Lixo das festas de final de ano pode ser reciclado


As festas de final de ano significam confraternização, alegria e presente, mas também ao consumo e, consequentemente, aumento da produção de resíduos. São milhares de garrafas de vidro, latas, embalagem de presente, cartão de natal, descartáveis e plásticos jogados fora, sem a preocupação com a separação e descarte correto dos materiais.

                                  

Segundo a Sudema, de novembro para dezembro de 2011, houve um aumento de aproximadamente 7% no recebimento de resíduos sólidos no aterro sanitário de João Pessoa, subindo de 47 toneladas para 50. Mas grande parte deste resíduo pode ser reciclado!

O projeto Conta Cidadã Energisa transforma resíduos recicláveis em desconto na conta de luz de clientes residenciais. Para contribuir com o meio ambiente e ainda economizar, basta o cliente separar seus resíduos recicláveis e se dirigir a um posto de coleta com a conta de energia em mãos. Após assinar o termo de adesão, ele recebe um cartão e o recibo da entrega dos resíduos constando o peso e o valor do desconto.

Atualmente, o Projeto conta com 5.026 clientes cadastrados, os quais entregaram 465 mil Kg e ganharam quase R$ 100 mil em bônus até o início deste mês.

                                 

Já são onze postos de coleta instalados em João Pessoa e oito em Campina Grande. Confira:

Em João Pessoa:

Cruz das Armas

No estacionamento do Supermercado Bem Mais (próximo a Feira de Oitizeiro)

Av. Cruz das Armas, Cruz das Armas, João Pessoa-PB

Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta das 08h às 17h. Sábado das 07h às 11h

Bessa

Casa Shalon (em frente ao Colégio Pio XI Bessa)

Rua Philadelpho Pinto de Carvalho, s/n, Bessa, João Pessoa

Horário de Funcionamento: Terça-feira das 08h às 17h 

Jaguaribe

Posto de Combustível Luís XVI (ao lado da Casa da Cidadania)

Av. Vasco da Gama, Jaguaribe, João Pessoa

Horário de Funcionamento: Quarta e Sexta-feira das 08h às 12h. Sábado das 07h às 11h

Rangel

Igreja São Francisco das Chagas (ao lado da Praça da Amizade)

Av. 2 de Fevereiro com a Av. Sousa Rangel, Rangel, João Pessoa

Horário de Funcionamento: Quinta-feira das 08h às 17h 

Manaíra

Praça Silvio Porto

Rua Santos Coelho Neto, Manaíra, João Pessoa

Horário de Funcionamento: Quarta e Quinta-feira das 08h às 17h

Bancários

Estacionamento do BeMais

Rua Efigenio Barbosa da Slva, Jardim Cidade Universitária, João Pessoa

Horário de Funcionamento: Sexta-feira das 08h às 17h

Mandacarú

Praça em frente ao CRC (próximo a linha do trem)

Rua João de Brito Lima Moura, Mandacarú, João Pessoa

Horário de Funcionamento: Segunda e Terça-feira das 09h às 16h

Em Campina Grande:

