Sínodo da Amazônia revela polarização na Igreja; papa tenta conter divisões


Críticos falam de ‘panteísmo implícito’, uso de ‘superstições pagãs e xamanismo’. (Cris Bouroncle / AFP)

A partir deste domingo (6), 184 bispos se reunirão para o Sínodo da Amazônia, que discutirá durante 20 dias, no Vaticano, a presença da Igreja Católica na região. A questão ambiental estará no centro das discussões – até por causa dos incêndios florestais -, mas o olhar dos clérigos se voltará também para temas que refletem o momento de polarização do Vaticano, incluindo discussões sobre ordenação de casados e ampliação da participação feminina.

CONFIRA:

Os dois temas estão no documento preparatório para o Sínodo porque a escassez de padres impede a expansão da Igreja na região amazônica. Se a Igreja vai adaptar suas diretrizes sobre esses assuntos, só se saberá quando o papa proferir a exortação apostólica pós-sinodal. Mas o fato é que o sínodo acontece em um momento em que Francisco é “espremido” pelos dois lados.

Na extrema direita da Igreja – para usar termos comuns à polarização -, cardeais pedem que ele renuncie e conclamam os fiéis a jejuarem para que as “heresias” pregadas pelo pontífice não sejam aprovadas. No outro extremo, os progressistas alemães estão prestes a realizar o Caminho Sinodal para discutir se o celibato obrigatório é a melhor maneira de um padre viver no século 21 e questionar o fato de que mulheres não podem ser ordenadas como diaconisas ou padres – o papa, aliás, até pediu um estudo teológico a respeito, que negou a existência histórica.

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E há pressões diárias a respeito. Nessa quinta-feira (3), por exemplo, houve novos protestos da associação Voices of Faith, que reúne religiosas de todo o mundo e cobra do papa que as mulheres tenham direito a voto no sínodo – há 35 delas entre os participantes, mas só com direito à observação. Indagado, o secretário-geral do evento, cardeal Lorenzo Baldisseri, voltou a dizer nesta quinta-feira que só terão votos os bispos e as pessoas autorizadas por Francisco.

Ao grupo mais tradicional, que pede sua renúncia, Francisco não responde. Aos alemães, escreveu uma carta dirigida aos fiéis na qual disse “compartilhar a preocupação sobre o futuro da Igreja na Alemanha”. No entanto, também alertou sobre o risco de se colocar em pauta processos que podem prejudicar a unidade da Igreja. Para ele, separadas, a Igreja universal e as Igrejas particulares “se enfraquecem, secam e morrem”.

Renúncia

Só a possibilidade de abrir brechas pastorais já movimenta críticos. Os conservadores normalmente evitam se pronunciar abertamente – mais ciosos da unidade da Igreja, temem que seus pronunciamentos coloquem “mais lenha na fogueira”. Mas há exceções, como o autor chileno José Antonio Ureta, ligado à Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Para ele, como brincou Francisco há pouco tempo, há algo de “comunista” nessas ideias. “Não é novo. A Teologia da Libertação busca isso desde os anos 1970.”

Há 15 dias, o cardeal americano Raymond Burke e o bispo Athanasius Schneider (auxiliar de Castana, no Casaquistão) assinaram uma declaração de oito páginas na qual lançam um alerta contra seis “graves erros teológicos e heresias” no documento preparatório do Sínodo. Assim, reforçam a posição do cardeal alemão Walter Brandmüller, que considerou o evento próximo de contradizer “o ensino irrevogável da Igreja”.

As críticas falam de “panteísmo implícito”, uso de “superstições pagãs e xamanismo” e redução a costumes aborígines, além das críticas a ordenações de casados e à concessão de ministérios a mulheres. O documento de trabalho do Sínodo, defendido nesta quinta pelo relator, o cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes, O.F.M., fala da possibilidade de se discutir a questão dos “viri probati”, homens reconhecidos pela comunidade e de fé comprovada que se responsabilizariam por alguns sacramentos em locais isolados – e supririam a falta de padres. Na mesma linha, se cobra o reconhecimento das mulheres – que se encarregam de grande parte do serviço religioso na região.

Quanto ao Instrumento de trabalho, o cardeal Hummes afirmou que “não é do Sínodo, mas para o Sínodo”. “É a voz do povo local.” Baldisseri destacou que não se trata de um “documento pontifício”, mas de uma coleta das expressões do povo da Amazônia. “É o ponto de partida para começar a trabalhar.”

