Estudo reforça associação entre aquecimento global e Revolução Industrial


No entanto, os dados disponíveis não contam uma história completa do processo de aquecimento moderno do planeta. Afinal, em 1880, a Revolução Industrial e o consumo de combustíveis fósseis, particularmente carvão, já faziam parte da vida econômica ocidental havia algumas décadas. Tanto que, na Grã-Bretanha, já existiam leis referentes à poluição atmosférica decorrente da atividade industrial desde 1863 (com a promulgação do Alkali Act, que restringia a emissão de ácido clorídrico gasoso decorrente do processoLeblanc para produção de carbonato de sódio, importante para as indústrias de vidro, sabão, papel e têxtil, entre outras).

Ou seja, não temos um registro técnico confiável sobre a evolução da temperatura média global nas primeiras décadas da Revolução Industrial, exatamente o momento inicial do processo de aquecimento moderno do planeta.

Uma pesquisa recém-publicada na revista Nature explorou possíveis registros de temperatura das décadas anteriores a 1880, de forma a identificar quando e como apareceram os primeiros sinais de aquecimento a partir do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes de atividades humanas.

Usando dados paleoclimáticos a partir do ano 1500 – o registro natural da temperatura do planeta contido em fontes naturais, como as bandas de crescimento de corais (nos oceanos tropicais) e árvores, além de núcleos de gelo (nos polos terrestres) – pesquisadores australianos liderados pelo professor Nerilie Abram, da Australian National University, conseguiram estimar que a temperatura da Terra começou a subir entre os anos 1830 e 1850.

A partir de simulações climáticas, os cientistas fizeram uma correlação entre os registros de temperatura nessas fontes naturais e o aumento das emissões de GEE das atividades das primeiras décadas de industrialização na Europa. A industrialização do século XIX resultou em pequenas subidas na concentração de GEE na atmosfera, mas a reação climática a essa mudança foi rápida, algo que surpreendeu os pesquisadores.

“O início do aquecimento detectado nesse estudo indica que o clima da Terra reagiu de forma rápida e mensurável ao pequeno aumento das emissões de carbono no começo da era industrial”, apontou Helen McGregor, da Universidade de Wollongong, uma das co-autoras do estudo, para o portal Climate Home.

 

Essa constatação é importante para entender até que ponto os dados de base de 1880 podem ser considerados como “normais” para efeito de comparação com os registros anuais posteriores de temperatura. Se levarmos em conta os dados analisados por este estudo, a Terra já pode ter superado o limite de aquecimento de 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, um dos objetivos de longo prazo definidos pelo Acordo de Paris na contenção das emissões de GEE e na mitigação dos efeitos da mudança do clima – ou seja, pode ser tarde demais para evitar algumas consequências negativas desse processo, como o degelo das calotas polares e o aumento subsequente do nível do mar.

Ao mesmo tempo, o estudo oferece uma esperança. Considerando a rapidez com que o sistema climático respondeu ao pequeno aumento na concentração de GEE na atmosfera no começo da era industrial, “há potencial de que isso possa ter um outro lado”, disse Nerilie Abram ao jornal Guardian. “Se pudermos fazer alguma coisa para diminuir as emissões de GEE, ou até mesmo começar a retirá-las da atmosfera, pode haver, pelo menos, algumas áreas do sistema climático em que teremos um rápido retorno [à normalidade]”.

Fonte: Página 22

Um táxi ecológico


Para compensar a poluição causada pelo próprio táxi, o motorista João Batista criou um sistema de plantação de mudas de pau-brasil

               

Em 2007, o taxista João Batista já tinha uma clientela fiel em São Paulo, mas estava descontente com o trabalho. Nada relacionado ao trânsito – ele já tinha resolvido isso com bom-humor, revistas e até bebidas para os clientes. O problema agora era o aquecimento global. Descobriu que os carros eram verdadeiros vilões nessa história.

