Não basta só a embalagem ser sustentável, a estratégia também precisa ser


Pode até parecer incompreensível a ideia de ser sustentável individualmente, mas com pequenas atitudes ao longo do dia-a-dia, transforma-se em uma legião de formiguinhas que juntas podem mudar o mundo e a humanidade

 

   

Hoje em dia o tema sustentabilidade pode ser observado em todos os lugares: na televisão, nos jornais, nos anúncios, nos desenhos animados, nos filmes, nas camisetas, nas marcas das empresas, entre tantos outros lugares. Nas mídias sociais e redes, por exemplo, vemos muitos “posts” com animais sofrendo e com tema social de todo o mundo. 
 
Ainda constata-se que a maioria dos bancos brasileiros torna-se mais verdes, assim como grande parte das empresas de cosméticos avaliando seus fornecedores com base nesse parâmetro. A indústria automobilística e a logística pensam na emissão de CO2, as indústrias eletroeletrônicas desenvolvem a reciclagem, as empresas extratoras de minérios e derivados da natureza estudam seu legado na região, enfim, diversas ações estão sendo feitas em busca de um objetivo maior e comum.
 
Com este conceito sendo colocado diariamente em pauta, existe a questão da complexidade do tema e como as empresas inserem a sustentabilidade nas suas atividades e processos, produtos e embalagens.
 
Na pesquisa “Comunicação e sustentabilidade: O que a sua organização pensa e faz nesta área?” realizada com as 25 grandes empresas do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), 90% comentou que possui a sustentabilidade incorporada na estratégia de negócios. Já de acordo com pesquisa divulgada pela Accenture e United Nations Global Compact, 93% dos 776 CEOs entrevistados acham que a sustentabilidade será fundamental para o futuro das empresas. 
 
Entretanto, a questão colocada é exatamente o que se entende por colocar a sustentabilidade na estratégia de negócios da empresa? Com certeza não é somente ter uma embalagem reciclável ou com partes recicladas, mas sim um programa ou alguns processos de desenvolvimento sustentável em sinergia com os seus produtos, embalagens e serviços. Não estamos considerando somente a bela frase de missão, visão, valores e objetivos da organização, e sim de quais produtos e serviços vêm o faturamento e lucro destas empresas. 
 
E quando a empresa, no Brasil, faz um contrato social e posteriormente define quais serão as formas de faturamento e lucratividade, isto passará necessariamente por um produto ou um serviço à sociedade como um todo. Dessa forma, seja este produto ou serviço qual for, na sequência haverá a sua produção em massa, distribuição, venda e coleta (take back and recycling), e é justamente nestes pontos processuais que elas devem se adequar a normas, regras, legislações, certificações etc. 
 
Diante disso, a questão da inserção da sustentabilidade na estratégia e nos negócios da empresa está sendo bastante discutida, e implementada em parte das corporações brasileiras, porém não na sua maioria nem de forma orgânica, e isso se agrava ao considerarmos também as pequenas e médias empresas. 
Sendo assim as embalagens, produtos e serviços mais sustentáveis, somados aos processos, práticas, ações, indicadores e planos têm que estar intimamente ligados à estratégia das empresas. Isso realmente é inserir a sustentabilidade na estratégia de negócios, não somente uma maquiagem verde nos produtos e serviços.
 
Agora estas oportunidades estão mais próximas do Brasil, pois sua situação econômica e social está cada vez melhor e todos os focos de investimentos se voltam também para este país dos mercados emergentes. Temos que mostrar o poderio criativo e inovador das empresas locais buscando uma real transformação cultural, social e focado no desenvolvimento sustentável.
 

Licença social, a permissão que funciona


Texto por Marco Fujihara*

 

Todo mundo concorda que a sustentabilidade é um fator estratégico para os negócios de qualquer empresa que pretenda ser bem sucedida e aceita pela comunidade em que atua. Mas entre o discurso e a prática ainda há um longo caminho a ser percorrido quando se trata de sustentabilidade empresarial. Basta ver com que frequência aparece no noticiário atritos/problemas envolvendo empreendimentos e comunidades por causa do impacto ambiental e social provocado por grandes obras e projetos.

 

Comete um erro que pode custar muito a empresa que acha que a licença ambiental é o documento que livrará o empreendimento de todos os problemas, riscos e dificuldades. A licença ambiental é um documento legal obrigatório para liberar a obra. Sem a licença social para operar (Social License to Operate, SLO, em inglês) – permissão da sociedade para instalação e funcionamento do projeto – aumentam os riscos do negócio, o que pode atrasar e onerar – e muito – o custo total da obra. Isso sem mencionar os danos à imagem da empresa que o noticiário negativo pode trazer.

 

Trata-se de uma ferramenta de gestão informal e dinâmica, sensível às mudanças de percepção em relação à empresa e ao projeto e suscetível a influências externas e, por isso, requer acompanhamento e diálogo constante. Ela se baseia no engajamento das partes envolvidas, permitindo acompanhar o risco sócio-político da empresa, bem como desenvolver melhores práticas. Longe de ser um simples documentou ou papel, a licença social para operar é conquistada a partir da construção da relação da empresa com a comunidade onde está inserida. A ausência de legitimidade leva à rejeição de um projeto. Consequentemente a um custo adicional não previsto.

