O bem-viver dos povos andinos: a sustentabilidade desejada


                           

Por Leonardo Boff*

Curiosamente, nos vem dos povos originários uma proposta que poderá ser inspiradora de uma nova civilização focada no equilíbrio e na centralidade da vida. Os povos andinos que vão desde a patagônia até o norte da América do Sul e do Caribe, os filhos e filhas de Abya Ayala (nome que se dava à America Latina que significava “terra boa e fértil”), são originários não tanto num sentido temporal (povos antigos), mas no sentido filosófico, quer dizer, aqueles que vão ás origens primeiras da organização social da vida em comunhão com o universo e com a natureza.

O ideal que propõem é o bem-viver. O “bem-viver” não é o nosso “viver melhor” ou “qualidade de vida” que, para se realizar, muitos tem que viver pior e ter uma má qualidade de vida. O bem-viver andino visa uma ética da suficiência para toda a comunidade e não apenas para o individuo. Pressupõe uma visão holística e integrada do ser humano inserido na grande comunidade terrenal que inclui, além do ser humano, o ar, a água, os solos, as montanhas, as arvores e os animais, o Sol, a Lua e as estrelas, é buscar um caminho de equilíbrio e estar em profunda comunhão com a Pacha (energia universal), que se concentra na Pachamama (Terra), com as energias do universo e com Deus.

A preocupação central não é acumular. De mais a mais, a Mãe Terra nos fornece tudo que precisamos. Nosso trabalho supre o que ela não pode nos dar ou a ajudamos a produzir o suficiente e decente para todos, também para os animais e as plantas. Bem-viver é estar em permanente harmonia com o Todo, harmonia entre marido e mulher, entre todos na comunidade, celebrando os ritos sagrados, que continuamente renovam a conexão cósmica e com Deus. Por isso, no bem-viver há uma clara dimensão espiritual com os valores que acompanham como o sentimento de pertença a um Todo e compaixão para com os que sofrem e solidariedade entre todos.

O bem-viver nos convida a não consumir mais do que o ecossistema pode suportar, a evitar a produção de resíduos que não podemos absorver com segurança e nos incita a reutilizar e reciclar tudo o que tivermos usado. Será um consumo reciclável e frugal. Então não haverá escassez.

A sabedoria aymara resume nestes valores o sentido do bem-viver: saber comer (alimentos sãos); saber beber (dando sempre um pouco a pachamama); saber dançar (entrar numa relação cósmica-telúrica); saber dormir (com a cabeça ao norte e os pés ao sul); saber trabalhar (não como um peso, mas como uma autorealização); saber meditar (guardar tempos de silêncio para a introspecção); saber pensar ( mais com o coração do que com a cabeça); saber amar e ser amado ( manter a reciprocidade); saber escutar ( não só com os ouvidos, mas com o corpo todo, pois todos os seres enviam mensagens) ; saber falar bem ( falar para construir, por isso atingindo o coração do interlocutor); saber sonhar ( tudo começa com um sonho criando um projeto de vida); saber caminhar ( nunca caminhamos sós, mas com o vento, o Sol e acompanhados pelos nossos ancestrais); saber dar e receber ( a vida surge da interação de muitas forças, por isso dar e receber devem ser recíprocos, agradecer e bendizer).

Este conceito é tão central que entrou nas constituições da Bolívia e do Equador. Na constituição deste ultimo país, que entrou em vigor em 2008, no capitulo VII que trata “dos direitos da natureza” se diz belamente no artigo 71: “ A natureza ou a Pachamama, onde se reproduz e realiza a vida, tem direito a que se respeite integralmente sua existência, a manutenção e a regeneração de seus ciclos vitais, estruturas, funções e processos evolutivos. Toda pessoa, comunidade, povo ou nacionalidade poderá exigir da autoridade pública o cumprimento dos direitos da natureza […]. O Estado incentivará as pessoas físicas ou jurídicas e as coletividades para que protejam a natureza e promoverá o respeito a todos os elementos que formam ecossistema”.

Aqui encontramos em miniatura e de forma antecipada aquilo que provavelmente será o futuro da humanidade. A crise generalizada que ameaça nossa vida e a habitalidade da Terra nos levará necessariamente na direção desta visão e na vivência destes valores. Nossa proposta quer prolongar estas intuições na base da nova cosmologia e do novo paradigma de civilização.

O Butão, espremido entre China e a Índia, aos pés do Himalaia, pratica há séculos um ideal semelhante as dos povos andinos. Trata-se de um país muito pobre materialmente, mas que estatuiu oficialmente o “Índice de Felicidade Interna Bruta”. Este não é medido por critérios quantitativos, mas qualitativos, como boa governança das autoridades, equitativa distribuição dos excedentes da agricultura de subsistência, da extração vegetal e da venda de energia para a Índia, boa saúde, nível de estresse e equilíbrio psicológico, boa educação e especialmente bom nível de cooperação de todos para garantir a paz social.