Para os opositores, porém, essa partida leva à heresia. Para combatê-la, sugerem “jejum” e até renúncia de Francisco. Já o papa, após viagem a Moçambique no dia 10, avisou que não tem “medo de cismas”. “Mas oro para que não ocorram. O caminho do cisma não é cristão.”

“O papa não quer uma ruptura com o corpo da Igreja”, explica Maria Clara Bingemer, professora titular do Departamento de Teologia da PUC-Rio e colunista do DomTotal. “Após o Sínodo da Família, Francisco já abriu o discernimento das igrejas locais sobre a Eucaristia para os casados de segunda união. Depois deste sínodo, é capaz de ter abertura de uma brecha para a ordenação de padres casados, como quer a Alemanha. Mas é tudo muito lento, mesmo.” Na mesma linha, até assessores próximos do pontífice, como o cardeal canadense Marc Oullet, se dizem “céticos” quanto a qualquer nova diretriz pós-sínodo.

Estar no meio desse embate é exatamente o grande mérito deste pontificado, afirmam os teólogos. “O caráter mais profético de Francisco é que ele se torna um homem de diálogo quando a sociedade ocidental parece ter desistido de dialogar”, afirma Francisco Borba, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Francisco faria a síntese: reconhece a necessidade de um arejamento doutrinal, mas mantém posições como a valorização do misticismo e a pregação de que gênero é apenas o biológico.

Participe da campanha

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma campanha nas redes sociais e em veículos de comunicação católicos em defesa do papa Francisco e do Sínodo da Amazônia. A intenção é rebater críticas de dentro e de fora da Igreja ao encontro marcado para outubro em Roma. A campanha foi divulgada com duas frases para marcar o conteúdo nas redes sociais: #euapoioosínodo#euapoioopapa#sinodoamazonico.

Agência Estado

Ativistas protestam em Londres em prol do meio ambiente


Manifestantes perto do Parlamento britânico, no centro de Londres, em 15 de abril de 2019, em uma ação organizada pelo movimento Extinction Rebellion para pedir um “estado de emergência ambiental” (AFP)

Milhares de manifestantes bloquearam a circulação de veículos em alguns pontos de Londres nesta segunda-feira (15) para reivindicar um “estado de emergência ambiental”, no primeiro dia de uma ação que deve ser realizada durante toda a semana em 80 cidades de 33 países.

Estes ativistas, convocados pelo movimento Extinction Rebellion, se reuniram em vários lugares movimentados da capital britânica, como a ponte de Waterloo e a Oxford Street, ou perto de símbolos do poder político, como o Parlamento e a sede do governo.

“Por cada dia de bloqueio, a pressão contra o governo vai se intensificar. O número de dias que vamos aguentar é um elemento-chave”, declarou à AFP Larch Maxey, um dos porta-vozes do movimento.

Este ativista espera que a ação levará a uma reunião com o governo: “Se não responderem nossas demandas, continuaremos dando fôlego à mobilização”.

Nos extremos da ponte de Waterloo, mais de mil ativistas, alguns deles fantasiados, bloqueavam a circulação, e só deixavam passar bicicletas ou skates.

“Tentamos com petições, marchas, cartas, informes, reuniões e inclusive ações diretas, mas as emissões mundiais (poluentes) continuam aumentando”, explicou em um comunicado a Extinction Rebellion, um movimento internacional que chama à desobediência civil contra a inação climática.

Para esta organização, deve-se “transformar um sistema que, mesmo de forma involuntária, está destruindo nosso planeta”.

“Não temos um planeta B”, pode-se ler em alguns dos cartazes das manifestações, entre bandeiras coloridas, com o logo da organização.

A sede da petroleira Shell também foi alvo dos manifestantes, que acusaram a companhia de “ecocídio”, a “destruição de ecossistemas”, comparáveis a um “crime contra a humanidade”, segundo a organização.

Os ativistas romperam as portas de vidro de acesso do edifício e escreveram a palavra “mentiras” na fachada. Cinco pessoas foram detidas, segundo o movimento.

A Extinction Rebellion anunciou que as ações seriam realizadas em 80 cidades de 33 países até 22 de abril, no âmbito de sua “rebelião internacional”.

Na Espanha, ativistas impediram que veículos entrassem na sede da companhia petroleira Repsol em Madri.

Em Berlim, houve várias manifestações pacíficas, incluindo uma em frente ao Bundestag, onde ativistas, em sua maioria jovens, pediram que as pessoas “se rebelem para a próxima geração”. O acesso à ponte de Oberbaumbrücke, que une o leste com o sul da cidade, também foi bloqueado durante duas horas.

