Grandes invenções surgem em momentos de grandes dificuldades. Em 2002, Alfredo Moser, um mecânico mineiro, encontrou uma nova opção para iluminar sua casa, visto que o ano foi marcado por períodos de apagões frequentes. A invenção foi denominada de “lâmpada engarrafada” e, este ano, já deve iluminar um milhão de casas ao redor do mundo.
A lâmpada é produzida a partir de uma garrafa PET transparente de dois litros preenchida com água e duas tampinhas de água sanitária, que evitam que a água fique turva ao longo do tempo. A potência da lâmpada criada pelo Sr. Alfredo vai de 40 a 60 watts, dependendo da intensidade da luz solar.
Uma reportagem do programa Globo Repórter, de 2008, registrou a invenção de Moser e foi responsável, consequentemente, pela difusão do invento pela internet. Assista a um trecho da reportagem:
Ainda em 2008, a Ampla, empresa de energia do Rio de Janeiro, instalou a lâmpada de PET nas casas da população de baixa renda, para que haja uma redução no valor da conta de energia. A empresa de energia também elaborou um vídeo sobre o projeto. Assista:
Além de conquistar o Brasil, a invenção do Sr. Alfredo Moser ganhou o mundo a partir da parceria do filipino Illac Diaz, um homem ativista e que promoveu diversos projetos sociais e ecológicos. Diaz encontrou na internet informações sobre a invenção do mecânico mineiro e criou o projeto“Liter of Light” (Um litro de água), que leva iluminação a baixo custo para a população das Filipinas e de outros países também. Paralelo a isso, as pessoas que moram em áreas pobres ainda são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas a partir da “luz engarrafada”, pois ela ajuda no crescimento das plantas. No site do “Liter of Light”, Diaz divide os créditos da invenção com o Sr. Alfredo e a estudantes do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Moradora do Morro do Alemão, a aposentada Eunice Danazio Valentin fundou uma associação de moradores e conseguiu levar água, luz e saneamento para a região, além de contribuir para a abertura de uma creche municipal
Felipe Fittipaldi
Durante os Carnavais das décadas de 70 e 80, a então empregada doméstica Eunice Danazio Valentin protagonizava uma cena pitoresca no Complexo do Alemão. Vestida com a fantasia da ala das baianas da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, descia o morro onde morava rumo ao Sambódromo. Naquela época, em que os traficantes ainda não haviam implantado o regime de terror que imperou até a ocupação do território pela polícia, em 2010, o desfile de Eunice era recebido com euforia pela criançada. “Olha a baiana”, gritavam. Com o tempo, o lugar onde ela vivia começou a ser chamado Morro da Baiana, denominação que se mantém até hoje.
Mas a fama de Eunice não decorre apenas de seus desfiles pelo Alemão. Desde que se mudou para lá, em 1968, ela se transformou em uma ativa líder comunitária que não se intimidava ao postar-se em gabinetes de políticos e repartições públicas. Graças a seus esforços como fundadora da associação de moradores, conseguiu levar água, luz e saneamento para a região, além de contribuir para a abertura da Creche Municipal Eliana Saturnino Braga, a primeira e única do Morro da Baiana, que hoje atende 85 crianças. “Bati em centenas de portas e gastei muita saliva. Era o jeito que eu tinha de o poder público me ouvir, e fui ouvida”, diz ela.
Aposentada e com 67 anos, Eunice mora atualmente em Olaria, bairro vizinho ao complexo. Seu trabalho pioneiro foi sucedido por uma série de outras iniciativas semelhantes, principalmente nos últimos três anos, a partir da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora na região.
Isso não significa que ela não mantenha os vínculos com o lugar. Uma simples caminhada a seu lado já revela quanto ela é popular no morro que leva seu apelido, sede de uma das oito UPPs do complexo e de uma estação do teleférico que conecta as diversas favelas. Ali, todos a conhecem e a saúdam respeitosamente quando passa: “Olha a dona Baiana”, dizem.
Pode ser fundamental pra resolver dois problemas das cidades: a iluminação pública e o consumo de energia. Starpath é o nome deste produto inovador, que consegue absorver energia dos raios ulta-violetas de um lugar durante o dia para depois os liberar de noite. Dar um passeio noturno fica assim muito mais agradável e seguro.
O produto é uma criação da empresa britânica Pro-Teq e já está sendo usado numa pequena trilha em Cambridge, Reino Unido, no Christ’s Pieces Park. A quantidade de luz emitida pelo Starpath (que em português podemos traduzir para “caminho das estrelas”) depende da força e duração da exposição solar do lugar onde está instalado. Brilhando no escuro, esta inovação pode ser usada em qualquer superfície de pavimento.
Além da poupança de energia e do aumento da visibilidade que oferece, o Starpath é ainda antiderrapante e resistente à água, o que melhoraria também a questão da segurança, reduzindo os custos humanos e financeiros, públicos, de acidentes.
Abaixo um vídeo com a explicação dos responsáveis da Pro-Teq acerca das motivações pra criação do Starpath.
O custo dos subsídios concedidos a usuários de painéis solares chegará a R$ 1 bilhão em 2021, mesmo valor destinado hoje ao programa para bancar tarifas mais baixas no Nordeste. Os cálculos são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que quer reduzir os subsídios para quem produz sua própria energia.
