A industrialização do setor alimentício trouxe a tona novos hábitos alimentares que vem impactando de forma desastrosa na saúde publica mundial. Em poucas palavras, a obesidade, a desnutrição e a falta de conscientização nutricional tomou conta das sociedades, causando preocupações até mesmo para a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesse ínterim, uma das práticas mais louváveis têm sido as hortas caseiras, uma técnica simples e que vem lentamente crescendo. Abrindo os nossos olhos para o grande monopólio que se tornou a alimentação mundial. Tudo que comemos e bebemos são designados por poucas, mas gigantescas corporações que se baseiam no lucro e produtividade e não na saúde e muito menos no meio ambiente.
Em um mundo onde não se tem mais tempo para muita coisa, a alimentação industrializada surgiu como uma forma de simplificar a rotina familiar, trazendo praticidade e conforto para o dia a dia das pessoas. Mas apesar de termos diminuído o tempo que gastamos na cozinha, parece que esse movimento fast food acabou por tomar o lugar da boa culinária, trazendo inúmeras conseqüências desastrosas. Passamos a comer enlatados e pré-cozidos com venenos, remédios, anabolizantes (!) e outras infinidades de suplementos utilizados pela agricultura moderna onde o valor estético está acima do valor nutricional.
Por tal, a educação alimentar é um dos pontos que mais vem preocupando os governos, que cada vez mais tem discutido o tema na tentativa de ensinar as pessoas que a importância de uma boa alimentação é fundamental. Isso inclui uma alimentação balanceada, o que alia, principalmente, legumes, verduras e frutas. Em contra partida, é o próprio governo que autoriza e financia tais indústrias alimentícias. Acredito que a solução não está no sistema que nos rege, mas sim em cada um despertar para este grande problema mundial e fazer a sua parte na hora de colocar para dentro do corpo o que realmente ele precisa, comida de qualidade, nutrientes potentes, e não venenos e muito lixo alimentar que vendem nas prateleiras dos supermercados envoltos em marketing de alta qualidade e embalagens que fazem nos olhos brilharem.
As hortas domésticas ou comunitárias, então, se mostram como a melhor solução. A produção caseira de alimentos propicia uma alimentação mais saudável, economia doméstica, e uma mudança na mentalidade familiar. No mais, o contato com a terra traz não só um melhor conhecimento sobre a origem do que se está consumindo, mas uma profunda sensação de bem estar. Mas para resultados realmente recompensadores, o ideal é que o plantio de sementes e mudas esteja de acordo com a necessidade pessoal e a disponibilidade de cuidar realmente daquele espaço, pois requer o mínimo de trabalho e cuidado.
É possível o cultivo de temperos, legumes, verduras e frutas em várias dimensões de espaços e de diversas maneiras. Cada vegetal tem suas particularidades que devem ser pesquisadas, como o espaço ideal para o plantio e a quantidade de regas necessárias na semana. Desde que a horta seja bem tratada, a natureza se encarrega de fazer a parte mais complexa. O melhor é que com um investimento pequeno é possível ter alimentos crescendo livres de conservantes e agrotóxicos.
Além do mais, essa é uma função quase que terapêutica também, e por tal tem sido adotada por muitas pessoas que moram nas grandes cidades – uma válvula de escape para acalmar-se depois de um dia de compromissos e afazeres. Em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo já existe um vasto número de hortas comunitárias, onde a quantidade de pessoas cada vez maior se reúne para plantar e trocar experiências a respeito do cultivo da terra. Uma nova conscientização começa a aparecer.
Como se observa, o plantio caseiro aparece como a solução mais barata e inteligente para a questão. Qualquer pedacinho de quintal ou até mesmo vasos são espaços que já podem ser utilizados para se começar a buscar direções mais saudáveis. No mais, o planeta agradece também, uma vez que a produção e o consumo de subsistência livram o produto de ter que ser conservado e transportado até a venda final, reduzindo as emissões de gases poluentes e a utilização de recursos naturais que geralmente são utilizados nas embalagens e nos processos de logística e transporte. Enfim, transformar a alimentação em saudável e sustentável é possível.
Ao ser questionada sobre os altos preços dos orgânicos nos mercados, sempre respondo que o valor investido em saúde nunca é demais. Além do que, o sabor é realmente diferente, sem contar que de fato quando consumimos orgânicos, estamos consumindo nutrientes em alto potencial e não um legume ou verdura oco como diz no vídeo abaixo o Engenheiro Agrônomo Edson Hiroshi da Ecovila Clareando, que possuem beleza e tamanho, mas em contra partida são pobres em nutrientes.
E ter a consciência de que se está consumindo algo verdadeiro, que não foi modificado e não agrediu o meio ambiente de forma tão danosa é compensador, pois a mudança que queremos para o mundo começa dentro de casa, mudando a nós mesmos.
Fonte: Naturalmente orgânicos
Laísa Mangelli