Estas expressões, embora seminais, revelam-nos que um outro mundo é possível e hoje necessário. Há uma porção da humanidade que não se deixou iludir pelo fetichismo da mercadoria e pela obsessão de riqueza, dominantes na atual fase da humanidade, mas guardou a sanidade básica que se encontra no profundo de cada pessoa e no conjunto das sociedades humanas.

Em conclusão podemos dizer: pouco importa a concepção que tivermos de sustentabilidade, a idéia motora é esta: não é correto, não é justo nem ético que, ao buscarmos os meios para a nossa subsistência, dilapidemos a natureza, destruamos biomas, evenenemos os solos, contaminemos as águas, poluamos os ares e destruamos o sutil equilíbrio do Sistema Terra e do Sistema Vida. Não é tolerável eticamente que sociedades particulares vivam à custa de outras sociedades ou de outras regiões, nem que a sociedade humana atual viva subtraindo das futuras gerações os meios necessários para poderem viver decentemente. 

É imperioso superar igualmente todo antropocentrismo. Não se trata egoisticamente de garantir a vida humana, descurando a corrente e a comunidade de vida, da qual nós somos um elo e uma parte, a parte consciente, responsável, ética e espiritual. A sustentabilidade deve atender o inteiro Sistema Terra, o Sistema Vida e o Sistema Vida Humana. Sem esta ampla perspectiva  o discurso da sustentabilidade permanecerá apenas discurso, quando a realidade nos urge à afetivação rápida e eficiente da sustentabilidade, a preço de perdermos nosso lugar neste pequeno e belo planeta, a única Casa Comum que temos para morar.

*Leonardo Boff é brasileiro e formado em Teologia e Filosofia, e desde 1980 tem se ocupado intensivamente com as questões da ecologia e ajudou a formular uma ecoteologia da libertação. Autor de mais de oitenta livros, Boff também é membro comissionado da Carta de Terra, publicada aqui.

Laísa Mangelli

Comportamento socioambiental de empresa influencia consumidor


As diversas manifestações pelo mundo afora sobre temas como aquecimento global, créditos de carbono, reduções nas emissões de CO2, acidentes ambientais, entre outros, começam, de forma direta e localizada, a atrair a atenção das pessoas e, conseqüentemente, a afetar as empresas na relação com seu público consumidor. Na verdade, esta é uma prática natural, principalmente em países desenvolvidos. Os consumidores estão mais exigentes e antenados neste tipo de informação, mesmo antes de materializarem o seu real desejo de consumir. 



Por estas bandas, esse comportamento também está se consolidando de forma rápida e porque não dizer, acelerada. Várias empresas, dos mais diversos setores, estão atentas a esse movimento e começam, de forma inteligente, a ter percepções interiores e olharem primeiro para dentro de si. Em primeiro lugar, as empresas estão apontando seu foco em direção ao seu público interno, depois para o seu entorno e, na seqüência, seu raio de atuação é ampliado para as diversas classes de consumo, com apelo específico e direcionado. 

Desta maneira, quando hoje uma empresa pensa em inovação, cada vez mais, ela deve estar aliada à responsabilidade social e à sustentabilidade no grande varejo, gerando maior competitividade e relacionamentos duradouros com os consumidores, com a sociedade e com o meio ambiente. 

Neste sentido, devido ao seu relacionamento direto com o consumidor final, as empresas varejistas representam um grande potencial de contribuição no campo da responsabilidade social, com novas aplicações e métodos de gestão e no desenvolvimento e comercialização de produtos inovadores, que transformam e/ou introduzem conceitos de respeito ao meio ambiente e à sociedade. 

Esses novos processos, calcados na inovação responsável, serão a chave para as empresas varejistas tornaram-se ainda mais competitivas, eliminando antigos modelos de gestão e de produções defasadas, qualificando-as como agentes de transformação na sociedade em que estão inseridas.  

Foto: Confap

Fonte: Revista Visão Socioambiental

Homem consumiu recursos do planeta para 2014 em apenas 8 meses, diz pesquisa


                   

Ambientalistas apontaram o dia 19 de agosto, como o “Dia da Sobrecarga da Terra”, em que os recursos naturais do planeta disponíveis para 2014 já foram consumidos, o que faz com que os habitantes estejam em saldo negativo com o meio ambiente em pleno mês de agosto.

“Estamos no vermelho com o planeta, pois gastamos, no ano, mais do que a gente deveria, já estamos gastando a partir de hoje o que o planeta vai ter que produzir para o ano que vem”, explicou à Agência Efe a engenheira agrônoma da rede ambientalista WWF, Maria Cecília Wey de Brito.

De acordo com a pesquisa da organização internacional de sustentabilidade Global Footprint Network (GFN) divulgada hoje pelo dia da sobrecarga da terra, 85% da população mundial vive em países que demandam mais de natureza do que os ecossistemas podem renovar.