“Um táxi polui muito o ambiente, mas eu não poderia parar de trabalhar. Foi aí que comecei a pesquisar sobre como neutralizar o que eu mesmo sujei”. Também na rádio, fiel companheira dos taxistas, foi que João encontrou uma luz. “Eu estava ouvindo o (colunista da CBN) Gilberto Dimenstein, que falava sobre sustentabilidade. Falei ‘vou escrever para ele’”.

Com a ajuda de Dimenstein, João encontrou ONGs ambientais e, juntos, calcularam quanto CO2 o automóvel liberava por dia e quantas mudas ele deveria plantar para que elas absorvessem tudo. Depois, João chegou ao valor que precisava sugerir aos clientes para a compra das mudas.

Em seis anos, o taxista plantou quase 250 mudas de pau-brasil em praças da cidade de São Paulo. No início, os amigos não colocavam muita fé na ideia; eles lhe diziam que o vandalismo ia arrancar as mudas. Não foi o que aconteceu: as primeiras árvores, plantadas na praça do bairro onde mora, na zona leste, continuam lá, cada vez maiores.

Com uma tabela, o taxista apresenta no final da corrida quantos quilos de CO2 a viagem depositou no ambiente e quanto o passageiro desembolsa se quiser ajudar a comprar uma muda. Um trajeto de uma hora, por exemplo, deposita 11,7 kg de dióxido de carbono e gera uma contribuição de 62 centavos. “Se o cliente não quiser colaborar, não precisa. Mas todo mundo se sensibiliza. Tem gente disposta a ajudar mais e doa até R$ 50, R$ 100 (hoje, a muda custa cerca de R$ 100)”.

As subprefeituras oferecem a praça e a mão de obra. Pelo site de João* (oseutaxi. com.br), dá para se cadastrar num programa de fidelidade em que o usuário troca pontos por mais mudas de pau-brasil.

*O seu táxi

 

Fonte: Planeta Sustentável

Brasil vai liderar luta contra o aquecimento global


Brasil vai liderar luta contra o aquecimento global, diz especialista

José Romildo – Correspondente da Agência Brasil

O Brasil é um dos países mais bem preparados para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, que prevê medidas para controlar o aquecimento global, disse hoje o integrante da Coalizão Brasil e presidente do Conselho da Amata, Roberto Waack, após participar da reunião de líderes mundiais para a assinatura do acordo na sede da ONU, em Nova York.

Waack citou, entre as vantagens comparativas do Brasil, a disponibilidade de terra, de energia e de ambiente institucional, representado pela existência de um código florestal. Esses fatores, somados, propiciam uma combinação muito favorável de “conservação e de produção”.

Os líderes mundiais, que representam mais de 170 países, assinaram documento em que proclamam princípios de defesa do meio ambiente e insistem para que os parlamentos de cada país adotem uma regulamentação que permita limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2º Celsius (C) e, ao mesmo tempo, tentar um objetivo mais ambicioso: reduzir o aumento de temperatura para 1,5º C.

Segundo o membro da Coalizão Brasil, que é um movimento multissetorial comprometido com a adoção da agenda das mudanças climáticas, o quadro brasileiro é vantajoso perante o mundo. Roberto Waack observou que a existência de uma combinação brasileira de conservação e de produção, em contraste com o antagonismo de outros países, que precisam escolher entre conservação ou produção.

Segundo ele, as condições do país colocam o Brasil como uma liderança mundial, no que se refere à oferta de produtos com baixa utilização de carbono. Por isso, “o Brasil precisa cuidar para que o processo decorrente do Acordo de Paris receba endosso do Legislativo rapidamente”, afirma Waack.

Fonte: EBC

Quando o aquecimento global disparar, como vamos saber?


Painel de cientistas pede criação de sistema de alarme

Um painel científico pediu a criação de um sistema de alarme ecológico, depois das descobertas de que o aquecimento global ameaça um colapso no gelo do mar polar, vastas zonas mortas no oceano, extinção em massa de plantas e animais, tudo isto com um impacto devastador sobre a vida humana.