BODOCONGÓ

No estacionamento da Feirinha do Severino Cabral

Rua João Sergio de Almeida, Bodocongó, Campina Grande-PB

Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta das 09h às 15h

CATOLÉ

Atrás do Shopping Luiza Mota

Rua Luiza Bezerra Motta, Catolé, Campina Grande

Horário de Funcionamento: Sexta-feira das 10h às 16h

CRUZEIRO

Em frente a Escola Raul Córdula

Av. Juscelino Kubitscheck, Cruzeiro, Campina Grande-PB

Horário de Funcionamento: Segunda e Terça das 10h30 às 16h30

JEREMIAS

S.A.B Jeremias

Rua Simões, Jeremias, Campina Grande-PB

Horário de Funcionamento: Sexta-feira das 10h às 16h

JOSÉ PINHEIRO

Rua Silvia Jardim, José Pinheiro, Campina Grande-PB

Horário de Funcionamento: Quarta, Quinta e Sexta-feira das 10h às 16h

LIBERDADE

Praça Santa Filomena Santa Filomena com Rio de Janeiro,

Liberdade, Campina Grande-PB

Horário de Funcionamento: Segunda a sexta das 09h30 às 15h30

MALVINAS

Mercado Público da Malvinas, Malvinas, Campina Grande

Horário de Funcionamento: Quarta-feira das 09h às 15h

RONALDO CUNHA LIMA

Em frente a S. A. B

Quadra 10 Lote 32, Ronaldo Cunha Lima, Campina Grande

Horário de Funcionamento: Segunda e Terça-feira das 11h às 17h

Fonte: Energisa

Publicado em Espaço Ecológico no Ar

Cidades lideram avanços contra mudanças climáticas


"Prefeitos não têm o luxo de só falar dos problemas, eles precisam entregar resultados". A afirmação é do prefeito da cidade de Nova York, Michael Bloomberg. Segundo ele, os governos nacionais têm falhado para agir, enquanto que os municípios encarnam o espírito de inovação. "Quando se trata de mudanças climáticas, as cidades são os lugares onde o maior progresso está sendo feito", ressaltou ao The Guardian.

                          

Engana-se quem pensa que as alterações do clima afetam apenas no nível no mar. Na verdade, cada cidade tem seus desafios, que vão desde cheias até incêndios, o que também prejudica o meio ambiente e a economia local.

Mais da metade da população mundial vive em cidades que consomem cerca de dois terços da energia global e geram 70% das emissões de carbono. Muitas dessas megacidades estão situadas na costa, o que faz com que as pessoas fiquem vulneráveis a elevação do nível do mar e os efeitos dos ventos, ocasionados pelas mudanças climáticas.

Para Roland Busch, chefe de Cidades e Infraestrutura da Siemens, as áreas urbanas do mundo estão onde há mais oportunidades – as cidades concentram mais de 70% do PIB mundial e estão crescendo mais rápido do que outras partes da economia. "Se quiser fornecer infraestrutura para as pessoas com custo-benefício e de maneira eficaz, a solução está nas cidades", apontou.

Como fazer uma cidade grande?

A consultoria McKinsey lançou o relatório Como tornar uma cidade grande, no qual os líderes que fazem avanços importantes na melhoria das suas cidades costumam ser pautados por três princípios básicos: garantir um crescimento inteligente, fazer mais com menos e ganhar apoio para as mudanças.

Segundo o documento, em 2030, cerca de 5 bilhões de pessoas (60% da população mundial) viverá em cidades – atualmente são 3,6 bilhões. Para atender a essa demanda, líderes de países em desenvolvimento devem lidar com a urbanização em escala sem precedentes, enquanto os países desenvolvidos precisarão lutar contra o envelhecimento das infraestruturas e orçamentos esticados.

"Todos estão lutando para garantir ou manter a competitividade de suas cidades e os meios de vida das pessoas que vivem nelas. E todos estão conscientes do legado ambiental que eles devem deixar, e para isso é necessário encontrar formas mais sustentáveis, com recursos eficientes de gestão destas cidades", sugere o relatório.

– Leia o relatório na íntegra (em inglês) –

Fonte: EcoDesenvolvimento

As cidades mais sustentáveis do mundo


Você sabe quais são as cidades mais sustentáveis do mundo?

 

Uma cidade sustentável é aquela se que empenha para estabelecer um estado de equilíbrio ecológico, mesmo depois de passar pelo processo de urbanização.

 

O empresário e escritor Boyd Cohen listou as dez cidades mais sustentáveis do mundo e para isso, adotou alguns filtros para a seleção como, por exemplo, número de habitantes, comprometimento político, trânsito, emissão de CO², uso de energias renováveis, mitigação de efeitos climáticos e planos de adaptação e extensão territorial de parques.

