Conferência – GES (gases do efeito estufa): o Japão joga a toalha.


O Japão, quinto maior emissor de gases do efeito estufa do planeta anunciou nessa sexta (15 de novembro de 2013) que deixará de lado seus objetivos quanto à redução de emissão.
Uma decisão criticada por diversos países presentes em Varsóvia para tentar elaborar uma nova estratégia mundial de luta contra as mudanças climáticas.

Em 2009, o Japão tinha o objetivo ambicioso de reduzir 25% de suas emissões de gases do efeito estufa até 2020, em relação ao ano de 1990. Porém essa meta fora construída antes da catástrofe nuclear de Fukushima, a qual ocorreu em março de 2011.

Sexta-feira, o porta voz do governo deixou claro que este objetivo não está mais no radar de Tókio. “Nós temos que escolher o abandono deste objetivo e visar uma redução de 3,8% entre 2005 e 2020”, disse Yoshihide Suga. Segue este novo alvo em relação ao nível de 1990, segundo os cálculos do governo japonês. 
 
Dizem que Tókio se valeu exaustivamente do uso de energia nuclear para reduzir suas emissões. Contudo, suas ambiciosas metas foram reduzidas a água em razão da decisão posterior dos 54 reatores do arquipélago. O número destes já foi reduzido a 50 com desmantelamento a cerca de 4 dos 10 que possuem suas centrais em Fukushima.  

 Resultado, o Japão deve voltar-se ao uso de suas centrais de carvão e gás. O arquipélago é também o primeiro importador do mundo de carvão e gás natural liquefeito. A energia nuclear representa a segunda fonte de eletricidade.

Críticas pertinentes

O pronunciamento de Tókio provocou criticas em Varsóvia, onde ocorre a conferência anual sobre o clima promovida pela ONU. A aliança dos pequenos estados insulares – que reagruparam 44 nações vulneráveis diante a elevação do nível do mar – salientou que esta decisão “representa um enorme passo para trás”. O tufão Haiyan, que varreu as Filipinas, “é apenas o mais recente desastre dentro de uma série de catástrofes meteorológicas”, afirmou a Aliança em um comunicado.  
 

A união europeia reconhece as dificuldades japonesas após o terremoto e a tsunami em março de 2011. “Se entendermos a situação, esperaremos de todos os países compromissados com a redução quanto à emissão de gases e particularmente dos países desenvolvidos que continuem a mostrar lideranças nesta matéria”, segundo o comunicado da Comissão europeia.          

O Japão não é o primeiro país desenvolvido a abdicar de seus compromissos. O Canadá de Stephen Harper jogou o protocolo de Kyoto no lixo. E a Austrália está agora no caminho certo para perder seus alvos, pois já aboliu várias medidas para reduzir as emissões.

 
Em resumo, “essa mudança histórica dentro da política climática japonesa pode constituir um ponto de inflexão que alimente uma espiral negativa na ambição global”, citou um analista da AFP (l’Agence France-Presse).

 

Fonte: Le Devoir
Publicado: 16 de novembro 2013. 
Autor: Alexandre Shields.
Tradução: Matheus Lima.

 

Conferência – GES (gases do efeito estufa): o Japão joga a toalha.


O Japão, quinto maior emissor de gases do efeito estufa do planeta anunciou nessa sexta (15 de novembro de 2013) que deixará de lado seus objetivos quanto à redução de emissão.
Uma decisão criticada por diversos países presentes em Varsóvia para tentar elaborar uma nova estratégia mundial de luta contra as mudanças climáticas.

Em 2009, o Japão tinha o objetivo ambicioso de reduzir 25% de suas emissões de gases do efeito estufa até 2020, em relação ao ano de 1990. Porém essa meta fora construída antes da catástrofe nuclear de Fukushima, a qual ocorreu em março de 2011.

