Eleições de 2020 são cruciais para que EUA fique em dia com ação climática


Imagens de satélite de incêndios florestais no Alasca e Canadá (NASA/NOAA/AFP/Arquivos)

Se um democrata partidário de um new deal vencer Donald Trump nas eleições de 2020, os Estados Unidos poderiam reduzir pela metade suas emissões de gases de efeito estufa até 2030 em relação a 2005, a fim de cumprir com os objetivos do Acordo de Paris, segundo o grupo America’s Pledge.

Uma expansão significativa das ações climáticas a nível estadual, municipal e empresarial poderá reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos Estados Unidos em até 37% para 2030 em relação aos níveis de 2005, inclusive sem apoio federal, segundo a projeção publicada pelo grupo na segunda-feira (9).

A eleição de um presidente que promova uma estratégia climática nacional integrada poderá reduzir as emissões em 49% até 2030, em torno dos níveis que os especialistas da ONU consideram necessário para cumprir as metas do Acordo de Paris, a fim de evitar o aquecimento global.

O America’s Pledge é um grupo fundado em 2017 e financiado pelo magnata Michael Bloomberg, que neste mês anunciou que se candidatará para ser o candidato democrata para as eleições presidenciais de 2020.

Os especialistas climáticos citados no relatório, da Universidade de Maryland e do Rocky Mountain Institute, estimam que os Estados Unidos devem, seguindo a trajetória atual, reduzir as emissões em 25% até 2030 em relação a 2005.

Essa redução seria impulsionada principalmente pelas forças naturais do mercado, que favorecem cada vez mais as energias renováveis e desfavorecem o carvão, assim como as leis nos estados liderados pelos democratas, especialmente na Califórnia e em Nova York.

O melhor dos casos implicaria a eleição de um presidente democrata e uma maioria do congresso que adote um conjunto de leis sobre o setor energético e sobre os veículos, o que possibilitaria ao país alcançar a neutralidade de carbono para 2050.

Os cientistas consideram que é necessário limitar o aquecimento no longo prazo a 1,5 ou 2 graus em relação aos níveis pré-industriais.

“Temos tempo para ficarmos em dia com o objetivo de Paris, mas temos que avançar muito rapidamente”, disse na segunda-feira Carl Pope, vice-presidente da America’s Pledge, aos jornalistas antes da apresentação do relatório na conferência sobre o clima COP25 da ONU em Madri.

“Requer uma mudança revolucionária, mas essa mudança está ocorrendo”, acrescentou Pope.

“Portanto, precisamos de uma reinserção federal, idealmente precisamos dela em 2021, mas não deveríamos nos deter se não obtivermos”.

No sistema federal americano, os estados têm ferramentas para impor energias renováveis na produção local de eletricidade, por exemplo. Mas áreas muito importantes permanecem nas mãos do poder federal: normas automotivas, aviação, transporte marítimo, oleodutos, perfuração de hidrocarbonetos em terras federais, setor de energia e regulamentos para indústrias.

AFP