Cidades Sustentáveis, artigo de Roberto Naime


[EcoDebate] Sempre que se fala em cidades sustentáveis, particularmente no país, sempre é citada a cidade de Curitiba. E realmente, não existem projetos acabados, nem tampouco definições que sejam completas, todas as situações podem e devem sofrer aprimoramentos contínuos. Mas em Curitiba de fato, estão presentes e realizadas iniciativas que devem ser demonstradas e realçadas sempre que se deseja discutir cidades sustentáveis.

Transportes públicos sempre são um dos grandes problemas de toda aglomeração urbana. Em Curitiba não é diferente. Mas em todas as manifestações que se realizam, o transporte urbano da cidade se destaca da realidade encontrada na maioria das grandes cidades do país. O transporte urbano de Curitiba é um dos mais eficientes e eficazes do país. Formado por corredores exclusivos espalhados pelas principais vias da cidade, trafegado por grandes veículos bi ou tri-articulados, quando então a capacidade dos veículos é superior a duas centenas de passageiros, o transporte coletivo de Curitiba parece estar muito próximo de atender as expectativas.

Os veículos são movimentados por combustíveis renováveis, a partir de fontes de bioenergéticos, gerando menores quantidades de gases geradores de efeito estufa e sendo menos impactantes ao meio ambiente em geral. A malha rodoviária de tráfego é integrada e opera com as chamadas estações-tubo nos paradouros em calçadas e praças, que são projetadas e instaladas, de forma associada às paisagens, tornando os cenários plenos de harmonia estética.

Existe na cidade estímulo legal para instalação de reservas particulares do patrimônio natural dentro do perímetro urbano. Embora não caracterizado como pagamento de serviço ambiental, a prefeitura premia estas iniciativas com o fornecimento de documento de índice construtivo, permitindo que tal índice seja comercializado em outra região da cidade. A legislação existente exige, além da preservação permanente da área, o levantamento detalhado de todas as espécies florísticas e faunísticas existentes no local.

Estas áreas verdes preservadas por particulares se adicionam às áreas verdes públicas, praças, parques e outros domínios, criadas e mantidas pelo poder público municipal. Esta realidade efetivamente cria uma aglomeração urbana muito aprazível e acolhedora para o assentamento individual do grupo familiar.

Outra experiência muito interessante e que merece divulgação e o merecido realce se situa na reciclagem. Dados divulgados pelo canal NBR, a tv do governo federal, indicam que o índice de reciclagem de resíduos sólidos em valores próximos a 23% do total. A forma que se materializa este objetivo é bastante meritória. A prefeitura mantém um programa de troca de alimentos em periferias por resíduos sólidos recicláveis, que sejam coletados.

As populações beneficiadas tendem a ser setores vulnerabilizados, que são beneficiados pela distribuição de alimentos, incluindo hortifrutigranjeiros, que são adquiridos de centrais de abastecimento. Desta forma estão sendo atingidos vários objetivos: reciclagem dos resíduos sólidos que propicia economia ambiental e incremento na geração de ocupação e renda para as populações menos favorecidas, principalmente, e estímulos para a formação de cinturão verde de segurança alimentar em região circundante da aglomeração urbana da cidade. Quanto melhor e mais desenvolvida a produção de hortifrutigranjeiros ao redor do núcleo urbano, menor será a dependência de abastecimento dependente de transporte oneroso e poluente.

Outras cidades, como Cuiabá, por exemplo, favorecem a troca de materiais recicláveis, com benefícios que se materializam em descontos na conta de energia elétrica. A operação ocorre em quiosques instalados no estacionamento de redes varejistas locais, integradas ao esforço de realização.

Já se destacou que não existem modelos definitivos, ou concepções acabadas. E todos os conjuntos de realizações são passíveis de críticas e aprimoramentos em processos contínuos de melhoria que possam ser implementados e adotados. Mas bons exemplos merecem ser destacados para que possam ser copiados e adaptados às diversas realidades locais, deste país com caracteres continentais.

Por trás de todas as iniciativas nem sempre existem vultuosas inversões de recursos. Pelo contrário, na maioria das vezes não existem grandes investimentos ou onerosos custeios, mas simplesmente vontade política acompanhada de capacidade de gerenciamento ou aprimoramento de mecanismos de gestão pública e cooperação com entidades privadas.

