A ilha de Fernando de Noronha (PE) recebeu no mês de Julho sua primeira usina para produção de energia solar, o que ajudará a reduzir a produção de poluentes como carbono no destino turístico.
Antes da instalação da nova usina, toda a energia produzida em Noronha era considerada suja por ser originada na queima de óleo diesel. Agora, a ilha deixa de queimar 200 mil litros de diesel por ano, de acordo com a Celpe (Companhia Energética de Pernambuco), distribuidora de energia no Estado. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado, a produção de energia elétrica é a segunda maior fonte de gases que provocam efeito estufa na ilha, perdendo apenas para a aviação comercial, que tem três voos diários.
Com 1.644 painéis de silício policristalino, a nova usina gera uma média mensal de 50 MWh (megawatts-hora), o equivalente a 4% do consumo da ilha -o que, para efeito de comparação, seria suficiente para abastecer 600 residências no Recife. O volume de energia captado e distribuído depende da incidência da iluminação solar e das condições climáticas. Ou seja, em dias nublados, a geração é menor e, à noite, é nula.
Cada cliente da ilha consome, em média, 567 KWh (quilowatts-hora) por mês. Esse valor chega a ser cinco vezes maior que a média individual na capital, já que pousadas equipadas são as principais consumidoras em Noronha.
A nova usina solar custou à Celpe R$ 5 milhões e vai fornecer 80% da energia consumida pela Aeronáutica. Essa energia vai alimentar, por exemplo, as 41 casas da vila da aeronáutica, o sítio de telecomunicações e o hotel de trânsito. Quando houver, a energia excedente será distribuída ao restante da ilha. Hoje a cargo da Celpe, a usina passará a ser operada pela Aeronáutica em um ano.
Nos próximos meses, serão iniciadas as obras de uma segunda usina de energia solar com capacidade de gerar uma média mensal de 64,75 MWh, o equivalente a 6% do consumo total da ilha.
Essa unidade, orçada em R$ 6 milhões e prevista para operar no primeiro semestre do ano que vem, deve fornecer 65% da energia consumida pelos prédios públicos da ilha de Fernando de Noronha.
CARBONO
Segundo a Celpe, juntas, as duas usinas de energia solar de Fernando de Noronha vão deixar de emitir 100 toneladas de carbono por ano. É como se a usina térmica, principal fornecedora de energia da ilha, deixasse de operar durante um mês.
Como está isolada, Fernando de Noronha tornou-se uma espécie de laboratório para a empresa, que pretende investir outros R$ 17 milhões na modernização do monitoramento e na geração de energia na ilha. "São [projetos] pilotos, mas sempre com base em tecnologias já consolidadas de alguma forma. Não existe nenhum risco de essa usina ou a próxima terem alguma dificuldade de operação", afirmou o presidente da Celpe, Luiz AntonioCiarlini.
Além disso, o governo de Pernambuco e a iniciativa privada preveem instalar na ilha cinco geradores de energia eólica em uma usina de compostagem e em prédios públicos até outubro deste ano, segundo a administração de Fernando de Noronha. Esses equipamentos devem gerar até 104,5 KWh/ano.
Fonte: Folha de São Paulo
Laísa Mangelli