O resíduo se renova, enquanto o catador se desgasta


"O resíduo se renova, enquanto o catador se desgasta". Cargas de trabalho e desgaste da saúde física e mental. Entrevista especial com Tanyse Galon

“Na medida em que os catadores e catadoras buscam a sobrevivência por meio da coleta de recicláveis, dando uma característica de mercadoria ou produto vendável a algo que não tinha mais valor, eles vivenciam nesse processo várias cargas de trabalho e desgaste da saúde física e mental”, constata a enfermeira.

 

Foto: Portal EcoDebate

“Embora o trabalho dos catadores seja enaltecido pelas vantagens ambientais que proporciona, tal discurso fica apenas no campo da retórica, em especial nos discursos midiáticos e políticos”, adverte Tanyse Galon, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail.

 

Autora da tese de doutorado “Do lixo à mercadoria, do trabalho ao desgaste: estudo do processo de trabalho e suas implicações na saúde de catadores de materiais recicláveis”, a enfermeira analisa o outro lado do trabalho desenvolvido a partir da reciclagem, o qual, embora traga vantagens para o meio ambiente, causa um impacto direto na saúde dos catadores de resíduos recicláveis, especialmente daqueles que estão no mercado informal, já que “apenas 10% dos catadores no Brasil” atuam em cooperativas.

Na avaliação dela, “tais trabalhadores estão reduzindo gastos dos municípios com o gerenciamento dos resíduos sólidos, promovendo lucratividade às indústrias de reciclagem e reduzindo impacto ambiental desencadeado peloscomportamentos de desperdício da sociedade, sem serem de fato reconhecidos enquanto trabalhadores”. Enquanto isso, ressalta, “as ações concretas voltadas para a saúde dos trabalhadores informais ainda são defasadas”.

Entre os problemas constatados em sua pesquisa, Tanyse chama atenção para os riscos à saúde aos quais os catadores estão submetidos, desde implicações osteomusculares, por conta do peso carregado nos carrinhos de mão, acidentes de trabalho envolvendo materiais perfurocortantes, até o contato com “animais mortos, vidros, agulhas e seringas contaminadas presentes nos resíduos urbanos”. De acordo com ela, a situação é agravada “pelo fato de a sociedade não separar ou descartar corretamente tais materiais”. O “descuido no descarte dos resíduos”, frisa, aumenta a propensão de os catadores adquirirem “doenças graves, dentre elas as hepatites, o HIV e tétano”.

Tanyse Galon é bacharel em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – EERP/USP e doutora em Enfermagem pela USP. Atualmente é enfermeira no Hospital da USP / Ribeirão Preto. 

Confira a entrevista.

 

Foto: 
consumoepensamento.wordpress.com
 

IHU On-Line – Que considerações sua pesquisa “Do lixo à mercadoria, do trabalho ao desgaste: estudo do processo de trabalho e suas implicações na saúde de catadores de materiais recicláveis” faz acerca da saúde dos trabalhadores que trabalham com reciclagem?

 

Tanyse Galon – Como sintetiza o título do trabalho, os resultados da pesquisa mostraram que na medida em que os catadores e catadoras buscam a sobrevivência por meio da coleta de recicláveis, dando uma característica de mercadoria ou produto vendável a algo que não tinha mais valor (resíduos ou lixo), eles vivenciam nesse processo várias cargas de trabalho e desgaste da saúde física e mental. Ou seja, o resíduo se renova, enquanto o catador se desgasta. E, para entender a saúde dos trabalhadores, consideramos a importância de se compreender o entorno econômico, social, político e cultural que envolve nossa sociedade e que afeta o trabalho dos catadores, como, por exemplo, a cadeia produtiva da reciclagem, as políticas que envolvem o gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil, e a sociedade atual que se constitui como uma sociedade do consumismo e do desperdício, gerando exorbitantes produções de resíduos sem preocupações com as questões ambientais, sanitárias e sociais que tal comportamento pode gerar. Nesse sentido, a contradição se dá pelo fato de que os catadores estão desenvolvendo um papel do qual a sociedade e muitos municípios se isentam em participar ativamente, e ainda são desvalorizados por sua atividade promotora de preservação e renovação do meio ambiente.

IHU On-Line – Qual é o perfil dos catadores analisados na sua pesquisa? O que eles relatam sobre o processo de trabalho e que avaliações fazem desse processo?