Um relatório divulgado ontem pelo Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos adverte que os efeitos abruptos da mudanca do clima irão continuar e que as sociedades precisam estar melhor preparadas.

Entre as mudanças drásticas que já ocorreram, os cientistas notaram o desaparecimento das noites frias de verão no oeste americano e no Canadá, o que permitiu que besouros devastassem dezenas de milhões de acres de florestas.

Temores anteriores, como uma súbita mega-emissão de metano do oceano, não acontecerão em futuro previsível, mas os recifes de corais do mundo, afirmam, poderão estar condenados em décadas.

O painel diz que mesmo tendências lentas de mudança podem alcançar níveis que levaram à extinção de plantas e animais, desorganizarão da agricultura e conflitos políticos a curto prazo.

Um sistema de monitoração, não especificado pelos cientistas, seria crucial para que tomadores de decisão antecipem mudanças bruscas e iniciem logo esforços de adaptação.

“Há câmeras em todo lugar, mas elas estão olhando a nós,” disse James White, pesquisador da Universidade do Colorado. “Mas, e isto é notável, poucas delas estão voltadas para o ambiente, nosso ativo economicamente mais importante,” afirmou ele, de acordo com o Christian Science Minitor. 

Fonte: Planeta Sustentável

Países ricos se opõem a medir a responsabilidade histórica pelo aquecimento global


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A União Europeia e os Estados Unidos se opuseram nesta sexta-feira a uma proposta dos países em desenvolvimento para se medir a responsabilidade histórica de cada nação pelo aquecimento global.

O estudo guiaria o acordo das Nações Unidas previsto para ser fechado em 2015 sobre corte de gases do efeito estufa.

Os países ricos temem que qualquer estudo científico que culpe as nações desenvolvidas mais do que outras pelo problema, já que elas queimam combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, possa atrasar ainda mais as negociações sobre o tema nas Nações Unidas.

O Brasil ganhou o apoio de mais de cem países em desenvolvimento, durante reunião que acontece em Varsóvia até o dia 22 de novembro, para uma proposta de pedir que os especialistas das Nações Unidas investiguem a responsabilidade histórica de cada país na emissão dos gases do efeito estufa.

Um estudo como esse poderia guiar o novo pacto sobre o assunto, previsto para ser acordado em 2015 e começar a valer em 2020.

No entanto, ele também pode levar a impasses políticos e legais. “Responsabilidade”, nesse caso, pode ser interpretado como o reconhecimento de um débito por ter causado mais secas, enchentes, entre outros.

“Não estamos encontrando uma resposta positiva dos países desenvolvidos… o que é muito surpreendente para nós”, afirmou o líder da delegação brasileira, José Antonio Marcondes de Carvalho, à imprensa. “Por que eles estão rejeitando até conversar?”

A UE, por sua vez, afirmou que tal estudo pode demorar muito e ter um foco muito limitado.

“Tememos que a proposta possa politizar o processo e nos fazer perder o limite de 2015 para o novo acordo”, declarou Juergen Lefevere, líder da delegação do bloco. “A discussão deve ser sobre um conjunto muito maior de indicadores, e não somente o histórico de emissões.”

Outros fatores, segundo ele, poderiam ser emissões atuais e futuras, projeção de crescimento econômico e populacional, capacidade e custo para o corte de emissões.

A China é hoje o principal emissor de gases do efeito estufa, à frente dos Estados Unidos, da UE, da Índia e da Rússia.

Pelo seu crescimento econômico, a China vai se juntar aos Estados Unidos e à UE como os que mais emitiram gases do efeito estufa desde 1850.

Nações ricas devem ser responsabilizadas?  Ou melhor pagar pelos estragos que causaram?

