Planícies de inundação do Rio Paraná – Biodiversidade, ameaças e conservação.


Entrevista especial com Sidinei Magela Thomaz

                   

"Nós, brasileiros, temos uma oportunidade rara nas mãos: diferentemente dos países desenvolvidos, ainda temos grandes sistemas rios-planícies de inundação para serem preservados, aposta o pesquisador.

Lagoas, brejos, canais e alagados são alguns dos exemplos que fazem parte do sistema das chamadas planícies de inundação. São áreas úmidas que inundam durante a cheia de um determinado curso d'água e são essenciais para a manutenção da vida natural, o que faz com que muito se fale sobre a conservação adequada destes ambientes. No entanto, para o biólogo Sidinei Magela Thomaz, a defesa destas áreas não depende apenas dos cientistas. Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, ele afirma que a preservação carece “principalmente do convencimento dos políticos e do setor produtivo de que não há desenvolvimento sem preservação dos recursos naturais”.

Mas qual seria a importância da existência e da preservação de tais áreas? Para o biólogo, vários são os pontos relevantes a serem destacados. Primeiramente, esses ecossistemas “retêm sedimentos e poluentes e evitam cheias catastróficas”, além de serem responsáveis pela manutenção das populações de várias espécies de peixe. “Outra importante função relaciona-se com a conservação da biodiversidade, pois os sistemas rios-planícies de inundação abrigam várias espécies aquáticas e terrestres.” São patrimônios mundiais de vital importância para a humanidade e cuja conservação se faz urgente. Para o biólogo, “o conhecimento sobre o que fazer já existe, basta que o setor hidrelétrico implemente medidas baseadas no conhecimento científico”.

 

 

 

Sidinei Magela Thomaz possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Carlos, doutorado em Ciências Biológicas pela UFSCar e pós-doutorado pela Mississippi State University (USA). Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual de Maringá, no Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecossistemas Aquáticos Continentais e no Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada. Atuou como presidente da Sociedade Brasileira de Limnologia (1999-2001), sobre o estudo das águas interiores, e como Representante da Área de Ecologia na CAPES (2003-2004). Foto: www.nupelia.uem.br

 

 

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A que o senhor se refere quando menciona “áreas úmidas de planícies de inundação”? Do que se trata exatamente?

Sidinei Magela Thomaz – Essas áreas, conhecidas como “sistemas rios-planícies de inundação”, são compostas pelas planícies associadas lateralmente a rios de médio a grande porte e que são inundadas em determinados períodos. Elas são caracterizadas por uma elevada diversidade de hábitats, como por exemplo, lagoas permanentes, lagoas temporárias, brejos, canais e locais de transição que permanecem secos em certos períodos do ano e alagados em outros.

IHU On-Line – Do ponto de vista ambiental, qual a importância dessas regiões, sobretudo tendo em conta a região do Rio Paraná, objeto de pesquisa do senhor? Que extensão tem essas áreas e como isso se relaciona com o aspecto climático?

Sidinei Magela Thomaz – Esses ecossistemas possuem várias funções ecológicas que se traduzem em serviços ambientais para o ser humano. Por exemplo, são responsáveis pela manutenção de populações de algumas espécies de peixes importantes tanto para a pesca esportiva como para a comercial (em especial as espécies migradoras). Além disso, retêm sedimentos e poluentes e ainda evitam cheias catastróficas em áreas localizadas a jusante (1). Esses são apenas alguns serviços ambientais desfrutados pelo ser humano, sem nenhum custo financeiro. Outra importante função relaciona-se com a conservação da biodiversidade, pois os sistemas rios-planícies de inundação abrigam várias espécies aquáticas e terrestres. No caso específico do rio Paraná, a planície de inundação situa-se no último trecho desse rio em território nacional onde ainda não foram construídas represas, representando assim, um remanescente essencial para a conservação da biodiversidade.

As planícies de inundação ocupam grandes áreas principalmente nos trópicos (por exemplo, o Pantanal e a planície associada ao rio Amazonas), mas foram praticamente eliminadas nos países europeus e na América do Norte. No que concerne ao aspecto climático, espera-se que ocorram grandes alterações nessas áreas em decorrência das mudanças globais. Por exemplo, o ciclo hidrológico (2) que marca a sazonalidade dessas planícies alagáveis provavelmente vai se alterar ainda neste século em função das mudanças climáticas. Porém, não existem previsões precisas sobre as consequências dessas alterações.