De acordo com os dados da GFN, “seriam necessários 1,5 planeta para produzir recursos ecológicos necessários” para suportar a demanda humana por recursos naturais.

“O uso dos recursos naturais acima da capacidade da Terra está se tornando um dos principais desafios do século 21. É um problema tanto ecológico quanto econômico. Países com déficits de recursos e baixa renda são ainda mais vulneráveis”, afirma Mathis Wackernagel, presidente da GFN.

Também para a engenheira agrônoma, o planeta está em uma fase de “déficit ecológico”, calculado com base no quanto o planeta pode produzir e quando os habitantes consomem.

Em 2000, o cálculo foi feito pela primeira vez para identificar o dia da “Sobrecarga da Terra” (Overshoot Day) que, na época, foi em outubro e, 14 anos depois, este dia chegou no oitavo mês do ano.

“Não estamos sabendo regular essa conta com o planeta, existem alternativas para balancear vida cotidiana e meio ambiente”, alertou Wey de Brito.

De acordo com este déficit, alguns países aparecem nas três primeiras colocações como “devedores” ao planeta: Emirados Árabes, Catar e Bélgica.

Em contrapartida, alguns locais aparecem como “credores”, baseados em sua biodiversidade territorial em contraponto com o que está sendo consumido através de atividades cotidianas como transporte, uso da água até a agricultura.

O Brasil aparece em nona posição como país credor, mas a especialista alerta que isso não significa uma realidade positiva, mas de atenção.

“O Brasil é um país que, apesar de estar gastando mais, tem uma alta biocapacidade, mas ainda precisa de várias alternativas como a mudança do transporte de combustíveis fósseis para outros tipos de modais, entre outras situações”, explicou à Efe.

Sobre a agricultura, setor que movimenta o país, Wey de Brito, indica uma revisão de práticas de plantio e gestão dos solos com “plantios diretos e sem desmatamento”, além de utilizar menos insumos agrícolas.

“Especialmente num país tropical como o Brasil com alta capacidade de produção, precisamos de menos insumos e, assim, poderemos ter uma condição de vender nossos produtos em outros países chamando a atenção para essas características, criando um público exigente que vai pagar mais caro isso”, disse.

Fonte: Terra

Laísa Mangelli

Poluição: Uma nova economia do plástico é urgente


Poluição: Uma nova economia do plástico é urgente. Entrevista especial com Reinaldo Dias

 

“No mundo todo, mais de 70% do plástico produzido é depositado em aterros ou lançado em cursos d’água”, alerta o professor e especialista em Ciências Ambientais.

 

Foto:www.ecologiaverde.com

poluição provocada pelo descarte inadequado do excedente gerado pela lógica do consumo exacerbado, inerente ao sistema capitalista, que alimenta a obsolescência e incentiva a substituição incessante de bens de todo tipo, é um problema conhecido. As consequências desse comportamento também são sabidas, porém ele continua recorrente. A situação se agrava quando ao examinamos o material do qual é formada a maior parte desses produtos descartados: o plástico. Pesquisas revelam que as diversas formas assumidas pelo plástico, seja a presente emgarrafas PET ou nas fraldas descartáveis, levam cerca de 450 anos para se decompor na natureza. O pior é que a maior parte de todo o plástico produzido no mundo não é reutilizada e é descartada de forma inadequada, poluindo aterra e principalmente a água, tanto rios como oceanos.

 

Em entrevista por e-mail à IHU On-Line, o professor e especialista em Ciências Ambientais, Reinaldo Dias, chama a atenção para os dados divulgados recentemente pelo relatório “A nova economia do plástico: repensando o futuro”, elaborado pela Consultoria McKinsey & Co. e a Organização Não Governamental Ocean Conservancy e apresentado neste ano no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Para o pesquisador, o estudo é “um alerta para a humanidade de que estamos inviabilizando a vida marinha, sua diversidade e o enorme potencial que os oceanos possuem de produzir alimentos que amenizariam o problema da fome no mundo”.

Segundo o professor, atualmente “há cinco grandes manchas de lixo nos oceanos que podem ser vistas do espaço e que contêm cerca de 90% de resíduos plásticos. A ilha de lixo situada entre o Havaí e a Califórnia tem uma extensão de 1,4 milhão de km2. A mancha menos conhecida é a do Oceano Índico, mas acredita-se que é enorme, podendo chegar a uma extensão de 5 milhões de km2”.

Brasil, através da Lei 12.305/2010 busca regulamentar a questão do descarte de lixo instituindo a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Porém, da mesma forma que outras tantas leis no país, tais normas não são cumpridas. Diasaponta que “a lei havia dado prazo até agosto de 2014 para que as cidades acabassem com os lixões e aterros sem condições técnicas, no entanto até hoje menos de 40% dos municípios atingiram a meta estabelecida e se mantiver a média de crescimento do setor, o objetivo somente será atingido em 150 anos”.

