Centro-americanos e brasileiros tentam salvar agricultura das secas


A reserva de La Concepción, que abastece 30% do consumo hídrico de Tegucigalpa, capital de Honduras, afetada pela seca em 14 de setembro de 2019 (AFP/Arquivos)

Uma delegação de agricultores da Guatemala, de El Salvador e de Honduras buscará no Brasil alternativas para superar os efeitos causados por secas repetidas na agricultura, informou nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em San Salvador.

Além de compartilhar experiências acumuladas entre as “regiões mais secas do planeta” que têm semelhanças, “serão discutidas alternativas para reduzir o impacto” da seca na agricultura, afirmou a FAO em comunicado.

O encontro dos agricultores que vivem no chamado “Corredor Seco” e seus parceiros do sul está agendado de 19 a 26 de novembro em Petrolina, Pernambuco, cidade no semiárido do nordeste

Os centro-americanos conhecerão detalhes técnicos de especialistas da Embrapa Semiárido e de outras instituições, no âmbito do projeto da Iniciativa América Latina e Caribe para 2025.

A FAO estima que cerca de 10,5 milhões de pessoas vivem no corredor seco, a maioria delas na Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Aproximadamente 60% dessa população vive na pobreza.

Nos países da América Central, mais de 2 milhões de famílias dependem da agricultura de subsistência e estão constantemente em risco de insegurança alimentar devido a secas recorrentes, atribuídas principalmente às mudanças climáticas.

AFP

Agricultores da América Central unem-se para enfrentar desastres naturais


Os agricultores da América Central criaram uma nova forma de enfrentar desastres naturais como a seca: um novo mecanismo de proteção e transferência de risco que atua como um seguro agrícola para aqueles que não podem acessar os sistemas financeiros tradicionais. Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os fundos mútuos de contingência são uma valiosa ferramenta de poupança para aumentar a resiliência dos pequenos agricultores.As alterações climáticas têm implicações graves para a agricultura e a segurança alimentar. Foto: FAO / L. Dematteis

As alterações climáticas têm implicações graves para a agricultura e a segurança alimentar. Foto: FAO / L. Dematteis

Os agricultores da América Central criaram uma nova forma de enfrentar desastres naturais como a seca: um novo mecanismo de proteção e transferência de risco que atua como um seguro agrícola para aqueles que não podem acessar os sistemas financeiros tradicionais.

Os chamados fundos mútuos de contingência são apoiados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Honduras e na Guatemala, criados e gerenciados por associações de produtores com o objetivo de ajudar os associados em casos de emergência.

Para a FAO, tais fundos permitem financiar atividades para aliviar os problemas das famílias mais vulneráveis afetadas por calamidades inesperadas, como secas, furacões, inundações e terremotos.

“Esses fundos estão direcionados às casas que não têm acesso a sistemas formais de financiamento, nem a seguros que permitam proteger seus meios de vida”, explicou Anna Ricoy, oficial de gestão de risco da FAO.

Além disso, também podem financiar uma diversidade de atividades, como a compra de insumos para uma nova temporada agrícola quando se perdeu a colheita, apoiar a segurança alimentar das famílias durante uma emergência ou ajudar em atividades produtivas e de comércio quando a comunidade perde fontes de renda.

Os fundos mútuos de contingência oferecem maior sustentabilidade aos meios de vida dos agricultores familiares, fortalecendo as organizações. Por ter um caráter solidário, geralmente tem uma taxa de juros menor que a dos créditos regulares.

Mais que um mecanismo de poupança

Os fundos não apenas constituem uma rede de segurança diante das catástrofes, mas também fomentam as boas práticas agrícolas, atividades que geram renda, sistemas de alerta precoce de desastres e planos comunitários de gestão de risco, que são considerados pré-condição para poder acessar esses fundos.

“Dessa maneira, as comunidades não somente economizam e prestam apoio solidariamente, mas também ao mesmo tempo aumentam a resiliência de seus meios de vida diante das ameaças e desastres”, disse Ricoy.

Os fundos também têm efeitos positivos em relação a gênero: segundo a FAO, tanto em Honduras, como na Guatemala, a participação das mulheres é majoritária e desempenham um papel fundamental na sustentabilidade desses fundos, ao garantir o cumprimento dos pagamentos para a poupança.