Ao longo da semana estão previstas ações como o bloqueio de estradas em Viena e Paris, um “acampamento pacífico” em Melbourne e uma concentração em Washington.

AFP

Nível global do mar pode subir 15 metros em 2300, diz estudo


Partes de Nova Jersey e Nova York com 2,5 metros* (8 pés) de aumento do nível do mar. Um aumento de quase 2,5 metros é possível até 2100, no pior dos casos, de acordo com projeções. As áreas azul-claras mostram a extensão da inundação permanente. As áreas verdes brilhantes estão baixas. (Foto: NOAA Sea Level Rise Viewer)

média global do nível do mar pode subir cerca de 2,5 metros até 2100 e 15 metros até 2300 se as emissões de gases do efeito estufa continuarem altas e a humanidade se mostrar infeliz, de acordo com uma revisão das projeções feitas por cientistas da Rutgers.

Desde o início do século, o nível médio do mar global subiu cerca de 6 cm. Sob emissões moderadas, as estimativas centrais da média global do nível do mar de diferentes análises variam de 42 a 85 cm em 2100, 85 cm a 1,6 m em 2150 e 6 a 14 m em 2300, de acordo com o estudo, publicado na Annual Review of Environment and Resources.

E com 11% dos 7,6 bilhões de habitantes do mundo vivendo em áreas com menos de 10 metros acima do nível do mar, a elevação dos mares representa um grande risco para populações costeiras, economias, infra-estrutura e ecossistemas em todo o mundo, diz o estudo.

aumento do nível do mar varia com a localização e o tempo, e os cientistas desenvolveram uma série de métodos para reconstruir as mudanças passadas e projetar as futuras. Mas, apesar das abordagens diferentes, uma história clara está surgindo com relação às próximas décadas: de 2000 a 2050, o nível do mar global médioprovavelmente subirá de 16 a 25 cm, mas é extremamente improvável que suba mais de 45 cm. Além de 2050, as projeções são mais sensíveis às mudanças nas emissões de gases de efeito estufa e às abordagens para projetar mudanças no nível do mar.

“Há muito que se sabe sobre mudanças no nível do mar no passado e no futuro, e muito é incerto. Mas a incerteza não é uma razão para ignorar o desafio”, disse o co-autor Robert E. Kopp, professor do Departamento da Terra e Ciências Planetárias na Rutgers University-New Brunswick e diretor do Instituto Rutgers de Ciências da Terra, do Oceano e Atmosféricas. “Caracterizar cuidadosamente o que é conhecido e o que é incerto é crucial para gerenciar os riscos que o aumento do nível do mar representa para as costas ao redor do mundo”.

Os cientistas usaram estudos de caso de Atlantic CityNova Jersey, e de Cingapurapara discutir como os métodos atuais para a reconstrução de mudanças no nível do mar podem restringir futuras projeções globais e locais. Eles também discutiram abordagens para o uso de projeções científicas no nível do mar e como projeções precisas podem levar a novas questões de pesquisa no nível do mar.

Uma grande parte do aumento do nível do mar no século 20, incluindo a maior parte do aumento global desde 1975, está ligada ao aquecimento global causado pelo homem, segundo o estudo.

Referência:

Mapping Sea-Level Change in Time, Space, and Probability Benjamin P. Horton, Robert E. Kopp, Andra J. Garner, Carling C. Hay, Nicole S. Khan, Keven Roy, Timothy A. Shaw Annual Review of Environment and Resources 2018 43:1

* Medidas aproximadas, em razão da conversão de pés para metros.

IHU

Logística reversa de óleos lubrificantes e suas embalagens


Esses resíduos pós consumo merecem destaque, considerando que a utilização de óleos lubrificantes está também presente nas principais atividades econômicas, tais como na agropecuária, indústria em geral e no setor de transportes. (Unsplash/Tim Mossholder)

Por Reinaldo Machado e Caroline Magalhães*

Nos dias atuais em que a questão da preservação ambiental vem sendo objeto de maior atenção pela opinião pública, é necessário pensar em possíveis soluções para os impactos ambientais causados pela falta de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, principalmente os classificados como perigosos. Os Óleos Lubrificantes Usados ou Contaminados também conhecidos como OLUC, e suas embalagens, são um exemplo desses resíduos perigosos que estão presentes no nosso dia-a-dia.

Esses resíduos pós consumo merecem destaque, considerando que a utilização de óleos lubrificantes está também presente nas principais atividades econômicas, tais como na agropecuária, indústria em geral e no setor de transportes. Por isso, o seu controle é de grande importância para reduzir os potenciais impactos negativos advindos da periculosidade desses resíduos, se descartados inadequadamente no meio ambiente.