O pesquisador afirma que a conscientização sobre o papel individual de cada cidadão, se responsabilizando pelo descarte correto do lixo que produz, e uma mudança na mentalidade política e econômica em relação à reutilização são os caminhos mais promissores em direção à mudança desse cenário. “A questão da reciclagem, de plástico e de outros materiais, deve ser vista dentro do contexto de formação de uma economia verde, de maior eficiência energética e na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Nesse caso, deve ser considerada um novo nicho industrial, de transformação do lixo em riqueza”, ressalta.

Reinaldo Dias é graduado em Ciências Sociais, mestre em Ciência Política e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. É especialista em Ciências Ambientais pela Universidade São Francisco – USF e atualmente leciona no curso de Administração do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas – CCSA da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Confira a entrevista.

 

Foto:www.setorenergetico.com.br

IHU On-Line – O que representam os dados do relatório “A nova economia do plástico: repensando o futuro”, elaborado pela Consultoria McKinsey & Co. e a ONG Ocean Conservancy e apresentado no Fórum de Davos?

 

Reinaldo Dias – Representa em primeiro lugar um alerta para a humanidade de que estamos inviabilizando a vida marinha, sua diversidade e o enorme potencial que os oceanos possuem de produzir alimentos que amenizariam o problema da fome no mundo. Em segundo lugar representa uma reafirmação da cultura do desperdício que afeta as empresas, mas também os cidadãos. É a incapacidade de pensar que os recursos são limitados e escassos, e que os espaços públicos devem ser tratados com os mesmos cuidados com que tratamos as áreas particulares.

Um terceiro ponto diz respeito à incipiente compreensão humana da nossa dependência do mundo natural, do qual dependemos totalmente, não havendo um único material em nossas casas e cidades que não tenha origem natural. Esse aparente distanciamento da cultura humana em relação à natureza deve ser combatido, pois não criamos um mundo artificial que independe do natural, eles são interdependentes e temos que realizar um intenso trabalho deeducação ambiental para que todos os humanos compreendam isso.

IHU On-Line – Qual é o impacto, em termos de quantidade e potencial poluente, causado hoje ao meio ambiente pelo uso e descarte inadequado do plástico?

Reinaldo Dias – No mundo todo, mais de 70% do plástico produzido é depositado em aterros ou lançado em cursos d’água resultando em perdas enormes para alguns setores como o turismo, navegação e pesca. Além disso, também há um custo significativo para o poder público, que se vê às voltas com problemas causados pelo descarte inadequado desses materiais, como entupimento de redes de água e esgoto nas grandes cidades, causando alagamentos e destruição dos equipamentos públicos e a mortandade de peixes e outros animais de água doce e marinhos. Muitos animais ameaçados de extinção, como as diversas espécies de tartaruga, morrem em grande númeroasfixiados pela ingestão de plástico.

IHU On-Line – Que caminho em geral o plástico faz antes de chegar aos oceanos? De onde provém a maior parte desse material?

Reinaldo Dias – Predominantemente do descarte feito pelas pessoas, garrafas pets estão entre os mais encontrados, entre outros objetos de uso pessoal. Esse plástico das residências vai para os rios e daí para os oceanos. O aumento da conscientização das pessoas de que sua ação individual causa esse impacto no mundo natural é fundamental para combater o problema.

IHU On-Line – Qual é a área mais poluída dos oceanos? Por quê?

“Há cinco grandes manchas de lixo nos oceanos que podem ser vistas do espaço

  

 

Reinaldo Dias – Todos os mares apresentam correntes que se movem-se na forma de uma espiral e, na medida que avançam, vão concentrando todos os resíduos que encontram no caminho, formando ilhas ou manchas de lixo marinho, constituído principalmente de material plástico.

Há cinco grandes manchas de lixo nos oceanos que podem ser vistas do espaço e que contêm cerca de 90% de resíduos plásticos. A ilha de lixo situada entre o Havaí e a Califórnia tem uma extensão de 1,4 milhão de km2. A mancha menos conhecida é a do Oceano Índico, mas acredita-se que é enorme, podendo chegar a uma extensão de 5 milhões de km2.

IHU On-Line – De que forma o Brasil trata da questão do descarte adequado do lixo? Como estão as políticas para este setor? E em outros países, quais tratam desse tema de maneira melhor e pior no planeta?

