Em 2020, todas as casas francesas deverão ser equipadas com estes sensores inteligentes, os quais permitirão o controle de suas faturas. Um primeiro passo rumo a uma sociedade menos consumidora de energia.
No dia 9 de julho, o primeiro ministro francês deu fim ao suspense em torno do Linky. O medidor inteligente de última geração equipará todos os lares franceses até 2020, um total de 35 milhões de aparelhos. O governo, assim como os operadores de energia, espera que o Linky abra caminho para as redes elétricas inteligentes- smart grids.
Mas qual será o valor agregado aos medidores de consumo, além do controle em tempo real? Para responder o desafio é necessário pensar no planejamento para 2020, quando as energias verdes representarão 23% da energia consumida na França, já que o país está comprometido junto a Comissão Europeia em (13,1% desde2011). As energias renováveis como eólica e solar são, por essência, intermitentes e não estocáveis, desta forma, as smart grids, permitirão a rede elétrica um ganho de flexibilidade através dos contadores, os quais enviarão um sinal em tempo real aos aparelhos domésticos, evitando que apaguem em horários de pico. Desta forma, caso também surja um vento súbito favorável e que impulsione uma grande quantia de energia eólica nas redes, os consumidores também serão incentivados a aproveitar.
Modelo sustentável
Ainda que os franceses entrem no jogo, a revolução das smart grids não terá lugar sem massivas modificações no comportamento para atingir a flexibilidade proposta. Dentro de um contexto em que o preço da energia elétrica deverá subir para manter os velhos parques nucleares e financiar as energias verdes, o esperado é que todas as pessoas consumam menos energia e de uma forma melhor.
Porém, a sociedade terá que pagar uma taxa extra para instalação do Linky? Seja o aparelho usado para retardar o uso da máquina de lavar, ou do forno em função das necessidades da rede o único atrativo será a política de incentivo de preços?
São algumas questões que os líderes do mercado de energia enfrentam quanto à implantação do contador verde.
Stéphanie Balsollier, diretora regional da companhia elétrica francesa da metrópole de Lyon, afirma que: “o conhecimento em tempo real dos gastos de energia elétrica, podem mudar hábitos. Este é um tipo de serviço não habitual, não conhecido e nem previsto pelo grande público em geral.”
Gérard Bouvard, diretor do gabinete de Adage, diz: “o mercado não está maduro para receber essa inovação. A ideia de que os fornecedores podem restringir o consumo de energia elétrica ainda é um paradoxo”.
Para a socióloga Stéphane Hugon, do Centre D’étudesSurL’actuelet Le Quotidien, (Centro de Estudos Sobre Atualidades e Cotidiano), não é possível separar a questão da energia das questões políticas e culturais: “nosso sistema de energia reflete um sistema político herdado do século XIX, e um modelo de pirâmide patriarcal. Assim, para o "bem" dos franceses, o governo impõe o Linky, equipamentos da companhia de energia francesa ERDF desenvolvido in vitro, entretanto se esqueceram de provar como os franceses se beneficiariam com isso”. Alude Serge Subiron que “o cliente paga a conta de energia elétrica sem saber exatamente o que ela cobre. Mas a energia é o calor, a luz, a televisão… devemos reencontrar a energia por uma relação lúdica e não restritiva", diz o CEO da IJENKO.
Brincadeira de criança
A aposta no Pluzzy, aparelho lançado em setembro pela Ijenko et Toshiba, se conectado ao medidor de energia (Linky), traz dados do consumo da casa e dos seus aparelhos eletrônicos em tempo real, determinando ainda aqueles que são os maiores consumidores.
A interface do aparelho Pluzzy, oferece aconselhamentos personalizados e melhorias para diminuir os gastos da casa. O usuário poderá compartilhar os hábitos que o levaram a reduções de gastos e fazer comparações, em redes sociais, como o Facebook e o Twitter. A técnica de compartilhamento das melhores práticas é conhecida como “eco-friendly”. Atualmente o PLuzzy tem o preço de €500, mas existem previsões para queda do valor após o lançamento. Contudo, resta saber se os consumidores entenderão a prática destes aparelhos e os deixarão ligados.
Fonte: http://www.liberation.fr/economie/2013/09/08/linky-le-compteur-au-vert_930272
Fotos: Reprodução
Matéria Publicada por Michèle Foin em 8 de Setembro de 2013.
Tradução e adaptação: Matheus Lima.