Como se constroem os fundos mútuos de contingências?

Na Guatemala e em Honduras os integrantes de associações e as caixas rurais de poupança arrecadaram recursos para criar 40% do fundo. Outros 40% vieram de contribuição da FAO, enquanto os 20% restantes são capitalizados constantemente por meio de atividades como a produção de tecidos artesanais, tendas comunitárias para a venda de alimentos, entre outros.

Entre 2014 e 2015, os fundos comunitários estabelecidos com o projeto da FAO na Guatemala e em Honduras emprestaram 170 mil dólares aos seus integrantes para atividades geradoras de renda e investiram 23 mil dólares em projetos comunitários.

Também foram investidos 85 mil dólares para garantir o funcionamento e a sustentabilidade dos fundos, além do empréstimo de 19 mil dólares para atividades de reabilitação pós-emergência.

Efeitos positivos

Uma condição para que os integrantes de uma associação tenham acesso aos fundos mútuos de contingência é a adoção de um número pré-estabelecido de boas práticas agrícolas para a gestão de risco.

Entre essas iniciativas estão, por exemplo, as que evitam queimadas, o manejo de restolhos, a criação de cercas vivas (árvores que delimitem os terrenos), sistemas agroflorestais, bancos comunitários de sementes nativas, hortas hortícolas e métodos de purificação da água.

As associações também devem desenvolver atividades geradoras de renda: cada associação elabora um plano de negócio para o desenvolvimento de uma atividade comunitária paralela que gere renda, recapitalize e dê sustentabilidade ao fundo.

Sistemas de alerta precoce: os fundos mútuos de contingência se ativam quando a comunidade declara uma situação de emergência identificada mediante um sistema de alerta precoce.

“Esse sistema é uma ferramenta alimentada pelas comissões comunitárias que avaliam a disponibilidade de alimentos, o acesso, o consumo e a utilização biológica deles e a gestão de risco”, explicou Ricoy.

As comunidades também devem desenvolver planos de gestão de risco para identificar as ameaças e vulnerabilidades que enfrentam as comunidades e trabalham para removê-las.

A sustentabilidade desses fundos depende também de uma boa gestão e administração. Para isso, cada associação fortalece seus estatutos, regulamentos e organização interna. Além disso, os integrantes são capacitados em administração de empréstimos e em gestão transparente de fundos comunitários.

Enfrentar as mudanças e as ameaças climáticas

De acordo com a FAO, a América Central é uma das regiões do mundo mais expostas e vulneráveis às ameaças e as mudanças climáticas. Isso é especialmente certo para o corredor seco, que inclui áreas na Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Ricas e Panamá, nações que são regularmente afetadas por secas e um padrão cada vez mais irregular de chuvas.

“A cada cinco ciclos de colheita, três sofrem perdas significativas. Raramente o que se colheita é suficiente para satisfazer as necessidades alimentares das famílias”, disse Ricoy.

Em média, 62% da população do corredor seco vive da produção de grãos básicos. Esses países estão sendo apoiados pela FAO para melhorar a resiliência dessas comunidades, por meio do Programa para fortalecer a resiliência ao risco de desastres no corredor seco.

O programa trabalha para fortalecer as instituições e as políticas de gestão de risco, desenvolvendo sistemas de monitoramento para emissão de alertas precoces, melhorando a preparação e coordenação para respostas às emergências e a adoção de medidas de prevenção e mitigação de risco para reduzir a vulnerabilidade das comunidades.

Fonte: ONUBR

Califórnia não quer jardins


O racionamento de água decretado esta semana pelo governo da Califórnia acendeu a luz vermelha para uma nova e triste realidade: segundo o próprio governador, o democrata Edmund Jerry Brown, não ter água pode ser o novo padrão na região.

 

Estado dos EUA terá 9 meses para economizar 1,8 tri de litros de água.

 

       


Com recordes de temperatura máxima em pleno inverno e queda na quantidade de neve acumulada – o que é preocupante, já que o recurso abastece um terço das reservas do Estado – os californianos terão que reforçar as medidas impostas no ano passado para evitar que as torneiras sequem de vez.

É a primeira vez que o racionamento é imposto no estado. A partir desta semana, o estado mais populoso dos EUA (com 37,6 milhões de habitantes) terá nove meses para economizar 1,8 trilhão de litros de água. A meta é que as cidades e comunidades reduzam seu consumo em 25%. Mas como?

