A polícia belga retirou quase 30 ativistas de Greenpeace da sede do Conselho Europeu, horas antes de uma reunião de cúpula de governantes da União Europeia (UE), para chamar a atenção sobre a “emergência climática”. Os ativistas se posicionaram na fachada do edifício Europa, onde exibiram faixas com o lema “emergência climática” e acenderam sinalizadores para simular um edifício em chamas.
Os agentes de segurança iniciaram uma operação para retirar os ativistas e vários deles foram detidos, informou Ilse Van De Keere, porta-voz da polícia de Bruxelas. O Greenpeace driblou a segurança do Conselho Europeu há 10 anos, em dezembro de 2009, para exigir ações da UE na reunião de cúpula da ONU que seria organizada poucos dias depois em Copenhague.
O protesto acontece em um momento chave para a política ambiental da União Europeia (UE). A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou na quarta-feira seu “Pacto Verde”, uma “nova estratégia de crescimento”. Os líderes europeus devem superar as divergências para apoiar o pilar do Pacto Verde: alcançar a neutralidade de carbono no bloco até 2050.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que espera um acordo para transformar a UE no “primeiro continente neutro” a respeito das emissões de CO2, uma das principais causas da mudança climática. “A transição trará importantes oportunidades, como o potencial de crescimento econômico, de novos modelos empresariais e mercados, de novos postos de trabalho”, afirma um rascunho da declaração.
A transição para economias e sociedades mais verdes, no entanto, ainda não convenceu países como República Tcheca, Hungria e Polônia, muito dependentes de energias fósseis e que pedem garantias em troca da mudança.
Para convencer os países mais relutantes, a presidente da comissão propôs a criação de um mecanismo de transição justo, que permita o uso de recursos públicos e privados de até 100 bilhões de euros entre 2021 e 2027.
O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, pediu na quarta-feira à UE para assumir os custos “astronômicos” da transição climática em seu país e defendeu que a energia nuclear seja considerada uma energia “limpa” no bloco.
Os 28 países do bloco estão de fato divididos se devem considerar o setor nuclear, que será um dos elementos do debate, uma energia verde e, portanto, suscetível de receber subsídios e isenções fiscais.
O vice-presidente da Comissão para o Pacto Verde, Frans Timmermans, entrou na discussão e afirmou que, apesar da energia nuclear “não ser sustentável (…) tampouco tem emissões de dióxido de carbono”.
O plano para a descarbonização da economia europeia aumenta os temores sobre a situação social e do mercado de trabalho em vários países da Europa, sobretudo na região leste do continente, que já enfrentam os desafios da globalização e da revolução digital da economia.
O Marco Financeiro Plurianual (MFP) para o período 2021-2027 será o outro duro debate da reunião. Alguns líderes desejam desvincular o tema da questão climática, mas os dois temas devem ser contemplados em conjunto. “Será uma grande disputa, esta é uma questão muito complicada”, advertiu uma fonte diplomática.
AFP