Tanyse Galon – Na pesquisa que desenvolvemos, de abordagem qualitativa, foram entrevistados 23 catadores de materiais recicláveis de rua autônomos da cidade de Ribeirão Preto – SP, cujo perfil geral (dados sociodemográficos e ocupacionais) muito se assemelhou ao de outras pesquisas desenvolvidas no país, tanto de abordagem quantitativa quanto qualitativa. Grande parte dos catadores é composta de homens e mulheres adultos jovens, embora haja a presença de idosos atuando na atividade para complementar a renda da aposentadoria; pessoas com dependentes financeiros, sustentando suas famílias com a reciclagem; homens e mulheres oriundos de outras regiões, mostrando uma relação entre migração e trabalho informal; vários deles com imóvel alugado, o que aumenta as dificuldades financeiras; maioria com ensino fundamental incompleto, situação que dificulta a inserção no mercado formal de trabalho; histórico laboral de atividades pouco valorizadas (construção civil, trabalho doméstico); necessidade de conciliar a reciclagem com outras atividades laborais, considerando a renda com os recicláveis insuficiente; e por fim, a realização de um trabalho com horários flexíveis e com renda mensal muito variável, a depender da quantidade e qualidade dos materiais recicláveis coletados, além das oscilações de preço das empresas compradoras desses materiais.

IHU On-Line – A quais problemas de saúde eles estão expostos por conta das especificidades do tipo de trabalho que desenvolvem?

Tanyse Galon – Os problemas de saúde enfrentados pelos catadores em decorrência do seu contexto de trabalho são amplos, sendo que nosso estudo destacou: os problemas osteomusculares (dor na coluna e membros inferiores, câimbras, etc.) pelo peso carregado, deficiência de instrumentos laborais adequados e as longas distâncias percorridas em busca dos recicláveis; acidentes de trabalho envolvendo materiais perfurocortantes, picadas de animais peçonhentos (escorpião, etc.) e risco de atropelamento pelo trabalho nas ruas, com quedas e contusões; por fim, a ansiedade e o estresse, em decorrência da instabilidade da renda, do trabalho sem horário regular e delimitado, das vivências no trânsito com seus “carrinhos de mão”, e principalmente devido ao preconceito e desvalorização que sofrem, referindo que são comumente vistos como pessoas de má índole e não como trabalhadores de fato.

"Um dos catadores referiu transportar em torno de 980 kg por percurso de coleta, visto que, quanto mais material for encontrado, maior a renda adquirida"

IHU On-Line – Você menciona que os catadores de materiais recicláveis enfrentam cargas de trabalho biológicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas. Pode explicar cada uma delas?

Tanyse Galon – Dentro do referencial teórico que adotamos em nossa pesquisa, entende-se que as cargas de trabalho, geradas no interior do processo de trabalho (ou cotidiano laboral), são os elementos ali presentes que vão gerar desgaste da saúde dos trabalhadores, potencial ou estabelecido. Dentro das cargas de trabalho que os catadores enfrentam, destacamos:

1. Biológicas: contato com animais mortos, vidros, agulhas e seringas contaminadas presentes nos resíduos urbanos, situação que, segundo os trabalhadores, é agravada pelo fato de a sociedade não separar ou descartar corretamente tais materiais;

2. Mecânicas: risco de atropelamento no trânsito, sendo que os trabalhadores referiram que sua presença nas ruas com seus carrinhos carregados de recicláveis são vistos pelos demais como entraves ao funcionamento do tráfego, aumentando os riscos de queda e contusões graves;

3. Fisiológicas: o esforço físico pesado por carregarem grandes quantidades de materiais por longas distâncias. Um dos catadores referiu transportar em torno de 980 kg por percurso de coleta, visto que, quanto mais material for encontrado, maior a renda adquirida (renda por produção);

4. Psíquicas: preconceito e desvalorização que sofrem em seu cotidiano laboral, destacando que este foi o tema mais demandado pelos catadores dentre todos os demais. Os trabalhadores referiram que sua invisibilidade é comum, sendo que muitas pessoas “fecham os vidros do carro” ou “passam de longe”, evitando a presença dos catadores. Todo este quadro de cargas laborais é agravado pela falta de recursos de proteção, reconhecimento e valorização do trabalho que desenvolvem, ficando o catador sozinho em seu cotidiano laboral.

IHU On-Line – A que tipo de materiais os catadores ficam expostos e quais os riscos do contato com esses materiais à saúde?