Os dois benefícios estão embutidos na conta de luz de todos os brasileiros. No ano que vem, os consumidores poderão ter que pagar o valor recorde de R$ 20,6 bilhões para bancar ações e subsídios relacionados ao setor elétrico.
O programa Tarifa Social concede descontos de até 65%, mas os consumidores precisam comprovar ter baixa renda para recebê-los. No Nordeste, 5 milhões de famílias são beneficiadas. Por ano, cada família recebe, em média, R$ 200 de subsídio.
Já para instalar painéis solares, é o contrário: é preciso ter dinheiro. Um sistema residencial tem custo inicial de cerca de R$ 15 mil. Hoje, há 180 mil unidades de consumo beneficiadas, e cada uma recebe, em média, R$ 2.222 de subsídio ao ano.
Atualmente, o subsídio dado a essa energia é de R$ 400 milhões, e esse custo é bancado justamente pelos consumidores que não têm painéis solares em suas casas. Com um crescimento exponencial nos últimos anos, a previsão da Aneel é que esse número chegue a R$ 4 bilhões em 2027.
Revisão
Enquanto a agência se prepara para revisar as regras de incentivo a essa energia, parlamentares trabalham para que eles se tornem definitivos. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) já indicou que acompanha o debate de perto.
Foi a própria Aneel que introduziu, em 2012, os benefícios ao setor. O intuito foi o de incentivar a instalação dos painéis solares – na época, muito caros. Com o ganho de escala, o custo do sistema caiu. Hoje, esses usuários conseguem obter uma redução de 80% a 90% em suas nas contas de luz.
“O modelo não é sustentável. Ele transfere custo para aqueles consumidores que não possuem a geração distribuída em suas residências”, disse o diretor Rodrigo Limp, relator do processo na Aneel. A proposta da agência está em consulta pública, e a intenção é que o novo modelo entre em vigor em 2020.
Para o setor, a revisão da forma como proposta pode inviabilizar sua produção. O receio em comum uniu várias empresas e associações num único movimento, cunhado de “Sou Mais Solar”, que tem a participação da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Entre os parlamentares, o slogan da campanha pegou: eles acusam a Aneel de querer “taxar o sol”. Em um mês, a agência já foi chamada a dar explicações no Congresso em pelo menos três ocasiões.
O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) é um dos defensores do setor. “O Brasil é o país do sol. Temos de incentivar o uso dessa energia”, disse. Já o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) apresentou um projeto de lei que institui descontos expressivos na tarifa dos micro e minigeradores de energia.
Bolsonaro
Até mesmo o presidente Jair Bolsonaro entrou na discussão. Em viagem a Pequim, ouviu reclamações sobre a proposta da Aneel do empresário Adalberto Maluf, diretor de marketing da BYD, empresa de tecnologia chinesa com fábrica no Brasil. Segundo Maluf, ele integrou a missão à convite da Apex, agência de promoção a exportações.
No Twitter, em três postagens publicadas em novembro, Bolsonaro disse que o governo está trabalhando com a Aneel para “estimular a geração de energia solar, sem taxar o usuário”. Bolsonaro frisou que a revisão das regras estava prevista pela agência desde 2015, “governo Dilma”. Para Maluf, o recado foi claro. “O que eu li: o presidente está dizendo que quer uma política pública para fomentar a energia solar”, disse.
Regra
Desde que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a geração própria de energia, o modelo vem crescendo no Brasil. Para o setor solar, esse movimento pode ser estrangulado, se a agência aprovar as novas regras. Especialistas, no entanto, argumentam que o subsídio dado onera os mais pobres e aumenta os custos das distribuidoras.
Para incentivar a geração própria, a agência criou em 2012 um sistema de compensação: quando a energia gerada for superior à consumida, o usuário fica com uma espécie de crédito a ser utilizado para diminuir a fatura em meses seguintes. Para que esse sistema funcione, eles precisam estar conectados à rede de distribuição.
O valor pago por esses consumidores às distribuidoras é a diferença entre o que foi gerado e o que foi consumido. Os que geram mais do que consomem apenas pagam uma taxa mensal de cerca de R$ 50.
Para a Aneel, esses produtores precisam começar a pagar pelo custo de uso da rede, assim como pelos encargos setoriais, como todos os outros consumidores no país.
O setor, no entanto, não concorda com a agência reguladora. Presidente da Faro Energy, Pedro Mateus diz que a empresa já investiu R$ 250 milhões no Brasil em energia solar e projetava injetar mais R$ 300 milhões em dois anos. Agora, o investimento entrou em compasso de espera, já que a proposta da Aneel, na avaliação dele, torna o modelo “inviável”.
Boletim publicado pela Consultoria Legislativa do Senado ressalta as distorções do modelo atual e afirma que ele se sustenta em um subsídio que onera a população mais pobre.
“O conceito moderno de sustentabilidade incorpora o aspecto social”, diz o documento, assinado pelo consultor Rutelly Marques da Silva. “A preservação ambiental não deve ser um mecanismo de transferência de renda dos mais pobres para aqueles de maior renda.”
O presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, avalia que os custos das distribuidoras devem ser cobrados dos donos dos painéis – já que eles dependem dos serviços dessas empresas. “Se esses usuários colocassem baterias e quisessem de desconectar da rede, eles não utilizariam a rede e, portanto, não haveria esta discussão”, disse.
Hoje, no entanto, o custo das baterias não compensa esse investimento.