Greenpeace bloqueia refinaria da Total na França que utiliza óleo de palma


Ativistas do Greenpeace bloqueiam em 29 de outubro de 2019 a entrada da biorrefinaria total de Mede, perto de Marselha (AFP)

Ativistas da ONG Greenpeace bloquearam a entrada de uma refinaria no Sul da França, na qual o grupo Total produz combustíveis a base de óleo de palma, considerado uma das principais causas do desmatamento. Com ajuda de contêineres, quase 50 ativistas bloquearam a entrada da refinaria da cidade de La Mède, perto de Marselha. Dois deles se acorrentaram aos contêineres.

Os ativistas desejam alertar a população sobre o uso do óleo de palma, um produto acusado de provocar um grande desmatamento, principalmente no Sudeste Asiático. “Desmatamento made in France” e “Emmanuel Macron cúmplice”, afirmavam duas faixas exibidas pelos ativistas.

A refinaria de La Mède, uma das maiores da Europa, importa 550 mil toneladas de óleo de palma, de acordo com Clément Sénéchal, diretor da campanha sobre o clima e as florestas do Greenpeace França.

Os biocombustíveis a base de milho, cana de açúcar e de óleo de palma pareceram, a princípio, uma boa ideia para substituir os poluentes combustíveis fósseis. Mas a energia necessária para transformar e transportar os biocombustíveis afeta na realidade o propósito inicial de preservar o meio ambiente.

Indonésia e Malásia são os maiores produtores de óleo de palma e dominam praticamente todo o mercado, mas o crescimento da demanda está ampliando o cultivo em todo o planeta. A Colômbia é a quarta maior produtora.

AFP

Ana Paula ganha liberdade provisória


Brasileira foi a primeira que não é de nacionalidade russa a ter pedido de fiança aceito para acompanhar as investigações em liberdade. Acusações, porém, permanecem.

      

                             Ana Paula, na audiência de ontem. Foto: © Vladimir Baryshev / Greenpeace                                   

A Justiça russa decidiu, nesta terça-feira, conceder liberdade provisória à ativista brasileira Ana Paula Maciel. A gaúcha foi a quarta pessoa, dentre os 30 presos, a ter o pedido de fiança aceito, e a primeira que não é de nacionalidade russa. Ontem, o fotógrafo freelancer Denis Sinyakov, a médica Ekaterina Zaspa e o ativista Andrey Allakhverdov – todos russos – também ganharam liberdade. O tripulante australiano Colin Rusell teve a prisão preventiva estendida por mais 3 meses. Todos, porém, continuam sob as acusações de vandalismo e pirataria. O grupo foi preso no dia 19 de setembro, após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.

“Esta é a mais bela notícia que eu recebo nos últimos dois meses, mas a Justiça só será feita quando todas as acusações absurdas forem derrubadas”, afirmou Rosangela Maciel, mãe de Ana Paula, ao receber a notícia. “Uma pessoa que só faz o bem pelo planeta, como minha filha, precisa ser reconhecida pelos seus atos, não acusada injustamente. Somente assim podemos ter fé no futuro”.

Anunciadas as decisões, a Justiça russa ainda não divulgou, porém, quais serão as restrições para quem estiver em liberdade provisória. Ainda não se sabe, portanto, se Ana Paula poderá deixar o país ou receber visitas. Os detalhes devem ser esclarecidos nos próximos dias. As autoridades também não justificaram o porque de apenas alguns integrantes do grupo terem a liberdade concedida.

Enquanto isso, as audiências que vão determinar sobre a possível extensão do prazo de prisão preventiva dos demais ativistas continuam acontecendo durante esta semana. Nelas, o Comitê de Investigação russo pede o prolongamento das prisões por mais três meses, enquanto as investigações prosseguem.

“O pedido de fiança ter sido aceito para alguns de nossos amigos foi uma ótima notícia. Mas só vamos celebrar quando todos estiverem livres para voltar para casa e quando suas acusações forem retiradas”, disse Mads Christensen, do Greenpeace Internacional. “Mesmo em liberdade, eles continuam suspeitos de vandalismo, e a acusação de pirataria ainda não foi retirada oficialmente. Ainda que seja óbvio que nenhum deles é pirata ou vândalo, todos ainda têm a possibilidade de passar 20 anos numa cadeia”.

