6 cidades brasileiras que implementam ciclorrotas como alternativa de mobilidade


Elas representam, na opinião de muitos, os melhores trajetos para se trafegar em bicicleta. Costumam ser sinalizadas em caminhos e vias que já existem e costumam ser utilizadas por ciclistas mais experientes, que conhecem bem as ruas dos bairros. Do quê estamos falando? Das ciclorrotas.

A sinalização, geralmente vertical (placas) e horizontal (pintura de solo), atua tanto para indicar aos ciclistas quais as melhores ruas para se utilizar, quanto para torná-las ainda mais seguras, a fim de diminuir a velocidade dos automóveis e estimular o compartilhamento das vias.

O site Vá de Bike listou algumas cidades brasileiras que têm implementado ciclorrotas como alternativas de mobilidade urbana. São elas:

  • Rio de Janeiro

Na capital fluminense, o projeto Ciclorrotas-Centro começou a sair do papel em 2014 e em maio estava 10% implantado nas ruas do centro da cidade. O mapeamento, entregue como um “presente da sociedade civil” à prefeitura, foi idealizado e elaborado pela própria população durante 18 meses de pesquisas, com mão de obra totalmente voluntária e colaborativa.

Segundo Zé Lobo, diretor da Transporte Ativo, todo o processo durou cerca de 100 dias até começar a ser concretizado. Participaram dos levantamentos pessoas de diversas áreas e interesses, entre quem pedala, não pedala e os que gostariam de pedalar.

  • Belo Horizonte

Na capital mineira a necessidade de mapeamento das ciclorrotas surgiu junto com o anúncio de instalação das bicicletas públicas na cidade e foi solicitado pela BHTrans, órgão de trânsito de Belo Horizonte. “Estamos no começo do processo ainda. Nos dividimos em dois grupos, entre pessoas que pedalam e que gostariam de pedalar. Fizemos pesquisa de origem e destino e vamos começar a definir as tipologias de infraestrutura para cada via”, explicou o diretor da organização não governamental BH em Ciclo, Guilherme Tampieri.

A metodologia utilizada é a mesma da Transporte Ativo.

O projeto está sendo realizado em parceria entre poder público, sociedade civil e o meio acadêmico, e conta com a participação de cerca de 50 pessoas.

  • Aracaju

Em Aracaju, a Associação Ciclo Urbano começou a articular o mapeamento das ciclorrotas em abril desse ano. A meta, segundo o presidente da associação, Luciano Aranha, é contemplar a capital inteira e ampliar a malha cicloviária de 60km para 250km. A capital sergipana acabou de lançar seu sistema de bicicletas públicas, batizada de Caju Bike.

A associação está pedindo sugestões de ciclistas e não-ciclistas da cidade. Você pode contribuir aqui.

  • Vitória

Em Vitória o processo teve início em janeiro desse ano e foi uma iniciativa do Governo do Estado por meio da Secretaria dos Transportes e Obras Públicas (Setop). Segundo representantes do CUC (Movimento Ciclistas Urbanos Capixabas), o projeto faz parte do Programa Cicloviário Metropolitano e tem como meta contemplar a capital e região da Grande Vitória.

Estão participado das reuniões para traçar as ciclorrotas membros do CUC, da Federação Espírito Santense dos Ciclistas (Fesc), do Bike Anjo e das Mulheres de Bike. Em breve a capital capixaba também vai lançar seu sistema de bicicletas públicas compartilhadas.

  • Curitiba

Desde setembro de 2013 a prefeitura de Curitiba vem trabalhando, em parceria com a CicloIguaçu e com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc), na elaboração das ciclorrotas na cidade.

“Lançamos uma consulta pública na internet durante dois meses para que os ciclistas enviassem suas contribuições. Foram mais de 100 propostas diferentes”, informou o coordenador geral da CicloIguaçu, Goura Nataraj.

As ciclorrotas de Curitiba devem começar a ser implantadas em julho de 2014, com previsão de entrega de 90km até 2016. Saiba mais.

  • São Paulo

Foi lançada recentemente a segunda edição do mapa das ciclorrotas da capital paulista, dessa vez incluindo a região leste da cidade. Esse mapeamento tem servido de guia ao poder público para a implantação de ciclorrotas na capital – com sinalização específica e alterações no viário, como no caso das ciclorrotas do Brooklin e de Moema. Embora tenha dado apoio ao projeto de mapeamento, a prefeitura não tem obrigação de segui-lo à risca.

Para dar mais subsídios técnicos aos órgãos responsáveis pela implantação desse tipo de infraestrutura, a Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) elaborou, no início de fevereiro, um relatório contendo diversas contribuições e sugestões técnicas às ciclorrotas.

O documento foi entregue à prefeitura que, até o momento, não se manifestou quanto às sugestões. Saiba mais.