Reinaldo Dias – O Brasil possui a Lei 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que se fosse cumprida estaríamos numa situação bem melhor do que estamos agora. A lei havia dado prazo até agosto de 2014 para que as cidades acabassem com os lixões e aterros sem condições técnicas, no entanto até hoje menos de 40% dos municípios atingiram a meta estabelecida e se mantiver a média de crescimento do setor, o objetivo somente será atingido em 150 anos. O problema somente será resolvido com vontade política e amadurecimento da população em relação à necessidade de destinação correta do lixo.

política pública da destinação de lixo no Brasil deveria dar um enfoque central na educação ambiental ampla, precisa ser uma política efetiva de Estado, sem improvisos. Um dos países que enfrenta melhor o problema é aAlemanha, em termos de eficiência e sendo considerada a campeã da reciclagem. Nesse país, dos resíduos gerados,45% são reciclados38% queimados e 17% são destinados à compostagem. A política europeia para o lixo está focada no slogan “lixo pode virar ouro”, que incentiva a criação de negócios relacionados com o reaproveitamento dos resíduos descartados.

Os países com a situação mais deplorável no que diz respeito ao tratamento do lixo são inúmeros, sendo impossível identificar o pior. É importante destacar a contribuição negativa dos países desenvolvidos ao descartarem seu lixo em países em desenvolvimento, principalmente localizados na África e na Ásia, neste último caso com destaque paraBangladesh, que recebe em suas praias grande quantidade de material depositado por navios originados de países ricos.

IHU On-Line – No caso do Brasil, há dados sobre a situação dos rios quanto à poluição com lixo?

Reinaldo Dias – Os dados são específicos para determinados rios que chamam mais atenção, como o Tiete ouPinheiros em São Paulo, mas a situação se repete em todo o país, principalmente nas cidades. É facilmente encontrável na Internet cenas de acúmulo de milhares de garrafas PET e outros materiais em determinados pontos dos rios. Alguns cursos d’água se assemelham mais a esgotos a céu aberto irradiando mau cheiro, fenômeno comum em todas as capitais brasileiras. Infelizmente esta é a situação, que somente será resolvida com a ação efetiva do poder público, punindo empresas que contaminam e aumentando o nível de conscientização da população sobre o problema.

IHU On-Line – É possível encontrar uma alternativa ao uso do plástico? Quais são as variáveis envolvidas nesse processo?

Reinaldo Dias – O plástico tornou-se um componente essencial na nossa vida, é difícil encontrar no ambiente humano algum lugar onde não haja esse tipo de material. O que pode ser feito sempre é um melhor uso, com aresponsabilidade compartilhada do seu descarte entre fabricantes, comerciantes e consumidores. Outro movimento deve ser a adoção, em alguns produtos, de plásticos formados por material biodegradável, que ameniza seus impactos ao meio ambiente, como por exemplo, nas sacolas utilizadas no comércio.

IHU On-Line – No mundo, o Brasil é o campeão na reciclagem de latas, reciclando 98% do total produzido no país. Por que ainda não se tem índices de reutilização como estes para o plástico?

Reinaldo Dias – Este é um bom exemplo de como pode ser encontrada uma solução no contexto do atual modo deprodução capitalista, que é o vigente. A reciclagem das latas de alumínio foi transformada num bom negócio, sendo menor o custo de sua reciclagem do que a sua obtenção diretamente na natureza.

plástico deve trilhar o mesmo caminho, tem que viabilizar negócios rentáveis que gerarão empregos e contribuirão para o meio ambiente. A questão é que a relação custo-benefício está desfavorável para que isto aconteça, pois a principal matéria-prima para o plástico, que é o petróleo, está em queda livre, com preços cada vez menores, o que barateia o seu custo de produção. Neste caso, a solução seria a criação de políticas de incentivo ao setor, maior profissionalização dos empreendedores com a adoção de métodos de gestão adequados para o setor e geração de empregos decentes, pois ocorre neste campo muita exploração de mão-de-obra, com a justificativa de que se está oferecendo trabalho para pessoas necessitadas. Isso tudo deve ser permeado sempre, e fundamentalmente, pelo aumento da conscientização, o que implica em políticas públicas amplas de educação ambiental.

IHU On-Line – De que maneira a reciclagem, além de contribuir para a preservação do ambiente, pode também exercer uma função social?

Reinaldo Dias – Como havia mencionado anteriormente, temos que enfrentar o problema de que muitos programas de reciclagem de plástico envolvem uma exploração da mão-de-obra, buscando neste caso a redução de custos. Isto contraria frontalmente a proposta de sustentabilidade que envolve a reciclagem e a formação de uma economia circular, pois se foca somente no aspecto econômico e marginalmente no ambiental e social. A reciclagem pode exercer um importante papel social, como mostra o exemplo da União Europeia onde o tratamento de resíduos emprega mais de dois milhões de pessoas e com uma receita estimada em mais de 145 bilhões de euros.

