Amyr Klink mostra preocupação com a piora da qualidade da água


  

                                         

  

   O navegador Amyr Klink esteve em Belo Horizonte no dia 12 de setembro para falar sobre um dos bens mais preciosos de toda a humanidade, mas que, de maneira contraditória, não tem recebido o devido cuidado que merece: a água.   
   Klink, que também é escritor, participou do II Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, organizado pela Escola Superior Dom Helder Câmara, conhecida por ser especializada em Direito e por sua preocupação com o meio ambiente. 
   O tema do II Congresso foi “Água – bem ambiental mais precioso do planeta Terra”. Em entrevista exclusiva, Amyr Klink demonstrou preocupação com a piora da qualidade da água, em especial nas proximidades dos grandes centros urbanos. 

   “É um problema difícil, porque as cidades incharam com a migração. O campo ficou vazio, 80% da população está na periferia das cidades grandes e médias e, evidentemente, isso é difícil, porque invadem área de mananciais, moram em morros e prejudicam a qualidade da água”, acredita o navegador. 

   Além disso, Amyr Klink fez algumas considerações empíricas sobre as 42 expedições feitas por ele à Antártica. Ele relatou que a degradação visível dos oceanos não foi o fato mais alarmante nesses 50 anos de experiência. 

   “No fundo, o que mais chamou minha atenção não estava ligado aos oceanos, mas sim aos rios que desembocam nos oceanos. Problemas como a erosão acelerada de poucos anos pra cá por causa de desmatamento, de uso incoerente da terra e de exploração extrativista de minério. Depois, a degradação da qualidade da água próximo aos grandes centros urbanos”, elencou.

            
Cidades flutuantes

   O Brasil detém quase 14% de toda água doce do mundo. Porém,  ela é mal distribuída. Enquanto falta água no Nordeste, sobra no Sudeste. A Região Amazônica, por exemplo, abriga 74% da disponibilidade da água do Brasil.

   “Se você vai ocupar uma região como a Amazônia é muito mais inteligente fazer cidades flutuantes, mas a gente diz que não pode e vira as costas para todo tipo de ocupação irregular. Não pode ocupar o mangue, mas a gente permite a urbanização desregrada de todos os manguezais em áreas urbanas do Brasil”, criticou Amyr Klink.

‘Máquina ignorante e inútil’ 

   Amyr Klink criticou também a importância que a sociedade deu para o carro nos últimos anos. “Temos outra patologia recente, que é essa obsessão brasileira com essa máquina ignorante e inútil que é o carro. De repente, de 50 anos pra cá, a gente achou que a solução do mundo é o carro e nos esquecemos das hidrovias naturais”, disse.

   “Em algum momento da nossa história e da nossa formação cultural a gente resolveu virar as costas para o mar. Não somente para o mar, pois começamos a tratar os rios como lixeira e não como via de transporte, de lazer, de preservação e de sobrevivência”, salientou. 

   O palestrante destacou ainda que caminhamos para um desastre, pois o desperdício é grande, porém não queremos abrir mão da comodidade e o reaprender a viver de maneira simples, pura e objetiva é um grande desafio.

Educação ambiental

   Direito ambiental é o foco do mestrado e do doutorado da Escola Superior Dom Helder Câmara. Amyr Klink destacou a importância da educação no processo de valorização da questão ambiental e elogiou a realização do congresso. 
   “A função da escola é exatamente processar a informação em quantidades brutais, incentivar o trânsito do conhecimento para transformar isso em algo. E esse desafio essa escola tem desempenhado”, disse Amyr. 

Confira AQUI a entrevista exclusiva com Amyr Klink

 

Fonte e fotos: Dom Total