IHU On-Line – De que ordem é a diversidade biológica dessas áreas alagadas? Qual a importância delas no equilíbrio do ecossistema?

Sidinei Magela Thomaz – Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, independentemente da “quantidade” de espécies, os sistemas rios-planícies de inundação são fundamentais para algumas espécies que seriam prontamente eliminadas caso esses ecossistemas desaparecessem. Um exemplo, já mencionado, são os peixes migradores (dourados, pintados, curimbas). Mas em geral esses ecossistemas possuem uma elevada biodiversidade. A título de exemplo, somente a planície do alto rio Paraná concentra cerca de 50% das espécies de peixes conhecidos no Bioma Mata Atlântica e entre 20 e 50% da biodiversidade brasileira de alguns grupos de invertebrados aquáticos, sem contar as centenas de espécies de aves e dezenas de espécies de mamíferos já catalogadas na área. Além dessa importância para a biodiversidade, as funções ecológicas citadas acima contribuem para a manutenção da estabilidade dos ecossistemas.

IHU On-Line – O que são considerados “distúrbios naturais” nas áreas úmidas e, atualmente, quais são os principais riscos às áreas alagadas da bacia do rio Paraná (agropecuária, poluição, intervenção humana, etc.)?

Sidinei Magela Thomaz – Os principais distúrbios naturais nas áreas alagadas são as inundações, consideradas essenciais para a manutenção de sua estrutura e funcionamento. No caso específico do rio Paraná, esse distúrbio natural é imprescindível para a manutenção de várias espécies a ele adaptadas, mas isso tem sido alterado sobremaneira pela regulação da vazão do rio por reservatórios. As mudanças do regime natural hidrológico podem resultar em cheias de menor intensidade e, muitas vezes, fora de época, acarretando efeitos negativos para as espécies adaptadas ao ciclo natural das águas. Somado a isto, existem outros impactos também importantes que comprometem a planície do rio Paraná, entre os quais eu destacaria a introdução de espécies exóticas, o empobrecimento do rio em termos de nutrientes, que ficam retidos nos reservatórios, e a destruição de hábitats da planície para uso na agropecuária. Felizmente, esse último impacto ainda ocorre em pequena escala na planície do rio Paraná.

IHU On-Line – Como e em que medida os estudos realizados pelo Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura – Nupélia, podem ajudar a recuperar a vegetação aquática frente a distúrbios naturais?

Sidinei Magela Thomaz – Os estudos realizados pelo nosso Núcleo já contribuíram para ações efetivas e outras potenciais, visando à conservação. Uma ação efetiva foi a escolha e delimitação da área do Parque Estadual do Ivinhema (MS) (3), a qual utilizou a base de dados do Núcleo e levou em consideração um local que continha remanescentes de vegetação terrestre ainda preservada e, principalmente, ecossistemas aquáticos adequados para a migração, a reprodução e o crescimento de várias espécies de peixes nativos.

Nossos dados também ajudam a identificar impactos humanos na região e a indicar medidas mitigadoras. Por exemplo, nossos colegas que trabalham com ecologia de peixes (destaco aqui o Dr. Angelo Agostinho (4) ) conhecem razoavelmente bem o período e a amplitude das cheias que são adequados para a manutenção dos estoques pesqueiros. Para isso, basta que as empresas produtoras de energia hidrelétrica liberem a água dos reservatórios na época correta e na quantidade adequada. Um regime hidrológico semelhante ao natural seria também fundamental para a conservação das plantas aquáticas, as quais você se referiu em sua pergunta. O conhecimento sobre o que fazer já existe, basta que o setor hidrelétrico implemente medidas baseadas no conhecimento científico.

IHU On-Line – Em que medida a construção de hidrelétricas reconfigurou as áreas úmidas de planícies de inundação? Que territórios foram extintos e que outros foram criados? O que isso significa em termos de ecossistema?

Sidinei Magela Thomaz – As hidrelétricas afetam as planícies de inundação de várias maneiras. Primeiramente, um reservatório pode alagar parte ou a integralidade de algumas áreas úmidas, resultando na eliminação local e imediata desses ecossistemas. Porém, os efeitos propagam-se para as zonas de jusante , e as planícies localizadas abaixo de uma barragem recebem água mais pobre em nutrientes e com turbidez menor, o que afeta diretamente as espécies aquáticas, antes adaptadas a outras condições ambientais.

