Construindo e transformando o futuro: a Escola Caio Nelson e o Movimento Ecos


Por Helen Almeida, professora da Dom Helder e nucleadora do ECOS com colaboração de Alessandra Andrade de Sousa, professora da Escola Caio Nelson, e Pedro Henrique de Almeida, estudante de Engenharia Civil da EMGE e bolsista do ECOS.

A construção do futuro de qualquer estudante é, em grande parte, fruto do empenho, do cuidado e da perseverança das professoras e dos professores, tanto no que diz respeito à aquisição do saber científico, mas sobretudo, na formação humana.

Quando se avalia os projetos e expectativas dos alunos de Ensino Médio, o papel do professor se torna ainda mais salutar. No Ensino Médio, o estudante se depara com o encerramento de um ciclo e a abertura de novas portas, ainda desconhecidas. No que diz respeito à continuidade dos estudos no Ensino Superior, o professor é, senão, um porto seguro e uma referência para o acesso a este novo caminho.

Com o olhar nessa direção, objetivando o estreitamento de pontes, de aproximação do aluno do Ensino Médio ao universo do Ensino Superior, para além da promoção socioambiental, é louvável a experiência de Alessandra Andrade, professora de Geografia da Escola Estadual Caio Nelson e coordenadora das atividades desenvolvidas pelos alunos junto ao Movimento Ecos.

A experiência da professora Alessandra no desenvolvimento de ações de cunho socioambiental é de longa data, tendo estimulado atividades com seus hoje ex-alunos da Escola Caio Nelson nas ações anteriormente denominadas “Pampulha Viva”, desenvolvidas pelo Projeto Manuelzão, da UFMG. Os frutos do entusiasmo e da motivação da coordenadora repercutiam nos alunos, que se dispunham a participar e se esforçavam em cada atividade proposta.

E, em 2018, quando o Movimento ECOS, através da Dom Helder e da EMGE, chegou à Escola Caio Nelson, a professora Alessandra até quis recusar, mas não resistiu à adesão ao projeto, face às oportunidades e portas abertas aos alunos.

Desde estão, com brilhos nos olhos e motivação incansável, a parceria entre o Ecos e a Escola Caio Nelson vem dando bons e duradouros frutos. Isso não se constata apenas pelos inúmeros relatos experenciados pela professora e seus alunos, mas, pelo desempenho excepcional da Escola, especialmente no ano de 2019, quando fora premiada em diversas categorias, tais como Concurso de Fotografia Garoto e Garota EcoDom e Concurso de Dança EcoDom, respectivamente no 1º e 4º lugares.

Segundo relataram a professora Alessandra e o aluno Pedro Henrique, estudante de Engenharia da EMGE e bolsista Ecos, responsável pelas atividades na Escola Caio Nelson, os projetos desenvolvidos foram transformadores. “A escola ficou linda!”

Além da horta (@ecoloucura), foi realizado um projeto de paisagem e arte, em que os muros internos da escola foram grafitados com frases de apoio e incentivo à vida e à saúde mental – temas sugeridos pelos próprios alunos. Outro ponto de destaque foi a intensa mobilização e participação ativa de toda a comunidade escolar, especialmente entre os alunos, que, mesmo não cursando o ensino médio, estavam sempre procurando “a professora do EcoDom”, se mostrando disponíveis e interessados e especialmente aguardando a sua hora em poderem se vincular oficialmente ao projeto.

Com a pandemia no início de 2020 e o isolamento social, assim como as instituições de ensino, os projetos desenvolvidos pelo Movimento Ecos também precisaram ser reinventados e adaptados à nova conjuntura.

Nesse cenário, o isolamento social e, especialmente, o contexto de aulas virtuais trouxe à tona inúmeras dificuldades da estrutura educacional no Brasil. Enquanto Alessandra destaca as questões socioeconômicas, como desemprego no seio familiar, dificuldades de acesso à internet, que foram potencializadas e desveladas no contexto da pandemia, Pedro Henrique enfatiza que o isolamento fragilizou as relações intersubjetivas, a ideia de caminhada conjunta e motivação comum.

Apesar de inúmeras dificuldades, em 2021, a professora Alessandra destaca que a abertura dos projetos do Movimento Ecos para todos os alunos do Ensino Médio é positiva e já surtiu resultados. A aproximação com o ambiente da universidade desde o início do Ensino Médio traz muitos benefícios aos alunos. Segundo ela, já há alunos desde o primeiro ano interessados nos concursos em andamento e, que daqui dois anos, quando esses alunos chegarem ao terceiro ano, “ninguém segura a Caio Nelson!!!”, vibra entusiasmada a professora.

É importante destacar a proposta dos Concursos Redige-Ecos e Grafar-Ecos que é justamente desenvolver, por intermédio da redação e da pesquisa, o raciocínio crítico do aluno e, inclusive, a aproximação com o ENEM e o Vestibular, que marcam a transição do aluno do Ensino Médio para o Ensino Superior.

A professora ainda pontua que o Curso de Formação Continuada Agir Socioambiental também cumpre tal propósito de aproximação e estreitamento de pontes, além de claramente proporcionar formação na área da educação socioambiental.

Para além de todas as dificuldades, Pedro Henrique destaca que o papel do professor é sempre muito importante para inspirar e motivar, e ressalta o importante papel que a professora Alessandra desempenha junto aos alunos da Escola Caio Nelson, na busca incessante de oportunidades e pontes para um futuro melhor.

A trajetória de força e determinação da professora Alessandra, o trabalho responsável e insistente do Bolsista Pedro Henrique são a representação de muitos outros professores e professoras, alunos e alunas no Brasil.

Experiências como essas se alinham perfeitamente aos fundamentos da Dom Helder e da EMGE, concretizados pelo Movimento Ecos, na defesa constante do papel emancipador da educação, em todos os níveis.

A parceria do Movimento Ecos com a Escola Caio Nelson é mais um recorte memorável desta forte e permanente trajetória na busca pelo acesso à educação de qualidade e na transformação do futuro dos jovens estudantes.

Juntos, podemos!