Fonte: Help Planeta

Mudança do clima põe US$2,5 trilhões em risco


Foto: quantz/flickr

Foto: quantz/flickr

Um estudo divulgado na segunda-feira (4) na Nature mostra que um aquecimento de 2,5°C até 2100 pode colocar em risco US$2,5 trilhões em ativos – o que representa 1,8% da economia global. No cenário mais pessimista da pesquisa da London School of Economics, e com as incertezas de valoração dos riscos impostos pela mudança do clima, há 1% de chance de que o prejuízo chegue até US$ 24 trilhões.Os autores, liderados por Simon Dietz, concluem que limitar o aquecimento do planeta em 2°C, como acordado na COP21 em Paris, poderia reduzir significativamente os valores sob risco por conta do clima. Mesmo assim, US$ 1,7 trilhões continuarão em risco.“Nossos resultados podem surpreender os investidores, mas não será surpresa para muitos economistas que trabalham em mudanças climáticas, porque os modelos econômicos ao longo dos últimos anos vêm gerando estimativas cada vez mais pessimistas sobre os impactos do aquecimento global sobre o crescimento econômico futuro”, diz Diez. “Mas também descobrimos que o corte de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global a não mais que 2°C reduz substancialmente o valor em risco por causa do clima.”Para apresentar este resultado, os pesquisadores levaram em consideração uma carteira diversificada de ativos e quatro dimensões da incerteza: a taxa de crescimento da produtividade, a vulnerabilidade climática, perdas no PIB relacionadas ao clima e custos de redução de emissões.De acordo com o estudo, há duas maneiras principais em que as mudanças climáticas podem afetar o valor dos ativos financeiros: a destruição direta ou depreciação de bens de capital por eventos climáticos extremos (secas, inundações, tempestades, incêndios), por exemplo, e na mudança no retorno sobre ativos de capital, na produtividade do conhecimento e ou da produtividade do trabalho e, portanto, do salário e distribuição de lucros.

Os pesquisadores ressaltam que investidores institucionais, em especial fundos de pensão, estão na vanguarda do trabalho nesta área. “Para eles, a possibilidade de que as mudanças climáticas reduzam o retorno de longo prazo de investimentos faz com que seja uma questão de dever fiduciário para com os beneficiários de fundos”, dizem os autores. “É por isso que não é incomum ver os fundos de pensão defendendo redução significativa de emissões.”

Segundo análises apresentadas por pesquisadores, as metas voluntárias de redução de emissões apresentadas pelos países à Convenção de Mudanças Climáticas até agora coloca o mundo numa trajetória rumo aos 2,7ºC a 3,5ºC. A revisão dessas metas deve acontecer antes de 2020, quando entra em vigor o Acordo de Paris.

*Este artigo foi publicado originalmente no site do Observatório do Clima, republicado em O Eco através de um acordo de conteúdo. logo-observatorio-clima

Fonte: (o)eco

O Aquecimento Global e a Amazônia: entre desafios e o infinito


O Aquecimento Global e a Amazônia: entre desafios e o infinito, artigo de Rinaldo Segundo

 

“…a terra em si é de muito bons ares … àguas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem as águas que têm.” Pero Vaz de Caminha, Carta a el-Rei Dom Manuel.

 

[EcoDebate] Afinal, o que o aquecimento global tem a ver com o Brasil e com a Amazônia?

As emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil são inversamente proporcionais aos números internacionais. Assim, enquanto 80% das emissões mundiais de GEE se relacionam à produção de energia e à queima de combustíveis fósseis, os restantes 20% são devidos às mudanças no uso da terra. A maior parte das emissões brasileiras, porém, são devidas ao desmatamento e às mudanças no uso da terra, enquanto a menor parte resulta do uso de combustíveis fósseis e da produção de cimento (esse número já foi, respectivamente, 75% e 25%.)

Isso se explica pela baixa dependência brasileira aos combustíveis fósseis. A energia hidrelétrica é a principal fonte de energia no Brasil, e a utilização de etanol para veículos a motor, generalizada. Em 2005, 75% da energia consumida no Brasil foi gerada em hidrelétricas. Globalmente, o Brasil foi/é responsável por 4% das emissões anuais de CO2. Importante: todos esses dados podem variar de um ano para outro embora sem alterar a estrutura das emissões de GEE.