Na planície do rio Paraná, por exemplo, constatamos que águas pobres em nutrientes reduzem o crescimento das plantas aquáticas, necessárias para várias espécies animais. Além disso, nessa planície, a redução da turbidez facilitou a disseminação do tucunaré, um peixe predador voraz não nativo, cujos efeitos sobre a fauna local podem ser catastróficos. Porém, talvez o pior impacto causado por um reservatório seja das alterações da dinâmica hidrológica, que mudam ecossistemas inteiros, tanto em seus aspetos físicos como biológicos.

IHU On-Line – Como o senhor avalia as pesquisas científicas voltadas para o tema das áreas úmidas? Que importância elas têm para o desenvolvimento de políticas públicas para garantir a manutenção de tais áreas?

Sidinei Magela Thomaz – Essas pesquisas evoluíram rapidamente na América do Sul nas últimas décadas, em especial no Brasil. Acumulamos muito conhecimento sobre a estrutura e o funcionamento de grandes sistemas, como o Paraná, Pantanal e Amazonas, e também sobre outros associados a rios de médio porte, como, por exemplo, alguns localizados no Rio Grande do Sul que foram estudados em profundidade pelo Dr. Leonardo Maltchik (5) , da Unisinos. O envolvimento de cientistas que estudam esses ecossistemas na tomada de decisões está aumentando e existem inúmeras possibilidades para melhorar seu manejo e conservação. Nesse sentido, torna-se fundamental que as decisões sejam tomadas com base no conhecimento científico. Mas ainda falta uma maior interação entre os vários segmentos da sociedade para melhorar o aproveitamento e a conservação dessas áreas. Certamente a integração de ecólogos, políticos, representantes do setor produtivo e de órgãos ambientais das diferentes esferas seria um avanço considerável para a conservação não somente das áreas úmidas, mas de qualquer outro ecossistema brasileiro. É pertinente lembrar que os países desenvolvidos tomam decisões que, em sua maioria, respeitam o conhecimento científico.

IHU On-Line – Que áreas do conhecimento integram os grupos de pesquisa das áreas úmidas? Como esse trabalho interdisciplinar é realizado? Por que uma abordagem mais ampla é importante à pesquisa?

Sidinei Magela Thomaz – As áreas do conhecimento que integram os grupos de pesquisa dependem dos objetivos do trabalho e da disponibilidade de recursos humanos. Porém, há vários grupos multidisciplinares, formados por biólogos, ecólogos, geógrafos, geólogos, hidrógrafos, químicos e cientistas sociais, dedicados ao estudo dessas áreas. O trabalho multidisciplinar demanda que os participantes de uma equipe tenham um conhecimento mínimo de cada uma das diferentes áreas.

Porém, muito mais do que isso, os pesquisadores devem ter espírito de equipe, devem saber ouvir mais do que falar e devem estar aptos e abertos para aprender novos paradigmas. Infelizmente, acredito que poucos cientistas possuem esse conjunto de características (me incluo nesse grupo com deficiências para realizar um trabalho multidisciplinar). Ainda a esse respeito, penso que a abordagem mais ampla e multidisciplinar é necessária especialmente na elaboração de planos de manejo visando à conservação dessas áreas, pois isto depende do conhecimento biológico, físico, mas também do meio social, que é indissociável do ambiente. Nesse sentido, acredito que a pesquisa científica não precisa envolver aspectos multidisciplinares, mas sua aplicação sim.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Sidinei Magela Thomaz – Nós, brasileiros, temos uma oportunidade rara nas mãos: diferentemente dos países desenvolvidos, ainda temos grandes sistemas rios-planícies de inundação para serem preservados. Eles constituem um legado que podemos deixar para as futuras gerações e, juntamente com nossa megadiversidade, deveriam ser motivo de orgulho e o foco de programas visando sua conservação. Porém, infelizmente, a conservação desses importantes ecossistemas e de sua biodiversidade não depende somente da vontade dos cientistas, mas, sobretudo, do convencimento dos políticos e do setor produtivo de que não há desenvolvimento sem preservação dos recursos naturais.