Nesse sentido, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída por meio da Lei nº 12.305/2010, nos termos do inciso IV, do artigo 33, estabeleceu a obrigatoriedade da logística reversa para os óleos lubrificantes usados e suas embalagens, que devem ser coletados e transportados para destinação ambientalmente adequada, priorizando o reaproveitamento e a reciclagem, sob a responsabilidade dos fabricantes, importadores, transportadores e distribuidores.

Isso significa que os óleos lubrificantes usados devem ser recolhidos em postos de troca e estocados adequadamente, porque se derramados nos pisos poderiam ser levados pela rede de drenagem, contaminado as águas com grandes danos à fauna aquática e aos demais usos dos recursos hídricos.

As embalagens são consideradas também resíduos perigosos e obrigadas à logística reversa, devendo, portanto, serem descartadas em pontos previstos de coleta para serem transportadas para reaproveitamento ou reciclagem.

No caso dos óleos lubrificantes usados, a solução para a sua destinação final que vem sendo mais utilizada através do processo industrial de rerrefino, procedimento no qual esses resíduos são processados para se tornarem novamente óleo mineral básico, o que proporciona benefícios tanto do ponto de vista econômico como ambiental, uma vez que retorna os resíduos como matéria prima para a cadeia produtiva desse setor e evita o descarte de poluentes no meio ambiente, fechando um ciclo virtuoso.

Desde 1993, o Conselho Nacional de meio Ambiente – CONAMA havia determinado por meio da Resolução 09/93 a obrigatoriedade de recolhimento dos óleos lubrificantes usados ou contaminados e sua destinação adequada de forma a não afetar negativamente o meio ambiente. Em 2005, o CONAMA editou nova resolução (362/2005) tornando obrigatória a reciclagem dos OLUC por meio do processo de rerrefino no país, designando o IBAMA como órgão responsável para verificação do cumprimento das metas estabelecidas, em termos de percentuais de coleta, fixadas pelos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia.

De acordo com as informações apresentadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o percentual de alcance das metas estabelecidas para coleta e destinação de OLUC no Brasil não somente foi atingida entre o período de 2009 a 2016, como foi superada. No entanto, o mesmo não se observa se a análise é feita em termos regionais, dado que os municípios desprovidos de coleta estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste do país, localidades onde não houve investimentos na logística reversa de forma satisfatória.

Todavia, o processo de rerrefino ainda carece de melhorias para atingir metas mais audaciosas no Brasil, devendo haver um maior envolvimento de todos os atores responsáveis, inclusive do Ministério do Meio Ambiente, afinal é graças à logística reversa que milhões de litros de OLUC deixam de ser descartados incorretamente.

Para a logística reversa das embalagens dos óleos lubrificantes, em 19 de dezembro de 2012, foi assinado o primeiro acordo setorial desde a sanção da Lei 12.305 em 2010, no qual os fabricantes, importadores e distribuidores de óleos lubrificantes embalados se comprometeram a implantar sistema para a coleta, transporte e destinação final ambientalmente adequada, principalmente reciclagem dessas embalagens, segundo as metas acordadas.

A implementação desse processo para as embalagens de óleo lubrificante também não se deu por completo em todos os estados brasileiros. Apesar dos resultados positivos que o sistema vem apresentando desde a assinatura do acordo setorial, os dados do Instituto Jogue Limpo, responsável pela execução da logística reversa desses resíduos no país, apontam uma notória desigualdade do sistema dentre as regiões, visto que 82% de toda a frota do programa está disposta no Sul e Sudeste, refletindo por conseguinte num quantitativo significativamente maior de material coletado.

Os maiores problemas identificados na logística reversa das embalagens de OLUC consistem, principalmente, na falta de empresas de reciclagem aptas a operar com resíduos perigosos (classe 1), baixo incentivo do governo, utilização de embalagens não viáveis à reciclagem e precária atuação dos órgãos fiscalizadores. Outra dificuldade para a coleta é a comercialização de óleos lubrificantes em supermercados, além das trocas de óleos em locais inapropriados. Para a logística reversa dos OLUC, ainda persistem as reclamações relativas à incidência de elevados impostos para o processo de rerrefino e a ausência de incentivos fiscais para esse processo produtivo de reciclagem tão complexo.

