ONU apela para que Brasil preserve Amazônia da mineração


Política ambiental de Bolsonaro é vista como ameaça à Amazônia (Todd Southgate/Greenpeace)

A chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, Michelle Bachelet, pediu nesta segunda-feira (29) uma investigação sobre o assassinato de um líder indígena no Brasil na semana passada e fez um apelo para que o governo do presidente Jair Bolsonaro reconsidere sua proposta de liberar mais áreas da Amazônia para mineração.

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Em um comunicado, Bachelet disse que o assassinato de Emrya Waiãpi no Amapá foi um “sintoma perturbador do crescente problema de invasão de terras indígenas – especialmente florestas – por mineradores, madeireiros e fazendeiros no Brasil.”

“Eu apelo para que o governo brasileiro aja de forma decisiva para deter a invasão dos territórios indígenas e garantir o exercício pacífico de seus direitos coletivos sobre suas terras”, disse Bachelet, acrescentando que o desmatamento agrava as mudanças climáticas.

Presidente contesta

Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que “não tem nenhum indício forte’ sobre a morte do cacique da etnia Waiãpi, apesar de a Fundação Nacional do Índio (Funai) dizer o contrário. Além de levantar dúvidas sobre o assassinato, o presidente disse que excesso de reservas indígenas no país está ‘inviabilizando o agronegócio”.

“Usam o índio como massa de manobra, para demarcar cada vez mais terras, dizer que estão sendo maltratados. Esse caso agora aqui… Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF (Polícia Federal) está lá, quem nós pudemos mandar já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí”, disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada.

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou, no domingo, que a Polícia Federal abriu inquérito para apurar a morte do cacique. Equipes da PF, da Funai e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Estado chegaram no domingo à terra indígena, uma área isolada no oeste do Amapá.

De acordo com a equipe da Funai na região, a invasão teria começado na última terça-feira (23) quando foi confirmada a morte do cacique, encontrado com sinais de facada dentro de um rio na região. Segundo relatos, o grupo de cerca de 15 invasores estava armado e ocupou as imediações da aldeia Yvytotõ. Os moradores da região tiveram que se abrigar em outra aldeia vizinha, chamada Mariry. Também há relatos de ameaças contra outros moradores nos últimos dias.

Bolsonaro fez questão de primeiro defender a legalização dos garimpos, inclusive em terras indígenas. Segundo o presidente, é uma medida que os índios também querem.

“É intenção minha regulamentar o garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo na sua propriedade”, afirmou.

Reuters/redação