McDonald´s sai em busca do Big Mac verde


        

Dois anos depois de anunciar mudanças na fórmula dos seus hambúrgueres, após denúncia feita pelo chef de cozinha britânico Jamie Oliver sobre uso de hidróxido de amônio nos produtos, o McDonald´s prometeu novas modificações: quer comprar carne bovina sustentável a partir de 2016.

No site de lançamento da campanha, a empresa explica que a investida vem ao encontro dos apelos ambientais crescentes e à preocupação dos consumidores com a origem dos alimentos. Não será uma promessa fácil de cumprir.

No topo da lista de desafios, aparece uma pergunta simples — o que é carne sustentável? O McDonald´s diz que não tem a resposta pronta e afirma que o bife verde é um conceito em construção.

Em entrevista ao site GreenBiz, Bob Langert, vice-presidente de sustentabilidade global da gigante do fast-food, diz que a definição da terminologia será tarefa dos outros. "Carne sustentável não vai ser definida pelo McDonald´s…A chave aqui é fazer com o conceito seja definido por um grupo de partes interessadas e de ampla coalizão. Precisamos de uma maior massa crítica".

É aí que entra a Conferência Global sobre Carne Sustentável, um grupo composto por grandes players corporativos, como Walmart e Cargill e também ONGs como a World Wildlife Fund (WWF). No ano passado, o grupo emitiu uma versão preliminar de um documento intitulado "Princípios e Critérios para a Carne Sustentável".

Os princípios abrangem:
– pessoas (direitos humanos, ambiente de trabalho seguro e saudável);
– comunidade (cultura, o patrimônio, o emprego, os direitos à terra, saúde animal e bem-estar, segurança e qualidade alimentar);
recursos naturais (de saúde do ecossistema): e
– eficiência e de inovação (reduzindo o desperdício, otimizando a produção, a vitalidade econômica).

Os mais radicais podem argumentar que se trata de contradição em termos, afinal a criação de gado é uma das principais fontes emissoras de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global. Sem falar da contaminação da água, do ar e de outros recursos naturais incorporados em fertilizantes, pesticidas e herbicidas usados pela indústria de ração de gado.

A par das críticas, a rede de fast-food afirma que está comprometida em reduzir o impacto ambiental de seus produtos. O raciocínio, conforme Langert, é de que se o negócio se sustenta na carne, então que seja carne mais ecológica — atualmente, 28% da pegada de carbono da empresa vem da proteína animal.

DE ONDE VEM O BIG MAC?
Outro desafio que a empresa terá que superar para colocar o hambúrguer ecológico no menu passa pelo convencimento da uma gigantesca e complexa cadeia de suprimento mundial.

Cada parte da indústria de carne bovina é de propriedade de uma entidade diferente e opera de forma independente, com práticas únicas que variam de acordo com papel na cadeia de abastecimento.

A carne que abastece os mais de 30 mil restaurantes da rede no mundo não vem diretamente de fazendeiros ou matadouros. O McDonald´s compra o produto congelado a partir de cerca de 20 empresas de processamento de alimentos em todo o mundo. No Brasil, o bolo é dividido entre a JBS e a Marfrig.

Você está se perguntando de onde vem seu Big Mac? Existem mais de 400 mil possibilidades. É o número aproximado de fazendas de gado que fornecem a carne que eventualmente recheia um hambúrguer da rede.
Esses produtores estão no início de uma cadeia de valor que inclui ranchos, fazendas leiteiras, gado de confinamento e processadoras de carne bovina.

Com uma cadeia de natureza tão complexa fica claro que adequar todos a um padrão de carne sustentável – ainda a ser definido – é tarefa árdua. Não à toa, a rede se eximiu de fixar uma data para ter 100% de seus hamburgueres com certificação ambiental.

A empresa, que responde por 1,5% a 2% de todo o consumo de carne nos países em que opera, também não está certa de quanta carne bovina sustentável vai comprar em 2016.

PASSADO
Esta não é a primeira investida verde da marca. No passado, o McDonald´s concordou em proibir a compra de carne originária do bioma amazônico e adotou padrões de bem-estar animal, desenvolvendo projetos com a colaboração de produtores para melhorar as práticas de manejo.

Desde janeiro do ano passado, parte dos peixes que recheiam o Mac Fish Burger já contam com certificado de origem, emitido pelo Marine Stewardship Council (MSC), enquanto o café traz o selo do FSC (Forest Stewardship Council).

São garantira de práticas responsáveis, que preservam o meio ambiente e permitem o progresso econômico das comunidades e produtores.

 

Fonte: Planeta Sustentável

Walmart assume política de desmatamento zero para a carne vendida na rede


iStock.com / sergeyryzhov

A rede multinacional Walmart veio a público anunciar seu compromisso com a política de desmatamento zero, que prevê o impedimento na entrada de produtos oriundos ilegalmente da Amazônia. A empresa estadunidense apresentou em conjunto seu plano de comunicações, visando informar e conscientizar os clientes a respeito da origem dos seus produtos.

O Walmart confirmou a criação de um sistema de monitoramento e gestão de riscos de carne bovina, desenvolvido com o objetivo de garantir o cumprimento da nova política também para os seus fornecedores (como é o caso das fazendas de gado da Amazônia, por exemplo).

“A ferramenta integra dados de georreferenciamento que mapeiam desmatamento, terras indígenas e unidades de conservação com informações de listas públicas sobre áreas embargadas e trabalho escravo”, diz a empresa em nota oficial divulgada em seu site.

Importante destacar que o posicionamento da loja foi anunciado após pressão do Greenpeace e de seus consumidores, que tomou grandes proporções com a campanha “Carne ao Molho Madeira”, lançada no fim do último ano. A expectativa da rede é entregar ao consumidor a garantia de origem de toda carne até 2017.

A nova política do Walmart exigirá também que fornecedores não localizados na região da Amazônia deverão também se adequar aos novos padrões, que atendem aos formatos estabelecidos pelo Desmatamento Zero e o demais critérios do Compromisso Público da Pecuária.

Com a notícia, o setor pecuário é o que tem mais a se beneficiar, já que continua sendo a atividade que mais desmata a floresta e ocupa cerca de 60% das áreas abertas na Amazônia, de acordo com o governo federal. A expectativa é para que as outras redes do setor, que ainda não estão aptas aos novos moldes, sigam os passos do Walmart.

Fonte: Pensamento Verde