Em processos onde existem ganhos e vantagens para todas as partes envolvidas. Resumidamente, é um processo conhecido como “ganha-ganha”, onde todas as partes envolvidas acabam beneficiadas. Além da obtenção de melhor qualidade ambiental e qualidade de vida para todas as populações atingidas. Realidade esta que é intangível e não tem preço, atingido a atual população e todas as gerações posteriores que herdarão esta condição essencial à manutenção de vida.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Publicado no Portal EcoDebate, 11/06/2015

"Cidades Sustentáveis, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 11/06/2015,http://www.ecodebate.com.br/2015/06/11/cidades-sustentaveis-artigo-de-roberto-naime/.
 
 

As cidades mais sustentáveis do mundo


Você sabe quais são as cidades mais sustentáveis do mundo?

 

Uma cidade sustentável é aquela se que empenha para estabelecer um estado de equilíbrio ecológico, mesmo depois de passar pelo processo de urbanização.

 

O empresário e escritor Boyd Cohen listou as dez cidades mais sustentáveis do mundo e para isso, adotou alguns filtros para a seleção como, por exemplo, número de habitantes, comprometimento político, trânsito, emissão de CO², uso de energias renováveis, mitigação de efeitos climáticos e planos de adaptação e extensão territorial de parques.

 

 

Veja quais cidades apareceram na sua lista e os porquês:

 

  1. Copenhague, Dinamarca  – 40% dos cidadãos usam bicicleta no trajeto para o trabalho. Além disso, teve pontuação máxima no quesito “comprometimento político”.
  2. Curitiba, Brasil – é a cidade com a menor emissão de CO² per capita junto com Copenhague.
  3. Barcelona, Espanha – a cidade usa energia renovável e seu empenho em difundir o uso de energia solar chama atenção.
  4. Estocolmo, Suécia – a cidade possui uma boa quantidade de áreas verdes e destaca-se por seu comprometimento político.
  5. Vancouver, Canadá – 90% da energia da cidade vem de fonte renovável e também pretende reduzir suas emissões em 80% até 2050, em relação a 1990.
  6. Paris, França – a cidade teve a maior pontuação na categoria “extensão de transporte por trilhos por habitante” e mais de 100 mil árvores foram plantadas e outras 20 mil recobrem os telhados da cidade.
  7. São Francisco, Estados Unidos – O comprometimento político e a meta de reduzir 80% de emissões até 2050 garantiram pontos para a cidade.
  8. Nova York, Estados Unidos – a extensão dos metrôs e das áreas de parques garantem o lugar da cidade entre as dez mais resilientes.
  9. Londres, Inglaterra – o trânsito da cidade diminuiu e aumentou o uso de transporte público. Somado a isso, a implementação de uma barreira móvel contra enchentes valorizam a cidade.
  10. Tokio, Japão – O plano de ação contra mudanças climáticas é o seu ponto forte, além de apoiar a iniciativa para a inovação em tecnologias limpas e mitigação de problemas relacionados ao clima.

 

Todas essas cidades ainda têm o que melhorar, porém já começaram a fazer a sua parte, e tendem a evoluir ainda mais no que diz respeito à sustentabilidade.

 

O importante é ressaltar que independentemente dos estragos que já foram causados, todo o planeta pode e deve trabalhar para as melhorias da saúde do planeta.

Fonte: Blog Duratex Painéis

Cidades sustentáveis precisam de agenda econômica, social e ambiental


 

cuidar do planeta

 

Debatedores presentes em audiência pública interativa da Comissão Senado do Futuro ressaltaram que o conceito de cidade sustentável vai além do aspecto ambiental

O presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CGEE), Mariano Francisco Laplane, afirmou que a agenda ambiental é extremamente importante na busca de uma cidade sustentável, mas deve estar atrelada com a sustentabilidade econômica e social.

— A qualidade de vida e moradia deve estar garantida, deve ser um espaço não de confronto, mas sim de reconciliação entre habitante urbano e natureza, ter distribuição equitativa entre serviços essenciais, impacto ecológico baixo e ser resistente a desastres naturais e econômicos — disse.

