A decisão, que já vem alimentando discussões há meses, divide empresas, que informaram que repassarão os custos para os consumidores, cidadãos e partidos políticos.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Lowy, 63% dos eleitores se opõem à nova política. Além disso, 57% dos australianos apoiam a promessa do líder da oposição, Tony Abbott, de abandonar o esquema se ele ganhar a próxima eleição, prevista para o final de 2013.
Para tentar mudar esse quadro, a primeira-ministra, Julia Gillard, está realizando uma maratona de entrevistas e utilizando inclusive redes sociais na Internet, como o Twitter, para esclarecer algumas dúvidas e dissipar o temor de que o custo de vida na Austrália irá aumentar.
“A partir de agora as pessoas poderão julgar por elas mesmas, sem serem induzidas a acreditar nas teorias de que será a ruína econômica do país. O céu não está caindo e muitos lares estão recebendo cortes de impostos para lidar com possíveis aumentos na conta de luz, por exemplo”, afirmou Gillard, mencionando os A$ 10,10 semanais a que pessoas de baixa renda terão direito como compensação.
O governo também tentou acalmar os ânimos das empresas e liberou A$ 300 milhões para os setores de exportação que serão afetados pela taxa. Além disso, Gillard salienta que nesta primeira fase, 94,5% dos créditos serão distribuídos gratuitamente. Essa porcentagem cairá em 1,3% ao ano.
Segundo o plano, o valor da taxa de A$23 vai aumentar 2,5% anualmente antes de se transformar em um preço flutuante sujeito às necessidades do mercado em 2015.
Empresas
As companhias sob o esquema, responsáveis por cerca de 60% das emissões australianas, não apresentam uma opinião consensual sobre a taxa.
Enquanto associações e grupos que reúnem grandes emissores, como o setor da mineração, são totalmente contra a medida e fizeram campanha para que ela não entrasse em vigor, uma coalizão chamada ´Empresas para uma Economia Limpa´ está apoiando a primeira-ministra.
Em uma declaração pública, a entidade, que possui 300 empresas afiliadas, reconhece a importância de um preço sobre o CO2 e defende a taxa como um mecanismo para ajudar a transição para uma economia de baixo carbono.
“Um preço para o carbono e medidas complementares ajudarão a Austrália a permanecer competitiva e vão incentivar o crescimento de setores como energia limpa, eficiência energética e tecnologias de baixo carbono”, afirma a declaração.
O líder do partido liberal, Tony Abbott, é a principal voz contrária à nova taxa e vem angariando apoio de outros partidos e de eleitores conservadores para sua candidatura ao cargo de primeiro-ministro.
“Esta medida aumentará o custo de vida das famílias, deixará os empregos mais vulneráveis e não ajudará em nada o meio ambiente”, afirmou Abbott durante uma conferência nacional do partido Liberal neste domingo (1).
Ele reforçou que se for eleito em 2013 vai abolir a medida. “Vocês podem ter certeza que não haverá taxa de carbono em um governo que eu lidere.”
Em Sidney, mais de duas mil pessoas marcharam nesta segunda-feira (2) contra a taxa, pedindo que as eleições sejam antecipadas.
O ministro de Mudanças Climáticas, Greg Combet, afirmou que a história vai provar que a ´taxa de carbono´ é uma reforma econômica necessária e que foi a “coisa certa a ser feita”.
“Está sendo difícil para o governo, mas é o caminho a ser seguido. A taxa encorajará os maiores emissores desse país a buscar melhores maneiras de produção e novas tecnologias mais eficientes”, declarou Combet.
A Austrália é o maior emissor per capita do planeta e possui 75% de sua geração elétrica baseada no carvão. A taxa sobre o carbono deve representar um corte de 160 milhões de toneladas nas emissões até 2020.
Fonte: Carbono Brasil