  

“O preconceito em relação ao manuseio do lixo deve dar lugar a uma abordagem de máxima reutilização dos materiais descartados

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Reinaldo Dias – A questão da reciclagem, de plástico e de outros materiais, deve ser vista dentro do contexto de formação de umaeconomia verde, de maior eficiência energética e na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Nesse caso, deve ser considerada um novo nicho industrial, de transformação do lixo em riqueza. Acontece que para que isto ocorra deve haver uma mudança de mentalidade, que pode começar nas universidades, incentivando a criação de startups voltadas para a reutilização de materiais descartados como negócio viável. Os estudantes devem aprender a ver o lixo como uma mina de múltiplos materiais que foram retirados da natureza e que podem ser reutilizados com diminuição de custo de fabricação.

Um bom exemplo ocorreu na reunião do clima, a COP21 que aconteceu em Paris em dezembro de 2015. Nesse evento a Adidas e a “Parley for the Oceans”, uma organização sem fins lucrativos que visa a proteção dos oceanos, apresentaram um calçado esportivo inovador que possui sua parte superior e uma sola impressa em 3D, fabricadas com resíduos plásticos dos oceanos. A iniciativa, além de contribuir para a diminuição da contaminação nos oceanos, cria um produto que já nasce com uma imagem positiva sancionada pela sociedade.

preconceito em relação ao manuseio do lixo deve dar lugar a uma abordagem de máxima reutilização dos materiais descartados. Cabe aos empreendedores tornar o negócio viável adotando soluções criativas para cada caso: plásticosalumíniopapel, metaisprodutos eletrônicos etc. O desafio é este para as universidades: geração de empreendedores que veem o lixo como fonte de riqueza, um dos componentes de um sistema circular e não como um produto final de um sistema linear que ainda é predominante em nossa economia.

(Por Leslie Chaves)

Fonte: IHU 

Transgênicos, veneno no prato


               

 

            Com a consciência coletiva agora abraçando um estilo de vida sustentável, não tinha como o ser humano dessa geração também não querer ter uma atitude sustentável em relação ao próprio corpo. Tantas foram as eras que passamos, evoluindo, especialmente com o  auge do  modernismo, capitalismo, mais foi produzido no planeta o que chamamos de “Inutilidade Tóxica”, que mais tarde veio a ser o “lixo tóxico”.

               A sociedade foi estimulada ao consumismo no mesmo ritmo imperativo do aumento da produção. O problema maior ocorreu quando a febre pelo consumo atingiu o ápice da alienação, criando assim as personagens super aproveitadoras do “progresso”.  Com outras palavras, mais as companhias de produção procuraram atingir um maior êxito no seu numero de produção, pouco se preocuparam com a qualidade do que colocavam no mercado.  E assim, passamos, gerações e gerações, comprando, consumindo produtos transgênicos, de todo tipo,  confiando completamente no caráter pouco digno de tais companhias. Esse sistema quase invisível transformou pequenas empresas em grandes companhias milionárias e de monopólio.

          Mas o quê, afinal, são esses Transgênicos?

            Os Transgênicos ou organismos geneticamente modificados são produtos de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza, como, por exemplo, arroz com bactéria. Um organismo, planta e animal, por exemplo, se torna transgênico quando através da engenharia genética, recebe genes de outra espécie e sofre alterações em seu código genético. Este processo é feito em laboratórios. O gene inserido confere novas características a esse ser. Por exemplo, o salmão transgênico recebeu um gene de porco para engordar mais rápido.

             Alguns cientistas, como o farmacêutico bioquímico Flávio Finadi, professor da Universidade de São Paulo (USP), descrevem os transgênicos como apenas uma das aplicações da biotecnologia.  Os genes contêm as informações que definem as características naturais dos organismos, como a cor dos olhos de uma pessoa ou o perfume de uma flor. Ao receber um ou mais genes de outro organismo, um vegetal supostamente poderia se tornar resistente a pragas ou mais nutritivo, por exemplo. A meta dessa ciência seria a melhora da qualidade de vida em diversos aspectos. Supostamente indicada para o homem no desenvolvimento de alimentos mais seguros, saudáveis e nutritivos. Mas, espera um momento! Nossos alimentos naturais não são seguros, saudáveis e nutritivos?  

                   A realidade é bem diferente. As empresas de biotecnologia estão tentando obter o monopólio da produção de sementes. Isto ameaça seriamente a produção alimentar, que é a garantia de que um povo tenha ao seu alcance alimentos em quantidade suficiente, de boa qualidade e a preços acessíveis. Por meio de um ramo de pesquisa relativamente novo (a engenharia genética), fabricantes de agroquímicos criam sementes resistentes a seus próprios agrotóxicos, ou mesmo sementes que produzem plantas inseticidas. As empresas ganham com isso, mas nós pagamos um preço muito alto: riscos à nossa saúde e ao ambiente onde vivemos.

              A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. De acordo com o Greenpeace, diante da crise climática em que vivemos, a preservação da biodiversidade funciona como um seguro, uma garantia de que teremos opções viáveis de produção de alimentos no futuro e estaremos prontos para os efeitos das mudanças climáticas sobre a agricultura. Porém, o modelo agrícola baseado na utilização de sementes transgênicas é a trilha de um caminho insustentável.