Sexta-feira, o porta voz do governo deixou claro que este objetivo não está mais no radar de Tókio. “Nós temos que escolher o abandono deste objetivo e visar uma redução de 3,8% entre 2005 e 2020”, disse Yoshihide Suga. Segue este novo alvo em relação ao nível de 1990, segundo os cálculos do governo japonês. 
 
Dizem que Tókio se valeu exaustivamente do uso de energia nuclear para reduzir suas emissões. Contudo, suas ambiciosas metas foram reduzidas a água em razão da decisão posterior dos 54 reatores do arquipélago. O número destes já foi reduzido a 50 com desmantelamento a cerca de 4 dos 10 que possuem suas centrais em Fukushima.  

 Resultado, o Japão deve voltar-se ao uso de suas centrais de carvão e gás. O arquipélago é também o primeiro importador do mundo de carvão e gás natural liquefeito. A energia nuclear representa a segunda fonte de eletricidade.

Críticas pertinentes

O pronunciamento de Tókio provocou criticas em Varsóvia, onde ocorre a conferência anual sobre o clima promovida pela ONU. A aliança dos pequenos estados insulares – que reagruparam 44 nações vulneráveis diante a elevação do nível do mar – salientou que esta decisão “representa um enorme passo para trás”. O tufão Haiyan, que varreu as Filipinas, “é apenas o mais recente desastre dentro de uma série de catástrofes meteorológicas”, afirmou a Aliança em um comunicado.  
 

A união europeia reconhece as dificuldades japonesas após o terremoto e a tsunami em março de 2011. “Se entendermos a situação, esperaremos de todos os países compromissados com a redução quanto à emissão de gases e particularmente dos países desenvolvidos que continuem a mostrar lideranças nesta matéria”, segundo o comunicado da Comissão europeia.          

O Japão não é o primeiro país desenvolvido a abdicar de seus compromissos. O Canadá de Stephen Harper jogou o protocolo de Kyoto no lixo. E a Austrália está agora no caminho certo para perder seus alvos, pois já aboliu várias medidas para reduzir as emissões.

 
Em resumo, “essa mudança histórica dentro da política climática japonesa pode constituir um ponto de inflexão que alimente uma espiral negativa na ambição global”, citou um analista da AFP (l’Agence France-Presse).

 

Fonte: Le Devoir
Publicado: 16 de novembro 2013. 
Autor: Alexandre Shields.
Tradução: Matheus Lima.

 

Sistema de Alimentação Sustentável é lançado pela ONU


                 

Uma parceria assinada entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO) vai garantir maior apoio à conservação de ecossistemas essenciais para a segurança alimentar no mundo.

A produção de alimentos depende da proteção ambiental, já que somente com recursos naturais saudáveis e em abundância, como água, por exemplo, é possível assegurar o cultivo agrícola.

O acordo entre as duas agências das Nações Unidas foi assinado no último dia 24/09, em Nova York, pelo diretor-executivo do PNUMA e subsecretário-geral da ONU, Achim Steiner, e o diretor geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva. "Ecossistemas saudáveis são a alma da segurança alimentar, especialmente nos países em desenvolvimento, onde muitas pessoas têm seu sustento ligado diretamente a terra, mares e oceanos", disse Steiner.

Segundo as entidades, as competências diferentes e complementares das duas agências tornarão mais eficiente a restauração e gestão sustentável de ecossistemas. Entre as prioridades do plano de parceria estão:

– colocar em prática iniciativas para manter e melhorar a sustentabilidade e a produtividade dos ecossistemas e garantir a sobrevivências das funções ecossistêmicas críticas;
– melhorar e garantir o acesso a dados, estatísticas e indicadores para monitorar o uso de recursos naturais e progressos para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS);
– disponibilizar informações e estudos que fortalecem a interface entre ciência e política e;
– oferecer suporte comum para o desenvolvimento e implementação de instrumentos legais, especialmente aqueles que promovem mecanismos de governança que apoiem a dimensão social dos sistemas de alimentação sustentável e gestão de ecossistemas.

