Os principais deslizamentos do Mont Blanc


Vista noturna do Mont Blanc iluminado pela Lua do refúgio do Couvercle, em junho de 2019. (AFP)

A influência do aquecimento global nos deslizamentos de pedras, que se multiplicam há 20 anos, está demonstrada cientificamente. A sucessão de uma série de verões com temperaturas recordes na França – 2003, 2006, 2015, 2017 e 2018 – agrava o problema.

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Confira abaixo os principais deslizamentos (quedas de mais de 100 metros cúbicos) registrados no maciço do Mont Blanc, a montanha mais alta dos Alpes, no leste da França.

2005

O deslizamento mais impressionante continua sendo o ocorrido em 2005 em parte do Petit Dru, visível da localidade de Chamonix. Dois anos antes, a onda de calor durante o verão de 2003, favoreceu o aquecimento do permafrost. O calor demora um tempo a penetrar na montanha – cujos blocos rochosos estão cimentados por um gelo milenar – e segue se propagando pelo interior, embora do lado de fora faça frio.

Em junho de 2005, 292 mil metros cúbicos de rocha e um pedaço da história do alpinismo vieram abaixo. O pilar Bonatti caiu no vazio, provocando um enorme estrondo e uma imensa nuvem de poeira. A via desta temida parede foi aberta em escalada solo pelo italiano Walter Bonatti, em agosto de 1955, após seis dias de esforços, transformando-o em uma lenda.

Desde o deslizamento, a cicatriz continua visível. Na face sudoeste do Petit Dru, é visível uma longa marca cinza no local da queda, que contrasta com a rocha mais avermelhada, oxidada, do paredão. No outono de 2011, vários deslizamentos de menor importância tiraram 70 mil metros cúbicos de granito extra do mesmo setor.

2015

Ocorreram deslizamentos nos setores da Tour Ronde e da “agulha” do Tacul.

2018

Como já havia ocorrido no verão de 2015, os deslizamentos (menos de 100 metros cúbicos) regulares no corredor do Goûter impediram centenas de alpinistas de escalarem o Mont Blanc pela via considerada “normal”, a mais movimentada.

Em agosto, veio abaixo um pedaço do Arête des Cosmiques. Esta parede, fácil de escalar, é muito frequentada também devido à proximidade do teleférico da “agulha” de Midi. É uma escalada clássica para muitos alpinistas, inclusive para os que são praticamente iniciantes e se aclimatam antes de “conquistar” o Mont Blanc.

Em uma noite de novembro, desabaram milhares de metros cúbicos de um esporão de uma margem do Glaciar de Taconnaz, no Vale do Chamonix. A massa caiu a toda velocidade por quase dois quilômetros.

AFP