                O aumento dramático no uso de agroquímicos decorrentes do plantio de transgênicos é exemplo de prática que coloca em cheque o futuro dos nossos solos e de nossa biodiversidade agrícola. A utilização de transgênicos na agricultura tem causado o aparecimento de plantas daninhas e pragas resistentes, o que tem como conseqüência o aumento do uso de agrotóxicos e da dependência do agricultor para com as indústrias, como a Monsanto. Não por acaso o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos em 2008 – depois de cerca de dez anos de plantio de transgênicos – sendo mais da metade deles destinados à soja, primeira lavoura transgênica a ser inserida no País.

               Outro detalhe é que esse sistema torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia, e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores.   O professor Rubens Onofre Nodari, da Universidade Federal de Santa Catarina, diz que as conseqüências a longo prazo do consumo dos transgênicos são incertas. Assim, como o seu efeito na natureza. "A diferença de uma vaca louca para uma sadia é apenas uma mudança na estrutura de uma mesma proteína", aponta o cientista. "Quando se mistura um gene em uma célula não há certeza de como será sua replicação daí para frente", alerta o professor. Michael Hansen, PhD. em biotecnologia e integrante da Consumers Union, é outra voz que aponta a necessidade de estudos científicos mais aprofundados e de longo prazo sobre organismos geneticamente modificados (OGMs) e desaprova sua utilização em escala comercial. “Já se observou na prática que milho, batata, algodão, cebola e outras plantas geneticamente modificadas para portar o Bacillus thuringiensis (Bt, que resiste ao pesticida Round Up) destroem outros fungos benéficos ao solo", alerta o professor catarinense.

              Além disso, a produção de transgênicos agrícolas é o paradigma de concentração corporativa mais extrema da história da agricultura. Somente seis empresas controlam todo o mercado mundial e uma só, a Monsanto, retém 88% do mercado mundial. As três maiores empresas de transgênicos – Monsanto, Syngenta, Dupont – são também as que têm a maior porcentagem do mercado de sementes comerciais em geral (não só transgênicas): juntas, controlam quase a metade (47%) do mercado mundial de sementes sob propriedade intelectual.  “Goste você ou não, é provável que a Monsanto tenha contaminado a comida que você comeu hoje com agrotóxicos e transgênicos. A Monsanto controla a maior parte do suprimento global de alimentos à custa da democracia alimentar ao redor do mundo", diz o  movimento  Occupy Monsanto.

FONTE: Greenpeace; Occupay Monsato; http://cib.org.br; Instituto Ethos.

Laísa Mangelli

Minha vida sustentável: “Esse negócio de possuir coisas está enraizado na gente”


camila-ecod.jpg
Camila, o marido, e os pequenos Maria, 4, e Gael, 2
Fotos: Arquivo pessoal

Era uma vez uma jovem brasileira que, há quase uma década, decidiu cruzar os oceanos em busca de sua felicidade. Ela saiu do emprego que tinha em São Paulo e foi viver como uma simples estudante nas vielas de Barcelona. Um ano depois, decidiu ir para Alemanha, onde fez MBA em Sustentabilidade na Universidade de Lüneburg.

Nas terras gélidas dos grandes pensadores, a jovem Camila Furtado casou-se com um alemão, teve dois filhos e, em vez de buscar a felicidade, aprendeu a encontrá-la todos os dias, na simplicidade do seu cotidiano. Agora, mais do que uma jovem em busca de aventuras, ela é a mãe de Maria (4) e Gael (2), à procura de valores melhores para passar para seus pequeninos.

"Vou jogar metade da minha casa fora e viver melhor". Foi por meio do post com este título, publicado no blog Tudo Sobre a Minha Mãe,  que o EcoD descobriu Camila. O site achou a história dela tão bacana que resolveram criar a série "Minha Vida Sustentável", com relatos pessoas comuns que decidiram dar um basta no modelo de vida atual e saiu em busca da sustentabilidade – e você, é claro, está mais do que convidado a contar sua história pelo e-mail redação@ecodesenvolvimento.org.br.

Mas, antes disso, fique por dentro da entrevista que o EcoD fez com Camila sobre os desafios de sua nova escolha.

EcoD: Quais são as principais diferenças entre o estilo de vida brasileiro x alemão?  E a questão ambiental, é apenas preocupação governamental ou os cidadãos também ligam para a temática?