Matéria originalmente publicada no portal EcoDesenvolvimeto

Fonte: Cidades Sustentáveis

Corantes naturais são alternativa sustentável na moda


              

O uso de corantes naturais para tingimentos na moda mostrou-se uma alternativa eficaz para ligar a indústria têxtil à sustentabilidade. Mais que isso, os corantes provenientes de espécies de origem amazônica movimentam a economia e o mercado de trabalho daquela região. A pesquisa conduzida na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) por Janice Accioli Ramos Rodrigues buscou testar a eficiência de formas de pigmentação com fórmulas menos agressivas para a aplicação em artigos do vestuário de moda, tentando minimizar os impactos ambientais causados pela indústria têxtil, que é considerada uma das maiores poluidoras do meio ambiente. A dissertação de mestrado Uso de corantes de origem natural para o tingimento de artigos têxteis de moda foi orientada pelo professor Mauricio de Campos Araujo.

As espécies utilizadas na pesquisa foram: açaí (Euterpe oleracea), andiroba (Carapa guianensis Aubl.), jenipapo (Genipa americana L.), mamorana (Pachira aquatica Aubl.), urucum (Bixa orellana L.) e cipó- verônica (Dalbergia subcymosa Ducke). Os extratos foram preparados e, após processos químicos, foram testados em tecidos. “Foram feitos testes em tecidos planos PT com ligamento sarja, de algodão 100% fornecido pela empresa Cedro Têxtil, e em um segundo momento tecido meia-malha composto por 98% algodão e 2% elastano, fornecido pela empresa Rosset Têxtil, alvejado e purgado pela Donacor Lavanderia, para comparar-se tal afinidade”, relata Janice. “Deu-se preferência às fibras com algodão pela sua origem vegetal.”

Após o tingimento, foi analisada a potencialidade dos corantes, ou seja, os testes seguintes tinham como objetivo analisar a solidez do corante diante da lavagem. Essa análise contou com alguns fatores como temperatura, alcalinidade, alvejamento e ação abrasiva. Após esse processo, foi criada uma cartela de cores como resultado das colorações, uma coleção e quatro artigos de roupa com os tecidos tingidos.

“No tocante à coleção e aos artigos do vestuário, estes foram elaborados como forma de validar os resultados experimentais do presente estudo. Como o objetivo principal é o uso dos corantes no vestuário de moda, alguns dos corantes foram aplicados nas peças confeccionadas, as quais foram projetadas em um estágio junto ao curso de Design de Moda, da Universidade Técnica de Lisboa, em Portugal, de setembro a novembro de 2012”, explica a pesquisadora. A criação da coleção envolveu uma pesquisa teórica de imagens, definição de uma temática, modelagem das peças escolhidas e a elaboração de peças-piloto para a posterior confecção no Brasil. O tema escolhido para a coleção foi “Navegar é preciso, ser sustentável também é”.

Benefícios além-moda

“Quanto aos resultados, pode-se dizer que se chegou ao objetivo proposto, pois foram obtidos corantes aptos a serem usados na industria têxtil, com boa solidez às lavagens e à luz, além de terem sido produzidas peças de roupa em tamanho normal para a aplicação dos mesmos”, relata Janice.

Além do incentivo à sustentabilidade, a concretização do uso dos corantes naturais pode agregar projetos com base na economia solidária na Ilha do Combú, próxima a Belém do Pará, local de onde advém os materiais estudados. A estruturação de uma cooperativa voltada para a manufatura de produtos de moda com corantes naturais levaria em consideração os aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais.

A pesquisadora tem como metas a reverter benefícios financeiros para a comunidade local, assim como preocupa-se com possíveis impactos causados por pessoas de fora dessas comunidades, que não têm familiaridade com as técnicas utilizadas. Logo, a colaboração dos povos locais deve ser iniciada “pelo manejo dos elementos vegetais, com a devida observação de que a ilha é uma área de preservação ambiental e, portanto, tem certos limites para a exploração dos seus recursos”, explica Janice. “Com a consequente capacitação da população local para trabalhar em algumas das etapas da produção, fruto da participação de profissionais diversos, haveria a geração de trabalho, inclusão social e, consequente, renda.”

A geração de renda a partir da produção dos corantes naturais seria um ganho excepcional, na visão de Janice. A maior parte da população local tem baixa renda e os produtos extraídos por eles não são valorizados, sendo que a produção de corantes pode reverter essa situação e agregar maior valor aos produtos.

“Certamente, por meio de um estudo mais detalhado, o que ocuparia um trabalho inteiro, seria possível trazer as bases certas para este empreendimento e, assim, além de estar cuidando da localidade com melhorias advindas deste trabalho e respeitando a natureza pelo uso adequado das matérias-primas, seria mais uma contribuição para a atmosfera da moda sustentável”, conclui Janice.

