Construção civil é novo alvo na luta da madeira sustentável


O desafio é convencer a maior consumidora de madeira do país, a construção civil, a optar apenas por material com certificação. Já tem empresa dando bom exemplo

          Madeira certificada

Brasil tem capacidade para fornecer 12,3 milhões de metros cúbicos de madeira certificada, ainda nicho no país

 

São Paulo – Madeira com certificação não é nenhuma novidade no Brasil. Desde a criação do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil), já se vão lá 20 anos. Mas apesar da garantia que o selo traz contra o desmatamento, o uso de material certificado é ainda um nicho no país. Contra este cenário, a mais recente batalha do FSC faz todo sentido: conquistar a grande – e poderosa – indústria da construção civil, a maior consumidora nacional de madeira.  

“Ao comprar produtos certificados, é sabido que aquela matéria-prima florestal foi explorada através de técnicas de manejo e que foram aplicadas localmente as leis ambientais e trabalhistas”, diz Maurício Bernardes, gerente de Desenvolvimento Tecnológico da Tecnisa.

A empresa passou a usar 100% de madeira certificada em seus empreendimentos. Cada certificado FSC recebe um selo com número próprio, que garante a sua credibilidade.

O problema no convencimento às companhias de construção ainda é o preço. Hoje, a madeira certificada custa mais que a madeira considerada legal, porém sem o selo de certificação.

Parte dessa chamada madeira legal, porém, pode esconder madeira ilegal camuflada, o que não acontece naquelas com o selo.

“O nosso grande desafio é combater a ilegalidade e o desmatamento. E para garantir que isso aconteça, devemos promover o manejo florestal responsável e o uso da madeira certificada”, avalia a Secretária Executiva do FSC Brasil, Fabíola Zerbini.

O potencial do país é enorme. Estudo mostra que a área certificada aumentou cerca de 1 milhão de hectares no último ano. O Brasil está em 5º lugar em área total certificada, hoje em mais de 7 milhões de hectares de florestas, segundo o FSC, ONG sem fins lucrativos. São mais de 950 empreendimentos certificados

"E ainda há muito para crescer, uma vez que apenas 3% das florestas amazônicas passíveis de serem manejadas são certificadas”, afirma Fabíola Zerbini.

Pesquisa com o mapeamento da oferta de madeira certificada disponível no mercado descobriu que o Brasil tem capacidade para fornecer 12,3 milhões de metros cúbicos de madeira certificada, mas que a baixa demanda não estimula a certificação de novas áreas.

Conquista

Um avanço inegável na construção civil é o Leed, certificação para prédios e edifícios verdes. Quem quiser obtê-la terá de usar madeira certificada. E bancos também já estão cobrando o uso desse material para aprovar financiamentos para empreendimentos.

“Já há uma conscientização sobre o uso da boa madeira no setor, pois a certificação traz uma preocupação a mais com os aspectos sociais e ambientais e é caracterizada como um benefício aos requisitos que já são exigidos por lei”, diz Fabíola, do FSC.

Essas medidas visam fazer com que a madeira certificada torne-se padrão, assim como já acontece com o papel.

“Apesar de enfrentarmos dificuldades na compra de algumas espécies, como pisos por exemplo, estamos realizando um trabalho de desenvolvimento de novos fornecedores, induzindo a cadeia e fomentando o mercado legal de madeiras”, afirma Bernardes, da Tecnisa, em uma amostra de que é possível expandir o bom exemplo.

Para isso, consumidores mais conscientes, o que já vem acontecendo, podem ser um grande impulso.

Mais novidades no mercado

Outro trabalho anunciado recentemente é a parceria da FSC com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. No acordo, toda a madeira e produtos de origem florestal adquiridos pela organização do evento – tais como estruturas temporárias, mobiliário e materiais de comunicação e papel – serão certificados.

“A parceria contribuirá para atingir o equilíbrio entre oferta e demanda, fomentar novas cadeias produtivas, abrir mercado, envolver pequenos produtores e comunitários no sistema, além de movimentar todos os elos da cadeia de custódia”, avalia Fabíola Zerbini.

A expectativa é que esse compromisso inspire empresas brasileiras e de outros países a adotar práticas semelhantes, visto que esse é um setor estratégico em função dos empreendimentos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Fonte: Exame.com

Reciclagem de gesso traz solução sustentável para a construção civil


               

                                  

Uma empresa de Canoas (RS), cidade da região metropolitana de Porto Alegre, resolveu investir em um negócio que está beneficiando geradores de resíduos da construção civil, a economia e o meio ambiente: a reciclagem de gesso. Atualmente, a Sebanella recebe cerca de 1.000 toneladas do material por mês e o reutiliza, por exemplo, como fertilizante na agricultura.

 

A idéia surgiu da preocupação com os impactos causados pelo descarte incorreto dos resíduos na natureza. "A constante expansão da construção civil traz muitos benefícios para a economia, mas ao mesmo tempo pode impactar negativamente em outras áreas, como o meio ambiente", destaca Sebastian Pereira, sócio-diretor da empresa. "Este crescimento na construção civil vem gerando mais resíduos e os mesmos estão sendo descartados de forma incorreta, já que os aterros cobram um valor elevado, dando margem ao descarte em aterros clandestinos".

 

Desde 2011, o gesso passou a ser considerado um material reciclável, assim como plásticos, papéis, metais e vidros, por exemplo. Para ser reaproveitado, contudo, os resíduos de gesso devem ser armazenados separadamente. Assim, chega-se a reciclar 100% do material, que possui inúmeras empregabilidades – além da reutilização na construção civil, pode ser aplicado controladamente na agricultura para a correção de solos, como aditivo para compostagem, absorvente de óleos, controle de odores e secagem de lodos em estações de tratamento de esgoto.

 

A reciclagem do gesso evita os impactos negativos que este resíduo causa quando descartado inadequadamente na natureza. Sua disposição inadequada ou em aterros sanitários comuns pode provocar a dissolução dos componentes e torná-lo inflamável. Esses impactos, no entanto, podem ser evitados encaminhando o gesso para a reciclagem. As empresas que adotam este procedimento, além de contribuírem para a preservação do meio ambiente, ainda gastam aproximadamente sete vezes menos do que gastariam com o descarte em aterros privados.

 

Incentivos a práticas sustentáveis na construção civil são aprovados em comissão do Senado


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Projeto de Lei do Senado (PLS) 252/2015, que beneficia com incentivos fiscais a construção de imóveis dotados de medidas para melhorar o conforto térmico dos usuários, propicie a redução do consumo de água e maior eficiência energética, foi aprovado no dia 10 de maio. A ação foi tomada na Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). A proposta, agora, será analisada em Plenário.

Segundo o texto, a utilização de práticas sustentáveis de construção poderá ser incluída como diretriz da política urbana prevista no Estatuto das Cidades (Lei 10.257/2001). Para o projeto, as novas edificações de propriedade da União devem adotar medidas para a redução dos impactos ambientais, desde que sejam técnica e economicamente viáveis.

A proposta principal sugeria o uso de telhados verdes e de sistemas de aproveitamento de água de chuva. Entretanto, o relator do CMA, Jorge Viana (PT-AC), preferiu não apresentar exemplos das práticas de construção sustentável.

A medida é uma sugestão das então estudantes Ana Luiza Cabral Laet, Andrisley Kelly Pereira da Silva, Daniele Verza Marcon e Verônica Vicente Monteiro, na ocasião do Programa Senado Jovem Brasileiro 2013. A iniciativa seleciona estudantes de nível médio de escolas públicas para participar de uma simulação da atividade parlamentar no Senado.

Fonte: EcoD