Tanyse Galon – Relatos de exposição a vidros, agulhas e seringas, e até fetos humanos presentes nos resíduos urbanos mostram que ainda há um descuido no descarte dos resíduos e uma elevada propensão entre os catadores de adquirir doenças graves, dentre elas as hepatites, o HIV, tétano, entre outras. Tal situação mostra que o trabalho dos catadores nas ruas ainda apresenta-se muito precarizado, visto que os mesmos constantemente abrem sacos de lixo, desprovidos de luvas ou máscaras, sem saber ao certo o que encontrarão. Nesse sentido, muitos deles buscam fornecedores fixos de materiais recicláveis em lojas, supermercados, empresas, etc., com o objetivo de evitar o contato com tais materiais perigosos à saúde.

"Vidros, agulhas, seringas e até fetos humanos, mostram o descuido no descarte dos resíduos"

 

 

 

IHU On-Line – Como os problemas de saúde aos quais os trabalhadores são expostos são abordados na área de saúde no país atualmente?

Tanyse Galon – A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem reconhecido a necessidade de ações de saúde voltadas também para as categorias laborais inseridas na informalidade, especialmente aquelas em condição altamente excluída, como é o caso dos catadores. Entretanto, observamos que as ações concretas voltadas para a saúde dos trabalhadores informais ainda são defasadas. Autores que investigam o mundo do trabalho têm apontado a heterogeneidade e complexidade do mundo laboral, que envolve a existência das diversas formas de trabalho flexível, dentre elas os subcontratados e os terceirizados, condições que afastam os trabalhadores dos direitos à saúde no trabalho e o descumprimento ou defasagem de leis trabalhistas que os protejam.

Entre os catadores entrevistados em nossa pesquisa, houve relatos de falta de recursos financeiros para adquirir equipamentos de proteção individual, além do fato de que buscam atendimento em serviços de saúde apenas quando consideram grave a sua condição. Alguns deles referiram que quando sofrem acidentes de trabalho, comumente prosseguem na coleta de recicláveis, trabalhando apesar de doentes, visto que não há garantia de renda ou afastamento remunerado por problema de saúde. Nesse sentido, muito deve ser feito pelos trabalhadores informais.

IHU On-Line – Existe alguma discussão nos hospitais sobre o desenvolvimento do trabalho de reciclagem de materiais usados nos próprios hospitais? Como o processo de reciclagem e implicações à saúde dos trabalhadores que são responsáveis pela reciclagem são abordados nos hospitais?

Tanyse Galon – Uma das exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos é que os estabelecimentos (empresas, indústrias, etc.) e as residências realizem a segregação dos resíduos (separando os materiais recicláveis), o que inclui os serviços de saúde. Os poderes locais (municípios) devem realizar todo o sistema de coleta seletiva, com centros de triagem e meios de transporte para coleta desses materiais recicláveis separados na fonte, levando-os para cooperativas de reciclagem, com a atuação prioritária dos catadores de materiais recicláveis, que devem ser incluídos nesse processo. Vários hospitais no país têm grupos internos voltados para essa questão, treinando as equipes a separarem os materiais recicláveis dos materiais perigosos à saúde e fazendo a destinação adequada.

Entretanto, os catadores ainda referem encontrar resíduos hospitalares nos sacos de lixo comum nas ruas, expondo-os a riscos importantes à saúde, o que evidencia a necessidade de maior investimento e conscientização tanto dos produtores de resíduos (sociedade), quanto dos serviços de saúde, que precisam aplicar de fato as políticas de gerenciamento dos resíduos produzidos.

IHU On-Line – Como se dá a improvisação dos instrumentos de trabalho entre os catadores?

Tanyse Galon – Por estarem inseridos em um trabalho informal e por apresentarem, em sua maioria, dificuldades socioeconômicas, os catadores comumente improvisam seus instrumentos de trabalho com materiais retirados dos próprios resíduos. Para formarem seus carrinhos de mão, eles utilizam peças de geladeira, grades, tábuas, barras de ferro, cabos de vassoura, bags (sacos grandes), tudo com o intuito de elaborarem tais veículos para transporte dos materiais, adaptando-os na medida em que as dificuldades e necessidades vão surgindo. O que ocorre é que muitos desses instrumentos não estão adequados à corporalidade e funcionalidade dos trabalhadores, o que gera inadaptações de ordem ergonômica, levando-os a problemas osteomusculares. Visando superar tais circunstâncias, muitos deles, na medida em que vão angariando maior renda, buscam adquirir veículos motorizados (peruas) ou de tração animal, com o intuito de reduzir a carga de trabalho e aumentar a renda adquirida. Porém, até chegarem nessa possibilidade, muitos deles já desenvolveram problemas de saúde.

 

 

 

 

 

 

"Os catadores comumente improvisam seus instrumentos de trabalho com materiais retirados dos próprios resíduos"

IHU On-Line – Diante das implicações à saúde e da condição de trabalho dos trabalhadores, que alternativas sugere em relação a esse tipo de trabalho, que hoje é de certo modo enaltecido pelas vantagens que traz ao meio ambiente?