Sem jardim
Uma das iniciativas do governo é a remoção de todo e qualquer paisagismo de casas, centros comerciais e campos de golfes. Nem os cemitérios escapam.

A meta do governo é arrancar 4,6 milhões de m² de vegetação aplicada nesses locais (quase três vezes o tamanho do Parque do Ibirapuera, em São Paulo) e substituir por plantas que toleram a seca.

Também será criado um programa de descontos aos consumidores para que substituam aparelhos para regar antigos por outros novos, mais eficientes em termos de uso de água.

Os investimentos e o pagamento dos subsídios virão de um montante de US$ 1 bilhão, liberados após o estado criar uma legislação de emergência contra a seca para medidas de combate à seca e infraestrutura de água.

Multas e dicas de celebridades

Página do site "Saveourwater.com", que ensina ao morador da Califórnia como ele pode economizar o consumo de água (Foto: Reprodução/Saveourwater.com)Página do site "Saveourwater.com", que ensina ao morador da Califórnia como ele pode economizar o consumo de água (Foto: Reprodução/Saveourwater.com)

Ações implantadas em 2014 continuam a valer. Desde julho, ficou determinado que quem fosse flagrado usando água potável para lavar calçadas, regar gramados ou lavasse carros com mangueira sem controle de vazão poderia ser multado em US$ 500 por dia.

As agências responsáveis pelo abastecimento em condados e cidades tinham que apresentar planos de segurança hídrica e quem não cumprisse a ordem estaria sujeito a multa de US$ 10 mil diários.

Foram criados ainda dois portais na internet, um que atualiza a população sobre o estágio da seca e outro que conscientiza os usuários sobre a necessidade de economizar água, além de dar dicas de redução do desperdício.

O “saveourwater.com” (salve nossa água, na tradução do inglês) é um deles. Inicialmente, ele apelou para vídeos com artistas, como o apresentador Conan O’Brien e os cantores Lady Gaga e Sammy Hagar, ex-integrante da banda Van Halen, pedindo à população que economizasse água.

Agora, com o decorrer da seca, o portal dá dicas de forma interativa de como reduzir o consumo nos cômodos de uma casa, como a cozinha e o banheiro, além do ambiente de trabalho. O site possibilita ao usuário denunciar vazamentos de água à agência mais próxima.

Fonte: G1

Seca reduz Cataratas de Vitória a um fio de água e alerta sobre mudança climática


Imagens produzidas pela Reuters mostram a cachoeira em janeiro e dezembro de 2019 (Reuters)

Durante décadas, as Cataratas de Vitória, onde o rio Zambezi do sul da África despenca 100 metros e cai em uma fenda na terra, atraiu milhões de viajantes ao Zimbábue e à Zâmbia graças ao seu cenário espetacular.

Mas a pior seca em um século reduziu as corredeiras a um fio de água, provocando temores de que a mudança climática acabe com uma das maiores atrações turísticas da região.

Embora elas costumem diminuir na estação seca, autoridades disseram que este ano isso causou um declínio inédito nos níveis da água.

“Em anos anteriores, quando fica seco, não é a este ponto. Esta é a primeira vez em que as vemos assim”, disse Dominic Nyambe, vendedor de artesanato de cerca de 30 anos diante de sua loja de Livingstone, do lado zambiano.

“Isso nos afeta, porque… os clientes… podem ver na internet (que as cataratas estão baixas)… não temos tantos turistas.”

No momento em que líderes mundiais se reúnem em Madri para a COP25 para debater maneiras de evitar o aquecimento catastrófico causado pelas emissões de gases de efeito estufa gerados pelo homem, o sul da África já sofre com alguns de seus piores efeitos –as torneiras estão ficando secas e cerca de 45 milhões de pessoas estão necessitadas de auxílio alimentar por causa do fracasso das colheitas.

Zimbábue e Zâmbia têm tido blecautes, já que dependem muito da energia de hidrelétricas da represa de Kariba, que fica na parte de cima da correnteza do rio Zambezi que deságua nas cataratas.

Trechos da maravilha natural de um quilômetro de comprimento não são nada além de rocha nua. O fluxo de água é baixo em outros pontos.

