Na manhã do último sábado (24), alunos do ensino médio das escolas públicas de Belo Horizonte, integrantes do Movimento Socioambiental e Jurídico ECOS, acompanhados de seus professores, supervisores e diretores, se reuniram na realização de uma Caminhada Ecológica, que contou ainda com a presença dos representantes do Movimento, ambientalistas e profissionais do Direito, além de estudantes e funcionários da Dom Helder Escola de Direito.
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Organizada pelo ECOS e com o apoio da Dom Helder e da EMGE Escola de Engenharia, a caminhada teve como intuito mobilizar a população belo-horizontina para a preservação dos recursos hídricos e alertar sobre a situação de degradação que afeta vários trechos da bacia do São Francisco. De acordo com dados do Instituto Mineiro de Gestão Águas (IGAM), oito dos 15 pontos de monitoramento do rio principal apresentam níveis de agentes poluidores acima do tolerado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
A concentração dos participantes teve início às 8h00 na Praça da Estação, sob a coordenação da comissão organizadora composta pelos professores Francisco Haas, Luiz Chaves, José Cláudio Junqueira, Elmo Júlio de Miranda. Segundo estimativa dos organizadores do evento, aproximadamente 3 mil pessoas estiveram presentes. Antes de dar início à caminhada, o reitor da Dom Helder, Paulo Humberto Stumpf SJ., proferiu algumas palavras em agradecimento aos presentes e a iniciativa do ECOS. “Acreditamos que o que estamos fazendo é realmente importante e que podemos fazer parte da solução e não do problema, que é a agressão ao meio ambiente, à natureza, que acaba agredindo também a vida da humanidade. Podemos sim fazer a diferença em defesa das águas, acreditamos que é possível recuperar o Arrudas e com isso melhorar a condição de vida e existência do São Francisco”, declarou o reitor.
A marcha seguiu pela Avenida dos Andradas até a esquina com a Alameda Ezequiel Dias, onde os manifestantes formaram uma corrente em torno do Ribeirão Arrudas, em um abraço simbólico pela luta contra o descaso ambiental. Para o professor da Dom Helder e integrante do Movimento, José Claudio Junqueira, precisamos recuperar o Arrudas para assim recuperarmos o Rio das Velhas e o São Francisco. “Nosso Rio Arrudas está debaixo de asfalto, nós o cobrimos, não podemos mais vê-lo totalmente, o pouco que conseguimos ver fica claro que o substituímos por esgoto. Espero que com esse gesto, em favor da natureza, possamos sensibilizar, desde as escolas de ensino médio até as universidades, a população e o governo, para a recuperação de nossos recursos hídricos”, destacou o professor.
Na sequencia a caminhada seguiu até a Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, passando pela Avenida do Contorno entoada por gritos de protesto em defesa do meio ambiente. Os jovens atraíram os olhares de motoristas, comerciantes e pedestres que paravam para observar, apoiar e aplaudir a iniciativa.
Durante todo o percurso os participantes contaram com a animação de um caminhão de som, sob o comando do professor e integrante do ECOS, Luiz Chaves, além do importante auxilio da Fanfarra Municipal, que estimulou toda a caminhada com seus instrumentos de percussão.
Apresentações
Finalizada a caminhada, na Praça Duque de Caxias, as equipes das 23 escolas presentes na caminhada e que disputam o “Projeto Socioambiental 2016” realizaram apresentações de números artísticos voltados para a defesa do meio ambiente e foram pontuadas pelo grupo de avaliadores do ECOS.
Os jovens puderam representar, através de músicas, poemas, peças teatrais e danças, um pouco do que pensam e esperam da sociedade em defesa da preservação e recuperação de nossos recursos hídricos.
Conscientização
A caminhada contou ainda com a presença de crianças entre 7 e 9 anos que compõem o Projeto Progea, do Colégio Tiradentes. Atentos aos problemas ambientais vigentes e preocupados com o futuro de nosso planeta, os pequenos percorreram todo o trajeto em cima de um caminhão do Corpo de Bombeiros entoando gritos de preservação da água.
A luta por conscientização foi um denominador comum entre os participantes, para Gleiciane dos Santos da Silva, aluna da Escola Estadual General Carneiro, “o intuito da caminhada é conscientizar as pessoas da importância de preservar o meio ambiente, através de mudanças de atitude para que tenhamos um futuro melhor”. Na visão de Ruber Paulo, estudante do Colégio Tiradentes, “ações como a Caminhada Ecológica geram conscientização ambiental para quem participa, quem vê no noticiário em casa e aos amigos e familiares dos participantes, pois atitudes como a do ECOS alertam para importância do meio ambiente”.
O presidente do Movimento Cultural e Ambiental (MOC-ECO), o médico e ambientalista Marco Antônio Zocrato, participou da mobilização e destacou a importância do ato sobre o leito do Arrudas, para explicitar a toda sociedade que estamos atentos ao fato de que todos nossos córregos, nascentes e rios maiores estão sendo usados como rede de esgoto por nossa própria companhia de saneamento. “Não haverá rio se não preservarmos nossos córregos e nascentes. Nosso Arrudas está tristemente enterrado e sem água não haverá vida. A campanha da fraternidade nos diz que devemos cuidar da casa comum, por isso devemos criar condições de recuperação do Arrudas e não de entupi-lo com o concreto de interesse apenas das empreiteiras. Que essa caminhada seja um marco ecológico que vai traçar daqui pra frente uma outra política em relação as nossas águas”, disse o ambientalista.
Avaliação e agradecimento
Na avaliação do pró-reitor de extensão da Dom Helder e coordenador do ECOS, professor Francisco Haas, a III edição da Caminhada Ecológica, “foi um marco em Belo Horizonte”. Para o professor, objetivo da ação, que integra o quadro de atividades voltadas para o desenvolvimento do “Projeto Socioambiental 2016”, foi atingido. “O desenvolvimento dos projetos socioambientais das escolas no ano de 2016 que tem como objetivo desenvolver a consciência ecológica e incentivar a redução do consumo de água e energia elétrica, bem como estimular a gestão adequada sobre a reutilização e reciclagem dos resíduos, como boas práticas para a sustentabilidade”, acrescentou Haas.
Para finalizar, o professor fez um agradecimento aos presentes na manifestação em prol do meio ambiente: “agradeço o sucesso da caminhada e em especial aos diretores, professores e coordenadores das escolas que abraçaram essa causa. Aos representantes do Movimento ECOS, os bolsistas e os mais de 200 alunos de graduação da Dom Helder Escola de Direito que prestigiaram a iniciativa com seu apoio na caminhada. Movimento Ecos Juntos, podemos!”
Reportagem
Durante a concentração e o percurso da caminhada a ação contou com a presença de uma equipe de reportagem da TV Globo Minas, que entrevistou alguns integrantes do ECOS e deu destaque para o objetivo de alertar a população belo-horizontina sobre a situação de degradação que afeta vários trechos da bacia do São Francisco.
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