Até o final da semana, a Justiça deve decidir sobre o destino de todo o grupo de 28 ativistas e dois jornalistas.

Saiba mais sobre a trajetória da ativista em notícias anteriormente publicadas pelo IS Dom Helder:

Brasileira do Greenpeace presa na Rússia por 15 anos

Comissão de parlamentares vai à Rússia pedir libertação de ativista brasileira

Ativista brasileira presa na Rússia tem fiança negada

 

Fonte: Greenpeace Brasil

Marcas famosas produzem roupas com substâncias tóxicas, revela Greenpeace


                              

Uma nova investigação do Greenpeace lançada nesta terça-feira, em Pequim, China, revela que uma série de marcas famosas de vestuário infantil – como Disney, Adidas e Burberry – estão produzindo roupas e calçados com produtos químicos perigosos que estão sendo descartados no meio ambiente.

O relatório “A Little Story About the Monsters in Your Closet” (“Uma pequena história sobre monstros no seu armário”, em livre tradução) mostra os resultados de testes feitos em produtos de 12 marcas da indústria, incluindo GAP, Nike e American Apparel. Foram detectados elementos químicos em roupas de todas as empresas.

Nas análises, foram encontrados altos níveis de substâncias como PFOAs, Phthalates e NPEs – elementos tóxicos que, durante o processo de produção, estão sendo irresponsavelmente descartados no meio ambiente, e que podem gerar impactos nos sistemas reprodutivo, hormonal e imunológico dos seres humanos.

“Em qualquer parte do mundo, comprar roupas infantis livres de substâncias químicas virou um pesadelo. De Pequim a Berlim, esses elementos estão poluindo nossos cursos d’água”, afirmou Chih An Lee, da campanha Detox, do Greenpeace, no sudeste asiático. “É urgente que a indústria da moda deixe de usar essas substâncias em sua produção, para o bem da atual e das próximas gerações. Pais, fãs de moda e comunidades locais podem ajudar a colocar um ponto final nisso, exigindo das marcas que parem com a poluição”.

Chih An Lee ainda lembrou que algumas marcas famosas já começaram a caminhar para uma produção mais limpa. “Graças à mobilização de pessoas no mundo inteiro, algumas das maiores marcas de roupa já se comprometeram a desintoxicar sua produção, tornando sua cadeia produtiva mais transparente e livre de substâncias tóxicas”.

A China continua sendo a maior produtora têxtil e consumidora de substâncias químicas no mundo. O Greenpeace está pedindo ao governo do país que colabore para que essa indústria deixe de usar e descartar essas substâncias no meio ambiente. É urgente que seja publicada uma lista negra dessas substâncias e que a indústria ofereça mais transparência sobre esses processos. As informações são do Greenpeace.

Veja o estudo aqui.

Foto: Reprodução

Fonte: CicloVivo

Greenpeace pede o fim do desconto na conta de água de alguns clientes


Ativistas realizaram protesto nesta sexta-feira (20) na Avenida Paulista.
Segundo o Greenpeace, sem o desconto a Sabesp arrecadaria R$ 140 mi.

Ativistas do Greenpeace realizaram protesto nesta sexta-feira (20) na Avenida Paulista para pedir o fim de descontos nas contas de água de grandes consumidores de São Paulo. Eles levaram cartazes e falaram em megafones.

Segundo o Greenpeace, por meio de sua assesoria de imprensa, o ato exige o cancelamento dos contratos entre a Sabesp e 537 grandes consumidores de água, como bancos, hotéis, shoppings, entre outros. Os contratos, de acordo com Greenpeace, garantem que as corporações tenham o benefício de, quanto mais água consumir, menos pagar por metro cúbico.

“Enquanto elas recebem esse estímulo para consumir mais, a população sofre com o racionamento não declarado e dias sem abastecimento. Essa injustiça tem que acabar”, afirma Pedro Telles, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

Sem estes descontos, o Greenpeace estima que a Sabesp arrecadaria cerca de R$ 140 milhões a mais por ano. "Esses recursos poderiam ser investidos, por exemplo, na redução dos vazamentos de água nas tubulações, que beiram 37% na cidade atualmente", diz a organização.