Finalmente, ressalta-se a importância da educação ambiental e o maior envolvimento por parte da sociedade civil para a conscientização da importância da logística reversas desses resíduos, promovendo a troca de óleo e o descarte de suas embalagens nos locais adequados.

*Advogado e Mestrando em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Escola Superior Dom Helder Câmara. Professor de Direito Ambiental, Urbanístico e Agrário do UNICERP – Centro Universitário do Cerrado. Grupo de Pesquisa: Avaliação de Impacto Ambiental. **Graduada em Ciências Biológicas e Mestranda no Programa de Pós-graduação da ESDHC – Mestrado em Direito Ambiental e Sustentabilidade. Grupo de Pesquisa: Avaliação de Impacto Ambiental.

Após fracasso em inseminação, tartaruga do Yangtze está à beira da extinção


Após a morte de uma fêmea de mais de 90 anos, restam apenas três espécies de tartaruga do casco mole do Yangtzé. (AFP)

Uma espécie de tartaruga está a um passo da extinção definitiva depois da morte de uma fêmea em um zoológico do leste da China, um dia depois de uma tentativa frustrada de inseminação artificial – informou a imprensa chinesa.

A tartaruga de casco mole do rio Yangtze conta com apenas três exemplares conhecidos no mundo, após a morte, no sábado, de uma fêmea de pelo menos 90 anos no zoo da cidade de Suzhou, na região de Xangai, segundo o “Jornal de Suzhou”.

O animal faleceu um dia depois de a instituição submetê-la a uma operação considerada a última oportunidade de salvar a espécie, inseminando-a com sêmen de um macho desse mesmo zoo, com mais de 100 anos.

Há anos, o parque tentava fazê-los se acasalarem naturalmente. Os pesquisadores farão uma necropsia para saber o que aconteceu com o animal.

Além do macho mencionado, restam dois espécies conhecidos que vivem em liberdade no Vietnã, mas se ignora seu sexo.

A tartaruga do Yangtze, a mais velha de água doce, pode chegar a um metro de comprimento e pesar mais de 100 quilos.

O réptil, cujo habitat se estendia pelo rio Yangtze e por outros rios chineses, foi vítima da caça, da poluição, do tráfico fluvial e da proliferação de represas.

AFP

Esse planeta não é nosso!


A sustentabilidade é a palavra chave para expressar as atitudes corretas para um desenvolvimento saudável do meio ambiente. Uma forma de propiciar o acesso a informações e obter orientação sobre a utilização responsável e equilibrada dos recursos naturais e culturais intrinsecamente importantes para a existência do planeta terra, “que não é nosso”.

Mas para isso dar certo, é necessário compreendermos nossa função aqui na terra. Quando ouvimos alguém falar em “nosso planeta”, corrija-o imediatamente! Esse pronome possessivo, como nome já diz, nos dá posse de algo, de forma que podemos usar como bem entender, e melhor nos aprouver, porém, não pode mais ser usado quando falarmos de planeta terra.

A exploração ainda é fundamental para nossa sobrevivência, contudo, os índices alarmantes de poluição e o esgotamento dos recursos, trazem um alerta quanto a esse tipo de sobrevivência. Se a exploração dos recursos e o consumo global continuarem neste ritmo, em 2030 serão necessários recursos equivalentes a dois planetas Terra para manter este padrão.

Precisamos repensar nossa função e postura aqui na terra, para depois agir de forma a diminuir nosso impacto nesse planeta que não tem dono.

Nesse sentido, o Movimento Ecos procura, além de enfatizar essas informações importantes, conscientizar sobre nossas ações e como podemos contribuir para diminuir esse impacto.

Seguindo esse exemplo, a escola Maria Muzzi Guastaferro, da região de Venda Nova, município da região metropolitana de Belo Horizonte, tem abraçado essa causa. A equipe, formada naquela escola, tem realizado palestras de conscientização sobre questões socioambientais, além de dar seguimento a um projeto socioambiental na própria escola.

São atitudes como essa que fazem a diferença. A intenção é de criar um movimento que se difunda, não só nas escolas, mas que tenha reflexo nas residências, nos bairros, e alcance nossa sociedade.

Não podemos nos omitir de nossa responsabilidade, precisamos sim, nos responsabilizar e tomar atitudes diferentes, conscientes, em prol da defesa desse planeta que “não é nosso”!

“A água de boa qualidade é como saúde e liberdade, só tem valor quando acaba”.

Equipe Ecos Escola Estadual Maria Muzzi Guastaferro.