Fato é que o Brasil contribui para o aquecimento global principalmente através do desmatamento da floresta amazônica, já que as emissões de GEE oriundas do desmatamento e uso do solo respondem significativamente pelas emissões. Árvores derrubadas e queimadas significam mais CO2 liberado para a atmosfera. É verdade que o desmatamento tem sido reduzido desde 2004, quando 27,772 quilômetros quadrados foram destruídos. Em 2008, esse número diminuiu para 12,911, e para 7,469 em 2009. Em 2010, os números foram estimados em 6,451. Apesar disso, o desmatamento ilegal ainda é desafiador.

Há outro desafio. Dia 31 de outubro de 2011 é uma data histórica. Nessa ocasião, o planeta Terra atingiu 7 bilhões de pessoas. As projeções para o futuro são de contínuo aumento populacional. Até a metade do século, conforme estimativas da ONU, o mundo terá mais de 9 bilhões de pessoas. Um aumento de 30% comparado à população atual. Apenas na África Subsaariana, até 2050, a população passará de 770 milhões para 2 bilhões de pessoas.

Esse contínuo aumento populacional gera preocupações relacionadas à fome e à má nutrição. Hoje, apenas na Ásia e na América Latina, 554,5 e 47,1 milhões de pessoas, respectivamente, não recebem alimentação adequada. Computando todos os países em desenvolvimento, os números de má nutrição e fome aguda alcançam 835,2 milhões de pessoas, ou seja, 12% da população mundial.

A preocupação futura é ainda maior. Primeiro, espera-se o aumento de preços dos alimentos até a metade do século em função do aumento da temperatura do planeta. Segundo, a projeção de 9,1 bilhões de pessoas em 2050 exigirá o aumento da produção de alimentos em 70%.

A necessidade de aumento na produção de alimentos é desafiada pelo aumento na temperatura do planeta, já que o aumento da temperatura pode reduzir a produção e a produtividade de alimentos no mundo. Esse é um grande desafio amazônico e brasileiro: aumentar a produção de alimentos simultaneamente ao crescimento populacional mundial.

Mas, há outro desafio: a mudança no paradigma de exploração infinita dos recursos naturais. Em sua carta à ocasião do descobrimento do Brasil, Pero Vaz de Caminha reportou uma natureza infinita. Hoje, as florestas e as águas de Caminha são, cada vez mais, findas. Os efeitos nocivos dessa visão infinita na exploração dos recursos naturais deveria moldar a exploração atual e futura dos recursos amazônicos, evitando-se a repetição de erros passados.

*Artigo 3 da série de artigos Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.

Rinaldo Segundo, promotor de justiça no MPE/MT e mestre em direito (Harvard Law School), é autor do livro “Desenvolvimento Sustentável da Amazônia: menos desmatamento, desperdício e pobreza, mais preservação, alimentos e riqueza,” Juruá Editora

 

in EcoDebate, 23/02/2016

Clima: a temperatura média da terra deve aumentar de 0,3 a 4,8 graus até 2100.


MEIO AMBIENTE O relatório dos especialistas sobre clima do GIEC (Grupo de especialistas intergovernamentais sobre a evolução do clima) revelou na sexta-feira (27/09/2013) que o nível do mar poderá aumentar de 26 a 82 centímetros até 2100.
         
A responsabilidade do homem diante o aquecimento global é mais certa do que nunca e a temperatura média da terra deverá continuar a subir de 0,3 a 4,8 Cº até 2100, segundo o novo relatório dos especialistas em clima do GIEC realizado em Estocolmo.

O nível do mar de 26 a 82 cm.

Os especialistas intergovernamentais, também revisaram a altura do nível do mar, a qual deverá ser entre 26 a 82 centímetros até 2100, de acordo com a nova avaliação científica sobre mudanças climáticas. O relatório foi apresentado na última sexta-feira de setembro em Estocolmo, “constituindo um sinal de alarme para todo o mundo” pronunciou a funcionária do clima da ONU, Christiana Figueres, em Nova York.