Atualmente um dos principais desafios da agricultura é produzir mais para alimentar uma população mundial que deve chegar a 9 bilhões de habitantes até 2050, mas sem aumentar a área de plantio e ainda, conservando solo, água e florestas. Dois bilhões de pessoas trabalham no campo no mundo, 40 milhões só no Brasil.

Fonte: Planeta Sustentável 

Laísa Mangelli

ONU cita esperança da Rio+20 em dia de preservação da camada de ozônio


O tema deste ano é "uma atmosfera saudável, o futuro que queremos"; Ban Ki-moon afirmou que desafios exigem respostas extraordinárias

   A Organização das Nações Unidas (ONU) comemora em 16 de setembro o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio. O tema deste ano é "uma atmosfera saudável, o futuro que queremos". A organização escolheu a data para marcar a assinatura do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Danificam a Camada de Ozônio, firmado em 1987.

   Em mensagem para comemorar o dia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que "desafios extraordinários exigem respostas extraordinárias". Ele afirmou que ao mesmo tempo em que se implementam os resultados da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, o Protocolo de Montreal representa uma esperança. Ban disse que a uma geração atrás, os países concordaram em agir na proteção da camada de ozônio.

   O documento determina a proteção da camada de ozônio, contribui de forma significativa para a mitigação climática e lembra que em face a ameaças existenciais, as nações mundiais são capazes de cooperar pelo bem comum, segundo o chefe da ONU. O secretário-geral disse esperar que esse dia sirva para inspirar a comunidade internacional na criação de uma nova visão e de uma agenda de desenvolvimento pós-2015.

Com informações da Rádio ONU.

 

Foto: Programa de Gestão Ambiental Grupo Zenardo

Fonte: Terra

ONU: 40% de conflitos internos nos últimos 60 anos têm vínculo com exploração dos recursos naturais


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon destacou nesta quarta-feira (6) a importância de proteger o meio ambiente em tempos de conflito armado e ressaltou que uma forte governança dos recursos naturais pode ajudar a prevenir conflitos e contribuir para a paz a longo prazo.

“Fortalecer o gerenciamento dos recursos naturais e melhorar o monitoramento dos Estados afetados por conflitos pode ajudar a evitar que os recursos alimentem os conflitos e direcionar receitas muito necessárias para a revitalização econômica e contribuir para a paz mais duradoura”, disse Ban em sua mensagem marcando o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Tempos de Guerra e Conflito Armado.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), pelo menos 40% de todos os conflitos internos nos últimos 60 anos têm sido associados com a exploração dos recursos naturais – sejam os recursos de alto valor como madeira, diamantes, ouro e petróleo, como recursos escassos como a terra fértil e água.

Na Somália, por exemplo, estima-se que o comércio ilegal de carvão vegetal representa uma receita anual de até 384 milhões de dólares para grupos insurgentes e terroristas.

O PNUMA aproveitou a oportunidade proporcionada pelo Dia para lançar um novo site oferecendo aos usuários acesso gratuito a dezenas de casos de estudos que ensinam sobre o papel dos recursos naturais na construção da paz.

O site, que inclui seis livros com 150 casos de estudos e análises que examinam as experiências de 60 países e territórios afetados por conflitos, servirá como uma plataforma global para a partilha de informações, experiências e aprendizado sobre as relações entre os recursos naturais, conflitos e paz.

Ban também apontou para o desafio da eliminação segura de armas de guerra sem prejudicar o meio ambiente. “A contaminação ambiental também inclui minas terrestres e dispositivos explosivos não detonados, que representam uma ameaça particular para as mulheres e crianças, que muitas vezes são mais vulneráveis devido às suas atividades diárias”, acrescentou.

Estratégias contra crimes ambientais em debate

O PNUMA e a Interpol estão marcando o Dia com a realização de uma reunião de alto nível em Nairóbi, no Quênia, sobre os impactos do crime ambiental na segurança e no desenvolvimento.