Publicado em: ECOS

Telhados reflexivos podem reduzir o efeito de ilha de calor urbano


Este efeito é causado, em parte, pela falta de umidade e vegetação nas cidades, em comparação com as paisagens rurais. (Pixabay)

As cidades são geralmente alguns graus mais quentes do que o campo, devido ao efeito de ilha de calor urbana. Este efeito é causado, em parte, pela falta de umidade e vegetação nas cidades, em comparação com as paisagens rurais, e porque os materiais de construção urbanos armazenam o calor. Durante as ondas de calor, as temperaturas diurnas podem ficar perigosamente altas nas cidades, levando a sérios efeitos à saúde e aumentando o risco de mortalidade.

A ideia dos telhados “frescos” é tornar as superfícies dos telhados mais refletivas à luz solar (por exemplo, pintando os telhados de uma cor mais clara), reduzindo assim as temperaturas locais.

Os cientistas usaram um modelo climático regional para analisar como as temperaturas mudaram na cidade de estudo de Birmingham e West Midlands, dependendo da extensão da implantação do telhado fresco. Eles observaram os verões quentes de 2003 e 2006, e descobriram que a intensidade da ilha de calor urbana (a diferença de temperatura entre a cidade e a zona rural) chegava a 9 ° C para a cidade de Birmingham.

Trabalhos anteriores mostraram que o calor extra associado à ilha de calor urbana é responsável por cerca de 40-50% da mortalidade relacionada ao calor nas West Midlands durante as ondas de calor.

Este último estudo, publicado na Environment International , sugere que a implementação de telhados frios em toda a cidade pode reduzir as temperaturas locais máximas durante o dia em até 3°C durante uma onda de calor. Essa redução na temperatura poderia compensar em torno de 25% da mortalidade relacionada ao calor associada à ilha de calor urbana durante uma onda de calor.

O efeito de ilha de calor urbano é mais pronunciado durante a noite, porque os materiais urbanos liberam lentamente seu calor armazenado durante a noite, no entanto, os maiores benefícios dos telhados frios foram vistos durante a parte mais quente do dia, onde a luz solar era refletida. O tipo de edifício também fez a diferença: modificar apenas metade de todos os edifícios industriais e comerciais teve o mesmo impacto na redução das temperaturas do que em modificar todos os edifícios residenciais de alta intensidade.

A co-autora Clare Heaviside, do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford, comenta: “A mudança climática e a crescente urbanização significam que as populações futuras têm maior risco de superaquecimento nas cidades, embora as intervenções em escala urbana e de construção tenham o potencial de reduzir esse risco.

“Estudos de modelagem como este podem ajudar a determinar os métodos mais eficazes para implementar a fim de reduzir os riscos à saúde em nossas cidades no futuro”.

EcoDebate

Movimento Ecos: transformando intenções em realidades


Por Elmo Júlio de Miranda e Amanda Rodrigues

Desde o seu início, o Movimento Ecos possibilita às equipes das escolas parceiras o desenvolvimento de trabalhos no campo socioambiental, além de atividades ligadas à cultura e às realidades espaciais das escolas. A assessoria prestada pela coordenação, professores e estudantes das instituições Dom Helder Escola de Direito e EMGE Escola de Engenharia, apoiadoras do Ecos, possibilita a ampliação do conhecimento e da aprendizagem, agregando saberes aos currículos dos estudantes.

Os conteúdos propostos às escolas sempre foram abrangentes e arraigados de recortes transversais, servindo de práticas socioambientais e revisão de conteúdos curriculares a todas as disciplinas. As oficinas desenvolvidas oportunizam a construção do saber, o que auxilia o corpo docente no desenvolvimento de pesquisas e práticas educacionais. Nesta metodologia de práticas estão àquelas associadas às categorias socioambientais, tais como a reciclagem, o reaproveitamento de resíduos sólidos, a economia de água, energia, papel e outras. Estas elevam o grau de conscientização e o compromisso com causas sociais, econômicas e culturais, possibilitando às equipes das escolas liberdade para recriar soluções aos problemas de suas realidades.

Nesses dez anos de atuação, o Movimento Ecos presencia essas mudanças. Espaços anteriormente vazios passam a produzir verduras orgânicas de qualidade para a merenda escolar; as escolas adotaram mais a presença do verde, evitando o excesso de radiação solar em seus ambientes; a reciclagem e reutilização dos produtos descartados virou uma grande realidade; além da economia nas contas de água e energia, dentre tantas outras práticas. Todo esse conhecimento e conscientização extrapolam o ambiente escolar e se multiplicam nas famílias e comunidades. Para a travessia dessa construção, o Ecos conta atualmente com a parceria da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, que inclui o exercício do Ecos nas atividades curriculares, e que é encaminhada aos gestores escolares e professores.