(Agência USP)

Fonte: Mercado Ético

Áreas úmidas do Rio Grande do Sul. A gestão como alternativa à conservação ambiental.


Entrevista especial com Demétrio Luis Guadagnin

"O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros mais ricos no que diz respeito à fauna de aves aquáticas", constata o pesquisador e professor de Ecologia da UFRGS.

“O fato é que na condição atual não podemos nos dar ao luxo de explorar qualquer recurso natural sem um sistema de gestão. Somos muitos e as populações e áreas silvestres estão reduzidas, o que implica riscos. O que também não significa que devamos abdicar de qualquer possibilidade de uso se esta for uma demanda legítima de algum segmento social. A questão é administrar com sabedoria os recursos e penso que isto pode ser feito”, aponta o professor e pesquisador Demétrio Luis Guadagnin, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.

Demétrio é enfático ao defender o planejamento das áreas de conservação como alternativa mais viável. “Falta ainda ao Estado uma política estratégica de proteção da biodiversidade que claramente estabeleça as metas e as prioridades. Sem esta visão estratégica, é difícil saber até onde podemos chegar na proteção das áreas úmidas”, aponta. “A proteção tem seu papel na sustentabilidade, mas eu entendo que a questão central aqui é a conservação, mais que a proteção. Penso que muitos ambientalistas e cientistas vão concordar comigo que a conservação é um pressuposto do desenvolvimento e que desenvolvimento é diferente de crescimento e, provavelmente, contrário a ele”, complementa.

 

Demétrio Luis Guadagnin é formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Manejo de Vida Silvestre pela Universidad Nacional de Córdoba – Argentina e doutor em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é professor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Ufrgs. Desenvolve pesquisas na área de Ecologia Aplicada, com ênfase em Conservação e Manejo de Vida Silvestre, e coordena o Laboratório de Biologia da Conservação do Centro de Ecologia da Ufrgs. Foto: www.crbiodigital.com.br

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como está a situação atual das áreas úmidas no Rio Grande do Sul no que se refere à proteção da biodiversidade de aves aquáticas?

Demétrio Luis Guadagnin – O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros com maior riqueza e abundância de aves aquáticas e parte desta riqueza é explicada pela diversidade e abundância de áreas úmidas. O Estado inclui duas importantes unidades de conservação que protegem aves aquáticas — a Estação Ecológica do Taim (1)  e o Parque Nacional da Lagoa do Peixe (2). São duas das maiores unidades de conservação no RS. Ambas se situam na região costeira. Maçariquinhos (3) migratórios, aves costeiras e marinhas e algumas espécies continentais estão adequadamente protegidas nestas unidades. Por outro lado, existem diversas tipologias de áreas úmidas que não estão adequadamente representadas em nosso sistema, assim como as aves típicas destes ambientes.

Merecem atenção especial os campos úmidos de gravatás (4), típicos dos campos na região da Campanha (5) e também nos Campos de Cima da Serra (6), que muitas vezes não são sequer reconhecidos como áreas úmidas e abrigam diversas espécies de aves aquáticas ameaçadas de extinção. Também merecem atenção especial as matas paludosas (7) , típicas da Mata Atlântica da zona costeira, protegidas em apenas duas pequenas unidades — a Reserva Biológica da Mata Paludosa (8) e o Parque Estadual de Itapeva (9) . Temos também apenas uma lagoa costeira de águas doces protegida — a Lagoa Negra (10), no Parque Estadual de Itapuã (10). Em todo o Estado, os banhados vegetados, com uma cobertura complexa de vegetação emergente, tanto lenhosa (12) quanto herbácea (13), são importantes áreas de reprodução e estão em situação precária de conservação. Estes banhados em geral formam as margens de lagoas ou, em alguns casos, depressões de baixa profundidade, sendo bastante vulneráveis à drenagem para o plantio de arroz.

Outras áreas úmidas

Outro tipo de área úmida ainda muito desprotegida são os charcos temporários (14) , também típicos da zona costeira. Por serem temporárias e ocorrerem em campos arenosos ou sistemas de dunas, estas áreas úmidas também são frequentemente não reconhecidas como tal, ou consideradas como irrelevantes, quando na verdade abrigam uma fauna exclusivamente adaptada a esta condição e que inclui várias espécies ameaçadas, neste caso de peixes.