A reunião de dois dias analisará o desenvolvimento e a implementação de estratégias inovadoras para combater o crime ambiental, trabalhando com governos, organizações internacionais e comunidades locais.

Em comunicado conjunto, as agências salientaram que o crime ambiental, como o comércio ilegal de animais selvagens, é um problema internacional crescente.

Estima-se que o comércio de animais selvagens sozinho renda 15 a 20 bilhões de dólares por ano, ajudando a financiar o terrorismo e o crime organizado em todo o mundo. Além disso, a pesca ilegal não declarada e não regulamentada varia de 11 a 26 milhões de toneladas por ano, o equivalente a 15% das capturas mundiais.

O diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, disse que “o roubo dos recursos naturais por parte de poucos às custas de muitos está emergindo rapidamente como um novo desafio para a erradicação da pobreza, o desenvolvimento sustentável e uma transição para uma economia verde inclusiva”.

Informe da ONU Brasil, publicado pelo EcoDebate

Dia da ONU: um dia para refletir sobre nossa ação coletiva por um mundo melhor


O Dia das Nações Unidas marca o aniversário da entrada em vigor, em 1945, da Carta da ONU. Com a ratificação desse documento de fundação pela maioria de seus signatários, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, a ONU passou oficialmente a existir.

O dia 24 de outubro é comemorado como Dia das Nações Unidas desde 1948. Em 1971, a Assembleia Geral da ONU recomendou que o dia fosse observado pelos seus Estados-membros como um feriado público.

Em Brasília: Nações Unidas realizarão neste sábado (26), às 8h, a Caminhada Sergio Vieira de Mello, como forma de marcar os 68 anos da Organização e os 66 anos da presença da ONU no Brasil. Clique aqui e saiba mais.

Acesse a mensagem de pessoas de todo o mundo sobre a ONU, incluindo a de uma brasileira, clicando aqui.

Acesse abaixo a mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para o Dia das Nações Unidas 2013.

"O Dia das Nações Unidas é uma oportunidade de reconhecer o quanto esta Organização de valor inestimável contribui para a paz e o progresso comum. É um dia para refletir sobre o que podemos fazer para melhorar a nossa visão de um mundo melhor.

A guerra na Síria é o nosso maior desafio de segurança. A vida de milhões de pessoas depende da assistência dos funcionários humanitários da ONU. Os especialistas da ONU estão trabalhando lado a lado com a vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a Organização para a Proibição de Armas Químicas, para destruir o arsenal na Síria. E buscamos uma solução diplomática para acabar com o sofrimento que já longe demais.

O nosso desafio mais urgente ao desenvolvimento é tornar a sustentabilidade uma realidade. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio reduziram a pobreza para a metade. Agora temos de manter o “momentum”, desenvolver uma agenda de desenvolvimento pós-2015 igualmente inspiradora e atingir um consenso para as alterações climáticas.

Este ano mais uma vez vimos as Nações Unidas chegarem a um consenso por causas como os conflitos armados, direitos humanos, meio ambiente e muitas outras questões. Nós continuamos demonstrando o que a ação coletiva pode fazer. Podemos fazer ainda mais.

Num mundo que está mais interligado, temos de ser mais unidos. No Dia das Nações Unidas, vamos nos empenhar para viver de acordo com os nossos ideais fundadores e trabalhar em conjunto pela paz, desenvolvimento e direitos humanos.”

 

Fonte: ONU – Brasil

 

De acordo com a ONU, combate às desigualdades é decisivo para a sustentabilidade


   Funcionários de altos cargos das Nações Unidas destacaram recentemente que a comunidade internacional necessita de combater as desigualdades sociais e econômicas entre as regiões e dentro dos países. Eles acrescentaram, ainda, que o combate às desigualdades é indispensável para que se alcance a sustentabilidade e para que crises possam ser evitadas.