 

 

Veja quais cidades apareceram na sua lista e os porquês:

 

  1. Copenhague, Dinamarca  – 40% dos cidadãos usam bicicleta no trajeto para o trabalho. Além disso, teve pontuação máxima no quesito “comprometimento político”.
  2. Curitiba, Brasil – é a cidade com a menor emissão de CO² per capita junto com Copenhague.
  3. Barcelona, Espanha – a cidade usa energia renovável e seu empenho em difundir o uso de energia solar chama atenção.
  4. Estocolmo, Suécia – a cidade possui uma boa quantidade de áreas verdes e destaca-se por seu comprometimento político.
  5. Vancouver, Canadá – 90% da energia da cidade vem de fonte renovável e também pretende reduzir suas emissões em 80% até 2050, em relação a 1990.
  6. Paris, França – a cidade teve a maior pontuação na categoria “extensão de transporte por trilhos por habitante” e mais de 100 mil árvores foram plantadas e outras 20 mil recobrem os telhados da cidade.
  7. São Francisco, Estados Unidos – O comprometimento político e a meta de reduzir 80% de emissões até 2050 garantiram pontos para a cidade.
  8. Nova York, Estados Unidos – a extensão dos metrôs e das áreas de parques garantem o lugar da cidade entre as dez mais resilientes.
  9. Londres, Inglaterra – o trânsito da cidade diminuiu e aumentou o uso de transporte público. Somado a isso, a implementação de uma barreira móvel contra enchentes valorizam a cidade.
  10. Tokio, Japão – O plano de ação contra mudanças climáticas é o seu ponto forte, além de apoiar a iniciativa para a inovação em tecnologias limpas e mitigação de problemas relacionados ao clima.

 

Todas essas cidades ainda têm o que melhorar, porém já começaram a fazer a sua parte, e tendem a evoluir ainda mais no que diz respeito à sustentabilidade.

 

O importante é ressaltar que independentemente dos estragos que já foram causados, todo o planeta pode e deve trabalhar para as melhorias da saúde do planeta.

Fonte: Blog Duratex Painéis

Cidades podem abrigar mais biodiversidade do que se pensa


 

Nos últimos séculos, o ser humano se tornou cada vez mais urbano, e esse processo tem tido um impacto inegável sobre a natureza: o desenvolvimento de cidades repletas de concreto, asfalto e indústrias poluentes causou grandes perdas à biodiversidade, sobretudo no entorno de grandes congregações populacionais. Mas um novo estudo afirma que um número relativamente alto de espécies continua a sobreviver nas cidades, e mais ainda podem se desenvolver se houver esforços de conservação de áreas verdes urbanas.

A pesquisa indica que, ao contrário do que se pensa, os centros urbanos não são locais ‘inférteis’ para a biodiversidade. No total, foram analisadas 147 cidades – em 54 foram avaliadas espécies de aves e, em 110, de vegetais – e descobriu-se que, em média, 8% das espécies de aves e 25% das espécies de plantas das regiões examinadas sobrevivem à urbanização do local.

O estudo, publicado pelos periódicos Proceedings B e Nature, aponta também que, enquanto algumas espécies, como pombos e a gramínea Poa annua, são encontradas em várias cidades, a maioria das espécies ‘urbanas’ reflete a herança da biodiversidade de determinada região geográfica. Isso significa que uma porcentagem das espécies nativas continua a sobreviver depois da urbanização.

“As cidades e áreas urbanas não são tão desprovidas de biodiversidade como podemos pensar. Nossas descobertas indicam que as cidades oferecem habitat para uma série de plantas e animais”, observou Chris Lepczyk, professor do Departamento de Recursos Naturais e Gestão Ambiental da Universidade do Havaí em Manoa.

“Isso é importante porque a maioria das pessoas ao redor do mundo vive em áreas urbanas, e então a biodiversidade em cidades é essencial para as pessoas terem uma conexão direta com a natureza”, acrescentou Lepczyk.

Infelizmente, os resultados da pesquisa sugerem que, embora essa biodiversidade urbana seja maior do que se esperava, ela ainda é muito pequena se comprada à biodiversidade presente no meio natural.