Notas:

1.- Jusante: rio abaixo pelo ponto de vista do observador; vazante para o mar. (Nota da IHU On-Line)

2.- Ciclo hidrológico ou Ciclo da água: troca contínua de água na hidrosfera entre a atmosfera, a água do solo, as águas superficiais, subterrâneas e das plantas. (Nota da IHU On-Line) 

3.- Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema: criado por decreto em 1998, o parque tem mais de 73 mil hectares e está localizado nos municípios de Taquarussu, Jateí e Naviraí, no estado do Mato Grosso do Sul. (Nota da IHU On-Line)

4.- Angelo Antonio Agostinho: doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos. Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Maringá e pesquisa especialmente ictiofauna, pesca, limnologia, manejo e conservação de recursos ictiofaunísticos em reservatório e áreas úmidas. (Nota da IHU On-Line)

5.- Leonardo Maltchik: doutor em Ecologia pela Universidad Autônoma de Madrid. Atualmente é professor titular da Unisinos. Desenvolve pesquisas sobre ecologia aquática, com ênfase na biodiversidade e conservação de áreas úmidas, banhados e wetlands do sul do Brasil. (Nota da IHU On-Line)

 

Fonte: IHU – Unisinos

Quase 2 mil novas espécies em risco de extinção, segundo a Lista Vermelha


Atualmente, existem mais de 30.000 espécies em risco de extinção devido à atividade humana e às mudanças climáticas (XL CATLIN SEAVIEW SURVEY/AFP)

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) adicionou quase 2 mil novas espécies ameaçadas à sua Lista Vermelha, alertando que as mudanças climáticas também representam uma ameaça para plantas e animais selvagens.

Especificamente, 1.840 novas espécies compunham a lista, elevando o total para 30.178 espécies ameaçadas de extinção, de acordo com um comunicado publicado durante a Conferência do Clima da ONU (COP25) em Madri.

“As mudanças climáticas aumentam as múltiplas ameaças que as espécies enfrentam e devemos agir de maneira rápida e decisiva para enfrentar a crise”, disse Grethel Aguilar, diretor geral interino da UICN.

A UICN destaca, por exemplo, o impacto das mudanças climáticas nos peixes de água doce da Austrália, dos quais 37% estão ameaçados. Desse percentual, “pelo menos 58% são diretamente afetados pelo aquecimento”.

Os principais fatores da queda expressiva da biodiversidade nos últimos anos são mudanças no uso da terra – incluindo agricultura –, superexploração (caça e pesca), mudança climática, poluição e espécies invasoras, assim como o crescimento demográfico e de consumo, disse a Plataforma Científica e Política Intergovernamental sobre Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES) em um relatório pioneiro de maio.

“A atualização (da Lista Vermelha) mostra que o impacto das atividades humanas na vida selvagem continua a crescer”, de acordo com Jane Smart, chefe do grupo de conservação da biodiversidade da UICN.

“O próximo ano será crítico para o futuro do planeta”, com a celebração do Congresso Mundial da UICN na França, uma cúpula na China sobre biodiversidade e a apresentação de novos objetivos nacionais para combater as mudanças climáticas sob o Acordo sobre Paris, lembrou.

A UICN queria mostrar que a tendência é “reversível”, sublinhando que a situação de dez espécies – oito de aves e dois de peixes de água doce – melhorou.

A abrangente Lista Vermelha, que inclui diferentes níveis de ameaças, inclui mais de 112 mil espécies.

AFP

Road Ecology Brazil 2014


                                                  

Sobre o evento: O Road Ecology Brazil 2014 – REB14 será realizado durante os dias 27, 28 e 29 de janeiro de 2014, na Universidade Federal de Lavras, em Lavras – MG. O maior evento latinoamericano de ecologia de estradas receberá diversos convidados internacionais e nacionais com experiência em temas relacionados à conservação da biodiversidade e empreendimentos viários.