Dados da Autoridade do Rio Zambezi mostram que o fluxo está em seu nível mais baixo desde 1995, e muito abaixo da média de longo prazo. O presidente zambiano, Edgar Lungu, classificou o fato como “um lembrete enfático do que a mudança climática está fazendo com o nosso meio ambiente”.

Mas os cientistas hesitam em culpar categoricamente a mudança climática. Sempre há variações sazonais nos níveis.

Harald Kling, hidrólogo da empresa de engenharia Poyry e especialista no Rio Zambezi, disse que a ciência climática lida com décadas, não com anos isolados, “por isso às vezes é difícil dizer ‘isso é por causa da mudança climática‘ porque as secas sempre ocorrem”.

“Se elas se tornam mais frequentes, aí você pode começar a dizer ‘ok, isto pode ser a mudança climática‘”, acrescentou.

Reuters

Nômades do Sahel estão cada vez mais ameaçados por mudanças climáticas


(Junho) Pastores fulani no mercado de gado de N’gonga, Niger (AFP)

Faz nove dias que a família de Ali, juntamente com suas 27 ovelhas e seis camelos, move-se sob o sol. Nove dias perseguindo nuvens que parecem debochar dele. É meio-dia, o termômetro excede 45 graus e, até onde os olhos podem ver, a terra está seca.

“Ouvimos dizer que as primeiras chuvas caíram no norte”, diz o homem de olhos negros e que usa um turbante, enquanto enche um cantil. “É para onde estamos indo”.

A estrada é longa: mais de 100 km até Bermo, no sul do Níger, o lugar onde milhares de pastores da etnia fulani se reúnem ao regressarem da transumância, a partir de julho.

A caravana escala paisagens arenosas e áridas da vizinha Nigéria, onde o ar é úmido e a água e a grama são abundantes. Ali e sua família passam alguns meses lá todos os anos e depois partem.

Mulheres e crianças se movem lentamente sobre burros, sobrecarregados com sacos de juta, tambores, tapetes e abóboras.

A cena se repete até o infinito. Uma procissão interminável de bois, ovelhas, cabras e camelos rumo ao norte.

Esse período é muito quente. Os animais, esquálidos, parecem exaustos. No entanto, o ano de 2019 está sendo bastante bom. As reservas de forragem de 2018 permitiram que eles resistissem e os primeiros brotos verdes já surgiram graças à chuva que caiu nas últimas duas semanas.

Mas quanto tempo vai durar?

Bermo, às portas do deserto, sofre cada vez mais secas que dizimam os rebanhos. E quando chove, são tempestades de areia ou chuvas torrenciais que corroem o solo.

O Níger, onde mais de 80% da população vive da agricultura e principalmente da pecuária, é o país do Sahel mais afetado pelos efeitos das mudanças climáticas e do aumento da temperatura.

Segundo as estatísticas nacionais, entre 100 mil e 120 mil hectares de terra são perdidos a cada ano devido à desertificação e erosão do solo.

Uma gota de leite

“O clima se tornou completamente imprevisível. O que mais nos assusta são as secas, que nos surpreendem quando menos esperamos”, lamenta Djafarou Amadou, engenheiro da Associação para a Redinamização de Animais no Níger (Aren).

No ano passado, Bermo e seus 66 mil habitantes receberam as primeiras chuvas com alegria em maio. Mas, depois de algumas semanas, elas pararam.

Não caiu nenhuma gota de água por 30 dias. As planícies começaram a ficar amareladas, a grama ficou escassa e o preço dos cereais disparou. O gado tornou-se um fardo para alimentar.

Rouada Sabgari se resignou a vender vacas em piores condições, por uma miséria: FCFA 5 mil (7,6 euros, 8,3 dólares), quando geralmente valem mais de 200 mil (305 euros, 335 dólares).

Todo inverno, o velho fazendeiro fulani pode acampar perto do poço escavado por seu avô, há mais de meio século, a 6 km de Bermo. Mas ele se pergunta por quanto tempo seus filhos poderão continuar com esse modo de vida ancestral. Com as sucessivas secas dos últimos 10 anos, perdeu metade do rebanho. Ele tem apenas 32 vacas restantes.

Rouada Sabgari faz parte do clã fulani Wodaabe, que viaja longas distâncias com seus rebanhos, do Níger à República Centro-Africana, passando por Camarões e Chade. Eles também são chamados de Mbororo, como a variedade de animais com grandes chifres que os acompanham.