Quando pensamos em áreas úmidas, em geral nos vem à mente a visão de um banhado. Rios, praias e estuários também são áreas úmidas. Quanto aos rios, a situação é realmente dramática. Várias espécies de aves extintas ou ameaçadas estão associadas a rios. Não temos trechos de rios legalmente protegidos, embora tenha havido várias iniciativas neste sentido. Pelo contrário, mesmo áreas declaradas como importantes têm sido atropeladas com o descaso ou conivência da justiça e de órgãos ambientais para a construção de barragens. Existem vários casos muito bem documentados, como os das barragens de Itá (15) e Pai-Querê (16). Estamos agora com o mais novo e mais grave desafio neste campo, que é a barragem de Garabi-Panambi (17), que vai afetar o Parque Estadual do Turvo (18), sobretudo os ambientes de áreas úmidas, é claro. Quanto às praias, temos alguns trechos com pouca perturbação e ainda usados por aves migratórias, mas nenhum livre de interferências. Quanto aos estuários, nosso maior e quase único é o estuário da Lagoa dos Patos (19) , muito importante para vários grupos de aves e outros organismos e também em precária situação tanto de proteção quanto de conservação.

IHU On-Line – Em que medida a caça por lazer representa um risco à preservação das espécies?

Demétrio Luis Guadagnin – Prefiro falar em conservação ao invés de preservação, por admitir que as espécies silvestres, sejam animais ou plantas, são recursos naturais renováveis que podem ser explorados, desde que de forma sustentável e legítima. O termo caça de lazer requer uma conceituação para evitar confusão.

Existe a caça comercial, ilegal no Brasil, que acontece associada ao tráfico de fauna, e pode representar um risco para algumas espécies, como o cisne-de-pescoço-preto e o cisne-branco, mas não é mencionada como um fator importante para as espécies ameaçadas de extinção.

A caça desportiva é uma forma de caça de lazer que está atualmente proibida. Este tipo de caça, no passado, foi um auxílio na conservação de algumas áreas úmidas e não foi associado ao declínio populacional das espécies que tinham seu abate permitido. A prática de caça mais generalizada no Estado é aquela com o objetivo principal de abater animais para consumo próprio, considerada hoje uma atividade furtiva. Classifico esta caça como de lazer porque, embora a carne seja consumida, não é propriamente uma caça de subsistência, mas reflete o hábito cultural e o desejo de comer uma carne considerada exótica, embora no passado a importância desta fonte de proteína tenha sido maior. Também não é uma caça desportiva, pois não segue os princípios e a forma de organização dessa modalidade. Sabemos que muitas pessoas no meio rural mantêm o hábito de caçar por lazer. Não existem informações sobre o tamanho do extrativismo de aves aquáticas por este tipo de atividade e seu efeito na conservação.

É provável que a caça de aves aquáticas no Rio Grande do Sul não tenha sido um fator de ameaça importante no passado, mesmo sendo este hábito mais generalizado, porque as populações eram ainda abundantes e os ambientes silvestres eram ainda extensos. Atualmente, as populações de aves aquáticas estão todas reduzidas em função da degradação e perda das áreas úmidas. Não sabemos qual o tamanho do extrativismo que as populações atuais podem suportar e se o extrativismo atual está ou não colaborando para a retração populacional de alguma espécie. O fato é que na condição atual não podemos nos dar ao luxo de explorar qualquer recurso natural sem um sistema de gestão. Somos muitos e as populações e áreas silvestres estão reduzidas, o que implica riscos. O que também não significa que devamos abdicar de qualquer possibilidade de uso se esta for uma demanda legítima de algum segmento social. A questão é administrar com sabedoria os recursos, e penso que isto pode ser feito.

Outro fator de risco, associado a todas as formas de caça, é a acumulação de chumbo no ambiente, já que é usado nos projéteis. Embora o acúmulo de chumbo seja de fato um problema em diversos países, nossos estudos mostram que no Rio Grande do Sul isso ainda não aconteceu. Isso pode ser explicado pela forma como a caça se pratica aqui, em comparação com outros países, assim como pela intensidade da caça em si. Ainda assim, é um tema que merece ser debatido e investigado. É importante lembrar que o tipo prevalente de caça de lazer tem como alvo também outros grupos animais, além de também ser praticada em outros ambientes, e entendo que existem várias espécies e ambientes vulneráveis a ela, assim como existem oportunidades. É um grande desafio para o país ser capaz de administrar o uso dos seus recursos naturais renováveis.

IHU On-Line – Quais são os desafios para o Rio Grande do Sul em relação à meta mundial de tornar 10% do território em áreas de conservação, principalmente no que corresponde às áreas úmidas? É possível expandir?

Demétrio Luis Guadagnin – A meta mundial de 10% não foi cumprida em todo o país e já temos uma nova meta, estabelecida no ano passado, de 17%. Estas metas são interpretadas no Brasil como compromissos de proteção de biomas, não de tipos específicos de hábitat dentro de cada bioma. Ou seja, não existe uma meta explícita para as áreas úmidas. No caso particular das áreas úmidas, o Brasil é signatário da Convenção de Ramsar, mas esta não estabelece metas em termos de superfície a ser protegida. O desafio de tentar proteger 10% das áreas úmidas seria enorme.