Inscrições: As inscrições podem ser realizadas através de formulário on line, disponível no website oficial do evento

Contato: Para obter mais informações sobre a REB14, entrar em contato com a organização do evento através do e-mail: reb2014.inscricao@gmail.com Ou telefone: (35) 3829-3119

Programação:

Dia 27 de janeiro

08:00h – 10:00h – Minicursos
10:00h – 10:30h – Abertura
10:30h – 12:00h – Conferência de Abertura
12:00h – 14:00h – Almoço
14:00h – 14:30h – Palestra
14:30h – 17:00h – Palestra
17:00h – 20:00h – Coquetel de Abertura

Dia 28 de janeiro

08:00h – 10:00h – Minicursos Workshops
10:00h – 12:00h – Conferência Nacional
12:00h – 14:00h – Almoço
14:00h – 14:30h – Palestra
14:30h – 17:00h – Mesa Redonda
17:00h – 20:00h – Apresentação de Pôsteres
20:00h – Jantar por adesão

Dia 29 de janeiro

08:00h – 10:00h – Minicursos Workshops
10:00h – 12:00h – Conferência Internacional
12:00h – 14:00h – Almoço
14:00h – 14:30h – Palestra
14:30h – 17:00h – Mesa redonda
17:00h – 17:30h – Resultados dos Workshops
17:30h – 18:00h – Encerramento

Fonte: AgroEventos

Polícia Federal e Ibama prendem quadrilha que comercializava madeira


               

Dezenas de pessoas estão sendo presas desde o início da manhã desta sexta-feira, 06/12, no estado do Maranhão pela Polícia Federal (PF).

Os agentes desvendaram um esquema montado por criminosos que invadiam o sistema de controle florestal mantido pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, conhecido como Sisdof, para obter documentos oficiais para créditos, e facilitar o comércio de madeira extraída ilegalmente de terras indígenas e unidades de conservação da região.

Dados levantados pelo Ibama apontam que quase 500 mil metros cúbicos de madeira serrada entraram no Maranhão e no Pará, apenas em 2013, a partir de certidões "esquentadas". O volume representa carga suficiente para encher 14 mil caminhões de transporte deste tipo de material.

O diretor de Fiscalização do órgão ambiental, Luciano Evaristo explicou que as fraudes foram detectadas há um ano. "Monitorando as transações, a gente percebeu um tráfego de crédito no sentido contrário ao normal. Estava vindo crédito de fora do estado do Maranhão para o Maranhão e do cerrado do Maranhão para perto das áreas indígenas. E recebemos queixas de várias empresas que tinham tido suas senhas roubadas", explicou.

Para conseguir o documento que funciona como uma espécie de licença, os criminosos entravam no sistema do órgão ambiental e simulavam transações comerciais usando a senha de empresas que têm autorização do governo para comercializar madeira legal.

A partir destas operações, os fraudadores criavam uma situação fictícia de venda, passando o crédito de licença para uma empresa fantasma ou irregular que extraiam madeira da Reserva Biológica do Gurupi e de terras indígenas situadas entre os Estados do Maranhão e Pará, como Awá, Caru, Alto Turiaçu e Alto Rio Guamá.

Com os resultados das investigações da Operação Nuvem Negra foram emitidos 50 mandatos judiciais, sendo 21 de prisão preventiva de suspeitos. Evaristo disse que ainda não é possível apontar quantas pessoas estavam envolvidas no esquema.

As outras ordens judiciais autorizam agentes da PF a fazer buscas e apreensões de documentos, equipamentos e produtos madeireiros.

Os policiais também receberam autorização para realizar sete conduções coercitivas de algumas pessoas que serão levadas para prestar esclarecimentos á Justiça sobre o esquema. A Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias e suspendeu atividades econômicas de vários suspeitos.

O Ibama bloqueou as atividades de mais de 200 empresas que seriam beneficiadas com este esquema e retirou os "créditos" de madeira das contas destas madeireiras.

Madeireiros da região de Centro do Guilherme, Governador Nunes Freire e Buriticupu, no Maranhão estão entre os suspeitos.

Fonte: Planeta Sustentável

Tombamento da Serra da Mantiqueira entra na pauta do Condephaat


FOTO: Montanhistas na travessia da Serra Fina, na região de Passa Quatro (MG), com as montanhas do Parque Nacional de Itatiaia ao fundo. Crédito: Herton Escobar/Estadão

 

A proposta de abertura de um processo para tombamento da Serra da Mantiqueira como patrimônio ambiental do Estado de São Paulo está próxima de ser votada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio  Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado. O tema foi colocado em pauta numa reunião de hoje (dia 7) do conselho, mas houve um pedido de vistas por parte da conselheira Matilde da Costa, representante da Secretaria do Meio Ambiente (SMA), que agora terá mais um mês para avaliar o projeto.