Um impulso para as negociações.
 “Acreditamos que isso dará impulso às negociações" para um acordo climático internacional no ano de 2015 em uma conferência na cidade de Paris, disse Christiana Figueres. Embasados nas contribuições de 250 cientistas e dos estudos já publicados, o relatório seguirá os metódos anteriores, a fim de continuar a esclarecer os perigos consequentes das alterações climáticas. Em especial reafirmará a responsabilidade do homem, em vista do aumento do nível do mar e das intensificações de eventos climáticos extremos como as ondas de calor e fortes chuvas em determinadas regiões.

Com AFP
 

Para mais informações: 20 minutes

Criado no dia 27/09/2013 à 10h11 – atualizado em 27/09/2013 à 10h48.
Fonte: 20 minutes

Tradução: Matheus Lima

‘IPCC alerta que o mundo precisa agir’


"A grande mensagem do quinto relatório do IPCC é que a situação é cada vez mais crítica, e que, se nada ou muito pouco for feito, entraremos em uma trajetória muito perigosa. A janela de oportunidade para evitarmos o colapso do sistema climático é estreita", constata André Ferretti, coordenador Geral do Observatório do Clima, rede brasileira de articulação sobre as mudanças climáticas, e coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário, em artigo publicado pelo portal do jornal O Estado de S. Paulo, 27-09-2013.

Segundo ele, "não há opção outra que não a ação incisiva, pois o custo para a sociedade global da inação é impagável. Centenas de milhares de pessoas morrem e são drasticamente afetadas por eventos climáticos extremos a cada ano, e isso tende a piorar, com eventos extremos mais fortes e mais frequentes".

Eis o artigo.

Nesta semana, representantes de governo de 195 países estiveram reunidos em Estocolmo, na Suécia, para aprovar o texto final do primeiro volume do Quinto Relatório de Avaliação sobre o Meio Ambiente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O relatório vem sendo elaborado há quatro anos por centenas de cientistas renomados, do mundo todo, e seus outros três volumes deverão ser publicados até meados de 2014.

O IPCC analisa as pesquisas publicadas nos principais periódicos do mundo, com o objetivo de prover informações aos líderes mundiais sobre os efeitos e possíveis soluções para as mudanças climáticas. Desde a publicação de seu primeiro relatório, em 1990, o IPCC tem exercido grande influência nos debates e avanços das Nações Unidas, como na criação na criação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (1992) e do Protocolo de Quioto (1997).

E seu quarto relatório levou à conquista do prêmio Nobel da Paz para o IPCC em 2007. Mas ainda assim não foi suficiente para gerar ações dos governos na urgência e intensidade recomendada pela ciência a fim de reduzir os grandes impactos econômicos, sociais e ambientais previstos em decorrência das mudanças climáticas. O novo acordo global, tão esperado na COP15 (Conferência do Clima da ONU), realizada em 2009 em Copenhagen, na Dinamarca, não saiu até hoje. Agora o novo prazo para um acordo global é 2015. Restam-nos, portanto, pouco mais de dois anos para que todos os países que fazem parte da Convenção de Clima das Nações Unidas cheguem a um único consenso – vamos ouvir a ciência e agir.

A grande mensagem do quinto relatório do IPCC é que a situação é cada vez mais crítica, e que, se nada ou muito pouco for feito, entraremos em uma trajetória muito perigosa. A janela de oportunidade para evitarmos o colapso do sistema climático é estreita. As emissões globais têm que atingir seu pico nos próximos anos e começar a serem reduzidas de forma acelerada para evitarmos que o aquecimento ultrapasse os 2°C de aumento médio da temperatura média do planeta, limite que os cientistas consideram como administrável. Mesmo no melhor cenário de redução de emissões, teremos que ter estratégias para lidar com as consequências do aquecimento que já ocorre hoje e que irá aumentar nas próximas décadas, afetando a vida de milhões de pessoas.