    “Se as desigualdades continuam aumentando, o desenvolvimento pode não ser sustentável”, conforme relatou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em debate temático da Assembleia Geral sobre desigualdade. “As sociedades onde a esperança e as oportunidades são escassas estão vulneráveis a revoltas e conflitos. (…) A desigualdade pode gerar crime, doença, degradação ambiental e prejudicar o crescimento econômico”, disse ele.

   Ban Ki-moon ressaltou que as metas de combate à pobreza – também conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – foram muito bem sucedidas, mas que o progresso ainda tem sido desigual. O secretário-geral destacou a importância de a agenda de desenvolvimento pós-2015 tratar dessas diferenças e promover a prosperidade compartilhada.

   Para o presidente da Assembleia Geral, Vuk Jeremić, a promoção da mudança universal para a sustentabilidade demanda um grande compromisso mair dos países para diminuir as disparidades entre os que têm e os que não têm. Além disso, ele pediu aos Estados-membros que trabalhem em união, para que atendam às necessidades “dos muitos que foram deixados para trás”.

   Jeremić acrescentou que, para avançar, é fundamental agregar de maneira completa a luta contra a desigualdade na agenda do desenvolvimento sustentável e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, acordados na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Mulher coleta água para sua família na Namíbia. Foto: ONU/Eskinder Debebe

 

Fonte: http://www.onu.org.br/combater-desigualdades-sociais-e-economicas-e-crucial-para-sustentabilidade-afirma-onu/

 

Financiando a aparência da felicidade


 
                    
Muito interessante e oportuno o discurso proferido por Jose Alberto “Pepe” Mujica, presidente do Uruguai, na 68° Assembléia Geral da ONU (em 24/09/13): “A humanidade sacrificou os deuses imateriais e ocupou o templo com o deus mercado, que organiza a economia, a vida e financia a aparência da felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir. E quando não podemos, carregamos a frustração, a pobreza, a autoexclusão”.

Pepe Mujica ainda mencionou ter “angústia pelo futuro” e contextualizou que a nossa “primeira tarefa é salvar a vida humana”. Além disso, o governante uruguaio ressaltou a necessidade em defender as riquezas naturais: “Carrego a dívida social e a necessidade de defender a Amazônia, nossos rios (…)

O discurso de Mujica, além de ser pontualmente interessante, é também oportuno para se discutir a busca pela felicidade que, pretensamente, estaria repousada no ato de consumir, característica típica da sociedade de consumo capitalista.

Em outras palavras, o presidente do Uruguai reafirmou a crítica disparada especialmente pela economia ecológica (ciência e gestão da sustentabilidade, na definição empregada por Martinez-Alier) apontando dedo em riste para a sociedade de mercado que se empanturra de futilidades, e se regozija na superficialidade estabelecida no consumo de massa, como se os elevados níveis de consumo fossem, per si, os determinantes máximos para se alcançar a felicidade.

Por trás desse deus mercado que, como bem disse Mujica, “financia a aparência da felicidade” há que se observar a existência de milhões de seres humanos vagando por aí, completamente alijados do consumo básico e indispensável para a manutenção da vida.

Esses, os excluídos da economia mundial, para usarmos a expressão empregada por Amartya Sen (Nobel em economia), se atormentam diariamente com a fome, com a miséria, com a ausência de condições básicas de higiene, sem acesso à água potável, a saneamento básico, sem moradia, sem esperanças num amanhã mais calmo e próspero.

Ao todo, são quase 1 bilhão de estômagos vazios e bocas esfaimadas que conformam os excluídos da economia mundial apenas em relação aos que passam fome, “perambulando” pelas grandes cidades do mundo. Esses são os desesperançados que se contrapõem aos 20% da humanidade (1,4 bilhão de pessoas) que se chafurdam na prática do consumo fácil, abocanhando 80% de toda a produção mundial.