 

Na sociedade de hoje há a necessidade não apenas de conquistar, mas manter o apoio das pessoas que vivem e trabalham próximo ou na área de influência de um determinado projeto.

 

Sem a licença social para operar uma empresa pode ser pressionada pela comunidade a encerrar suas atividades ou então ter uma exposição negativa tão intensa que pode espantar investimentos privados em futuras ampliações ou mesmo em negócios correlatos.

 

Em determinadas atividades em que os potenciais danos ao meio ambiente são mais “visíveis”, como mineração, petrolíferas, hidrelétricas e estradas, fábricas de celulose – só para ficar nas atividades consideradas de maior risco -, a licença social é determinante para o futuro do negócio. A confiança é a base em que se alicerça até mesmo o acesso a recursos de longo prazo. Transparência e responsabilidade nas ações com a comunidade são essenciais para a empresa ganhar essa confiança.

 

Geralmente a licença social é concedida tacitamente para uma planta específica. Claro que projetos com impactos sociais, econômicos e ambientais mais agressivos terão mais dificuldade em obter a licença social. Por exemplo: o desafio de uma empresa de mineração que pretende mudar uma aldeia indígena de lugar é muito maior do que um pescador independente, membro de uma comunidade indígena.

 

Antes de mais nada, a licença social passa pela conquista da legitimidade da atividade no momento em que a comunidade percebe que determinada atividade irá gerar benefício. A credibilidade da empresa é reconhecida em um segundo momento, através do engajamento, compartilhamento e alinhamento de interesses, que por fim se consolida em uma relação de confiança.

 

A obtenção e manutenção de uma licença social é um desafio para as empresas, mas que pode ser superado se houver interesse em realizar os investimentos sociais necessários. Segundo Ian Thomson, cofundador do instituto On Common Ground e um dos idealizadores da licença social para operar, e o pesquisador e consultor Robert Boutilier, os problemas mais comuns encontrados são:

 

  • A empresa não compreende a comunidade local e as “regras do jogo” locais e, por esse motivo, é incapaz de estabelecer legitimidade social;
  • Demora no engajamento das partes interessadas;
  • Não dedicar tempo suficiente para a construção do relacionamento;
  • Minar a credibilidade ao deixar de fornecer informações confiáveis ​​ou, o que é mais usual, deixar de cumprir as promessas feitas à comunidade;
  • Não respeitar e ouvir a comunidade;
  • Subestimar o tempo e o esforço necessário para obter a licença social;
  • Superestimar a qualidade do relacionamento com a comunidade.

 

A licença social reflete uma compreensão crescente da importância da gestão de riscos eficaz, que impulsionado pela expansão do conhecimento da sociedade sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos do desenvolvimento. Esta tendência tem sido impulsionada também pelo crescente reconhecimento e aceitação de conceitos de equidade e justiça social.

 

A empresa não pode enxergar a licença social como uma tarefa penosa, que envolve uma série de operações e obrigações. Mas sim como uma ferramenta capaz de trazer benefícios para as duas partes envolvidas e ajudar no desenvolvimento de oportunidades comerciais associadas ao projeto. No Brasil, contudo, as empresas ainda não perceberam a importância da licença social e há um longo caminho a ser percorrido nesse sentido. Para que possamos de fato compartilhar oportunidades e minimizar as fragilidades

* Marco Antonio Fujihara é diretor da Keyassociados e consultor do Banco Mundial.

Fonte: Mercado Ético

Veja 12 tendências de sustentabilidade e oportunidade de negócios para 2014


Originalmente publicado no blog do Sebrae-SC. -> O Centro Sebrae de Sustentabilidade, em parceria com o SIS – Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae, elaborou uma lista de 12 tendências de sustentabilidade e oportunidade de negócios para as micro e pequenas empresas aproveitarem em 2014.

Confira as dicas e saiba  como tornar sua empresa mais competitiva no mercado.

 

#1 Crescimento sustentável dos negócios

A lógica do crescimento aliado à conservação tem levado muitos empresários a adotar práticas sustentáveis, especialmente em setores com alta demanda por recursos naturais. Reaproveitamento da água, eficiência energética, gestão de resíduos sólidos são exemplos de como empresas podem reduzir desperdícios, preservar o meio ambiente e ampliar o seu potencial de crescimento.

 

#2 Sustentabilidade na cadeia produtiva

A procura das grandes empresas por fornecedores sustentáveis tem ampliado a criação de negócios que atendam estas expectativas. Alinhar os compromissos do pequeno negócio e adotar princípios de responsabilidade socioambiental são formas de ampliar o valor e alavancar parcerias no segmento atuante.

 

#3 Preocupação com o clima

A neutralização de carbono tem alavancado ideias de negócios e gerado vantagem competitiva também para os pequenos negócios. Dados do CDP (Carbon Disclosure Project) apontam que 29% dos pequenos negócios que diminuíram suas emissões de CO2 economizaram juntos cerca de R$ 13,7 bilhões em 2012.

