Berlim transforma base petrolífera em bairro sustentável


O projeto erguerá 1.100 unidades de imóveis, sendo, inteiramente, construídos com base em conceitos sustentáveis

Ingenhoven ArchitectsNovo bairro será construído em uma área de mais de 29.000 metros quadrados.

O escritório alemão de arquitetura Ingenhoven, com o apoio de outros 32 escritórios, tem trabalhado em um grande projeto que promete mudar para sempre a rotina dos moradores do distrito de Charlottenburg, em Berlim. A criação de WerkBundStadt, nome dado à nova construção, refere-se ao novo bairro sustentável que está sendo erguido na capital alemã.

O local onde antes existia a antiga base petrolífera da cidade, tem passado por grandes transformações desde o ano passado, quando o projeto do bairro saiu do papel. Contando com uma área de mais de 29.000 metros quadrados e o auxílio de funcionários do distrito, proprietários da área, do Senado e, principalmente, da comunidade local, a iniciativa tem conquistado grande repercussão em todo o país.

De acordo com os responsáveis pelo projeto, a estimativa é de que um total de 1.100 unidades sejam construídas em WerkBundStadt, sendo que 330 destes imóveis devem ser disponibilizados para locação. A ideia principal do planejamento criado para a área é o aproveitamento ecologicamente correto do terreno, através da utilização de técnicas de construção com foco em sustentabilidade.

O uso de materiais reciclados nos novos edifícios é apenas uma das ações praticadas no bairro, que também contará com tecnologia de ponta para garantir a excelência dos recursos disponíveis para os habitantes de WerkBundStadt. Vale destacar ainda que os arquitetos consideram que o novo projeto complementará a zona urbana de Berlim, no que diz respeito tanto a viver como trabalhar no bairro.

Apesar dos grandes avanços do projeto nos últimos meses, o novo bairro sustentável ainda não conta com uma data oficial para inauguração.

Para mais informações, acesse o site da Ingenhoven.

Fonte: Pensamento Verde

Agricultura Urbana: Hortas comunitárias se popularizam cada vez mais em Berlim


            

Seja no telhado de um shopping, seja em um antigo aeroporto, as hortas estão se espalhando por Berlim. Cada vez mais, moradores trabalham a terra para cultivar tomates, batatas e… vínculos sociais, em uma cidade onde ainda parece haver espaço para tudo.

 

Alguns agriões esmirrados resistem bravamente às chuvas e aos fortes ventos que varrem as pistas de aterrissagem de um aeroporto fechado em outubro de 2008 e transformado em um amplo parque para os berlinenses.

 

Quando chega o bom tempo, pepinos, aipos e manjericão crescem à sombra dos girassóis nesse jardim comunitário. Recentemente, uma colméia instalada no meio dos pequenos lotes começou a produzir o primeiro mel a levar o selo do antigo aeroporto de Tempelhof.

 

De dia, carrinhos de mão e mangueiras são usados a todo vapor nas matas de ervas aromáticas. Ao anoitecer, amigos brindam com cerveja para celebrar o espírito coletivo e a amizade.

 

“Allmende Kontor” e o vizinho “Rübezahl Garten” são duas das inúmeras hortas que cresceram como grama na capital alemã. No bairro popular de Wedding, uma associação planeja instalar cultivos de cenouras e morangos no telhado de um supermercado local.

 

“Trata-se de cultivar hortaliças e também de participar de um projeto coletivo, de fazer coisas juntos. É um lugar onde todo mundo participa”, explica Burkhard Schaffitzel, um dos iniciadores do “Rübezahl Garten”.

 

“As pessoas vêm de todos os horizontes, de imigrantes turcos a estudantes, passando por aposentados”, conta Gerda Münnich, uma entusiasta da “Allmende Kontor”.

              

 

Esse é exatamente o segredo do sucesso. Sua horta já conta com cerca de 300 “arrendatários” e tem uma lista de espera de mais de 200 pessoas. Os responsáveis pelo jardim pagam 5.000 euros por ano à Prefeitura para utilizar seu pedaço de terra e fazem apelos por doações para manterem a iniciativa.

 

Legumes e verduras crescem em baldes e caixas de madeira, porque a Prefeitura não permite as plantações diretamente no solo no antigo aeroporto. Alguns optaram pela originalidade. Sapatos usados, mochilas, ou até uma velha cadeira de escritório: vale tudo para garantir seu espaço na horta.

 

Horta, um lugar de socialização A escolha pela jardinagem cria um estilo de vida e, ao redor dela, surgem “pequenos lugares”. O mecânico de bicicletas “Ismael” oferece seus serviços em um reboque velho e amassado, instalado no terreno, enquanto uma “praça do povo”, no centro do jardim, permite que a comunidade possa assar salsichas quando o grupo organiza festas.

 

“A horta não é apenas um lugar dedicado a uma atividade de auto-subsistência, mas um lugar de socialização”, explica a socióloga alemã Christa Müller, que escreveu um livro sobre o “urban gardening” (agricultura urbana, em tradução livre).

 

O fenômeno é internacional. Desde seu início nos bairros pobres de Nova York, já foram criadas hortas comunitárias em Paris, Montreal e outras cidades. Na capital alemã, houve um empurrão muito particular: a reunificação da cidade, após a queda do Muro no final de 1989, que dividiu Berlim por 28 anos. A mudança deixou uma grande quantidade de espaços vazios e abandonados.

 

“Londres e Paris estão saturadas. Aqui ainda temos lugar para plantar verduras”, comemora Schaffitzel.

 

Para muitos, criar uma horta coletiva também é uma iniciativa cidadã. “Fazemos política no meio das alfaces”, brinca Gerda Münnich, que, depois de passar sua carreira diante das telas dos computadores, decidiu se dedicar às abóboras e aos repolhos.

 

“É se apropriar um pouco da cidade. É participar da decisão coletiva. Esse pequeno terreno que eu cultivo é um pedacinho da cidade que me pertence”, diz ela, com orgulho. Para a socióloga Christa Müller, esse movimento é uma espécie de contrapeso à sociedade neoliberal. Esses novos urbanos “ficam felizes de produzir algo eles mesmos, no lugar de encher o carrinho no supermercado”, considera Burkhard Schaffitzel, do “Rübezahl Garten”.

 

Fonte:  www.ecodebate.com.br ; http://hortajardimnavaranda.wordpress.com/

Laísa Mangelli