Walmart assume política de desmatamento zero para a carne vendida na rede


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A rede multinacional Walmart veio a público anunciar seu compromisso com a política de desmatamento zero, que prevê o impedimento na entrada de produtos oriundos ilegalmente da Amazônia. A empresa estadunidense apresentou em conjunto seu plano de comunicações, visando informar e conscientizar os clientes a respeito da origem dos seus produtos.

O Walmart confirmou a criação de um sistema de monitoramento e gestão de riscos de carne bovina, desenvolvido com o objetivo de garantir o cumprimento da nova política também para os seus fornecedores (como é o caso das fazendas de gado da Amazônia, por exemplo).

“A ferramenta integra dados de georreferenciamento que mapeiam desmatamento, terras indígenas e unidades de conservação com informações de listas públicas sobre áreas embargadas e trabalho escravo”, diz a empresa em nota oficial divulgada em seu site.

Importante destacar que o posicionamento da loja foi anunciado após pressão do Greenpeace e de seus consumidores, que tomou grandes proporções com a campanha “Carne ao Molho Madeira”, lançada no fim do último ano. A expectativa da rede é entregar ao consumidor a garantia de origem de toda carne até 2017.

A nova política do Walmart exigirá também que fornecedores não localizados na região da Amazônia deverão também se adequar aos novos padrões, que atendem aos formatos estabelecidos pelo Desmatamento Zero e o demais critérios do Compromisso Público da Pecuária.

Com a notícia, o setor pecuário é o que tem mais a se beneficiar, já que continua sendo a atividade que mais desmata a floresta e ocupa cerca de 60% das áreas abertas na Amazônia, de acordo com o governo federal. A expectativa é para que as outras redes do setor, que ainda não estão aptas aos novos moldes, sigam os passos do Walmart.

Fonte: Pensamento Verde

Brasil aparece em 77º em ranking de desempenho ambiental


Índice avaliou 178 países em diversas categorias, sendo que o Brasil se destaca negativamente principalmente na questão do saneamento básico, no desmatamento e na tendência de aumento da intensidade de carbono na economia

 

Pesquisadores das Universidades de Yale e Colúmbia, ambas nos Estados Unidos, em parceria com o Fórum Econômico Mundial, divulgaram nesta semana o Environmental Performance Index 2014 (EPI), classificando 178 países de acordo com dois grandes temas: “Proteção da saúde humana das ameaças da natureza”, que inclui questões como saneamento básico e impactos da poluição do ar e da água; e “Vitalidade dos ecossistemas”, que engloba, entre outros fatores, leis de proteção da biodiversidade e impactos da matriz energética no meio ambiente.

Considerando todos os critérios, a Suíça aparece como o líder do ranking, seguida por Luxemburgo, Austrália, Singapura e República Tcheca.

“Muitos dos países que figuram no topo neste ano são os mesmos de edições passadas. Isso demonstra como um bom desempenho ambiental está relacionado com políticas de longo prazo que priorizem a proteção dos ecossistemas e que comprometam investimentos neste sentido”, afirmou Angel Hsu, principal autor do índice.

Entre as grandes potências, a Alemanha é a melhor classificada, em sexto lugar. O Reino Unido está em 12º, o Japão, em 26º, a França, em 27º, e os Estados Unidos, em 33º. 

Já os países emergentes apresentaram modestas melhoras no ranking, mas ainda ocupam baixas posições, devido principalmente à sua urbanização desordenada, crescimento acelerado – movido muitas vezes pela destruição de ecossistemas – e pela ausência de leis de proteção ambiental.

A África do Sul está em 72º, a Rússia, em 73º, o Brasil, em 77º, a China, em 118º e a Índia aparece bem ao fim da lista, em 155º.

A posição ruim do Brasil se justifica pelo seu péssimo desempenho em alguns dos critérios. Em mortalidade infantil, por exemplo, apesar dos avanços dos últimos anos, o país ainda é o 95º no ranking. Em acesso a saneamento básico, que também resulta na alta mortalidade infantil, é o 98º.

 Em “tendência para o aumento de intensidade de carbono”, o Brasil está em 93º, um sinal de que a economia e o setor de energia estão seguindo um caminho de mais emissões de gases do efeito estufa, algo que é facilmente constatado pelo maior uso de termoelétricas e pelas promessas do governo de mais investimentos em carvão.