Volume
Apesar das últimas elevações no nível das represas que abastecem 5,6 milhões de pessoas na Grande São Paulo, a situação ainda é crítica, e a chuva que caiu nos últimos meses conseguiu recuperar apenas a segunda cota do volume morto.

Antes da crise, o Cantareira abastecia 8,8 milhões de pessoas, mas hoje produz água para 5,6 milhões de clientes na Grande São Paulo. O sistema conseguiu recuperar apenas uma quantidade de água equivalente a segunda cota do volume morto.

O sistema teve um corte de 56% na vazão em relação a fevereiro de 2014. A quantidade de água fornecida passou de 31,77 mil litros por segundo para 14,03 mil litros/segundo. Já o Guarapiranga aumentou a vazão de 13,77 mil litros por segundo para 14,9 litros/segundo, e se tornou o maior reservatório de São Paulo.

Fonte: G1

Ativistas ambientais são presos na Rússia


Em protesto pacífico no Ártico, ativistas do Greenpeace são presos pela Guarda Costeira Russa

            

No dia 18 de Setembro, o navio do Greenpeace fazia um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico, no Mar Pechora, na costa Russa. Na tentativa de conscientizar as gigantes petrolíferas de preservar o gelo ártico, tão importante no equilíbrio ambiental do planeta. A Guarda Costeira Russa invadiu o navio Arctic Sunrise e levou todos os trintas ativistas presos sem nenhuma acusação legal. No momento do embarque dos oficiais russos, o navio Arctic Sunrise do Greenpeace rondava a plataforma Prirazlomnaya, da Gazprom, mantendo a distância limite de três milhas náuticas para águas internacionais, o que prova a ilegalidade da ação, já que o navio estava na Zona Econômica Exclusiva da Rússia (EEZ, em inglês), onde é garantida a livre circulação de embarcações estrangeiras. Utilizando helicópteros, os ativistas foram levados sob a mira de armas letais e aprisionados no navio da Guarda Costeira Russa. Entre os presos, está a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, de 31 anos, que integra o Greenpeace desde 2006.

                Sobre o ocorrido, Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, comentou: “Essa ação ilegal mostra exatamente quão longe a Rússia está disposta a ir para defender a exploração de petróleo no Ártico. Pedimos ao presidente Vladimir Putin que freie as ações violentas de sua polícia marítima, uma vez que nossos protestos pacíficos nunca requisitaram tal nível de agressão. Ativismo não é crime.”

                Segundo Bem Ayliffe, coordenador da campanha Polar do Greenpeace, “A Guarda Costeira da Rússia ameaçou nossos ativistas apontando armas de fogo, e disparou onze tiros de aviso na direção do nosso navio, ou seja, quem é a verdadeira ameaça à região? Se a Guarda Costeira quer proteger o meio ambiente, ela deveria parar de agir como uma escolta particular da Gazprom. A perfuração em busca de petróleo no Ártico representa um grave risco ambiental à região. Para isso, o Greenpeace protesta pacificamente para expor ao mundo como as grandes petrolíferas como Gazprom, Rosneft, ExxonMobil e Shell, em parceria com o governo russo, pretendem transformar uma das últimas regiões intocadas do mundo em puro negócio.”

                Todos os trinta ativistas seguem presos, a Justiça Russa decretou a prisão por dois meses de dois dos ativistas sob a alegação de inquérito criminal para apurar se a ação pode ser classificada como pirataria, o fotógrafo free-lancer Denis Sinyakov e Roman Dolgov estão mantidos no distrito de Leninsky, em Mursmansk (noroeste da Rússia). Até o fechamento dessa matéria não há informações sobre o julgamento dos outros 28 ativistas, que estão detidos em diferentes lugares ao redor de Murmansk.

          A exploração do petróleo no Ártico pode ter conseqüências irreparáveis, como vazamentos de óleo no mar, contaminação tóxica do ecossistema, além de destruir o que resta do gelo, levando a extinção os animais que o habitam, e pior, o degelo no topo do mundo reflete muito do calor do Sol de volta para o espaço, mantendo assim nosso planeta resfriado. Mais de 300 mil pessoas ao redor do mundo já se manifestaram contra o Governo Russo enviando mensagens pedindo a liberação dos ativistas.