Tanyse Galon – O que nos despertou a atenção durante o desenvolvimento da pesquisa foi o fato de que, embora otrabalho dos catadores seja enaltecido pelas vantagens ambientais que proporciona, tal discurso fica apenas no campo da retórica, em especial nos discursos midiáticos e políticos. Ainda falta muito a avançar em termos concretos. Os catadores, especialmente os que trabalham de forma autônoma nas ruas, ainda nos relatam que estão desprovidos de recursos laborais, de proteção à sua saúde e de uma renda digna e condizente com o benefício que promovem.

Tais trabalhadores estão reduzindo gastos dos municípios com o gerenciamento dos resíduos sólidos, promovendo lucratividade às indústrias de reciclagem e reduzindo impacto ambiental desencadeado pelos comportamentos de desperdício da sociedade, sem serem de fato reconhecidos enquanto trabalhadores. É claro que não podemos desconsiderar os ganhos que o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR até aqui conquistou, resultando no reconhecimento da profissão na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO e na criação de cooperativas de reciclagem ao redor do país, com melhores condições de trabalho e renda. Entretanto, apenas 10% dos catadores no Brasil atuam nessas cooperativas, sendo que muitas delas ainda apresentam falta de recursos para um funcionamento adequado. Nesse sentido, a mobilização dos municípios no cumprimento das políticas, considerando a inclusão socioeconômica dos catadores, e a atuação da sociedade no reconhecimento e valorização desses trabalhadores são questões importantes a serem desenvolvidas não apenas enquanto pauta de discussão, mas também resultando em ações concretas e transformadoras da realidade dos catadores.

Fonte: IHU

Por Patrícia Fachin

#AcontecenoTO – Fim de lixão em Porto Nacional


Na penúltima semana do mês de julho, a prefeitura de Porto Nacional/TO  já começou a trabalhar para cumprir o Plano de Encerramento do Lixão do município. A área do lixão já está praticamente toda limpa e já começaram a escavação das valas a serem construídas.

 

Foto antes da limpeza do lixão de Porto Nacional – Foto de Juliana Ribeiro

Foto antes da limpeza do lixão de Porto Nacional – Foto de Juliana Ribeiro

Foto depois da limpeza do lixão de Porto Nacional – Foto de Juliana Ribeiro

Foto depois da limpeza do lixão de Porto Nacional – Foto de Juliana Ribeiro

Conforme Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em vigor desde 2010, o Brasil não deveria mais ter lixões em funcionamento a partir de 3 de agosto de 2014, porém a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) já pediu ao governo a prorrogação do prazo de encerramento das atividades dos lixões, alegando que as cidades não tiveram tempo, nem receita suficiente para a construção de aterros.
Segundo a página de O Globo foi realizada uma consulta feita pela CNM que envolveu 2.485 cidades das 5.490 com até 300 mil habitantes e mostrou que 768 ainda depositam os resíduos sólidos em lixões, a maioria nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Por outro lado a Prefeitura de Porto Nacional, pensando na rápida regularização da área, contratou uma empresa especializada em resíduos, a empresa SOLTENGE Norte, para operar no encerramento do lixão e pensa ainda em formar parceria com municípios vizinhos que não possuem verba para construção de aterros.
No momento não se sabe ao certo se o prazo vai ser prorrogado ou não, mas as penas previstas pelo não cumprimento da Lei são de R$ 5 mil a R$ 50 milhões, dependendo da gravidade da falta, além de um a quatro anos de reclusão para os administradores municipais.

-Fonte: vivoverde 

Curso – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos


                        

Sobre o curso: Durante os dias 18, 19 e 20 de abril de 2014 será realizado o Curso – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: Urbanos e de Serviços de Saúde. As aulas acontecerão no auditório do Hotel Mangabeiras, em Várzea Grande – MT

Objetivo: Apresentar ao aluno os tipos de resíduos sólidos, assim como, sua classificação, as etapas do gerenciamento e tecnologias de tratamento e/ou disposição final para os resíduos sólidos urbanos e de serviços de saúde, o conteúdo dos planos e gestão da informação para monitoramento e operacionalização dos planos

Público alvo: Profissionais de nível superior, acadêmicos de gradação, pós-graduação e nível técnico atuantes na área de meio ambiente ou interessado/trabalhadores do setor público ou privado em atuar na área de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: Urbanos e de serviços de saúde

Carga horária: 30 horas

Inscrições: As inscrições devem ser realizadas através do website oficial do curso

 

Fonte: AgroEvento

Enquete EcoD: Dinheiro das multas aos “sujões” deveria ir para educação ambiental


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Para a maioria (64.44%), o dinheiro das multas deveria ir para educação ambiental
Foto: Tânia Rego/ABr

O EcoD perguntou aos internautas, na primeira semana de abril, para onde deveria ir o dinheiro das multas aos "sujões" das cidades, levando-se em conta que municípios como Rio de Janeiro, Teresina e Porto Alegre já possuem legislação que pune as pessoas que jogam lixo nas ruas.