Para ele e os 25 membros de sua família, o animal representa mais do que uma fonte de renda: é o símbolo de sua liberdade.

Com eles, atravessam fronteiras e viajam pelo mundo. Para os fulani, a vaca teve um papel na origem da criação do mundo: Gueno (Deus), o eterno, a moldou a partir de uma gota de leite.

“Antes não comíamos cereais ou carne. O leite era rico e abundante, bastava para nos fortalecer”, explica o velho, sentado em uma esteira em frente à sua tenda, no meio de uma planície varrida pelo vento e por sacos plásticos que ficam presos nos espinhos. A poluição também chegou aqui.

“Hoje não é mais possível apenas tomar leite.”

‘Bocas para alimentar’

As secas de 74 e 84, que dizimaram metade dos rebanhos, marcaram uma virada histórica no Níger e no resto do Sahel.

“Não estávamos preparados para isso, todos fugiram para a Nigéria”, lembra Rouada Sabgari.

“Os animais estavam magros e cansados, nem conseguiam se levantar. As pessoas estavam morrendo de fome, não havia mais nada nos mercados”. Foi como uma “maldição”.

Como naquela época acreditava-se que somente Alá era responsável por esses infortúnios, os fulanis rezavam incansavelmente para chover. Em vão.

As secas voltaram e, com elas, crises alimentares, agravadas pela crescente insegurança e guerra contra grupos jihadistas no país, causando deslocamentos populacionais.

“Hoje temos menos animais e colheitas e mais bocas para alimentar”, diz o engenheiro Djfarou Amadou, lembrando que seu país, o sexto mais pobre do mundo, também é o que tem a maior taxa de fertilidade, com uma média de mais de sete filhos por mulher.

Uma espiral infernal: a pressão demográfica e a falta de recursos geraram maior competição com os agricultores por terra.

Os conflitos se multiplicaram. Em todo o Sahel, as colheitas estão invadindo os corredores da transumância e vice-versa.

Como resultado, mesmo nos bons anos como 2019, a população é vulnerável. Os preços do painço, sorgo e milho caíram e, apesar disso, entre junho e agosto, 1,2 milhão de nigerianos estavam em uma situação de grave insegurança alimentar, segundo a FAO.

As crises dizimaram as 40 vacas de Barka Azzey. As que sobreviveram à fome e à doença não deram leite nem se reproduziram. Por isso, ele optou por outra solução. “Não era suficiente para comer, me vestir, então peguei minha família e fomos morar na cidade”, diz ele, triste, no pátio empoeirado onde vive agora.

Três galinhas magras descansam à sombra de uma antena parabólica, onde as roupas secam.

Aos 38 anos, Barka tornou-se zelador. Ele dorme em uma cabana com sua esposa Rabi e seus cinco filhos, na propriedade de um rico comerciante de Maradi (sul do Níger). Com 20 mil francos (30 euros) por mês, ele é forçado a fazer “maleji” (pendurar despesas) no mercado para alimentar sua família.

Detendo o êxodo

“Na cidade, não há nada de bom, aqui não há nada além de desespero”, diz Barka Azzey. Ele só tem uma ideia em mente: “ganhar dinheiro suficiente para reconstruir o rebanho e voltar à vida de antes”.

Como ele, milhares de outros jovens pastores deixaram a selva para tentar a sorte na capital, Niamey, ou em outras grandes cidades da África Ocidental.

Eles se tornam engraxates de sapatos, vendedores de cartões SIM ou de plantas medicinais.

Nas calçadas de Bamako, Conakry ou Dacar, eles engrossam a lista de emigrantes que em outros lugares fogem da violência ou da pobreza. O êxodo é enorme.

Aren, o principal sindicato dos agricultores, juntamente com ONGs como a Oxfam, estabeleceu programas para tentar impedir a migração. Uma fábrica de laticínios foi aberta no centro de Bermo. Cerca de 300 mulheres voltaram a viver no povoado. Elas fazem iogurte e queijo que depois vendem no mercado.

Durante 15 anos, Hadiza Attahirou passou quatro meses por ano no Mali ou no Senegal. Ela recebeu duas vacas e agora ganha alguns milhares de francos CFA adicionais.