O novo relatório aponta um aumento no grau de certeza da influência humana no aquecimento global, agora de 95%. As cidades e o processo de urbanização vêm ganhando cada vez mais espaço nas discussões, visto que até 2030 dois terços da população global viverá em centros urbanos — marca que já foi ultrapassada em nosso País–, que 75% de toda energia é consumida nas cidades e que nessas áreas os efeitos das mudanças serão mais sentidos, principalmente pela grande concentração de pessoas e todos os problemas ambientais característicos das regiões metropolitanas.

Esses resultados estão muito alinhados com o primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Apresentado há pouco mais de duas semanas, o primeiro relatório nacional contou com a contribuição de mais de 300 cientistas e alerta a sociedade brasileira para os grandes impactos socioeconômicos e ambientais que nosso país sofrerá até o final do século, se mantida a tendência atual de emissão de gases de efeito estufa.

Não há opção outra que não a ação incisiva, pois o custo para a sociedade global da inação é impagável. Centenas de milhares de pessoas morrem e são drasticamente afetadas por eventos climáticos extremos a cada ano, e isso tende a piorar, com eventos extremos mais fortes e mais frequentes.

O Brasil conseguiu um feito inédito, que foi o de diminuir concretamente suas emissões com a queda no desmatamento. Porém, o País está pondo em risco esse único e importante trunfo, ao afrouxar as regras de controle do desmatamento, por meio da revogação do Código Florestal, do projeto substitutivo que visa alterar a Lei nº 9.985/2000 (do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação), da tentativa de paralisar a criação de unidades de conservação (PEC 215), e da tentativa de abrir terras indígenas à exploração industrial (PLP 227). Além de tudo isso, o País não avançou em outras áreas de mitigação das emissões em adaptação às mudanças climáticas já em curso.

De 11 a 22 de novembro, será realizada a COP19 – 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – em Varsóvia (Polônia). Os países membros estão recebendo da ciência um grande alerta para a urgência do avanço nas negociações para o novo acordo global de clima, a ser aprovado até a COP21, em 2015, em Paris (França). O Observatório do Clima, rede brasileira de ONGs e movimentos sociais sobre mudanças climáticas, criada em 2002, espera que o governo brasileiro adote uma postura mais proativa e mantenha o papel de protagonismo que vem marcando sua atuação desde a criação da Convenção do Clima, no Rio de Janeiro em 1992.

A realidade climática no Brasil é de seca extrema no Nordeste, a pior em décadas, mais uma enchente no vale do Itajaí, um tornado no sul de São Paulo, entre outros eventos extremos. O Brasil precisa reagir para tornar mudanças climáticas tema prioritário para os grandes planos de desenvolvimento do País, em todos os níveis de governo. Hoje temos trilhões de recursos a serem investidos em infraestrutura, planos de expansão da geração de energia principalmente de fontes fósseis (cerca de 70% dos investimentos do País), planos safra anuais e incentivos à indústria, sem nenhuma conexão com a lógica do desenvolvimento de baixo carbono. Temos um conjunto de políticas de clima desconexas, sem coordenação e que sequer tem seus potenciais impactos positivos monitorados; e o Fundo Clima está completamente ameaçado e com recursos contingenciados – fundo esse criado pelo governo brasileiro em dezembro de 2009, que tem por finalidade financiar projetos, estudos e empreendimentos que visem à mitigação (ou seja, à redução dos impactos) da mudança do clima e à adaptação a seus efeitos.