Para a maioria (64,44%), o dinheiro das multas deveria ir para educação ambiental.

Já 22,22% dos internautas não concordam com esse tipo de multa.

Outros 13,33% desejariam ver esses recursos empregados na instalação de lixeiras.

Para esta nova semana que começa, o EcoD quer saber de você:

Qual área deverá ser mais afetada pelas mudanças climáticas nos próximos anos?

  • Acesso à água;
  • Segurança alimentar;
  • Migrações forçadas;
  • Poluição.

Você já pode votar na nova enquete, que está fixada na home (parte principal) do EcoD.

 

Fonte: EcoDesenvolvimento

Ilhas de compostagens em NY para melhorar a gestão do lixo


 

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O que fazer com a montanha de lixo que as grandes cidades produzem todos os dias? Enquanto o consumo não diminui, tem gente que fica matutando para encontrar boas soluções. É o caso da equipe de arquitetos da Present Architeture, de Nova York, que criou um projeto genial – The Green Loop* -, que reúne dez ilhas de compostagens espalhadas pela cidade.

 

Todos os anos o município produz aproximadamente 14 milhões de toneladas de lixo, cerca de 30% é orgânico. Esse detrito todo demanda U$ 300 mil para ser encaminhado ao destino adequado – fora do estado!!– além do prejuízo ambiental, que vai de emissões de gases de efeito estufa a grandes depósitos de resíduos que só crescem.

 

O The Green Loop deverá ser construído no Rio Hudson e contempla horta comunitária e vasta área verde para uso de moradores e turistas. A compostagem aconteceria embaixo do espaço de convivência. Para dar conta da quantidade de lixo orgânico produzido na cidade, seriam necessárias dez ilhas.

 

É um projeto bastante inovador que, pelo que parece, ajudaria a melhorar a gestão do lixo de Nova York e seria um grande apoio para as iniciativas lançadas pela gestão do antigo prefeito, Michael Bloomberg. Ele planejava implementar serviços de compostagem na cidade e chegou a lançar programa-teste antes de sair.

 

No distrito de Staten Island, 3,5 mil famílias se voluntariaram para participar desse programa, que já deu bons resultados e permite estimativa animadora: que 100 mil toneladas diárias seriam poupadas, caso a medida fosse ampliada para a cidade inteira.

 

Não se sabe se o programa será continuado pelo novo chefe da administração municipal, Bill de Blasio. Quem sabe ele se inspira no The Green Loop para promover uma cidade ainda mais sustentável.

 

Veja mais imagens do projeto, abaixo:the-green-loop-ilhas-compostagens-em-NY-para-melhor-gestao-lixo_02
Moradores em mutirão para cuidar da horta comunitária do The Green Loop

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Trabalhadores responsáveis pela compostagem da cidade, na parte de baixo de cada ilha

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O projeto contempla vasta área verde que seria bem aproveitada por moradores e turistas

 

Fonte: Planeta Sustentável

Expocatadores 2013


Resíduos sólidos, vulgarmente conhecido como lixo, vem ganhando cada vez mais destaque, não apenas no Brasil, mas mundo a fora, e não é por menos. Não sabemos cuidar nem tratar do nosso lixo da forma correta e cada vez mais, produzimos mais sem ter locais adequados para o tratamento e mais pessoas capacitadas, organizadas e com salários juntos.

A Feira de Negócios da Expocatadores é mais do que uma feira, é um ambiente de negócios, onde empresas apresentam máquinas e equipamentos com as últimas tendências e tecnologias ambientais para a gestão eficiente de resíduos sólidos.

Um espaço exclusivo para a demostração de um modelo solidário de trabalho, baseado na sustentabilidade econômica, social e ambiental. Aqui, governo, empresas e cidadãos se conscientizam da importância da coleta seletiva, da reciclagem e da educação ambiental.