Tomando o estado do Rio Grande do Sul como um todo, o fato de termos duas grandes unidades de conservação protegendo áreas úmidas na zona costeira poderia significar que estamos com uma situação relativamente manejável. Porém, como mencionei acima, existem muitos tipos de áreas úmidas não adequadamente protegidas em nosso sistema de unidades de conservação. É possível, sim, expandir a rede, aproveitando diversos mecanismos, como a efetiva implementação da lei de proteção da vegetação nativa (ex-código florestal), as compensações ambientais, o zoneamento ambiental (20), as áreas privadas – RPPN' (21) e outros instrumentos.

Falta ainda ao estado uma política estratégica de proteção da biodiversidade que claramente estabeleça as metas e as prioridades. Sem esta visão estratégica, é difícil saber até onde podemos chegar na proteção das áreas úmidas. Eu gostaria de ver implementado no Brasil, tanto para a conservação das áreas úmidas como para todos os tipos de hábitats, uma política de "No net loss", como existe nos Estados Unidos — qualquer perda, daqui para frente, deveria ser compensada com a recuperação de uma área de mesmo tipo, tamanho e qualidade. Um último aspecto que destaco sobre este tema: como avançar na proteção envolve custos, precisamos paralelamente avançar nos incentivos, nas políticas positivas. Neste aspecto, as áreas úmidas oferecem muitas oportunidades de ganhos econômicos por prestação de serviços ecossistêmicos e pela exploração de recursos naturais renováveis.

IHU On-Line – Como se dá o diálogo entre pesquisadores e ambientalistas com proprietários de áreas privadas para tentar minimizar os impactos ambientais e proteger o ecossistema?

Demétrio Luis Guadagnin – Antes de responder, cabe lembrar que existem diversos atores sociais envolvidos no desafio de conservar a biodiversidade em áreas privadas. Pesquisadores, ambientalistas e os proprietários são apenas três deles. Outros atores-chave incluem os técnicos dos diferentes setores do Estado, particularmente dos setores de meio ambiente, energia e agricultura, além da Justiça, da classe política e diferentes grupos sociais interessados no extrativismo de recursos, como caçadores, pescadores, indígenas, artesãos, entre outros atores.

Quanto à pergunta, penso que prevalece uma relação conflituosa, embora os avanços sejam notáveis.

Muito do debate ainda está centrado na discussão de novos instrumentos legais, do respeito às normas atuais, ou da efetiva implementação das normas, ou seja, um debate legalista que tende a colocar os atores em posições opostas e que é travado longe dos atores mais interessados. Muitas vezes o papel de árbitro é dado para os cientistas, um papel que não é seu e para o qual não somos preparados.

Geralmente pensamos que nesta mesa temos os proprietários sentados de um lado e os pesquisadores e ambientalistas do outro. É frequente, infelizmente, que proprietários e ambientalistas estejam em lados opostos da mesa. Os pesquisadores, entretanto, tendem a escolher o lado de acordo com sua área de atuação, o que sugere ciência normativa em muitos casos, em outros uma ciência orientada por diferentes posturas éticas e, em outros, um tecnicismo aético.

Debates polarizados

Qualquer debate ambiental que envolva cientistas apresenta evidências de que ciência não é de fato neutra. A falta de clareza dos cientistas sobre seu papel neste debate penso que tem sido um limitante da sua capacidade de interferir de forma positiva. Faço esta autocrítica como cientista reconhecendo que muitas iniciativas importantes no campo ambiental têm origem na ciência ou são dependentes dela para avançar. Quanto aos proprietários, ouço deles próprios que muitos se consideram conservacionistas, já que o que ainda existe de áreas naturais em terras privadas foi por sua decisão sobre como usar sua terra. É evidente que a imposição da lei também tem seu papel.

Quanto aos ambientalistas, penso que muitas de suas ações também acabam limitadas pela falta de uma visão estratégica de metas e prioridades, assim como no caso do Estado. O próprio sentido do que seja uma postura ambientalista ou uma questão ambiental confundem muitas pessoas e muitos debates. O caso da caça, da proteção dos animais e do controle de espécies invasoras é emblemático neste sentido. Seja como for, temos excelentes exemplos de cientistas, ambientalistas e proprietários engajados de diferentes formas na busca pela sustentabilidade, e acredito que estamos avançando no número e na qualidade destas experiências. Penso que devemos procurar avançar para outro tipo de debate, mais propositivo e menos acusativo.

Talvez mais proprietários se dispusessem a colaborar com a conservação da biodiversidade se lhes fossem oferecidas soluções eficazes, poucas das quais já foram produzidas ou avaliadas. Já comentei acima sobre as oportunidades e a importância de reconhecer o potencial das áreas úmidas e aves aquáticas de se aproveitar de mecanismos positivos de promoção da conservação, o que é particularmente importante no caso das áreas privadas.