 

Foto: Envolverde

Fonte: IHU

Aquecimento global ameaça deixar 1,75 bilhão sem água


Aquecimento global ameaça deixar 1,75 bilhão sem água, diz ambientalista

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A coordenadora da Aliança pela Água, Maru Whately, fala no debate Chapa Quente do Aquecimento Global, no encontro global Emergências (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A coordenadora da Aliança das Águas, Maru Whately, grupo que reúne hoje cerca de 60 entidades de diferentes áreas, convocou todos, governo e sociedade, a repensarem sua relação com a águaFernando Frazão/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os dados foram apresentados pela coordenadora da Aliança das Águas, Maru Whately, em uma mesa redonda – Chapa quente do aquecimento global – ocorrida na tarde de hoje (11), no encontro global Emergências, iniciativa do Ministério da Cultura que debate desde segunda-feira, no Rio de Janeiro, a cultura como ativadora de processos na conquista de direitos civis, políticos, sociais, econômicos e ambientais.

A arquiteta e urbanista, que integra o Instituto Socioambiental, disse que a Aliança das Águas se formou no ano passado, com a crise de abastecimento em São Paulo, e reúne hoje cerca de 60 entidades de diferentes áreas. O objetivo é contribuir para a segurança hídrica do estado. Segundo ela, apesar de cientistas não afirmarem que as mudanças no ciclo hídrico estão relacionadas com o desmatamento ou o aquecimento global, as mudanças são perceptíveis.

“Nós somos a Arábia Saudita da água e estamos ficando secas. Temos 12% da água doce do mundo, com o aquífero Guarani, o aquífero na Amazônia. E vimos as grandes cidades ficando sem água. Desde o surgimento da água e a formação do ciclo hidrológico, tudo o que acontece com o clima a gente vê através da água. A estiagem de 2014 foi um evento climático extremo e eles tendem a ser cada vez mais frequentes. Há questões climáticas em várias partes do mundo, na Califórnia, e parte da tensão hoje na Síria é por causa disso. A previsibilidade do clima que a gente tinha está mudando”.

Maru convocou todos, governo e sociedade, a repensarem sua relação com a água e, também, com o saneamento básico. “Precisamos de uma nova cultura para cuidar da água. Não ter acesso à água pode ser terrível, mas não ter acesso a saneamento é horrível também. Estamos vendo a questão da microcefalia e do zika vírus, boa parte disso relacionada à falta de cuidado das pessoas com a água parada. Questões do saneamento são importantes, também. Tem que tratar, é inadmissível que haja um rio como o Tietê. Água não é responsabilidade só de uma instância, isso é muito mais complexo. Se a gente quiser ter água, precisa cuidar das fontes, dos mananciais, das nascentes. É vergonhoso o que se tem de perda da água no sistema de distribuição. Precisamos rever o valor econômico da água e precisamos de participação e controle social nisso”.

Rio de Janeiro - O indígena Benki Ashaninka fala no debate Chapa Quente do Aquecimento Global, durante o Encontro global Emergências (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O líder indígena Benki Ashaninka, do Acre, chamou a todos para mudar o olhar sobre a população indígena, sua cultura e relação com a naturezaFernando Frazão/Agência Brasil

O líder indígena Benki Ashaninka relatou sua experiência de formação dos jovens na cultura de seu povo e nos cuidados com a floresta, na região do município de Marechal Thalmaturgo, no interior do Acre. Ele disse que, ainda adolescente, após participar da Eco 92, no Rio de Janeiro, liderou um projeto de levantamento das tradições e conhecimentos do povo Ashaninka em seu território indígena.

“Chamei 60 jovens de 5 a 16 anos, o mais velho era eu, para saber da nossa história, nossos animais, frutos, medicina e a nossa língua, conversando com nossos anciões. Com isso, aprendi muito e plantei muita árvores, conseguimos reflorestar uma parte do território e é de onde a gente tira as frutas. Dos 25% que tinha desmatado, dentro dos 87 mil hectares, a gente hoje só tem 100 hectares desmatados para as famílias plantarem a macaxeira”.

Benki também chamou a todos para mudar seu olhar sobre a população indígena, sua cultura e relação com a natureza, consideradas por muitos como sinônimo de pobreza pela falta de eletrodomésticos.

Fonte: EBC Agência Brasil