Por isso, a análise ressalta o valor de espaços verdes nas cidades, alegando que eles se tornaram refúgios importantes para as espécies nativas e também para as que migraram posteriormente para a região.

Esse fenômeno de agregação da biodiversidade em áreas urbanas é chamado de Efeito Central Park, por causa do grande número de espécies que é encontrado no parque nova-iorquino, uma ilha verde dentro de Manhattan.

“Embora a urbanização tenha feito as cidades perderem grandes quantidades de plantas e animais, a boa notícia é que as cidades ainda mantêm espécies endêmicas nativas, o que abre a porta para novas políticas sobre a conservação regional e global da biodiversidade”, comentou Myla F.J. Aronson, pesquisadora do Departamento de Ecologia, Evolução e Recursos Naturais da Universidade Estadual de Rutgers, em Nova Jérsei.

De fato, conservar espaços verdes, restaurar espécies de plantas nativas e criar habitats que respeitem a biodiversidade dentro do espaço urbano poderia estimular uma maior biodiversidade nas cidades. E segundo um estudo feito recentemente em espaços verdes em Sheffield, na Inglaterra, uma maior biodiversidade pode inclusive melhorar o bem-estar psicológico dos habitantes de uma cidade.

“É verdade que as cidades já perderam uma grande proporção da biodiversidade de sua região. Isso pode ser um cenário de um copo meio cheio ou meio vazio. Se agirmos agora e repensarmos o desenho de nossas paisagens urbanas, as cidades podem ter um grande papel na conservação de espécies vegetais e animais e ajudar a trazer de volta mais deles”, declarou Madhusudan Katti, membro do departamento de biologia da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno.

Felizmente, há alguns exemplos de cidades que contam com uma rica biodiversidade. A maioria delas apresenta áreas verdes urbanas de grande extensão, como no caso do Central Park em Nova Iorque, ou até mesmo têm proximidade com um parque nacional ou outro tipo de área protegida, como Nairóbi, no Quênia, cujo parque nacional fica há apenas alguns quilômetros da cidade, o que resulta em mais de 300 espécies de aves no município.

Além disso, a última década apresentou alguns marcos significativos em busca de uma maior biodiversidade nas cidades. Em 2006, alguns governos municipais pioneiros, de Curitiba a Joondalup, na Austrália, criaram o Ação Local pela Biodiversidade, programa que visa melhorar e reforçar a gestão ecossistêmica em nível local.

No caso de Curitiba, o programa BioCidade colocou como objetivo: reintroduzir espécies de plantas ornamentais nativas da cidade, estabelecer unidades de conservação com a participação da sociedade, preservar os recursos hídricos, plantar espécies nativas de árvores, e melhorar a qualidade do ar, a mobilidade e o transporte através de um projeto que visa à criação de corredores de transporte com faixas especiais para ciclistas e pedestres.

“A mensagem chave desse trabalho é muito simples. A proteção dos espaços verdes existentes e a criação de novos habitats são essenciais para apoiar a vida selvagem nas cidades. Como podemos realmente fazer isso é mais difícil, e exigirá a colaboração entre cientistas, planejadores urbanos e gestores de habitat”, concluiu Mark Goddard, biólogo da Universidade de Leeds e um dos autores da pesquisa.

Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil

Cidades podem ajudar na mudança do clima?


  

O problema é global, mas esforços locais são importantes

A maioria da população mundial hoje vive em cidades, pela primeira vez na história, e o número de habitantes delas passou de cerca de 260 milhões em 1900 para os 3.4 bilhões atuais, em parte importante pela urbanização em países como China e Índia.

“Nos próximos 40 anos, teremos de construir a mesma capacidade urbana que construímos nos últimos 4000 anos, ou as pessoas irão viver em favelas,” diz Konrad Otto-Zimmermann, secretário-geral do Conselho Internacional de Iniciativas Ambientais Locais. “Precisamos aumentar a densidade urbana e fazer uso mais eficiente da infraestrutura urbana.”

Mas as cidades seriam os locais certos para soluções da poluição que causa a mudança do clima?