“Agora que tenho esse emprego, posso aliviar meu marido quando ele sair da transumância e pagar a escola da minha filha”, explica a mulher de 39 anos com a boca tatuada e os braços cobertos de joias.

Outros se beneficiaram do microcrédito para comprar ferramentas agrícolas ou máquinas de costura.

Azara, 18 anos, faz um traje, que mistura tecidos coloridos, conchas e pérolas.

“É isso que os homens vestem para o Gerewol”, explica, mencionando a grande festa no final da estação chuvosa.

É a época mais importante do ano para os fulani Wodaabe. Famílias nômades chegam de todo o Sahel. É uma oportunidade para fortalecer laços de amizade e amor. Celebram-se casamentos e nascimentos.

A beleza é cultivada como uma arte. Quando a noite cai, os homens dançam para seduzir as mulheres. Dessa forma, eles recuperam forças para entrar na estrada, enfrentar os perigos, o calor. Porque em breve a grama desaparecerá e os lagos secarão. E terão que andar, sempre mais longe, perseguindo as nuvens.

AFP

Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca


              

Com o passar dos dias e a intensificação da estiagem histórica na Cantareira, fica cada vez mais cristalino que tem algo fora do eixo na gestão da água do Estado de São Paulo. É fato que São Pedro não tem sido lá muito amigo dos paulistas nestes primeiros meses de 2014. Desde dezembro, o Estado de São Paulo vive sua pior estiagem em mais de 80 anos. Agora, acender vela para que o apóstolo abra as portas do céu e faça a água cair sobre as represas sedentas não é a solução mais racional.

 

Aqui em terra, a preservação e proteção desse recurso é responsabilidade de todos, mas sua correta gestão recai, principalmente, sobre o poder público. Caprichos da natureza não são suficientes para justificar que o Estado com o maior PIB do país e lar de 10% da população brasileira esteja à beira de um colapso d´água.

 

Com o passar das semanas e o aprofundamento do drama da Cantareira, que atingiu seu pior nível ontem, de 12,5%, fica cada vez mais cristalino que tem alguma coisa errada na gestão da água paulista. A suspeita é reforçada pela recente admissão pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) de que existe, sim, risco de ocorrer rodízio de água, caso os níveis dos reservatórios da companhia no Estado de São Paulo não sejam restabelecidos. Essa informação não consta em algum relatório recente feito na esteira da crise paulista, mas no relatório de sustentabilidade de 2013 da empresa divulgado esta semana.

 

Até aí tudo bem, não fosse pelo fato da afirmação ir de encontro à negativa repetida a exaustão ao longo das últimas semanas pelo governo de Geraldo Alckmin de que "São Paulo não terá racionamento de água".

 

Afinal, quem tem razão?
 

Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. Em dezembro de 2009, o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água.

 

O estudo afirmava que o sistema da Cantareira tinha "déficits de grande magnitude". Entre as recomendações feitas pelo relatório estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo.

 

"Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento", contou.

 

Investigação
 

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai instaurar, ainda nesta semana, um inquérito civil para esclarecer a crise no Sistema Cantareira. Além de considerar a falta de chuvas sobre as bacias hidrográficas que alimentam a Cantareira nos primeiros meses do ano, o inquérito vai apurar informações sobre a possibilidade de erros de gestão da Sabesp.

 

À frente do inquérito está o 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital, José Eduardo Ismael Lutti. Referência em matéria de direito ambiental, o promotor já fez críticas públicas à possíveis falhas dos órgãos competentes pelo abastecimento de água e ao próprio governo Alckmin.

 

"Temos o pior sistema de gestão de recursos hídricos que se pode imaginar", afirmou durante evento em São Paulo, em março, numa crítica direta a possíveis intervenções políticas.

 

"Político não serve para ser gestor onde o conhecimento técnico tem que imperar. Nosso sistema de abastecimento está no limite há no mínimo quatro anos, e o que foi feito para evitar o colapso?", questionou.  Segundo Lutti, a recusa por parte do governo em falar em racionamento tem conotações políticas claras, já que estamos em pleno ano eleitoral.

 

Ações de emergências
 

Com a crise instalada, entraram em cena algumas medidas de emergência na tentativa de amenizar o problema.