Foto: Greenpeace

Laísa Mangelli

Greenpeace faz protesto “luxuoso” contra escassez de água na Grande São Paulo


Ativistas exibiram taças e baldes dourados para representar a água como artigo raro

 

Manifestante fantasiado de Geraldo Alckmin em ato na região dos JardinsDivulgação/Greenpeace

Um desfile de moda em uma das ruas mais luxuosas do País, a Oscar Freire, foi a forma bem-humorada que o Greenpeace adotou para fazer um protesto de alerta à crise hídrica na Grande São Paulo, nesta quinta-feira (17). A água, exibida em taças e em baldes dourados, foi tratada como artigo de luxo durante o ato.

O Greenpeace critica a forma como o governo do Estado enfrenta o problema e pede “transparência e eficácia”. A ONG também ressalta que bairros da periferia enfrentam falta de água e que o problema deverá avançar para as regiões mais ricas.

Hoje, o nível de armazenamento do sistema Cantareira — maior reservatório de água da região metropolitana — está em 17,7%. A aposta do governo e da Sabesp é que esse volume seja suficiente para abastecer os consumidores até março de 2015. A expectativa é de que as chuvas regulares comecem a encher as represas a partir de setembro. 

A presidente da Associação de Lojistas dos Jardins, Rosangela Lyra, disse que houve "um estranhamento geral" de quem passava pela região.  

— Muitos acreditaram não se tratar, de fato, do Greenpeace, pela postura e discurso usados. Parecia mais uma ação política e menos ambiental.   

Ela ainda acrescentou que os Jardins não são uma referência de luxo, mas sim de tudo o que é "hype, cool".   

— Nós criamos as tendências, mas somos acessíveis.

Fonte: R7.com

Ativistas são presos em protesto no Palácio do Planalto


Membros do Greenpeace protestam contra óleo nas praias do Nordeste em frente ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira (23) (Greenpeace/Instagram/Reprodução)

O Greenpeace realizou protesto nesta quarta-feira (23), em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, contra a política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PSL). Os manifestantes colocaram tinta preta no asfalto para simbolizar o óleo derramado nas praias do Nordeste. Também espalharam madeira queimada, que teria sido recolhida de locais de extração ilegal na Amazônia.

Segundo a organização não governamental (ONG), 17 ativistas foram detidos pela Polícia Militar do Distrito Federal e levados à delegacia. O Greenpeace havia informado anteriormente que foram 23 presos, mas corrigiu o número. Em frente ao Planalto, foram postas placas com as mensagens “Pátria queimada, Brasil”, “Um governo contra o meio ambiente” e “Brasil manchado de óleo”.

O protesto mobilizou tropas da PM, além da equipe de segurança do Palácio do Planalto. O trânsito em frente à sede do governo foi bloqueado. Segundo o Greenpeace, a tinta utilizada é uma mistura não tóxica de tapioca maisena e anilina.

Por volta de 9h45, a entidade aceitou levar os manifestantes para o outro lado da via e liberar o tráfego para carros em frente ao Planalto. Mas disse que manteria a instalação com tinta e madeira. “Esse protesto é contra a política ‘antiambiental’ e de desmonte da gestão e proteção ambiental promovida por este governo”, disse Thiago Almeida, porta-voz de clima e energia do Greenpeace.

O governo Bolsonaro tenta contornar as críticas sobre a demora para agir contra o avanço do óleo. Na segunda-feira (21), o presidente em exercício, general Hamilton Mourão (PRTB), anunciou que o Exército reforçaria a limpeza das praias e admitiu que a medida era uma forma de dar “mais visibilidade” às ações do governo.

“O governo precisa colocar em prática de maneira efetiva e eficiente o plano nacional de contingência, que tanto demorou para acionar. E, claro, encontrar o ponto de origem para procurar causa e punir”, disse o porta-voz do Greenpeace.

O protesto foi feito durante viagem do presidente Bolsonaro à Ásia. O general Mourão está no Palácio do Planalto. Segundo os manifestantes, o protesto sem a presença de Bolsonaro foi uma coincidência.