No começo desta semana, a CityLab, uma conferência em Nova York sobre soluções urbanas, patrocinada pelo Aspen Institute, Bloomberg Philanthropies e The Atlantic, formulou a pergunta. Segundo o sociólogo Daniel Bell, “a nação-estado está se tornando pequena demais para os grandes problemas da vida e grande demais para os pequenos.” Assim, talvez as prefeituras possam oferecer soluções para os problemas causados pelas 90 milhões de toneladas métricas de gases estufa que vão parar na atmosfera todos os dias.

A cada ano, as cidades absorvem mais 65 milhões de pessoas, o equivalente a mais de 20 Chicagos ou cinco Nova Yorks. Só a Índia terá 300 milhões de novos habitantes urbanos até 2030. “Vamos gastar mais e construir mais no século do que fizemos em toda a história humana,” disse Richard Florida, urbanista teórico da Universidade de Toronto. “Nossas cidades precisam ser mais ambientalmente sustentáveis.”

As cidades são responsáveis por 70% das emissões globais. Cerca de 75% desta poluição está sob controle direto de administrações municipais.

Para começar a mitigar a poluição que está causando a mudança do clima, as cidades precisam ser mais eficientes, adotando medidas desde a redução dos custos de energia de saneamento até a construção de edifícios que gastem menos recursos. No evento, o ex-vice-presidente americano Al Gore ofereceu uma lista de recomendações, entre as quais o uso de painéis solares onde for viável, telhados verdes para combater as ilhas de calor urbanas e cisternas para lidar com as chuvas menos frequentes, de acordo com a Scientific American.

Foto: Eva Abreu/Creative Commons

Fonte: Planeta Sustentável

Cidades afetadas por Belo Monte não estão preparadas para os impactos que irão receber


Pela terceira vez, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) avaliou que as condicionantes antecipatórias de mitigação e compensação dos impactos socioambientais da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), não foram executadas dentro do prazo pela Norte Energia, empresa responsável pela construção da usina.

 

A última análise do órgão federal, disponibilizada em janeiro último, não aponta qualquer garantia de operação do saneamento básico das cidades afetadas e a responsabilidade da conexão do sistema com os domicílios ainda não foi definida. As obras de saúde e educação continuam consideradas como não atendidas pelo Ibama. E lamentavelmente as condicionantes indígenas mais uma vez ficaram excluídas das análises.

 

Belo Monte encontra-se numa fase crucial. O cronograma da empresa para o BNDES prevê o pedido de licença para início da operação no mês de julho deste ano. Desde o início da construção da usina, há três anos, todas as avaliações do Ibama apontam que a Norte Energia fracassou na implementação das “medidas antecipatórias”, aquelas que deveriam preparar a região para receber o empreendimento.

 

As conclusões estão em uma nota técnica produzida pela equipe do ISA que monitora as obrigações de responsabilidade do empreendedor e do poder público relacionadas ao empreendimento. A nota baseia-se nos pareceres técnicos do Ibama e em respostas a pedidos de informação apresentados pelo ISA aos diferentes órgãos públicos envolvidos por meio do Sistema de Informação ao Cidadão (SIC). Leia a nota técnica na íntegra

 

As avaliações e recomendações dos analistas ambientais do Ibama que acompanham mais detalhadamente o empreendimento foram em grande parte desconsideradas pela Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama (Dilic). Diversas recomendações de notificação ou sanção, assim como diversas avaliações de atrasos e descumprimentos de procedimentos e padrões ambientais, foram descartadas pela Dilic.

 

Contradições

A nota do ISA apresenta o despacho da Dilic e o ofício da presidência da autarquia encaminhadas à Norte Energia no dia 14/2. A manifestação da presidência do Ibama deixa de mencionar os atrasos e descumprimentos apontados pelos analistas ambientais que acompanham diretamente o caso.

 

As inadimplências relacionadas à saúde, ao saneamento básico das localidades urbanas, à não finalização do cadastro de atingidos na área urbana de Altamira e à inadequada destinação da madeira são apresentadas como irregularidades graves pelos técnicos. Mesmo assim não houve um encaminhamento de cobrança, nem sequer de notificações quanto a essas questões pela diretoria do órgão federal.