Segundo ele, uma cidade sustentável e inclusiva deve adequar a agenda de sustentabilidade nas três dimensões (ambiental, econômica e social) a realidades diferentes. Nas grandes metrópoles, a agenda deve procurar mitigar os desastres já produzidos e nas pequenas e médias cidades, a agenda deve buscar evitar que aconteçam.

— Há três dimensões quando pensamos em sustentabilidade e percorrer a escala da rede urbana brasileira tipificando seus problemas é o melhor ponto de partida que podemos ter para executar uma agenda de sustentabilidade na rede urbana — disse.

Mariano ainda destacou a importância de ser priorizada a participação social, já que, segundo ele, a verdadeira transformação das cidades deve partir de dentro para fora, dentro da própria sociedade.

O presidente da comissão, senador Wellington Fagundes (PR-MT), destacou a relevância do tema para o Brasil e para o mundo e afirmou que o assunto é continuo e dinâmico, não se esgotando em uma ou duas audiências. Para ele, não existe uma receita de bolo pronta para a cidade do futuro e as soluções devem vir adaptadas à realidade de cada cidade.

— Tornar uma cidade sustentável é torná-la mais humana, solidária justa e acolhedora. É integrá-la ao meio ambiente para que ela passe a fazer parte dele — disse.

Saneamento básico

Um novo modelo de gestão dos serviços de saneamento básico está entre as propostas de sustentabilidade apresentadas pelo professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília Oscar de Moraes Cordeiro Netto.

Oscar destacou a insustentabilidade das cidades brasileiras em relação ao tratamento de esgoto, ao uso da água é à gestão de resíduos sólidos urbanos. Segundo ele, apenas 12,5% dos lares brasileiros urbanos possuem um bom atendimento em esgotamento sanitário, 40% do que se coleta da água é desperdiçado e não é faturado pelos prestadores de serviço e existe uma ausência de informações e monitoramento sobre o que se produz de lixo.

— A gestão dos resíduos sólidos urbanos, na nossa região, já beira a insolvência. No Distrito Federal, temos o maior lixão da América Latina — lamentou.

Oscar de Moraes afirmou que o problema do saneamento não está nas leis ou regulamentos e sim na prática. Segundo ele, os governantes não dão prioridade para o tema, que é tratado de forma pulverizada.

O professor da UnB defendeu, entre outras propostas na busca de sustentabilidade, soluções descentralizadas para o tratamento de esgoto, incentivos maiores para reutilização de água, instrumentos fiscais para favorecer a reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos a redução da perda de água e utilização de águas subterrâneas.

Cidades inteligentes

Tom Rebello, sócio da Cip/Intercon Consultoria Internacional disse que, a partir do século passado, as cidades importantes não são as mais populosas, mas sim as que começam a desenvolver a inteligência. Reballo explicou que a cidade inteligente não está nem um pouco ligada à questão de espaços conturbados, de pouca qualidade ambiental e dificuldade de mobilidade.

— Quando falamos das cidades inteligentes, não se trata apenas de tecnologia, mas qualidade do espaço, da mobilidade urbana e existência de locais onde as pessoas possam viver, trabalhar e se divertir se deslocando o mínimo possível — explicou.

Plano Plurianual

A gerente do Departamento de Zoneamento Territorial do Ministério do Meio Ambiente, Nazaré Lima Soares, afirmou que o Plano Plurianual 2016-2019 do ministério pretende explorar o zoneamento ambiental em escala municipal. Ele informou que está sendo feita uma agenda muito próxima com o Ministério das Cidades com o objetivo de identificar prioridades e aumentar o diálogo com a sociedade.

A gerente de Comunicação e Campanhas do Instituto Akatu, Gabriela Yamaguchi, ressaltou que o maior desafio em um debate como esse é a mudança de consciência dos consumidores voltada a novos estilos de vida. As mudanças radicais em políticas públicas e as mudanças tecnológicas visando novos paradigmas também foram medidas citadas por Gabriela como fundamentais na busca de uma cidade sustentável.

Informações da Agência Senado, in EcoDebate, 30/10/2015