Gente e ambiente: sinônimos de qualidade


 

“O supermercado, em parceria com o fornecedor, deve conscientizar o consumidor sobre os produtos. Educá-lo para que saiba o que e porque ele o está adquirindo”, Julio Erthal, executivo da Sustentax

Discutir sustentabilidade está na moda tanto dentro das empresas quanto na mídia. Diferentes estudos apontam que o consumidor está disposto a pagar mais por um produto sustentável. Varejistas dizem ter práticas ambientais. Afinal, será que varejo e cliente sabem o que realmente significa ser sustentável e como usar desta prática?

Pensando nisso, a Associação Brasileira da Indústria, Equipamentos e Serviços Para o Varejo (ABIESV) realizou o 10º Backstage do Varejo – Sustentabilidade e Gestão de Ativos. O evento aconteceu na quarta-feira, dia 14, e contou com a presença de 40 representantes varejistas.

Os palestrantes foram Julio Erthal, executivo da empresa Sustentax, Katia de Assis, superintendente de Serviços Hospital Albert Einstein, Marcelo Nakamura, Diretor Executivo Connect The Dots, e Andrea Vaine, presidente do Grupo Brasileiro de Serviços (GAS).

Quem dá início ao encontro é Julio Takano, presidente da ABIESV e sócio diretor da Kawara Takano – Soluções para o Varejo. Em entrevista, ele fala da maneira de conscientizar os varejistas sobre sustentabilidade criando novos termos técnicos.

“A prevenção e a manutenção preventiva, e não corretiva, ajudam na sustentabilidade do negócio. Numa loja de roupas, por exemplo, o departamento de compras é chamado de setor produtivo, nós, de ‘setor improdutivo’, porque somos despesa. Imagina uma rede aonde os ganhos no final do ano são de 3% e você ainda pode economizar 10% disso. Aí o mundo se volta pra sustentabilidade de negócio”, afirma Julio.

Seguindo este pensamento, Julio Erthal é o primeiro palestrante do evento. “Sustentabilidade do varejo existe quando o negócio é rentável e tem perenidade. O varejista precisa atrair o cliente e garantir melhor experiência de compra”. O momento crucial é sobre os diferenciais competitivos para o varejo baseados na tríade: aprazibilidade, oferta consciente e valor agregado.

“A aprazibilidade é a sensação de bem-estar proporcionada por um ambiente agradável”. Este sentimento descrito por Julio é ligado à loja, não ao produto. Ele pode – e deve – ser transmitido ao consumidor, para que ele volte por sentir-se bem, mesmo sem a intenção de comprar, e ao funcionário, para que ele tenha maior produtividade.

Oferta consciente é a disponibilização de informação sobre os produtos disponibilizados, independente do segmento ao qual ele faz parte. “As empresas focam na origem e deixam de lado o benefício que o item pode fazer ao consumidor. Qualidade, saúde, toxicidade são itens que devem ser explicados ao cliente. O varejista tem a responsabilidade de informar”.

Em meio a necessidade de explicar ao consumidor sobre os produtos, Julio mostra a diferença entre ecológico, verde e sustentável. “Ser ecológico é preservar o ambiente o mais intacto possível; verde são os menores impactos ambientais, saúde humana, como por exemplo, as geladeiras com selo Procel; e sustentabilidade é desejável, não faz mal a saúde e é acessível”.

E o terceiro da tríade: valor agregado. “É a relação custo x benefício. Preço, qualidade, atendimento, comodidade e economia de tempo são os itens que fidelizam os clientes”.

Sustentabilidade em gestão de estrutura e manutenção predial
Ser sustentável na gestão de estrutura está ligado a uma expressão algébrica de dois termos: manutenção predial – gente, gestão e tecnologia – e sustentabilidade – meio ambiente, economia e o homem.

Segundo Marcelo Nakamura, diretor executivo da Connect The Dots – empresa de gestão em infraestrutura e manutenção – a manutenção predial está ligada, diretamente, à produtividade, qualidade e sustentabilidade. “O tripé, gente, gestão e tecnologia garante o foco em preventivas, retroalimentação do processo”. E garante, “gestão sustentável é prática possível”.

A primeira fase do tripé – gestão – é o processo de qualidade: plano de manutenção, gestão de ocorrência com visão do antes e depois e procedimentos operacionais, além de gestores preparados e pró-ativos, planejamento e logística. A terceira parte – tecnologia – é baseada em software de gestão através de serviço, acesso web e móbile, plano de manutenção, ocorrências, relatórios e indicadores.

A segunda parte – gente – é como a base do tripé. “Profissionais bem treinados técnica e legalmente, programas de incentivo ao ensino especializado e superior, bem remunerados e motivados trabalham melhor”, afirma Nakamura. O diretor executivo comenta que salários acima da base sindical, planos de saúde, seguros, bonificação por resultado e plano de desenvolvimento individual são diferenciais aplicáveis e que geram um resultado positivo ao colaborador e à empresa.

Prática sustentável – Case
A superintendente de serviços do Hospital Albert Einstein, Kátia de Assis, apresentou a prática realizada no setor de rouparia e tecidos fornecidos aos pacientes.  “Passamos a reutilizar tecidos danificados: lençóis rasgados são transformados em fronhas, toalhas manchadas são cortadas, devidamente higienizadas e voltam como panos para o centro cirúrgico”, conta.

O hospital mobilizou funcionários e o fornecedor dos tecidos, “o plástico que envolve o material é recolhido pelo fornecedor e transformado em bobinas, os uniformes são produzidos de acordo com a atividade desenvolvida por cada colaborador. Desta forma, houve uma economia de R$260mil para a instituição”, declara Kátia.

GAS
O Grupo de Administradores de Serviços existe desde 1983 e é formado por 33 empresas tomadoras de serviços, é informal e sem fins lucrativos. As metas do GAS são desenvolver indicadores, gerar conteúdo referencial e fortalecer o grupo no mercado para estímulo.

“Incentivar, viabilizar e ser reconhecido pelas práticas responsáveis sociais e sustentáveis são os objetivos dos Facility Managers do grupo”, explica  Andreia Vaine da Costa, presidente do grupo. “São realizadas 11 reuniões ao ano para discutir práticas mundiais que podem se estabelecer. Cada empresa participante do Grupo sedia o espaço para uma reunião”.

O grupo é formado por colabores de empresas como a Natura, GE, Hospital Albert Einstein, Alergan, C&A, Dupont, Unilever, Novartis, Santander, Redecard, Tam e Pepsico.

Fonte: Consumidor Consciente