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal informou que cerca de 30 ativistas participaram do protesto e levaram troncos de árvores e tinta preta misturada com óleo e amido de milho para frente do Palácio do Planalto.

“Os manifestantes foram encaminhados à 5ª DP e poderão responder pela Lei 9.0605/98, a qual dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”, diz a nota.

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, ironizou o protesto do Greenpeace em frente ao Palácio do Planalto. “Vou convidar o Greenpeace para ajudar a recolher o óleo lá (no Nordeste) em vez de jogar aqui”, disse Mourão.

O general declarou não ser contra protestos, mas defendeu limites para não atrapalhar o tráfego de carros. “Democracia é isso. Única coisa que penso é que poderia fazer protesto sem bloquear o trânsito”, disse.

Salles: ‘ecoterroristas’

Nas redes sociais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticou a ação do Greeapeace. “Não bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público”, escreveu Salles.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, também ironizou o protesto. “Nunca se importaram com o que dizem se importar realmente. Se animam somente com outra coi$a e estão dificultando para eles! Fácil entender tudo que está acontecendo nesse caso”, publicou o filho de Bolsonaro.

Agência Estado

Greenpeace faz alerta sobre ‘emergência climática’ à sede da reunião europeia


Bombeiros evacuam ativistas do Greenpeace que penduraram o grande banner com o slogan ‘Emergência climática’ na fachada do prédio do Conselho Europeu, em Bruxelas (AFP)

A polícia belga retirou quase 30 ativistas de Greenpeace da sede do Conselho Europeu, horas antes de uma reunião de cúpula de governantes da União Europeia (UE), para chamar a atenção sobre a “emergência climática”. Os ativistas se posicionaram na fachada do edifício Europa, onde exibiram faixas com o lema “emergência climática” e acenderam sinalizadores para simular um edifício em chamas.

Os agentes de segurança iniciaram uma operação para retirar os ativistas e vários deles foram detidos, informou Ilse Van De Keere, porta-voz da polícia de Bruxelas. O Greenpeace driblou a segurança do Conselho Europeu há 10 anos, em dezembro de 2009, para exigir ações da UE na reunião de cúpula da ONU que seria organizada poucos dias depois em Copenhague.

O protesto acontece em um momento chave para a política ambiental da União Europeia (UE). A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou na quarta-feira seu “Pacto Verde”, uma “nova estratégia de crescimento”. Os líderes europeus devem superar as divergências para apoiar o pilar do Pacto Verde: alcançar a neutralidade de carbono no bloco até 2050.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que espera um acordo para transformar a UE no “primeiro continente neutro” a respeito das emissões de CO2, uma das principais causas da mudança climática. “A transição trará importantes oportunidades, como o potencial de crescimento econômico, de novos modelos empresariais e mercados, de novos postos de trabalho”, afirma um rascunho da declaração.

A transição para economias e sociedades mais verdes, no entanto, ainda não convenceu países como República Tcheca, Hungria e Polônia, muito dependentes de energias fósseis e que pedem garantias em troca da mudança.

Para convencer os países mais relutantes, a presidente da comissão propôs a criação de um mecanismo de transição justo, que permita o uso de recursos públicos e privados de até 100 bilhões de euros entre 2021 e 2027.

O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, pediu na quarta-feira à UE para assumir os custos “astronômicos” da transição climática em seu país e defendeu que a energia nuclear seja considerada uma energia “limpa” no bloco.

Os 28 países do bloco estão de fato divididos se devem considerar o setor nuclear, que será um dos elementos do debate, uma energia verde e, portanto, suscetível de receber subsídios e isenções fiscais.

O vice-presidente da Comissão para o Pacto Verde, Frans Timmermans, entrou na discussão e afirmou que, apesar da energia nuclear “não ser sustentável (…) tampouco tem emissões de dióxido de carbono”.

O plano para a descarbonização da economia europeia aumenta os temores sobre a situação social e do mercado de trabalho em vários países da Europa, sobretudo na região leste do continente, que já enfrentam os desafios da globalização e da revolução digital da economia.