 

#4 Ecoeficiência

O termo ecoeficiência diz respeito ao uso inteligente dos recursos. Empresas ecoeficientes reduzem impactos nos sistemas de produção através de redução e otimização. Isto envolve eficiência energética, como o aproveitamento da luz do sol nos ambientes e uso de fontes de energia renovável, gestão de água e também a reciclagem de resíduos sólidos, que atende, em alguns casos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

 

#5 Talentos verdes

Profissionais envolvidos com aumento de eficiência nos negócios por meio da redução de impactos estão cada vez mais valorizados. No Brasil existem 16,4 milhões de empregos potencialmente verdes e que compõem mais de 69% da mão de obra de 20 setores de atividade econômica. Urge a necessidade de capacitação e treinamento na área.

 

#6 A era do acesso

O tradicional produto comercializado em pontos de venda (físicos ou digitais) está passando por transformação. Nesta nova economia, surgem empresas que praticam leasing, alugam ou cobram taxas para utilização do bem. O “possuir” passa a ser substituído pelo “usufruir”. Por exemplo, empresas de compartilhamento de bicicletas em áreas públicas.

 

#7 Nem segundo, nem terceiro setor: Negócios 2.5

Empresas 2.5 são aquelas que atuam com fins lucrativos por meio do foco social. São formatos de negócio que buscam a gestão profissionalizada, bem-estar da população, assim como promovem aumento da fonte de renda e o acesso aos serviços essenciais para os setores de baixa renda. Por exemplo, comunidades de costureiras, artesanato e catadores de sucata. Distribuição no Brasil: 39% concentram-se na região Sudeste; 26% na região Sul; 24% na região Nordeste; 7% na região Norte e 4% na região Centro-Oeste.

 

#8 Licenciamento ambiental e relatórios de sustentabilidade

Adotar práticas de preservação ambiental e comunicá-las passa a ser condições do mercado também para pequenos negócios. A licença ambiental é uma das ferramentas que fundamenta a operação da empresa e permite tomar conhecimento das possíveis fontes de poluição e de riscos existentes. A apresentação de relatórios é uma oportunidade de comunicação com os consumidores, cada vez mais preocupados com a sustentabilidade.

 

#9 A feminização da economia

O número de mulheres empreendedoras no Brasil chega a 51% do contingente (Global Entrepreneurship Monitor). Mais mulheres nos empreendimentos, mais mulheres também no mercado consumidor, que se fortalece com as decisões de compra.

 

#10 Vantagem colaborativa

A ótica da competição é substituída pela colaboração. As novas tecnologias, os sistemas open-source, o fenômeno das redes sociais e das novas mídias, plataformas de inovação aberta, têm trazido fluidez e flexibilidade na administração das empresas, fazendo com que as parcerias tragam mais vantagens.

 

#11 Sustentabilidade interior

A correria da vida moderna tem levado cada vez mais consumidores a buscar bem-estar interior e saúde através de produtos e serviços. A sustentabilidade surge aliada à dimensão social, e novos negócios como clínicas, spas, academias e espaços voltados a atender esta demanda ganham visibilidade no mercado.

 

#12 Brasilidade

A afirmação da identidade brasileira, de acordo com especialistas, passa pela marca “Brasil Sustentável”.  Marcas brasileiras que expressam a brasilidade têm se tornado símbolos globais, e os pequenos negócios com sabor, aroma e tom do Brasil irão alavancar de forma significativa, principalmente frente aos grandes eventos da Copa, em 2014, e Olimpíadas, em 2016.

 

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Foto: Reprodução

Fonte: Agenda Sustentabilidade

Florestas urbanas: um excelente negócio


 

Conciliar desenvolvimento urbano e preservação da natureza sempre foi um desafio mundial. Com a divulgação de informações sobre o aquecimento global, as preocupações relacionadas à destruição de florestas ficaram muito maiores e as prefeituras cada vez mais são pressionadas a encontrarem soluções sustentáveis.

 

Segundo o Censo 2010, o Brasil tem uma média de arborização nos municípios de 68% em relação ao número de domicílios. No país, entretanto, coexistem exemplos bem-sucedidos e casos em que a natureza fica relegada a segundo plano.

Este benefício pode vir, por exemplo, na forma de descontos no IPTU – como ocorre em Curitiba, entre outras cidades – para proprietários particulares que mantenham vegetação original. Já em nível governamental, o ICMS ecológico beneficia com mais recursos os estados que mantêm mais Unidades de Conservação.

Goiânia, por exemplo, possui regulamentações muito fortes no sentido de manter e ampliar suas áreas verdes. O percentual de arborização em relação ao número de domicílios é de quase 90%, o maior do país entre os municípios com 1 milhão de habitantes ou mais.

Belém, por sua vez, tem o menor nível entre as grandes cidades do Brasil: 22,4% dos domicílios estão em áreas arborizadas.

Fonte: Globo Ecologia

Publicado em: Green Nation

Foto: Panoramio