Uma arena de competições positivas em prol da natureza e do planeta…

Os eventos Garota e Garoto Ecos, o Concurso de Dança e a Pegada Ambiental, são complementos fortes ao projeto socioambiental, levando cor, brilhantismo, criatividade e arte à toda comunidade escolar, estabelecendo processos de envolvimento dos jovens, dando-lhes oportunidade de apresentar suas habilidades e criatividades. No clima de competição até os resultados finais, a torcida e os objetivos em geral passam a ser únicos. A conscientização sobre as relações homem-natureza, a diminuição dos impactos sobre os recursos naturais, a sustentabilidade, enfim, a saúde do planeta e dos seres que nela habitam, aparecem em todas as tarefas concluídas. O compromisso do corpo docente e a capacidade de construção e desenvolvimento de uma nova visão sobre as ambiências vêm transformando a vida desses estudantes e profissionais da educação, tornando-os atores sociais da causa socioambiental.

Um portfólio construído e constituído de ações de excelências surpreendentes…

O conjunto de atividades, ações e eventos já realizados pelo Ecos parecem interminável, são jovens e professores reciclando, reaproveitando, plantando, desenvolvendo ações e criando maneiras e formas para se chegar a resultados fabulosos. Essas ações estão registradas nas mais de 150 escolas, que hoje parceiras, estão impregnadas em uma aquarela que revela a seriedade e a capacidade de mudança (ou de ação) para o planeta sobreviver, sendo possível a união de desenvolvimento e consciência.

Uma caminhada que não poderá acabar, se renova, fortalece e não tem fim….

Após o exercício e o cumprimento de ações e tarefas planejadas, chega o momento das conclusões, que são as premiações dos talentos. O desfecho anual do projeto dá-se com uma irradiante caminhada… a Caminhada Ecológica. Milhares de alunos, professores, diretores, profissionais da educação e demais participantes, levam suas bandeiras junto à bandeira do Movimento Ecos para as ruas de Belo Horizonte em um grande cortejo. Todos os anos, cerca de vinte mil alunos fazem um determinado percurso, estilizados, uniformizados e com muita alegria, com fanfarras e refrãos de grito de guerra, solicitando socorro à natureza, à vida e à perpetuação do planeta em vista da sustentabilidade para essas e futuras gerações.

Não é tão fácil descrever e ilustrar o Ecos devido à sua dinâmica extensiva, mas as imagens podem testemunhar e ajudar na interpretação das palavras, o que só justifica a seriedade de um projeto cujo lema é verdadeiro e real, pois, “Juntos, podemos”!

Oceano, um pulmão para o planeta essencial na crise climática


Indonésios aproveitam o pôr do sol na Baía de Jacarta em 7 de junho de 2019, um dia antes do Dia Mundial do Oceano. (AFP)

O oceano é uma das primeiras vítimas do aquecimento global e ao mesmo tempo nos protege do CO2 absorvendo-o, um papel vital que os especialistas esperam que seja levado em conta nas políticas climáticas.

“Temos uma grande oportunidade nos próximos 18 meses de fazer algo pelos oceanos”, considera Dan Laffoley, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). E não só contra a poluição de plásticos e a sobrepesca, protagonistas recorrentes das campanhas de proteção dos mares.

O ano de 2019 estará marcado pela publicação, em setembro, de um informe especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da ONU dedicado aos oceanos.

Um informe seguramente “sombrio”, prevê Lisa Speer, da ONG americana Natural Resources Defense Council, na véspera do Dia Mundial dos Oceanos, em 8 de junho.

O informe do IPCC de 2014 estabelecia uma subida de no máximo um metro no fim do século em relação a 1986-2005. Mas um recente estudo científico previu um aumento superior, inclusive se a humanidade conseguir limitar o aquecimento a +2ºC, objetivo mínimo do Acordo de Paris.

“Cavaleiros do Apocalipse”

A este desafio maior se soma o que Dan Laffoley descreve como os “quatro cavaleiros do Apocalipse”: o aquecimento da superfície, o do oceano em seu conjunto, a aceleração da acidificação e as “zonas mortas”, onde o nível insuficiente de oxigênio impede a vida marinha.

“Nós cientistas estamos estupefatos ante a envergadura, intensidade e rapidez da mudança”, segundo Laffoley.

Os oceanos absorvem cerca de 30% das emissões de CO2 geradas pela atividade humana e mais de 90% do calor adicional criado por estas emissões, o que limita as consequências para o homem.