IHU On-Line – É possível, a partir de um manejo adequado de áreas alagadas de arrozais, garantir a conservação ambiental de aves aquáticas em locais não naturais?

Demétrio Luis Guadagnin – Os arrozais podem e devem cumprir um papel complementar dentro de uma estratégia abrangente de conservação de áreas úmidas e aves aquáticas. O foco deve estar não exatamente na gestão dos arrozais, mas das propriedades dedicadas a este uso do solo. A unidade de análise e planejamento é a propriedade rural.

Arrozais não substituem áreas naturais, mas podem ser manejados de forma a ampliar as possibilidades de conservar a biodiversidade de forma compatível com a produção de arroz. Questões como a gestão da irrigação, a escolha das variedades, o uso de agroquímicos, a integração com áreas de reserva legal e de preservação permanente e o uso do solo pós-colheita são alguns dos aspectos que podem ser manejados para tornar as lavouras mais amigáveis à biodiversidade.

Acima comentei sobre a importância da ciência e a importância de mecanismos positivos. O manejo das propriedades orizícolas  é um excelente exemplo. Muitos proprietários estariam dispostos a tomar iniciativas de promoção da conservação da biodiversidade, desde que compatíveis com seu negócio, mas infelizmente ainda temos poucas ideias eficazes sobre como otimizar isso, seja enquanto técnica, seja enquanto instrumentos de incentivo.

IHU On-Line – Qual a relação entre desenvolvimento e proteção ambiental?

Demétrio Luis Guadagnin – Esta é uma questão complexa que extrapola o tema das aves aquáticas e áreas úmidas. Strictu sensu, proteger significa impedir qualquer forma de interferência em um estado ou um processo. Sugere, portanto, uma política restritiva e negativa. A proteção tem seu papel na sustentabilidade, mas entendo que a questão central aqui é a conservação, mais que a proteção. Penso que muitos ambientalistas e cientistas vão concordar comigo que a conservação é um pressuposto do desenvolvimento e que desenvolvimento é diferente de crescimento e provavelmente contrário a ele. Para avançar no tema teríamos que discutir os conceitos de crescimento, desenvolvimento, proteção e conservação para além do que posso me aventurar aqui.

IHU On-Line – Na sua avaliação, qual o conceito mais adequado de “desenvolvimento”?

Demétrio Luis Guadagnin – Adoto uma postura ambientalista quanto a esta questão. O desenvolvimento é sustentável, ou não será desenvolvimento. Em coro com as principais reflexões sobre o tema, penso que desenvolvimento significa satisfazer as nossas demandas presentes de forma socialmente justa (no centro do desenvolvimento está o bem-estar comum) e sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de satisfazer suas próprias demandas, que não sabemos quais serão. Não podemos entregar um planeta vazio de oportunidades, e a biodiversidade é uma destas oportunidades. Uma atitude é sustentável se caminha nesta direção, se é melhor que as demais opções deste ponto de vista. Do ponto de vista ambiental, uma atitude sustentável deveria ser um pouco mais que isso — pressupõe limitar nossas ações à nossa capacidade atual de controlar seus efeitos diretos e indiretos, a curto e longo prazo, uma postura precavida, portanto. Estes são alguns elementos de um tema também bastante amplo e complexo.

IHU On-Line – A implantação do parque eólico (intitulado “energia limpa”) às margens da Lagoa dos Quadros, em Osório, no Rio Grande do Sul, gerou algum impacto na fauna local?

Demétrio Luis Guadagnin – Não conheço o projeto deste parque eólico para opinar especificamente sobre ele. Posso opinar sobre alguns princípios, que ajudam a ilustrar posicionamentos que fiz acima. Prefiro começar questionando a palavra impacto. Não gosto dela. Em geral tem uma conotação negativa, mas pode ser também positivo. Além disso, é uma palavra carregada de juízos de valor sobre o que seja positivo ou negativo. Prefiro falar em efeitos. Se estes efeitos são bons ou ruins é um julgamento que cabe à sociedade fazer. É inevitável que a implementação de parques eólicos cause efeitos na biodiversidade, pois implica em alterações de estruturas e processos locais, como a disponibilidade de hábitats, a circulação dos ventos, a criação de barreiras ao deslocamento de animais e propágulos e vários outros. Em termos de abundância, algumas espécies serão prejudicadas e outras beneficiadas. A questão é decidir por uma entre as diversas opções possíveis de atenção à demanda crescente de energia e entre aceitar ou questionar o crescimento da demanda. Gostaria de mais questionamentos sobre a necessidade de atender uma demanda crescente, um aspecto da questão que geralmente passa ao largo e é dado como indiscutível.

