Para compensar a poluição causada pelo próprio táxi, o motorista João Batista criou um sistema de plantação de mudas de pau-brasil
Em 2007, o taxista João Batista já tinha uma clientela fiel em São Paulo, mas estava descontente com o trabalho. Nada relacionado ao trânsito – ele já tinha resolvido isso com bom-humor, revistas e até bebidas para os clientes. O problema agora era o aquecimento global. Descobriu que os carros eram verdadeiros vilões nessa história.
“Um táxi polui muito o ambiente, mas eu não poderia parar de trabalhar. Foi aí que comecei a pesquisar sobre como neutralizar o que eu mesmo sujei”. Também na rádio, fiel companheira dos taxistas, foi que João encontrou uma luz. “Eu estava ouvindo o (colunista da CBN) Gilberto Dimenstein, que falava sobre sustentabilidade. Falei ‘vou escrever para ele’”.
Com a ajuda de Dimenstein, João encontrou ONGs ambientais e, juntos, calcularam quanto CO2 o automóvel liberava por dia e quantas mudas ele deveria plantar para que elas absorvessem tudo. Depois, João chegou ao valor que precisava sugerir aos clientes para a compra das mudas.
Em seis anos, o taxista plantou quase 250 mudas de pau-brasil em praças da cidade de São Paulo. No início, os amigos não colocavam muita fé na ideia; eles lhe diziam que o vandalismo ia arrancar as mudas. Não foi o que aconteceu: as primeiras árvores, plantadas na praça do bairro onde mora, na zona leste, continuam lá, cada vez maiores.
Com uma tabela, o taxista apresenta no final da corrida quantos quilos de CO2 a viagem depositou no ambiente e quanto o passageiro desembolsa se quiser ajudar a comprar uma muda. Um trajeto de uma hora, por exemplo, deposita 11,7 kg de dióxido de carbono e gera uma contribuição de 62 centavos. “Se o cliente não quiser colaborar, não precisa. Mas todo mundo se sensibiliza. Tem gente disposta a ajudar mais e doa até R$ 50, R$ 100 (hoje, a muda custa cerca de R$ 100)”.
As subprefeituras oferecem a praça e a mão de obra. Pelo site de João* (oseutaxi. com.br), dá para se cadastrar num programa de fidelidade em que o usuário troca pontos por mais mudas de pau-brasil.
Cada árvore é adicionada ao contador e o total do dinheiro arrecadado vai diretamente para os plantadores. Não há taxas para doadores, ONGs que plantam as árvores ou qualquer outra pessoa.
Com o aplicativo, os benefícios do reflorestamento não se limitam ao meio ambiente; plantar árvores também representa uma fonte vital de renda para comunidades locais.
Greta Thunberg, jovem ativista climática, disse: “é simples. Precisamos proteger, restaurar e financiar a natureza”. Dados apontam que o reflorestamento global poderia capturar ao menos um quarto das emissões anuais de carbono.
“Ampla restauração exige que alcancemos um grande número de pessoas, de maneira econômica e rápida”, afirmou Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O aplicativo foi construído ao longo de dois anos por sete jovens da Fundação Plant-for-the-Planet, sob a liderança de Sagar Aryal, de 24 anos, que planta árvores com a Plant-for-the-Planet há mais de dez.
Através do seu chamado “plante sua própria floresta”, o aplicativo também ajuda a implementar as metas do Desafio de Bonn — um esforço global para restaurar 150 milhões de hectares de terras desmatadas e degradadas do mundo até 2020 e 350 milhões de hectares até 2030 — criando uma reação em cadeia do bem.
Mais informações sobre o aplicativo
O aplicativo Plant-for-the-Planet está disponível para Android e iOS ou como um WebApp.
Mais de 10.000 pessoas se inscreveram no aplicativo ainda na fase de desenvolvimento.
A ferramenta também permite que o usuário:
Veja onde todas as árvores doadas foram plantadas;
Registre árvores que plantou carregando fotos e adicionando o local;
Presenteie alguém com árvores doadas;
Inicie uma competição de plantio de árvores em escolas, com colegas ou grupo de amigos;
Veja a “Lista da Forbes” ambiental – que classifica os usuários por número das árvores plantadas;
Em sua versão 2.0, o aplicativo permitirá que os usuários observem as florestas doadas crescerem com imagens de satélite.
Sobre a Fundação Plant-for-the-Planet – Crianças na linha de frente contra as mudanças climáticas
O movimento que desencadeou a Fundação Plant-for-the-Planet, responsável pelo aplicativo de reflorestamento, foi iniciado pelo alemão Felix Finkbeiner, de apenas nove anos na época. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.
A iniciativa de crianças e jovens Plant-for-the-Planet foi lançada em janeiro de 2007, depois de um chamado à ação feito pela ativista ambiental e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2004, Wangari Maathai e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) através da campanha Billion Tree (“Bilhões de Árvores”, na tradução livre).
O movimento que desencadeou a Fundação foi iniciado pelo alemão Felix Finkbeiner, de apenas nove anos na época.
Inspirado pela ativista ambiental queniana Wangari Maathai, que plantou 30 milhões de árvores na África ao longo de 30 anos, Felix formulou a visão: “crianças poderiam plantar 1 milhão de árvores em todos os países do mundo, e com isso contrabalancear as emissões de CO² por contra própria, enquanto os adultos ainda estão pensando em como resolver a questão”.
Em 2011, o PNUMA transferiu a campanha Bilhões de Árvores para a Fundação Plant-for-the-Planet, que aumentou a meta para 1 trilhão e desenvolveu uma ferramenta on-line interativa para motivar outras pessoas a se envolverem com o plantio.
Até agora, mais de 13 bilhões de árvores já foram plantadas em 193 países.
“Iniciativas como o ‘Trilhões de Árvores’ podem contribuir bastante para impulsionar soluções e contornar as mudanças do clima; e garantir tanto meios de subsistência quanto uma sustentabilidade baseada na natureza”, avaliou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.
Iniciativa em prol do reflorestamento mundial
Até agora, mais de 13 bilhões de árvores já foram plantadas em 193 países. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.
As árvores são o meio mais barato e mais eficaz de capturar CO2, e o reflorestamento garante mais tempo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, alcançar a neutralidade de carbono e mitigar a crise climática.
Na península de Yucatán, no México, a Plant-for-the-Planet planta uma árvore a cada 15 segundos. Este projeto demonstra o quão fácil é tornar o plantio de árvores eficaz em larga escala.
A iniciativa usa seus próprios produtos (The Change Chocolate, “O chocolate da mudança”) e campanhas (como a “Pare de falar. Comece a plantar”) para plantar árvores e motivar outras pessoas a se envolverem no plantio.
Crianças embaixadoras da justiça climática
Voluntários da Plant-for-the-Planet ensinam e capacitam outras pessoas a se tornarem embaixadoras da justiça climática. Mais de 81.000 crianças e jovens de 73 países já estão participando. O Brasil, por exemplo, possui um escritório da iniciativa, localizado em São Paulo.
As crianças e jovens comprometidos com a iniciativa lembram da importância que lideranças pelo clima exercem ou já exerceram em seus novos papéis como jovens ativistas.
“Com a falecida Wangari Maathai em mente, dediquei todo meu coração e alma a este aplicativo nos últimos dois anos. Espero que ela fique feliz e orgulhosa de nós”, disse Sagar Aryal, desenvolvedor-líder do aplicativo da Plant-for-the-Planet.
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é o principal porta-voz mundial em questões ambientais.
Ele proporciona liderança e incentiva parcerias no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer as gerações futuras.