Mas ao fazer isso, sua superfície aquece e se torna mais ácida, um fenômeno com consequências nefastas para os corais.

“Há um limite” para esta capacidade de absorção compartilhada com as florestas, advertiu recentemente Peter Thomson, enviado especial para o clima do secretário-geral da ONU.

“Uma de cada duas de nossas respirações procede do oxigênio produzido pelo oceano. É hora de fazer mudanças radicais”, disse.

Os defensores dos oceanos esperam que o alerta que provavelmente será lançado pelo IPCC em setembro permita tomar consciência da relação inextricável entre o oceano e o clima.

Uma “COP azul” no Chile

Na mesma linha, o presidente chileno, Sebastián Piñera, quer que a 25º Conferência da ONU sobre o Clima (COP25), que seu país presidirá em dezembro em Santiago, entre para a história como a “COP azul”.

Mas como traduzir esta vontade política em atos?

Os países devem incluir “medidas relativas ao oceano em seus compromissos nacionais”, afirma Raphaël Cuvelier, da Fundação Príncipe Alberto II de Mônaco.

Os países signatários do Acordo de Paris devem preparar para 2020 uma revisão de seus compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa, na qual poderiam incluir tais medidas, segundo Cuvelier.

“Trabalhar pela preservação e valorização dos ecossistemas marinhos é trabalhar pelo clima”, afirma.

Inverter a tendência

Concretamente, cientistas e ONGs pedem que se amplie rapidamente a rede mundial de áreas marinhas protegidas.

Estas “podem abrigar de novo a vida em algumas zonas dentro de algumas décadas (…) e inverter a tendência. Podemos lidar com as mudanças provocadas pela mudança climática”, afirma Callum Roberts, oceanógrafo da Universidade de York.

Outros especialistas ressaltam a importância do chamado “carbono azul”, que designa a capacidade de absorver CO2 de alguns ecossistemas costeiros, como os mangues.

Um diplomata participante das negociações climáticas expressou que preservar estas áreas ricas em “carbono azul” é tão benéfico para o clima quanto para a humanidade.

“Os mangues podem proteger as costas das tempestades e da subida do nível do mar e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade”, disse.

AFP

Bolsonaro ignora lei e impede ação contra exploração ilegal de madeira


Determinação do presidente foi feita via vídeo postado na internet (Alan Santos/PR)

Em vídeo divulgado na internet, o presidente Jair Bolsonaro admitiu ter proibido que veículos usados na exploração ilegal de madeira fossem destruídos, procedimento previsto na legislação ambiental. Em viagem a Macapá na sexta-feira, ele atendeu pedido do senador Marcos Rogério (DEM-RO) para desautorizar o trabalho de fiscais que destruíram caminhões e tratores apreendidos em operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nos municípios de Cujubim e Espigão D’Oeste, em Rondônia.

A gravação de 41 segundos começa com Rogério pedindo ao presidente uma mensagem sobre a operação do “pessoal do meio ambiente” que destruiu caminhões e tratores na área da Floresta Nacional do Jamari, no Estado. “Ontem, o ministro Ricardo Salles do Meio Ambiente, veio falar comigo com essa informação. Ele já mandou abrir um processo administrativo para apurar o responsável disso aí. Não é pra queimar ninguém, nada né, ninguém não, nada, maquinário, trator, caminhão, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação”, disse o presidente.

Na sequência do vídeo, Rogério disse que a nova ordem “não significa apoiar ilegalidades, descumprir a lei”. “Significa cumprir a lei, quem cometeu erro, que responda na forma da lei, sem destruir o patrimônio”, emendou.

Procurado pela reportagem neste domingo, 14, para comentar o vídeo, o ministro Salles se limitou a dizer que o governo vai editar uma instrução normativa para alterar as regras que permitem queimar equipamentos nas operações. “Vamos publicar uma instrução normativa para estabelecer os novos procedimentos nas operações do Ibama.”

Na semana passada, o governo mudou o Decreto 6.514, de 2008, que trata de infrações ao meio ambiente. O artigo 111, que permite destruir e inutilizar instrumentos usados em infrações ambientais, no entanto, foi preservado. A norma diz que a destruição é permitida quando “a medida for necessária para evitar o seu uso e aproveitamento indevidos nas situações em que o transporte e a guarda forem inviáveis em face das circunstâncias” ou “possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou comprometer a segurança da população e dos agentes públicos envolvidos na fiscalização”.

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