Se aceitamos que a demanda inevitavelmente deve crescer e se aceitamos que uma atitude é sustentável na medida em que traz menos efeitos indesejáveis que as outras opções disponíveis, entendo que a energia eólica é uma boa opção. Em princípio, salvo situações peculiares que exigem que se conheça o projeto em particular, prefiro parques eólicos sobre áreas produtivas, particulares, e não sobre áreas naturais ou públicas. As áreas naturais e públicas em geral são as melhores opções que temos para promover a conservação da biodiversidade. As áreas produtivas e privadas, por outro lado, podem se beneficiar com mais uma fonte de rendimentos, se compatível com os outros usos da terra. A área em questão não é considerada prioritária para conservação da biodiversidade em planos nacionais ou regionais e não está entre as mais importantes para aves aquáticas ameaçadas. Evitar interferências severas pelo menos nas áreas e sobre as espécies prioritárias do ponto de vista da conservação é um aspecto central numa política de sustentabilidade.

Notas:

1.- Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim): unidade de conservação de proteção integral da natureza localizada no sul do estado do Rio Grande do Sul. Criada em 1986, possui uma área de 33 mil hectares. (Nota da IHU On-Line)

2.- Parque Nacional da Lagoa do Peixe: criado em 1986, o Parque possui 36,7 mil hectares. Atualmente é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). (Nota da IHU On-Line)

 3.- Maçariquinho: ave charadriiforme da família Scolopacidae. Possui pernas esverdeadas, e os adultos em fase reprodutiva são marrom-escuros com listras marrons em cima e branco embaixo. Faz o ninho no chão perto da água e tem preferência por tundras ou pântanos. (Nota da IHU On-Line)

  4.-Gravatá: termo comum a plantas pertencentes a vários grupos de epífitas, tais como o abacaxi-de-raposa, o caraguatá, etc. (Nota da IHU On-Line)

  5.- Campanha Gaúcha: região pastoril de planícies com coxilhas, localizada no sul da América do Sul. A Campanha abrange boa parte do estado do Rio Grande do Sul, o Uruguai e parte da Argentina. (Nota da IHU On-Line)

 6.- Campos de Cima da Serra ou Campos de Vacaria: região localizada no extremo nordeste do estado, na divisa com Santa Catarina. Com uma área de 21 mil km², é caracterizado por um relevo suave recortado por rios, formado por uma planície elevada de solo basáltico. (Nota da IHU On-Line)

 7.- Floresta perenifólia higrófila costeira ou floresta perenifólia latifoliada higrófila costeira: uma das subdivisões da Mata Atlântica, caracterizada pela alta densidade vegetal, com grande número de palmeiras, lianas, fetos e samambaias, alta pluviosidade e influência de um clima úmido marítimo. (Nota da IHU On-Line)

8.- Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa: Unidade de Conservação do Governo do Rio Grande do Sul. Com uma área de 113 hectares, protege uma área de mata atlântica caracterizada pela transição entre encostas e baixadas. (Nota da IHU On-Line)

 9.- Parque Estadual de Itapeva: Unidade de Conservação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Criado em 2002, possui uma área de mil hectares. (Nota da IHU On-Line)

 10.- Lagoa Negra: lagoa do Rio Grande do Sul, localizada no município de Viamão, a 60 km de Porto Alegre. A lagoa está localizada dentro do Parque Estadual de Itapuã. (Nota da IHU On-Line)

 11.- Parque Estadual de Itapuã: Unidade de Conservação no município de Viamão, no Rio Grande do Sul. Com uma área de 5,5 mil hectares, foi aberto para visitação em 2002. (Nota da IHU On-Line)

12.- Planta lenhosa: plantas capazes de produzir madeira como tecido de suporte dos seus caules. (Nota da IHU On-Line)

13.- Erva ou Planta herbácea: planta normalmente rasteira, sem caule lenhoso. (Nota da IHU On-Line)

14.- Charcos: massas de água parada ou de corrente muito reduzida, de caráter permanente ou temporário. Os charcos são de tamanho inferior ao de um lago e medem menos de 1 hectare. (Nota da IHU On-Line)

15.- Usina Hidrelétrica de Itá: localizada no rio Uruguai, entre os municípios de Itá (Santa Catarina) e Aratiba (Rio Grande do Sul). A Usina conta com capacidade instalada de 1.450 MW. O reservatório da UHE ITÁ inunda aproximadamente 103 km² de terras. (Nota da IHU On-Line)

16.- Usina Hidrelétrica de Pai Querê: projeto de construção do Governo Federal. A proposta é construí-la no Rio Pelotas, entre os municípios de Bom Jesus (RS) e Lages (SC). Aproximadamente 6,1 mil hectares de Mata Atlântica seriam alagados com a sua construção. (Nota da IHU On-Line)