 

De saída, a Sabesp ofereceu desconto de até 30% na conta para quem economizasse água. Com a adesão popular e controle dos desperdícios, a medida já economizou volume suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Curitiba.

 

Outra medida, essa menos popular por várias razões, foi a tentativa de provocar chuva artificial, um processo chamado de semeadura de nuvens, ao custo de R$ 4,5 milhões. Especialistas em meteorologia olham com reservas a técnica, que é alvo de controvérsias, por sua eficácia e possíveis efeitos indesejados no meio ambiente.

 

Já que não chove nas represas, a investida mais radical será recorrer a obras para retirada do chamado volume morto, um reservatório que está abaixo do nível alcançado hoje pelo sistema de captação. Mas mesmo essa água extra tem limite, dá para garantir líquido extra na torneira por cerca de quatro meses. Outra alternativa, que depende menos do estado e mais da disposição dos vizinhos, é a proposta de construir um canal para retirar água da bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro.

 

É polêmica. Para especialistas da área, retirar água do Paraíba do Sul pode antecipar um colapso de abastecimento para o povo fluminense. Agora que a crise já está instalada, começam a sair do papel projetos antigos que podem proteger a cidade de futuros colapsos.

 

É o caso da construção de um novo reservatório de água, em Ibiúna, fruto de parceria público-privada, prevista para ser concluída em 2018.

 

A natureza, mas quem escuta?
 

Todas essas ações tomadas quando a crise já está instalada mostram que a solução vai muito além da boa vontade de São Pedro. A natureza fala e os sinais são claros. Mas estamos dando a devida atenção? O colapso do sistema da Cantareira é uma tragédia anunciada há tempos.

 

Verões mais intensos e com padrões de chuvas alterados são sinais de mudanças no padrão climático. O verão de 2014 foi o mais quente de São Paulo em 71 anos. Além dos termômetros em alta recorde, o verão também trouxe tempo seco sem precedente e a falta de chuva, que levaram as principais represas à situação de estresse hídrico.

 

Não há estudo que mostre a relação direta entre o aquecimento do planeta e as altas temperaturas registradas por aqui. No entanto, com a tendência de aquecimento dos últimos anos, verificados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC), os extremos climáticos tornam-se mais comuns.

 

Escolhas
Em agosto de 2014, a outorga do Sistema Cantareira deverá ser renovada. Na ocasião, o governo paulista vai alterar dispositivos, ao menos é isso que se espera. Vai decidir quanto de água o sistema poderá prover por dia, que regiões serão abastecidas, e com que prioridade.

 

"Se a decisão for baseada em critérios técnicos, a vazão total deveria ser reduzida", escreveu o biólogo Fernando Reinach, em coluna no jornal Estado de S. Paulo.

 

"No futuro, teremos mais anos com pouca chuva e mais anos com um grande excesso de chuvas. Para garantir o suprimento de água nos anos secos, os reservatórios deveriam ser administrados com uma folga maior. Menos água pode ser retirada, e os níveis médios devem ser mantidos mais altos", diz.

 

Em carta, publicada no site da Agência Nacional de Águas, a Sabesp pede a renovação da outorga do sistema Cantareira. O documento de 43 páginas não menciona a redução da captação de água, apenas reitera que um estudo para diminuir a dependência do sistema Cantareira será apresentado, dentro de 30 dias após contrato firmado. Caberá ao governo decidir quanto de água poderá sair.

 

Se seguir o pensamento técnico e determinar a redução da captação diária, não sobrará outra alternativa à Sabesp ou outras empresas candidatas que não implementar de imediato novas soluções.

 

Se tudo permanecer do jeito que está, só vai restar acender vela para São Pedro, mesmo.

 

Fonte: Exame

Laísa Mangelli

El Niño pode causar queda na produção de alimentos


FAO alerta para estiagem e queda da produção de alimentos na América Central provocadas por El Niño

Fenômeno climático aquece as águas do Pacífico e agrava a aridez da região. Mais de 150 mil famílias estão sendo afetadas por quedas nas safras. Em El Salvador, perdas somam 28 milhões de dólares.

 

Seca ameaça segurança alimentar na Guatemala, em El Salvador, em Honduras e no Nicarágua. PMA/Phil Behan

 

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) alertou, na segunda-feira (14), para a situação preocupante da América Central, cujos países enfrentam perdas nas safras de cereais devido aos efeitos do El Niño. El Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua devem apresentar queda de até 60% na produção de milho e até 80% na de feijão, segundo projeções da FAO. Mais de 150 mil famílias serão afetadas pelas baixas nas colheitas.