Contudo, cabe indagar: será que esses “privilegiados” do consumo, por deterem essa “facilidade” são mais felizes (possuem mais bem-estar) que os 5,6 bilhões de pessoas (80% da população mundial) que estão “do lado oposto do balcão de consumo”?

Felicidade estaria nessa facilidade em consumir? Dirigido por Helio Mattar, o Instituto Akatu, a maior referência brasileira quando o assunto é “consumo consciente”, em recente pesquisa intitulada Rumo à Sociedade do Bem-Estar mostrou que o brasileiro relaciona o bem-estar muito mais ao convívio social do que ao consumo.

Ser feliz é: estar com a família; ter amigos e relacionar-se bem com eles; e ter saúde. Segundo a pesquisa, para 6 em cada 10 brasileiros, conviver bem com a família e os amigos é parte considerável da concepção de felicidade. A tranquilidade financeira é entendida como atendimento às necessidades básicas para uma vida decente: boa alimentação, educação, saúde, lazer. Acima disso, o dinheiro e as posses materiais, para o brasileiro, não trazem felicidade – apenas 3 em cada 10 brasileiros “escolheram” a posse de tranquilidade financeira como elemento responsável pela felicidade.

A utilidade

                                   

Um ponto importante em torno dessa discussão está no fato da economia ser construída em cima da estrutura da utilidade. Utilidade (utilitarismo econômico) para os economistas só faz sentido se for pensada em forma de benefício, de bem-estar.

A base da Teoria do Consumidor passa pelo conceito de utilitarismo. Esse pode ser definido como o bem que se identifica com o útil. Os utilitaristas mais proeminentes – Jeremy Bentham (1748 – 1832) e John Stuart Mill (1806 – 1873) – foram claros a esse respeito: "a felicidade está na aquisição daquilo que nos é útil". O útil, grosso modo, leva à satisfação, leva ao prazer, leva ao bem-estar.

Em essência, esse é o objetivo da economia: proporcionar oportunidades e escolhas disponíveis a todos no dia a dia, auxiliando o maior número de pessoas na busca de algo fundamental: de algo útil, de bem-estar.

Bem-estar, então, se relaciona à busca pela própria felicidade. Pelo menos é isso o que diz a ciência econômica quando recomenda a seus “fiéis consumidores” que maximizem a utilidade esperada, ou seja, que no ato de tomada de decisões (não somente no ato de consumir) cada indivíduo alcance o maior nível possível de utilidade.

Conquanto, nem sempre essa utilidade está relacionada apenas (e tão somente) ao ato de consumir, como insistentemente parece recomendar a lógica mercadológica. Posso perfeitamente obter utilidade (ser feliz, ter bem-estar) ao encontrar alguém, ao falar com alguém, ao pensar em algo prazeroso, ao ler um poema agradável, ao respirar ar puro, ao contemplar uma obra de arte ou um monumento público.

Estou assim consumindo algo? Sem dúvida; no entanto, não estou tendo nenhum dispêndio para esse consumo. Para desespero do capitalismo do moderno e de seus asseclas, nem sempre um “consumo” vem seguido de gastos. O resultado obtido aqui é de ordem social, e não econômica.

Resultados sociais

Ora, se a economia é uma ciência social, nada mais justo que seus resultados apresentem significados sociais – e não apenas econômicos, como reiteradamente expressa a ordem econômico-consumista-mercadológica.

No entanto, esse lado social imerso nessa lógica econômica tem ficado à margem das decisões que priorizam, apenas e, tão somente, o lado econômico. O lado social, lamentavelmente, sempre foi – e continua a ser – relegado a quinto plano.

Pelo lado econômico, o que tem validade são os ganhos financeiros, não os prazeres-utilitários, ou seja, as felicidades que não passam pela disponibilidade financeira.

O que interessa para o lado econômico é o predomínio econômico-financeiro, não a abrangência social. Essa é a razão da existência de algumas discrepâncias que beiram, em nosso entendimento, a patologia.