 

O documento apenas notifica a empresa a respeito de três pontos: quanto ao atraso no saneamento básico de três pequenas comunidades rurais da Volta Grande do Xingu; a recomposição da estrutura viária interrompida pela construção do canal e dos reservatório da usina; e a construção de duas estradas de acesso aos canteiros, bloqueadas expressamente pela licença de instalação.

 

A nota do ISA traz um placar geral sobre a análise do Ibama a respeito do quarto relatório da Norte Energia para acompanhamento das condicionantes socioambientais do licenciamento de Belo Monte, que se constitui em um rol de 23 exigências.

 

Em sua última avaliação, o Ibama reconhece uma melhora em relação à situação de atendimento das condicionantes desde a análise anterior, em maio de 2013. No entanto, quando se vai além do panorama geral de atendimento das condicionantes, analisando-se separadamente condicionantes relevantes para a viabilidade socioambiental da obra, constata-se que não ocorreu a mesma evolução. Ao contrário, o descumprimento das condicionantes é reincidente desde 2011.

 

Para o Ibama, a Norte Energia atendeu plenamente apenas condicionantes relativas à entrega de relatórios e monitoramento de dados.

 

Saneamento Básico

Para garantir a qualidade da água do reservatório da usina, o Ibama exigiu entre as condicionantes da licença de instalação da obra a implementação de sistema de esgoto nas cinco cidades localizadas no seu entorno. Em Altamira, as obras começaram com dois anos de atraso. Porém, não há nenhuma previsão de ligação domiciliar do sistema de tratamento de esgoto às residências. Atualmente, todo o esgoto da região é despejado no Rio Xingu.

 

“A empresa estadual de saneamento já disse que não pode entrar na casa das pessoas para fazer a ligação, a Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) está falida e a prefeitura não tem condições de arcar com este custo”, disse o secretário de obras de Altamira, Rainério Meireles.

 

O secretário defende que o custo das ligações domiciliares seja arcado pela Norte Energia, já que o compromisso no licenciamento diz respeito a “implementação intermitente”, ou seja implementação total e no prazo estabelecido. Ele afirma que prefeitura, empresa e Ibama estiveram reunidos em fevereiro para discutir a questão, mas o encontro acabou sem propostas de solução. Meireles diz estar preocupado com o cronograma de implantação. “As obras na região central ainda nem começaram. São 60 mil residências para fazer a ligação domiciliar, isso levaria pelo menos um ano”, diz. As contas do secretário não batem com o cronograma da empresa. A Norte Energia afirma que irá entregar o sistema dentro do prazo previsto, julho de 2014.

 

A nota técnica do ISA alerta que nas cidades de Belo Monte e Belo Monte do Pontal o saneamento foi construído, mas também não se realizou nenhuma conexão com as casas e não há qualquer previsão do início da operação.

 

O Ibama ressaltou que “a operação dos sistemas de esgotamento implantados depende das ligações domiciliares e das adequações sanitárias nas residências das duas localidades”. Motivo que levou o órgão a classificar a condicionante de saneamento básico como não atendida.

 

“As ligações residenciais devem ser tratadas da mesma forma que todo o restante do sistema de esgotamento, ou seja, como responsabilidade da Norte Energia”, afirma a advogada do ISA, Biviany Rojas.

Incerteza sobre atingidos

Parte da cidade de Altamira será alagada por conta da formação do reservatório da usina e cerca de 7 mil famílias que vivem nas margens dos igarapés ao redor da cidade serão obrigadas a abandonar suas casas. O Ibama vem verificando problemas na primeira etapa do reassentamento dessas famílias.

 

Os analistas do Ibama criticam a demora na conclusão do Cadastro Socioeconômico (CSE) e no acesso a informação dos cadastros por parte dos atingidos, que até dezembro do ano passado não havia sido concluído.