 17.- Usinas Hidrelétricas de Garabi e Panambi: projeto de construção de hidrelétricas no Noroeste gaúcho até 2020. Juntas, as duas terão capacidade instalada de 2,2 mil MW e poderão desalojar 12 mil pessoas em uma área aproximada de 73 mil hectares. (Nota da IHU On-Line)

 18.- Parque Estadual do Turvo: Unidade de Conservação de proteção integral da natureza localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, junto ao rio Uruguai. Criado em 1947, o Parque possui área de 17,4 mil hectares. Sua principal atração é o Salto do Yucumã. (Nota da IHU On-Line)

19.- Lagoa dos Patos: considerada a maior laguna do Brasil e a segunda maior da América do Sul, localiza-se no Rio Grande do Sul. Possui 265 quilômetros de comprimento, 60 quilômetros de largura (na sua quota máxima), 7 metros de profundidade (na sua quota máxima) e uma superfície de 10 144 km². (Nota da IHU On-Line)

20.- Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) ou Zoneamento Ambiental: mecanismo de gestão ambiental que tem como objetivo viabilizar o desenvolvimento sustentável, promovendo o desenvolvimento socioeconômico com a conservação ambiental. O ZEE é instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, conforme no inciso II do artigo 9º da Lei nº 6.938/1981, e regulamentado pelo Decreto Federal Nº 4.297/2002. (Nota da IHU On-Line)

21.- Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): modalidade de Unidade de Conservação (UC) contemplada pela lei federal nº 9.985 de 18 de julho de 2000. A RPPN figura entre as unidades de uso sustentável cujo objetivo básico é de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. Ao todo, existem hoje no Brasil, 750 RPPNs distribuídas pelo território nacional e que juntas somam cerca de 580 mil hectares de áreas protegidas, especialmente na Mata Atlântica. (Nota da IHU On-Line)

22.- Orizicultura – orizícula: relativo ao cultivo de arroz em lavouras. (Nota da IHU On-Line)

Dia da Árvore: o que você está fazendo pela preservação?


                             

No dia 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore, data criada com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da preservação ambiental. Afinal, as árvores são as responsáveis por atuar no combate à poluição, contribuindo para melhorar a qualidade do ar respirado, reduzir o calor e a incidência direta de raios solares, além de serem importantes para a retenção das águas das chuvas, reduzindo a ocorrência de enchentes.

Tamanha é a importância do verde em nossa vida que esse foi o tema estudado pelo último Relatório Global de Espaços Verdes, elaborado pelo Grupo Husqvarna. A proposta foi avaliar a interação das pessoas com espaços verdes, como parques, jardins e florestas, e o que estamos fazendo para preservar esse bem tão valioso.

Nesta pesquisa, cerca de 4.500 pessoas de diferentes países foram entrevistadas e 82% delas disseram que áreas verdes ajudam a combater o estresse e a ansiedade. Outro dado que chama a atenção é que muitas pessoas estariam dispostas a investir tempo, conhecimento e dinheiro na conservação dos espaços verdes públicos. Entre os entrevistados, 55% disseram que estão dispostos a oferecer seu tempo, 32% seus conhecimentos e 22% dariam dinheiro para deixar os ambientes mais verdes.

Nesta questão, o maior desejo de ajudar vem dos pais, que enxergam que os filhos tem menos contato com a natureza do que eles quando jovens, e por isso gostariam de reverter esse cenário.

Mas não é só a sociedade civil que está preocupada com a questão. Uma atividade que ganha força em nosso país é a silvicultura, responsável por cultivar novas florestas em áreas degradadas, para serem utilizadas pela indústria de celulose, madeiras, carvão, entre outros fins comerciais.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) indica que, no ano de 2012, a atividade foi responsável pela geração de 4,4 milhões de empregos, além disso, o valor bruto da produção alcançou os R$ 56,3 bilhões, número 4,6% superior ao registrado em 2011. O estudo apontou ainda que o plantio de eucalipto e pinus atingiu os 6,66 milhões de hectares, o que representa um aumento de 2,2% em relação ao levantamento feito no ano anterior. A atividade é altamente lucrativa, para se ter uma ideia, uma produção de eucalipto oferece até 10 vezes mais renda na mesma área da pecuária e sem precisar diminuir o rebanho.

Nos últimos anos, a conservação das árvores e florestas tornou-se uma questão essencial para a garantia de uma vida com mais qualidade. Cada segmento da sociedade contribui da melhor forma possível, seja plantando uma árvore em seu jardim, em um parque público ou investindo fortemente no segmento de florestas plantadas, todos em prol de um único objetivo: um planeta mais verde, limpo e saudável. Por isso, neste Dia da Árvore, que tal pensar em alternativas para preservar o nosso maior patrimônio natural?

Foto: Reprodução

Graziela Lourensoni*

*Graziela Lourensoni é gerente de Marketing e Produtos para a América Latina da Husqvarna.