O que precisa ficar claro é que definitivamente o mundo não é uma mercadoria e, "nem tudo está à venda" (everything for sale) para outra situação que “causa” profundo desespero nas bases do sistema capitalista/consumista. Logo, a felicidade, nesse sentido, não pode (e nem deve) repousar suavemente sobre o "nobre" ato do consumo exagerado que exige, por consequência, elevados dispêndios. Há algo muito mais interessante que leva à felicidade, ainda que a publicidade, diuturnamente, nos bombardeie recomendando o consumo a qualquer custo.

E a economia tem tudo a ver com isso. Basta atentarmos para o seguinte: aonde a economia estará no futuro depende daquilo que milhões de nós faremos nesse meio tempo até lá. Cabe a nós decidirmos o futuro. O futuro nos pertence e a felicidade, certamente, há de nos esperar na próxima esquina abraçada à maximização da utilidade esperada, ainda que o deus mercado esteja “financiando a aparência da felicidade”, como bem ponderou o presidente Mujica.

Marcus Eduardo de Oliveira*
Assista ao discurso completo de Mujica na ONU:
Veja AQUI o discurso traduzido na íntegra.
*Marcus Eduardo de Oliveira é economista com especialização em Política Internacional e mestrado em Estudos da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP). É professor de economia do UNIFIEO e da FAC-FITO, em Osasco/SP. Autor dos livros 'Conversando sobre Economia' (Editora Alínea), 'Pensando como um economista' (Editora EbookBrasil) e 'Humanizando a Economia' (Editora EbookBrasil – livro eletrônico). Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br
Fonte: Dom Total

Recomendações para solucionar os problemas hídricos


Especialistas fazem recomendações à ONU para solucionar problemas hídricos globais

Conselho apresentou ao secretário-geral da ONU sugestões para resolver os principais problemas hídricos e de saneamento no mundo e formatar um plano de ação.

Mesmo diante da crescente crise de abastecimento no planeta, a água continua sendo subvalorizada e mal gerida, disseram especialistas. Foto: ASCOM MDS.

Mesmo diante da crescente crise de abastecimento no planeta, a água continua sendo subvalorizada e mal gerida, disseram especialistas. Foto: ASCOM MDS.

Aumentar o interesse pelo saneamento básico globalmente, melhorar a gestão dos sistemas de fornecimento de água, criar novas formas de financiar o setor e integrar a administração dos recursos hídricos foram algumas das recomendações do relatório do conselho de assessoramento ao secretário-geral da ONU em assuntos de água e saneamento, divulgado na ocasião das comemorações do Dia Mundial da Água.

A versão em português do relatório – resultado de mais de uma década de trabalho do conselho, iniciado em 2004 – foi apresentada na terça-feira (22) pelo representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e coordenador residente do sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic, e pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, durante seminário organizado pela agência.

O objetivo do trabalho foi reunir especialistas para encontrar soluções aos principais problemas hídricos e de saneamento do planeta, sugerir recomendações e formatar um plano de ação.

“O relatório pode ser muito útil para técnicos e formuladores de políticas, visto que apresenta orientações valiosas sobre como resolver os principais problemas hídricos e de saneamento do planeta”, declarou Fabiancic na apresentação.

Segundo o relatório, mesmo diante da crescente crise de abastecimento no planeta, a água continua sendo subvalorizada e mal gerida. “A maioria dos países não monitora de forma adequada a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos e das águas residuais, e o monitoramento do saneamento e da água potável também continua sendo um desafio”, afirmou o texto.

O documento apontou ainda a necessidade urgente de um aumento da oferta de água potável aos não atendidos, direcionando atenção ao fornecimento de água não contaminada e “dissipando a confusão generalizada entre água potável, melhorada e segura”.

De acordo com os especialistas, uma em cada dez pessoas no mundo ainda não possui acesso a fontes melhoradas de água potável, somando 663 milhões. Além disso, 1,8 bilhão de pessoas utilizam uma fonte de água potável com contaminação fecal.