Mas a pior classificação do país é em “mudança de cobertura florestal”, 105º, destacando o aumento do desmatamento no ano passado, que pode estar relacionado com o enfraquecimento do Código Florestal, alterado em 2012.

No entanto, nem tudo é ruim para o Brasil; aparecemos em primeiro no item “poluição do ar – exposição a particulados (PM 2,5)”. Isso se deve ao grande número de habitantes do país que não vive metrópoles, e que, portanto, não está exposto a tanta poluição de automóveis e fábricas. A nossa atual matriz energética baseada em hidroeletricidade também explica o bom resultado.

Todas as cinco piores nações do ranking, Somália, Mali, Haiti, Lesoto e Afeganistão, estão envolvidas em conflitos civis ou em caos social devido a catástrofes naturais. É o caso do Haiti, que ainda está buscando se recuperar do terremoto de 2010, um reflexo de que, sem estabilidade política e institucional, não há proteção do meio ambiente, afirma o EPI.

“O nosso índice pode ajudar a direcionar os esforços internacionais na busca por cumprir as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Porém, ainda vemos que existe uma falta de estrutura política para que se acelere a transformação necessária para um modelo econômico e social realmente sustentável”, concluiu Hsu.

Imagem: Crianças brincam perto de esgoto a céu aberto em Brasília / Valter Campanato / AgenciaBrasil   
               O desmatamento voltou a crescer no Brasil em 2013 / Wikimedia Commons 

Fonte: Instituto Carbono Brasil

Cientistas publicam primeiro mapa detalhado da mudança global nas florestas


Um grupo de 15 pesquisadores de várias instituições criou o primeiro mapa em alta resolução da mudança global na cobertura de florestas entre 2000 e 2012. A base de dados pode ser acessada gratuitamente online.

O resultado, com detalhes sobre a primeira quantificação da extensão, perdas e ganhos de florestas ao redor do mundo, foi publicado em um artigo na revista Science.

“Este é o primeiro mapa de mudança florestal que é consistente globalmente e relevante localmente”, comemorou o coordenador do estudo Matthew Hansen, professor de Geociências da Universidade de Maryland.

No total, cerca de 2,3 milhões de Km2 foram perdidos e 800 mil Km2 ganhos nos últimos 12 anos. O artigo nota que os trópicos foram o único domínio climático a apresentar uma tendência, com a perda florestal aumentando 2.101 Km2 por ano.

O grupo de pesquisadores enfatiza o sucesso do caso brasileiro na redução pela metade do desmatamento anual na Amazônia ao longo da década passada.

Porém, eles constataram que isto foi ‘compensado’ pelo aumento do desmatamento na Indonésia – que dobrou no mesmo período, mesmo após a moratória de 2010 -, Malásia, Paraguai, Bolívia, Zâmbia, Angola e outros locais.

Em escala nacional Paraguai, Malásia e Camboja apresentaram as mais altas taxas de desmatamento.

Atividades de exploração florestal em regiões subtropicais resultaram nas mais altas taxas de mudança na cobertura da vegetação. Por exemplo, a taxa de perturbação das florestas subtropicais da América do Norte foi quatro vezes maior que a da América do Sul durante o período avaliado, sendo que 31% da cobertura do sudeste dos Estados Unidos foi perdida ou recuperada.

 “Esta é uma visão sem precedentes de como as florestas mudaram globalmente ao longo dos últimos 12 anos”, comentou Scott Goetz do Centro de Pesquisas Woods Hole, co-autor do estudo.

Mesmo em meio a tantas tecnologias, até agora muitos países não tinham a capacidade de acompanhar as mudanças de uso da terra em seus territórios.

Mais de 650 mil imagens do satélite Landsat 7 da NASA foram processadas para criar a resolução refinada de 30 metros do produto final.

A base de dados, que quantifica todas as perturbações que as florestas sofreram, será atualizada anualmente e teve uma contribuição essencial do Google Earth Engine através da tecnologia de computação em nuvens.

Referência: Hansen, M.C., P. V. Potapov, R. Moore, M. Hancher, S.A. Turubanova, A. Tyukavina, D. Thau, S.V. Stehman, S.J. Goetz, T.R. Loveland, A. Komardeey, A. Egorov, L. Chini, C.O. Justice, and J.R.G. Townshend. 2013. High-Resolution Global Maps of 21st-Century Forest Cover Change. Science 342(6160):850-853. doi: 10.1126/science.1244693

Fonte: Instituto Carbono Brasil