Papel, alumínio e plástico compõem a fórmula da embalagem que, como o próprio nome diz, dá vida longa ao seu conteúdo. Ao criar uma barreira que impede a entrada de luz, ar, água, microorganismos e odores externos, essas caixinhas isolam alimentos como leite, sucos e molhos de tomate, dispensam refrigeração e permitem que produtos perecíveis sejam transportados em longas distâncias sem estragar. Além disso, são consideradas uma das embalagens mais leves do mercado – o peso de uma unidade corresponde a 97% de produto e 3% de embalagem.
Quase um milagre. Elas foram criadas na Suécia nos anos 1950 e ganharam o mundo com a praticidade tão característica dos tempos industriais. O milagre só não é completo porque as embalagens longa vida, quando jogadas no lixo, são um verdadeiro desperdício de recursos naturais – o que acontece com várias outras “invenções” humanas que hoje se acumulam indefinidamente no planeta. Afinal, jogar um pacotinho desses no lixo é dar cabo de um curto ciclo de vida do papel, alumínio e plástico, ao mesmo tempo.
Embora recente, já existe tecnologia para fazer a separação dos componentes e a reciclagem das embalagens longa vida – algo não muito simples. Uma vez que os elementos são “grudados” um no outro, é difícil separá-los. As fotos abaixo dão uma ideia bastante clara:
O gargalo do problema ainda é a abrangência da coleta seletiva especializada nesse tipo de resíduo. A Tetra Pak criou o Rota da Reciclagem, sistema que aponta a localização e o contato de cooperativas, pontos de entrega voluntária de materiais recicláveis e comércios ligados à cadeia de reciclagem de embalagens longa vida em todo o território nacional. Mas nem todas as capitais brasileiras tem postos de coleta, o que impossibilita algumas regiões de entrar no (re) ciclo. Atualmente, mais de 35 indústrias reciclam as embalagens da Tetra Pak e estão localizadas nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Bahia e Distrito Federal.
Em 2011, 59 mil toneladas de embalagens foram recicladas no Brasil, o que representa 27,1% – um pouco acima da média mundial, que é de 21,6%, segundo o CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem). Em 2012, o número aumentou para 65 mil toneladas – e as projeções são de aumento para os próximos anos.
Como é feita a reciclagem:
O processo acontece em duas etapas. A primeira é a retirada do papel e posteriormente o processamento do plástico e do alumínio.
1. Nas fábricas de papel, as embalagens são jogadas em um “liquidificador gigante”, o hidrapulper (imagem acima). As fibras são agitadas com água e sem produtos químicos, hidratando-se e separando-se das camadas de plástico e alumínio. Após a separação, as fibras de papel podem se transformar em caixas de papelão, tubetes, chapas, palmilhas e produtos em polpa moldada.
2. Para separar o alumínio e o plástico, a Tetra Pak desenvolveu no Brasil a tecnologia de separação térmica em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP) e inaugurou a primeira planta do mundo para esse tipo de reciclagem em 2005. No processo, o plástico transforma-se em parafina e o alumínio (imagem abaixo) é recuperado com grau de pureza de mais de 90%. Ambos seguem principalmente para a indústria química.
3. Outro processo permite que o plástico e o alumínio sejam triturados e prensados a quente, transformando-os em uma chapa semelhante ao compensado de madeira que pode ser usada na fabricação de divisórias, móveis, pequenas peças decorativas e telhas. No caso das telhas, o plástico e o alumínio são picotados e passam por uma secagem. Então são cobertos por uma camada de filme plástico e prensado a quente. O polietileno derrete e adere ao alumínio formando uma resistente chapa. Ainda quente a chapa é colocada no molde da telha, onde adquire formato.
Fonte: http://www.autossustentavel.com
Laísa Mangelli