Óleo retirado das praias do Nordeste viram cimento no PE e carvão na BA


O carvão pode ser misturado com terra e colocado nas plantas, como uma espécie de adubo (Divulgação/UFBA)

As imagens de toneladas e toneladas de óleo retiradas das praias do  Nordeste têm levantado uma questão: e depois, o que fazer com tudo isso?  A resposta em Pernambuco foi levar o material à Central de Tratamento  de Resíduos, a Ecoparque, empresa contratada em regime de urgência, cujo aterro é sediado em Igarassu. Para lá, foram destinadas mais de 1,3 mil  toneladas de óleo e itens contaminados pela substância, como baldes, luvas e máscaras.

O material passa por uma triagem para reduzir a presença de areia e, em  seguida, é triturado com tecidos, borrachas e outros itens que tiveram  contato com produtos industriais. O resultado são pilhas de fragmentos  diversos, em que o óleo se destaca pelo brilho.

Forma-se, então, o que se chama de blend energético, que é vendido para  ao menos três empresas de produção de cimento, sendo utilizado como  combustível de fornos junto com o coque – um subproduto destilado do  petróleo. “O petróleo sólido é muito caro e exige grande logística,  porque vem de navio. Assim como o coque, esse blend tem o poder  calorífico alto”, explica Romero Dominoni, diretor geral da Ecoparque.

Na Bahia, os resíduos encontrados nas praias têm se transformado em  carvão, com a ajuda de cientistas. Dentro de uma betoneira, são usados  bioaceleradores desenvolvidos por um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esses componentes ajudam na degradação do óleo e o transformam em carvão. “Esses  bioaceleradores, dois sólidos e três líquidos, não agridem o solo nem os  vegetais”, disse a professora da UFBA Zenis Novais.

Segundo Zenis, o produto é bem menos agressivo do que o petróleo cru. O  procedimento pode complementar ou substituir o que se pretende fazer com  o petróleo: incinerar. “O processo de incineração produz enxofre, nitrogênio e libera gases que afetam o meio ambiente”, diz Zenis.

A aplicação do carvão, no entanto, demanda mais estudos. Segundo a professora, a depender da composição, o carvão pode ser misturado com  terra e colocado nas plantas, como uma espécie de adubo. Outra opção é  usá-lo como combustível na produção do cimento, como vem sendo feito em Pernambuco.

Agência Estado