O Marco Financeiro Plurianual (MFP) para o período 2021-2027 será o outro duro debate da reunião. Alguns líderes desejam desvincular o tema da questão climática, mas os dois temas devem ser contemplados em conjunto. “Será uma grande disputa, esta é uma questão muito complicada”, advertiu uma fonte diplomática.

AFP

Aumentam os apelos para que se evite um fracasso da COP25


Ativistas climáticos protestam na Conferência sobre Mudança Climática da ONU COP25, em Madri (AFP)

De Greta Thunberg ao Greenpeace, os apelos para que o lema da COP25, “Hora de Agir”, não fique apenas no papel se multiplicaram nesta quarta-feira em Madri, onde a comunidade internacional prossegue discutindo a crise climática.

Até sexta-feira, cerca de 200 países estão convocados a impulsionar o Acordo de Paris, concluindo aspectos técnicos importantes, como o funcionamento dos mercados de carbono, além de mostrar sua disposição de fazer mais para limitar o aquecimento a menos de +2 graus e, se possível, + 1,5 grau.

Mas a falta de progresso da comunidade internacional diante da emergência climática decretada pelos cientistas e a mobilização dos cidadãos provocaram discursos raivosos em Madri.

Thunberg, nomeada nesta quarta-feira “Personalidade do ano” pela revista Time, lamentou que “nada esteja sendo feito” e, o que é pior, acusou os países ricos de enganar com metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

A maioria dos estados trabalha com objetivos de redução de emissões de médio prazo e uma das questões centrais das negociações é a necessidade de aumentar a ambição de cada um.

“Um punhado de países ricos prometeu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em X por cento nesta ou naquela data, ou alcançar a neutralidade do carbono em X anos”, afirmou a jovem militante sueca.

“Pode parecer impressionante à primeira vista (…), mas isso não é liderança, é engodo, porque a maioria dessas promessas não inclui a aviação, transporte ou importação e exportação de mercadorias. Em vez disso, incluem a possibilidade de que os países compensem suas ambições fora de suas fronteiras”, denunciou, lembrando as disposições do Acordo de Paris.

Thunberg pediu aos países ricos que assumam sua responsabilidade e atinjam a meta de “zero emissões de uma maneira muito mais rápida e depois ajudem os mais pobres a fazer o mesmo”.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima parece ter se tornado “uma oportunidade para os países negociarem brechas legais e evitarem maiores ambições”.

Uma manifestação de ONGs e ativistas foi convocada nesta quarta-feira na COP25 para reivindicar “soluções reais” aos países ricos.

Onde estão os adultos?

Os mais velhos compartilham da mesma preocupação.

“Participei da COP durante 25 anos: nunca vi uma lacuna tão grande entre o que acontece dentro e fora destas paredes”, afirmou Jennifer Morgan, diretora do Greepeace International.

“As soluções são acessíveis e estão diante de nossos narizes”, acrescentou. “Mas onde estão os líderes, os adultos?”, questiona.

“O coração de Paris (o acordo) continua batendo, não abandonem”, implorou.

Dados científicos sugerem que qualquer atraso agravará o aquecimento, com consequências catastróficas para o planeta.

As emissões de CO2 aumentaram 0,6% em 2019 em todo o mundo, de acordo com o balanço anual do Global Carbon Project (GCP).

Questão de necessidade

Os dados contrastam com o que, segundo a ONU, teria que ser feito a partir de 2020 para atingir o objetivo de +1,5 grau: reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 7,6% ao ano até 2030.

No ritmo atual, a temperatura mundial poderá subir para 4 ou 5°C no final do século em comparação com a era pré-industrial.

Na tentativa de impulsionar as negociações, a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, nomeada “facilitadora” na reta final da COP25, afirmou que “não é mais uma questão de ambição”. “É uma questão de necessidade. Uma necessidade comum de agir”, destacou.

“Se alcançarmos um resultado ruim no final da semana (…), enviaremos um sinal terrível ao mundo”, disse Alden Meyer, da União de Cientistas Preocupados, com sede nos Estados Unidos.

