais desde 1972


Desde a primeira grande conferência mundial sobre meio ambiente, em 1972, os temas "verdes" entraram na agenda política e na consciência do consumidor. Mas como este quadro demonstra, poucos problemas foram resolvidos e alguns se agravam rapidamente.

 

Proteção à camada de ozônio: o Protocolo da ONU de 1987 tornou ilegal o uso de gases de clorofluorcarbono (CFC) que corroem a camada de ozônio, o que protege o planeta dos raios solares que podem causar câncer de pele. Foi contida uma expansão maior do buraco na camada de ozônio, mas sua recuperação total está prevista para meados deste século ou inclusive depois.

 

Mudanças climáticas: na Rio-92, a ONU estabeleceu a Convenção-quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês). Em 1997, a UNFCCC promulgou o Protocolo de Kyoto, o único tratado que estabelece cortes específicos de emissões de gases de efeito estufa. Mas as metas de Kyoto foram atropeladas pelas emissões de grandes economias emergentes que não são obrigadas a cumprir metas. As partes da UNFCCC concordaram em lançar um novo pacto em 2015, efetivo a partir de 2020. O tempo é curto. A Terra está a caminho de um aquecimento de três graus Celsius ou mais ao final do século, aumentando gravemente os riscos de secas, inundações e tempestades.

 

Biodiversidade: a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), outra herança da Eco-92, não conseguiu conter a extinção de espécies. O mundo não alcançou a Meta de Desenvolvimento do Milênio sobre a perda da biodiversidade para 2010. Os recifes de coral sofreram redução de 38% desde 1980 e e perda de hábitat é superior a 20% desde aquela década, principalmente por causa da agricultura.

 

Oceanos: com exceção de algumas pescas que estão sob controle dos Estados, muitas populações de peixes sofrem um esgotamento sem precedentes. Em 2007, só 7% da produção mundial de pescado tinha o certificado do Conselho de Administração Marinho (Marine Stewardship Council) de produção com respeito ao meio ambiente. Há 169 "zonas costeiras mortas" nos oceanos e 415 que sofrem eutrofização, poluição das águas provocadas por altas concentrações de nutrientes (devido ao despejo de fertilizantes ou matéria orgânica) que causam a proliferação de organismos que consomem o oxigênio dissolvido na água.

 

Água doce: nos últimos 50 anos, triplicou a extração mundial de água subterrânea em resposta ao aumento da população urbana e da demanda agrícola. Só 158 das 263 bacias de rios que cruzam fronteiras nacionais têm acordos de cooperação em matéria de gestão de recursos. Noventa e dois por cento da "pegada de carbono" mundial da água se deve à agricultura.

 

Energia: o aumento do interesse em energias renováveis, impulsionado especialmente pelos objetivos estabelecidos na Europa, contrasta com o predomínio dos combustíveis fósseis, que representaram 80,9% das fontes de energia em 2009. Desde 1992, a produção de energia solar aumentou 30.000% e eólica (ventos) em 6.000%. Mas em conjunto com a geotérmica, representaram apenas 0,8% do total global em 2009. Com os biocombustíveis e o gás proveniente do lixo, o percentual chega a 10,2%. O investimento global em energia e combustíveis renováveis alcançou um recorde de 211 bilhões de dólares em 2010, 540% a mais do que em 2004.

 

Desmatamento: desde 1992, as florestas primárias do mundo recuaram 300 milhões de hectares, uma área quase do tamanho da Argentina. O desmatamento é a terceira maior causa de emissões de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global. A boa notícia é que o reflorestamento ganhando terreno no hemisfério norte e que houve algum progresso na oferta de incentivos financeiros para proteger as florestas nativas. Desde 2006, quadruplicou uma iniciativa da ONU de replantar pelo menos um bilhão de árvores ao ano.

 

Contaminação de dejetos: a produção anual de plásticos mais que duplicou nas últimas duas décadas para 265 milhões de toneladas, das quais a metade é usada para artigos descartáveis. A decomposição do plástico é muito lenta, criando uma ameaça ambiental de longo prazo. Por outro lado, o número de vazamentos de petróleo caiu nos últimos 20 anos. Chumbo no petróleo ou na gasolina está perto de ser eliminado e há um tratado mundial para deter a tristemente célebre "dúzia suja" de poluentes orgânicos persistentes (POPs) e produtos químicos que se biodegradam tão lentamente que se acumulam na cadeia alimentar. Também no lado positivo, os consumidores são cada vez mais sensíveis à reciclagem, desde que não seja caro demais.

 

Fontes: Informe Global sobre Meio Ambiente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma); números sobre energia do informe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) e Agência Internacional de Energia (AIEA).

Fonte: AFP