O conselho afirmou ter pressionado os Estados-membros da ONU a abordar o tema do saneamento e da higiene. “Utilizamos nossa influência para pressionar os Estados-membros a apresentar resoluções pioneiras sobre saneamento”, informou o relatório ao citar o trabalho realizado nos últimos dez anos.

Crédito ao saneamento

Os especialistas também reconheceram a necessidade de que municípios e órgãos que fornecem serviços hídricos tenham um melhor acesso ao mercado de empréstimos e capital. Por isso, o conselho realizou reuniões com bancos de desenvolvimento para incentivá-los a apoiar novas iniciativas relacionadas à água.

O relatório apontou que a prioridade dada a gastos públicos com água varia amplamente entre os países, partindo de menos de 0,5% a mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, cerca de um terço (de um total de 1,7 mil países em desenvolvimento pesquisados) não é capaz de cobrir os custos de operações básicas e de gestão de seus serviços hídricos.

Outras recomendações do documento incluíram uma maior integração da gestão de recursos hídricos em nível regional, nacional e subnacional,l demandar atenção da ONU para prevenção de poluição, tratamento e reutilização segura de águas residenciais e promover a proteção e prevenir mortes e danos advindos de desastres relacionados à água.

Agenda 2030

Na Agenda 2030, o tema água tem um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável específico. O ODS 6 (Água limpa e saneamento) conta com oito metas que orientam as ações para o acesso universal e equitativo à água potável e segura para todos.

No entanto, de acordo com as recomendações do relatório, um passo fundamental seria priorizar a segurança hídrica em todos os níveis e abordar o tema de água em todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável globais, não ficando restrito apenas ao ODS 6.

Na opinião do diretor-presidente da ANA, o fortalecimento dos órgãos gestores estaduais e dos comitês de bacias são essenciais para enfrentar os futuros desafios que virão com as incertezas geradas pela mudança do clima. “Os desafios serão mais bem solucionados se tivermos instituições fortes”, afirmou.

Acesse aqui o relatório dos especialistas.

Fonte: ONUBR

 

Oceanos saudáveis podem remediar efeitos da mudança climática


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Dia Mundial dos Oceanos é celebrado em 8 de junho
Foto: FAO

Oceanos saudáveis são críticos para a vida na Terra, uma vez que regulam o clima e fornecem recursos naturais, alimentos saudáveis e empregos que beneficiam bilhões de pessoas. A opinião é do secretário-feral da ONU, Ban Ki-moon, e foi divulgada nesta quarta-feira, 8 de junho, para marcar o Dia Mundial dos Oceanos.

O chefe da ONU lembra ser preciso entender os impactos nos oceanos causados pelas atividades humanas e mudança climática. Esses efeitos já estão sendo sentidos em Moçambique. Quem conta é Manuel Guiamba, pescador há 40 anos, que explicou a situação em Maputo, em entrevista à Rádio ONU.

"Temos o problema da poluição. Na nossa costa nós não conseguimos tirar o lixo que nós temos aqui. Todo o pescado saía bem mesmo. Tínhamos magumba, tainha, camarão. Agora já não sai todo esse peixe. Reduziu a quantidade. A poluição também faz parte. Temos o problema do mangue, onde o camarão se reproduzia. Já não temos."

Pressão
Em dezembro, a Assembleia Geral da ONU aprovou a primeira avaliação científica global sobre o estado dos oceanos. O secretário-geral pede que sejam tomadas ações com urgência, em larga escala, para aliviar a pressão nos oceanos.

Segundo Ban, oceanos saudáveis terão papel essencial na redução dos efeitos da mudança climática. No Dia Mundial, ele faz um apelo a todos para que protejam os oceanos e usem seus recursos de forma pacífica, igualitária e sustentável.

Fonte: EcoD