AFP

Greenpeace acusa multinacionais americanas de cumplicidade no desmatamento no Brasil


Greenpeace registrou a colheita de soja plantada em área embargada, onde não deveria haver produção, dentro do Condomínio Cachoeira do Estrondo Foto (Victor Moriyama / Greenpeace)

Duas gigantes agrícolas, as americanas Cargill e Bunge, são acusadas, em um relatório recente, pelo Greenpeace de cumplicidade no desmatamento e expropriações no Brasil, o que as duas empresas negam.

No boletim “Cultivando Violência” tornado público na terça-feira (3), a organização de defesa do meio ambiente aponta os vínculos da Bunge e Cargil, maiores exportadoras da soja produzida no Cerrado brasileiro, com uma fazenda em particular.

Aberta em 1978 em Formosa do Rio Preto, no estado da Bahia, a fazenda Estrondo, que explora suas terras e aluga uma parte a fazendeiros, estende-se oficialmente sobre 305.000 hectares.

O Greenpeace afirma que Cargill e Bunge “operam silos dentro dos limites da propriedade e compram soja diretamente de suas plantações”.

Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, a fazenda Estrondo é fruto da “apropriação ilegal de 444.000 hectares” de terras, incluindo uma parte do território de comunidades tradicionais, estabelecidas na região há mais de 200 anos.

Enquanto uma decisão judicial provisória de 2017 garantiu a propriedade de 43.000 hectares a essas comunidades, os habitantes locais denunciam a construção em seu território de guaritas para vigias pagos pela fazenda Estrondo, bem como várias tentativas de intimidação e de violência contra eles, uma versão rejeitada pelos responsáveis da fazenda.

A fazenda Estrondo também é acusada de “desmatamento ilegal”, “inclusive com alegações de que licenças de desmatamento na propriedade tinham sido obtidas de forma fraudulenta” em 2002.

O Greenpeace afirma ainda que identificou em abril uma safra de soja “cultivada ilegalmente em uma área embargada” pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), o que o grupo também contesta.

“O fato da Cargill e Bunge ainda manterem relações com Estrondo é inaceitável, visto que existe uma série de irregularidades e episódios de violência”, declarou à AFP Cristiane Mazzetti, uma responsável do Greenpeace no Brasil.

90% de rastreabilidade

As duas multinacionais americanas negam qualquer relação comercial com as sociedades proprietárias da fazenda Estrondo.

“Todas as compras de soja na área da Estrondo vêm de produtores arrendatários que adquiriram direitos legais de uso das terras […] A Cargill não fornece e não fornecerá soja de agricultores que desmatam terras em áreas protegidas. Temos controles para impedir que produtos não compatíveis entrem em nossa cadeia”, declarou a Cargill à AFP, acrescentando que seu silo está localizado a quase 60 km das áreas de conflito, sem informar em qual terreno.

A Bunge, que, como a Cargill, está comprometida em desenvolver uma cadeia de produção sem desmatamento, afirma que atingiu mais de 90% de rastreabilidade para suas compras diretas em áreas em risco de desmatamento e que atua em conformidade com a lei brasileira.

“A Bunge não compra ou recebe grãos de áreas embargadas pelo Ibama. Quanto ao silo, não faz parte do Agronegócio Condomínio Cachoeira do Estrondo e está localizado em propriedade privada da empresa”, declarou a companhia.

“As respostas [da Cargille Bunge] negam as evidências. O grupo Estrondo precisa ser tratado como uma unidade, há um controle compartilhado sobre a terra, bem como decisões relacionadas ao seu uso […] Minimizar sua presença é se esconder de suas co-responsabilidades nesses impactos no contexto da Estrondo”, contestou Greenpeace.

“As empresas já foram comunicadas em junho e setembro […] no entanto, ainda não tomaram nenhuma ação concreta para endereçar o problema”, ressaltou a ONG.

Com dois milhões de quilômetros quadrados, o Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, atrás da Floresta Amazônica. Esta savana já perdeu quase metade de sua vegetação original.

Este nível de desmatamento se explica, sobretudo, pelo forte avanço da agropecuária industrial, em particular na região do Matopiba, último eldorado agrícola do Brasil, onde está localizada a fazenda Estrondo.

Entre 2007 e 2014, quase dois terços da expansão das atividades agrícolas se deu em detrimento da savana e de plantas nativas, ressalta o Greenpeace.

AFP