As nações mencionadas fazem parte do “corredor seco” da América Central, região caracterizada por estiagens recorrentes. Em 2015, a situação da área foi agravada por conta do El Niño, fenômeno climático que provoca aquecimento da superfície das águas do Oceano Pacífico, gerando massas de ar muito secas. A aridez reduz as áreas de plantio e tem impactos diretos nas safras. Em El Salvador, por exemplo, as perdas estimadas somam cerca de 28 milhões de dólares.

A FAO tem estabelecido parcerias com os governos locais a fim de combater os efeitos do El Niño, oferecendo treinamento para a população rural e desenvolvendo estratégias e sistemas de monitoramento da produção. As autoridades de El Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua já começaram a distribuir, entre os agricultores, pacotes de ajuda que incluem sementes, fertilizantes e bombas de irrigação.

De modo a evitar a elevação dos preços de alimentos de primeira necessidade, países da região aumentaram suas importações, comprando alimentos de outras nações da América Latina. Apesar dos esforços, o valor de cereais, como o milho, já está bem acima do registrado no ano passado. Este é o segundo ano seguido em que os territórios do “corredor seco” enfrentam as consequências do El Niño.

Informe da ONU Brasil, in EcoDebate, 17/09/2015

Estudo do Banco Mundial analisa impactos do aquecimento global na seca no Nordeste brasileiro


 

Um estudo do Banco Mundial aponta que a variabilidade das chuvas e a intensidade das secas no Nordeste continuarão aumentando até 2050, com graves efeitos para a população, caso os governos locais não invistam em infraestrutura e gestão hídrica.

Pela análise de duas regiões – a bacia de Piranhas-Açu, no Rio Grande do Norte, e o rio Jaguaribe, no Ceará – o relatório “Impactos da Mudança Climática na Gestão de Recursos Hídricos: Desafios e Oportunidades no Nordeste do Brasil” analisa os efeitos do aquecimento global combinados com fatores como o crescimento populacional e o aumento da demanda por água.

Em parceria com a Agência Nacional de Águas, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos e a Universidade Federal do Ceará, entre outras instituições, os pesquisadores avaliam que a bacia de Piranhas-Açu, por exemplo, deve sofrer uma maior perda de água no solo e nas plantas, um fenômeno que os especialistas chamam “evapotranspiração”. No entanto, se forem realizados constantes investimentos na modernização da irrigação, a demanda pela água na agricultura pode diminuir 40%, o que atenuaria o problema de gerenciamento da água da região.

O relatório mostra que, embora futuras compensações sobre o uso da água vão existir e deverão ser negociadas e discutidas entre os usuários, estratégias de alocação mais flexíveis poderiam tornar o setor de água no Nordeste brasileiro menos vulnerável aos impactos da demanda e das mudanças climáticas.

Agência da ONU auxilia na implementação de mudanças

Um programa financiado pelo Banco Mundial já começa a implementar mudanças na região. Uma iniciativa que atenderá 23 pequenos agricultores – com lotes de cerca de cinco hectares cada – apoia os trabalhadores rurais na compra de equipamentos que economizam água, dá assistência técnica na gestão hídrica e auxilia a expansão da rede elétrica na área do projeto, reduzindo a necessidade de água para o cultivo.

O agricultor Jean Azevedo acredita que o novo projeto ajudará os produtores que continuam procurando oportunidades no campo. Ele vive em Cruzeta (RN), uma região onde caem, em média, menos de 800 mm de chuva por ano – um volume de precipitação similar ao de países da África Subsaariana – e onde praticamente não chove entre julho e dezembro.

Preservar esse recurso natural tão valioso é um dos principais objetivos de Vitoriano Alves dos Santos, colega do Azevedo na Associação de Produtores de Cruzeta. “Ainda tenho acesso a uma fonte de água, mas me aflige ver a quantidade gasta todos os dias com a irrigação.”

Fonte: ONU Brasil

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

– See more at: http://www.pagina22.com.br/index.php/2013/12/ano-da-agricultura-familiar/#sthash.bam8VTlS.dpuf

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

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Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

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Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

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