Início: 18/12/2013
Fim: 20/12/2013

Horário: 8:00 às 20:00

Aliando tecnologia a meio ambiente, aplicativo permite denúncias de lixões clandestinos


O Lixarada é um app que permite a ação da população quanto às denúncias de depósitos irregulares de lixo em todo o Brasil

 

Os lixões a céu aberto e em terrenos baldios são tidos como crime ambiental e devem ser coibidos pelas prefeituras. Somando estes fatos à lei 12.305, que, entre outras coisas, tem como meta a desativação de todos os lixões do país até agosto deste ano, a WiseWaste – empresa de desenvolvimento de aplicações de resíduos em matéria prima de valor – desenvolveu o aplicativo Lixarada, que permite a denúncia de lixões clandestinos em todo o Brasil.

 

Disponível para iPhone, o usuário faz o download do aplicativo e preenche o cadastro para criar uma conta; para efetuar a denúncia basta tirar uma foto do lixão, selecionar a categoria do resíduo, o tamanho do depósito, faz uma descrição simples e envia.

 

A delação tem sistema de geolocalização (local exato onde você se encontra através de seu IP) e pose der anônima, caso da vontade do delator.

A WiseWaste compila as reclamações em um relatório e manda para as prefeituras ou subprefeituras. “O aplicativo consegue envolver a população e o poder público na solução desse problema que ainda é comum nas cidades em todo o Brasil”, afirma o CEO da WiseWaste, Guilherme Brammer. Atualmente o Lixarada está disponível apenas para sistema iOs e tem previsão de lançamento para Android em 2014.

WiseWaste

A empresa está presente no Brasil desde 2012, trabalhando para desenvolver soluções customizadas para resíduos diversos, de simples reciclagem ou não, fazendo desse material uma possibilidade real de negócios para os clientes (empresas, associações, segmentos).

Lei 12.305

A lei, de 2 de agosto de 2010, diz que todo o lixo do país deve ser encaminhado para aterros sanitários. Porém, apenas o estado de Santa Catarina conseguiu eliminar 100% dos lixões clandestinos que existiam.

Fonte: Portais WiseWaste e iTunes, e Assessoria de Imprensa.

 

Publicado em: Consumidor Consciente

Gestão do lixo ainda é um desafio na maioria dos Estados brasileiros


Menos da metade dos governos têm programas de coleta seletiva e reciclagem, alerta IBGE

 

Daniel Haidar
        Catadores trabalham em lixão na periferia de Brasília, no Distrito Federal

     Catadores trabalham em lixão na periferia de Brasília, no Distrito Federal (Christian Tragni/Folhapress)

 

Lidar com o lixo e estimular práticas sustentáveis ainda é um desafio para os governos estaduais no Brasil. A pesquisa Perfil dos Estados Brasileiros-Estadic 2013, divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mapeou as ações de meio ambiente em curso nas unidades da federação ao longo de 2013, e encontrou, na maior parte dos Estados, limitações nesses quesitos. A maior parte dos programas e ações diz respeito a gestão de recursos florestais e hídricos, enquanto práticas de gestão de resíduos têm alcance limitado.

 

       

        

        

        

 

A área ambiental recebe em média 2,24% dos orçamentos nos Estados. A maioria das unidades da federação têm ações dedicadas à preservação da biodiversidade, monitoramento de mudanças climáticas e qualidade do ar e controle de recursos florestais. Menos de metade dos governos (44,4%), no entanto, têm programas de coleta seletiva de lixo e ações de logística reversa para reciclagem (37%).

 

A pesquisa destaca a necessidade de ampliação de ações nesse sentido com o término do prazo determinado pela regulamentação da Polícia Nacional de Resíduos Sólidos. De acordo com a Lei 12.305, até 2015 o país deve atingir índice de reciclagem de 20% do total de resíduos.

 

As sacolas plásticas – atualmente consideradas vilãs do meio ambiente por poluírem solo e águas – ainda são usadas livremente em grande parte do território nacional. Só em um quarto dos Estados (25,9%) há programas para redução do uso desses materiais nos supermercados e no comércio.

 

Poucos governos (37%) conhecem suas fontes de produção de gases estufa – só dez unidades realizaram inventário de emissões até 2013, segundo o IBGE. Vinte e dois Estados tinham no ano passado políticas de gestão de recursos hídricos; em 18 unidades da federação havia gestão de aquíferos.

 

Fonte: Veja

Manual prático sobre como descartar embalagens para a reciclagem


Depois de tantas manifestações de leitores relacionadas ao post publicado na semana passada cabe aqui retomar o tema. Antes de tudo, é muito bom ver como as pessoas estão cada vez mais interessadas e dispostas a discutir as questões que dizem respeito ao destino do lixo e à reciclagem.