 

Apesar disso, a Norte Energia está solicitando adiantamento do prazo de demolição e limpeza das habitações nas áreas urbanas dos igarapés de Altamira para julho de 2014. A limpeza das áreas implica a expulsão imediata das famílias do local a ser inundado.

 

Caso o pedido de adiantamento do trabalho de limpeza das áreas urbanas que serão alagadas seja concedido pelo Ibama, sem que as etapas anteriores do processo estejam concluídas, estarão em risco a garantia do direito à liberdade de escolha pelas formas de indenização e do direito à moradia digna. Segundo o Ibama, o prazo máximo para terminar o cadastro é setembro de 2014.

 

“Em Belo Monte falta transparência em todo o processo, desde a fiscalização do poder público à inexistência de espaços assistidos para solução dos casos de conflito. Estes fatores fundamentais para assegurar direitos e justiça estão sendo desrespeitados”, afirma André Vilas Boas, secretário executivo do ISA.

 

Madeira
A forma como a madeira, proveniente do desmatamento, foi retirada para a construção da usina recebeu críticas sistemáticas do órgão fiscalizador. O Ministério Público Federal de Altamira abriu um processo de investigação depois que o Ibama declarou, em um relatório de vistoria técnica de agosto de 2013, que o canteiro de obras é um “sumidouro de madeira”.

 

O Ibama afirma no parecer que mais de 80% das toras de boa qualidade não foram destinadas a qualquer fim útil. Apesar disso, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) vem comprando madeira do mercado local para as obras civis, tendo declarado, apenas até o final de 2012, a compra de quase 20 mil m³ de toras, o equivalente a várias centenas de caminhões de madeira cheios.

 

Desde o parecer técnico de dezembro de 2012, os analistas responsáveis vêm constatando problemas quanto à forma de estocagem e monitoramento das toras geradas e apodrecimento de madeira nos pátios.

 

Saúde

Toda a região mantém a mesma infraestrutura de hospitais municipais de antes do início da construção da usina, em 2011. Em Altamira, apenas o Hospital Municipal São Rafael trabalha em regime de “portas abertas”, quando recebe pacientes sem encaminhamentos para áreas específicas. Boa parte das emergências da cidade, com cerca de 140 mil habitantes, é encaminhada ao São Rafael.

 

A construção do Hospital Geral de Altamira é a principal compensação na área de saúde pelo inchaço populacional na cidade. A obra está atrasada e a data de conclusão foi alterada de fevereiro para junho de 2014.

 

O secretário de Saúde do município, Waldeci Maia, reclama que boa parte da demanda dos hospitais é para atender os trabalhadores da usina e seus agregados, estimados em 25 mil. “Eu tenho que fazer malabarismo com o orçamento de R$ 45 milhões. Metade é somente em folha de pagamento do hospital que não dá conta de atender as emergências. Eu sei que não dá conta”.

 

O Ibama confirma as reclamações do secretário e atribui um outro problema à sobrecarga no hospital São Rafael. O Hospital da Vila dos Trabalhadores ainda não foi concluído, apesar de ter sido previsto para setembro de 2013.

 

“Em vistoria, o Ibama foi informado pela diretora do Hospital São Rafael que existe grande demanda naquele hospital por parte de funcionários do CCBM”, indica o último parecer do Ibama.

 

Os trabalhadores do Consórcio continuam pressionando a demanda sobre o sistema público de saúde. No parecer de maio de 2013, o Ibama solicitou à Norte Energia priorizar a implantação do módulo de emergência do hospital dos trabalhadores, mas a empresa não concluiu as obras no prazo estipulado. O Hospital de Vitória do Xingu, cidade que abriga o principal canteiro de obras da usina, não tem sequer projeto executivo.

 

Apesar do cenário caótico, a Norte Energia afirma em relatórios ao órgão fiscalizador que a construção de 27 Unidades Básica de Saúde já seria suficiente para atender a demanda da região. O Ibama não indicou qualquer notificação ou multa pela inadimplência nas condicionantes de saúde.

 

Leticia Leite