 

” (A conselheira) terá 30 dias para analisar o documento, que posteriormente voltará à pauta do Conselho para deliberação. Para a elaboração de seu voto, (ela) contará com o apoio de outros membros do conselho, nomeados durante a sessão e com diretrizes para reflexão”, informou o Condephaat. Os outros conselheiros que participação da avaliação são: José Pedro de Oliveira Costa; Sueli Ângelo Furlan; Carlos A. Mattei Faggin e Maria Cristina Mineiro Scatamacchia.

 

Uma lista completa dos conselheiros e suas instituições está disponível neste link: http://migre.me/iGtsK

 

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da SMA informou que: “O motivo do pedido de vistas é para analisar de maneira abrangente, junto com técnicos da Secretaria do Meio Ambiente e outros conselheiros, para saber se é o tombamento, do todo ou parte, o mais indicado para a conservação da Serra da Mantiqueira.”

 

A Serra da Mantiqueira é considerada pelo projeto Biota Fapesp como uma área prioritária para conservação, e foi recentemente apontada num estudo internacional — publicado em novembro de 2013 na revista Science (http://migre.me/iGu8s) — como um dos 78 locais (4 deles no Brasil) “insubstituíveis”, de maior importância para a preservação da biodiversidade global de mamíferos, aves e anfíbios. (Os outros três pontos no Brasil são: a Serra do Mar, também na Mata Atlântica do Sudeste; e o Vale de Javari e o Alto Rio Negro, na Amazônia.)

 

Além disso, a região é um dos principais destinos de ecoturismo de montanha no Estado de São Paulo e também no Brasil.

 

Uma petição online a favor do tombamento já arrecadou quase 5 mil assinaturas no site Avaaz, com o apoio de dignatários como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para mais informações sobre a proposta de tombamento, clique aqui: http://migre.me/iGubl

 

O tema será debatido nesta quarta-feira (dia 9) no Instituto de Estudos Avançados da USP, com a presença de Fabio Feldmann e José Goldemberg: http://migre.me/iGuiX

 

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo

Fonte: Estadão

Fundação O Boticário abre edital para projetos de conservação


                fundação

 

Financiar projetos que contribuam para a conservação da natureza em todas as regiões do Brasil é o objetivo da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Em 23 anos, essa instituição privada apoiou 1.377 iniciativas escolhidas ao longo de 58 editais. O atual foi aberto em dezembro de 2013 e ficará aberto para novas inscrições até o próximo 31 de março.

O valor total distribuído é de R$750 mil, dividido por, em média, 20 iniciativas selecionadas.

Apenas instituições sem fins lucrativo podem participar da iniciativa, como organizações não governamentais ou fundações ligadas a universidades. Os projetos devem estar alinhados aos compromissos brasileiros e internacionais de conservação da biodiversidade (Convenção da Diversidade Biológica da ONU e as Metas de Aichi) e se enquadrar em pelos menos uma das 4 linhas temáticas:

– Unidades de Conservação de Proteção Integral (continentais e marinhas) e RPPNs: criação, ampliação e execução de atividades prioritárias de seus Planos de Manejo.
– Espécies Ameaçadas: execução de ações prioritárias dos Planos de Ação Nacional (PAN) para espécies e ecossistemas e definição de status de ameaça.
– Ambientes Marinhos: estudos, ações e ferramentas para proteção e redução da pressão sobre a biodiversidade marinha.
– Políticas Públicas: implementação e fortalecimento de incentivos para conservação, instrumentos legais para fiscalização e proteção da biodiversidade, consolidação de áreas protegidas e parcerias para conservação. Essa temática é exclusiva para o Apoio a Programas.

O processo de seleção das propostas inscritas nos editais é feito por pareceres emitidos por 123 especialistas de todo o país, que atuam como consultores voluntários. A aprovação final é feita pelos membros do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário, que inclui profissionais de renome das áreas de conservação da natureza, direito ambiental, comunicação e gestão.
 
Para se inscrever, acesse a área de Editais no site. Em caso de dúvidas sobre o processo de submissão, os interessados podem entrar em contato pelo e-mail picn@fundacaogrupoboticario.org.br.

 

Fonte: O Eco