                

 

O assunto incomoda, é polêmico, suscita o debate, que deve se desenvolver sem xiitismo. Afinal, a sustentabilidade é – e, acredito, nunca deixará de ser – uma questão em aberto para novas e mais aperfeiçoadas atitudes cotidianas. Não existem respostas prontas, nem fáceis, como afirmou o especialista em resíduos sólidos Sandro Mancini, professor do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual Paulista (Unesp), aqui entrevistado na semana passada.

 

Para tudo na vida, entretanto, deve existir bom senso. E o bom senso diz que não se deve descartar embalagens com excesso de alimentos. Incabível pensar em despejar na lata de lixo um pote de maionese com metade do conteúdo dentro.

 

Por outro lado, também não é nada aconselhável lavá-las com água e sabão como se fizessem parte da louça da cozinha, medida adotada por alguns leitores e revelada em seus depoimentos neste blog. Especialmente nestes tempos bicudos em que a água potável é cada vez mais rara e preciosa.

 

Publico aqui algumas práticas razoáveis que vários leitores deixaram em seus comentários e que assino embaixo:

 

– Tirar o excesso de restos de alimentos com o guardanapo de papel usado antes de descartar as embalagens;

– Colocar um mínimo de água nas embalagens de leite ou iogurte, chacoalhar um pouco e despejar o conteúdo nos vasos de plantas;

– Colocar as embalagens dentro do tanque e despejar a água já utilizada na máquina de lavar roupas para enxaguar as embalagens;

– Durante a lavagem da louça tampar a pia da cozinha e mergulhar as embalagens para lavá-las com a água do enxágüe;

– Lavar as embalagens com a água do cozimento de legumes;

– Colocar bacias debaixo das calhas para captar água da chuva e com ela retirar o excesso de resíduos das embalagens.

 

Uma sugestão do professor Sandro Mancini: embalagens com tampa, como latas de leite em pó, café solúvel, achocolatados em pó, potes de azeitonas, entre outras, devem ser descartadas devidamente fechadas para evitar contaminações.

 

E mais uma vez, como já foi informado no post anterior pelo professor Mancini: pergunte aos catadores do seu bairro qual nível de limpeza eles consideram suficiente para que possam manipular as embalagens sem riscos à saúde deles e dos trabalhadores das cooperativas de reciclagem.

 

Aproveite para ser simpático e atencioso com os catadores. São eles que ajudam a limpar a sua cidade.

 

Alguém tem mais alguma dica?

 

Fonte: Planeta Sustentável

As emissões que vêm das nossas latas de lixo


"Das 27 capitais brasileiras 16 têm aterros. Mas o próprio Distrito Federal mantém há décadas em área nobre, a 15 quilômetros do Palácio do Planalto, o chamado 'lixão da Via Estrutural', que ocupa 174 hectares, onde trabalham 2,5 mil catadores de resíduos", escreve Washington Novaes, jornalista, em artigo, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, 21-08-2015.

Segundo ele, "nem seria o caso de falar do desperdício de recursos que estão no lixo. Nem na inacreditável perda de alimentos jogados fora. A ONU assegura que um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados – quando 800 milhões de pessoas passam fome. Nos Estados Unidos, 34 milhões de toneladas de comida são jogadas no lixo todo ano. É estarrecedor".

Eis o artigo.

A divulgação de relatórios sobre emissões de gases do efeito estufa pelo ICLEI (Local Governments for Sustainability)- SEEG tem permitido análises importantes para o País nos setores de energia e uso de produtos, agropecuária e resíduos. São análises que podem orientar rumos que o Brasil precisa seguir em suas atividades, para reduzir seu indesejável papel de um dos maiores produtores no mundo de metano, óxido nitroso e dióxido de carbono – segundo o Banco Mundial, em três décadas nossas emissões cresceram três vezes acima do crescimento da população.

São conhecimentos decisivos nestes tempos de graves problemas. Só a agropecuária global responde por 10% a 12% das emissões – embora a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO-ONU) avalie que essa participação pode aumentar muito, com o crescimento da demanda por alimentos (mais 15% a 40%), nas próximas décadas. E o Brasil é o segundo maior emissor na agropecuária, com 1,56 bilhão de toneladas anuais de dióxido de carbono, número que pode dobrar se incluídas as emissões por desmatamento e uso de combustíveis fósseis no setor.

