Localizada no oeste da Suécia, a cidade de Borás, com aproximadamente 100 mil habitantes é a campeã mundial quando se trata de reaproveitamento dos resíduos sólidos. A alta taxa de reciclagem, cerca de incríveis 99%, está dando tão certo que o país compra atualmente 800 mil toneladas de resíduos dos países vizinhos para suprir a demanda de ‘matéria prima’.
A iniciativa teve inicio em 1988 com 300 famílias, na Universidade de Borás. Difundiu-se rapidamente por toda a cidade com o apoio financeiro do governo e colaboração da população. O governo local disponibiliza gratuitamente duas sacolas distintas, uma preta para lixo orgânico e uma branca para lixo reciclável. O método de separação do lixo é bem diferente do que conhecemos aqui no Brasil, com diversas lixeiras coloridas para separar cada item individualmente. Em Borás, o método é simples, basta separar os resíduos em úmidos e secos, o que facilita consideravelmente o processo de reciclagem dentro de casa.
Depois de separados, as sacolas são depositadas em pontos de coleta espalhados por toda a cidade. Em seguida são recolhidos por caminhões que seguem para a usina, onde a transformação acontece: as sacolas pretas com o resíduo orgânico são direcionadas a obtenção de biogás em um processo totalmente automatizado e as sacolas brancas são incineradas em fornos não poluentes gerando energia elétrica.
Em Borás, toda a frota de transporte público e táxis são abastecidos pelo biocombustível gerado a partir do lixo reciclado. E grande parte do comércio e residências utiliza a energia elétrica gerada também a partir do lixo. Desta forma, houve grande diminuição nos gastos com a conta de luz e no transporte. Além de impulsionar a economia local, a iniciativa teve excelente resultado na preservação do meio ambiente, despoluindo o rio Viskan que no passado era um esgoto a céu aberto e alcançando apenas 1% dos resíduos em aterros sanitários.
Atualmente o modelo é exportado e a Universidade de Borás presta assessoria a cidades no mundo inteiro, inclusive brasileiras (Macaé, no Rio de Janeiro e Sobral, no Ceará). Além disso, segundo o professor Hans Björk da Universidade local, a meta de Borás é reduzir a zero o consumo de combustíveis fósseis até 2025.
Foto: Você realmente sabia?
Laísa Mangelli