O setor de energia teve a maior taxa média de crescimento anual entre 1990 e 2013. E a área de resíduos, que inclui a disposição no solo e incineração, bem como o tratamento de efluentes domésticos e industriais, em 2013 emitiu 48,73 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Materiais orgânicos em aterros e lixões intensificam a ação de bactérias, a decomposição e a geração de metano – da mesma forma que os esgotos domésticos, com alto teor de matéria orgânica, e os efluentes industriais, com seu conteúdo orgânico em muitos produtos, entre eles cervejas, leite cru, papel, etc.

É preciso dar atenção especial ao setor de resíduos, que merece poucas análises quando se trata de emissões e clima, embora já responda por 3,11% do total de emissões. O crescimento médio das emissões entre 1970 e 2013 foi de 2,66% ao ano, mais acentuado a partir de 1989, com pico de 6,22%. Nas emissões por Estados, o crescimento médio foi maior em São Paulo (19,25%), Minas Gerais (9,39%), Paraná (7,68%), Rio Grande do Sul (7,12%) e Rio de Janeiro (6,54%).

No Brasil, a produção diária de resíduos chega a 1,06 quilo por pessoa – ou seja, mais de 200 mil toneladas diárias. E somos o quinto maior gerador de resíduos. Mas, segundo a Confederação Nacional de Municípios, apenas nove cidades concluíram no prazo a primeira fase da eliminação de lixões, obrigatória pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Metade dos 2.400 municípios consultados nem sequer planos tinha – e eles eram obrigatórios para pleitear recursos federais.

Há quem estime em R$ 70 bilhões os recursos necessários para dar fim aos lixões. Mas como se fará se o Ministério das Cidades, a maior fonte provável deles, foi um dos que mais corte sofreu na recente revisão do Orçamento da União, mais de R$ 17, 23 bilhões?

Ainda a Confederação Nacional de Municípios calculou no ano passado que 61,4% dos municípios consultados tenham enviado resíduos para aterro; os restantes, para lixões. Das 27 capitais brasileiras 16 têm aterros. Mas o próprio Distrito Federal mantém há décadas em área nobre, a 15 quilômetros do Palácio do Planalto, o chamado “lixão da Via Estrutural”, que ocupa 174 hectares, onde trabalham 2,5 mil catadores de resíduos e é o maior depósito de lixo a céu aberto no País. O autor destas linhas – como já foi relatado aqui – teve uma experiência pessoal no início da década de 1990: quando, secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, fez um plano diretor para o lixo deBrasília, que previa a eliminação do depósito da Via Estrutural, a destinação de todos os resíduos para um aterro e uma usina de reciclagem adequados. A oposição foi brutal, de vários setores, e impediu a concretização.

Entre 50% e 55% do lixo urbano produzido no Brasil são resíduos orgânicos, que podem ser compostados e transformados em adubo para várias áreas – não a de alimentos, por causa de resíduos de metais pesados. Seria um ganho enorme, porque hoje a maior ocupação de áreas de aterros é com o lixo orgânico e a compostagem é mínima.

Plásticos respondem por 13,5% do total do lixo; papel, papelão e tetrapak por 13,1%; vidro por 2,4%; metais por 2,9%; e outros resíduos por 16,7%. Junto com o lixo orgânico, parcelas importantes desses outros resíduos poderiam ser reduzidas em mais de 50% – segundo a associação das empresas do setor. E isso significaria liberar parte importante dos aterros, já que, somando aos orgânicos, são 83%. Ainda é preciso lembrar que poderá haver aumento no lixo com o final, em 2018, da televisão analógica, que implicará alto descarte – embora a legislação preveja destinação especial para esse tipo de resíduo.

Infelizmente, o tema do lixo ocupa lugar desprezível – quando ocupa – nas áreas administrativa e política. Estados e municípios acham que cabe ao governo federal fornecer-lhes recursos e não os conseguem, em geral, quando pleiteiam. Não querem cobrar dos cidadãos, que rejeitam uma nova taxação – como aconteceu na cidade de São Paulo, onde foi criada e abolida depois de pouco tempo. Os cidadãos acham que já pagam pelos trabalhos com o lixo, quando fora daqui o que se vê é que só foram encaminhadas soluções nos países que criaram uma taxa proporcional a todo o lixo gerado, nas residências, no comércio, nas indústrias, em toda parte. Mas nossos administradores temem perder a aprovação e votos se enveredarem por aí.

Nem seria o caso de falar do desperdício de recursos que estão no lixo. Nem na inacreditável perda de alimentos jogados fora. A ONU assegura que um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados – quando 800 milhões de pessoas passam fome. Nos Estados Unidos, 34 milhões de toneladas de comida são jogadas no lixo todo ano. É estarrecedor.

Fonte: IHU