Camila Furtado: Em relação ao consumo e ao meio ambiente os alemães são em geral bem mais conscientes que os brasileiros. Não tive muita dificuldade de me adaptar a isso, pois quando eu vim para Europa era exatamente esse estilo de vida que eu estava buscando. Uma vida mais simples mesmo. Eu passei um ano sabático em Barcelona antes de morar na Alemanha. Pedi demissão do meu trabalho em São Paulo e fui viver uma vida de estudante lá. Nunca vivi com tão pouco dinheiro como em Barcelona, mas nunca fui tão feliz. A gente cozinhava com amigos, em vez de ir em restaurantes caros, voltava da balada de "night bus" ou de bicicleta em vez de pagar táxis, não me "emperiquitava" tanto para sair. E desde essa experiência em Barcelona que esse estilo de vida meio frugal da classe média europeia me fascinou. Então quando eu vim para Alemanha, eu esperava viver assim.

Mas apesar disso, eu tive alguns momentos meio chocantes, principalmente na vida familiar. Lembro que quando eu esperava minha primeira filha meu marido ganhou uma mala de roupas usadas da filha de um amigo. Na época achei um absurdo, eu queria um enxoval completo novíssimo, mas depois vi que era uma besteira, as crianças perdem roupa super rápido, por que não usar umas coisinhas usadas e em bom estado de amigos? Hoje em dia, aceito as roupinhas usadas, e também passo as das minhas crianças para amigas com filhos menores.

Um amigo meu alemão acabou de ter um filho agora, nos encontramos para um café, e perguntei se ele queria algumas coisas dos meus filhos. Ele disse que não obrigada, porque como foi um dos últimos a ter filho, ganhou tanta coisa dos amigos, tipo coisas usadas, que não tinha comprado praticamente nada. Ah, e detalhe, ele é um executivo top. Ou seja, isso não tem nada a ver com pobreza.

Os alemães acham um absurdo o desperdício. Mesmo que eles tenham o dinheiro, porque pagar 60 euros num casaco de inverno, que seu filho vai usar uma temporada, só?

Quando eu vou para o Brasil eu fico chocada. Como as pessoas precisam ter coisas e mostrar as coisas que têm para todo o mundo. É como se você tivesse que sempre dar alguns sinais de quem você é, de acordo com o que você tem. Aqui na Alemanha, "todo mundo" pode ter um Iphone de última geração, por exemplo, então, não é isso que vai te diferenciar dos outros. É o que você tem dentro, o estilo de vida que você leva. Sinceramente, isso é libertador!

Quando e como tomou a decisão de viver uma vida com menos coisas?

Não foi uma coisa que aconteceu do dia para noite. Primeiro, veio como eu te falei acima, esse desejo de viver uma vida mais pé no chão, mais simples, do que a que eu vivia em São Paulo. Mais tempo para mim, menos escravidão com o trabalho, e tal…

“Quando conto para os meus amigos, que nossa família tem dois carros, todo mundo acha super estranho. Como se nós fossemos sem noção mesmo. Dá até vergonha"

Depois você começa a perceber que ter coisas não necessariamente te faz feliz. Aqui na Alemanha, as coisas são muito mais baratas que no Brasil. Uma família como a nossa, que é de uma classe média um pouco acima do padrão, pode ter praticamente tudo. Carro, aparelhos eletrônicos, mil brinquedos, mil roupas. No começo, quando eu mudei para cá, eu fui meio tomada por essa possibilidade de consumo tão fácil. Mas depois você vê que a sua casa está cheia de tranqueiras e isso não faz nenhuma diferença na sua felicidade. Claro que eu gosto muito de ter algumas coisas, e pago caro por elas se for o caso. Mas eu não preciso mais ter na quantidade que eu tinha antes.

Aqui em casa, nós temos dois carros. Meu marido trabalha em outra cidade, e a conexão com trens não é boa. E ele tem os horários meio loucos. Eu precisava de carro porque não vivemos no centro, e as crianças estudavam lá. Enfim, com pesar no coração, compramos um segundo carro. Eu morro de vergonha. Quando conto para os meus amigos, que nossa família tem dois carros, todo mundo acha super estranho. Como se nós fossemos sem noção mesmo. Eu sempre me vejo me justificando… Ou melhor, prefiro que ninguém perceba, sabe? Dá até vergonha. E claro que num contexto assim é mais fácil mudar.

Mas voltando a decisão, acho que para mim a gota final foi quando eu virei mãe mesmo. Como eu falei no post, é super difícil manter uma casa arrumada se você tem muita coisa. Então, 2013 está sendo para mim o ano da desintoxicação. Tô vendendo, dando, jogando fora. Se alguém vem me oferecer um brinde gratuito na rua, saio correndo!

camila-ecod3.jpg
Ao menos duas vezes por mês, as crianças vão na biblioteca pegar livros emprestados

Quais são as principais dificuldades de se reduzir o consumo?

Reduzir consumo é um exercício diário. Como mãe, você compra para a família inteira, toda hora envolve pequenas decisões. No geral estou tentando aplicar a regra de ter poucas coisas, mas coisas boas, duráveis. E também não estou mais deixando me enganarem…. Vejo aquelas coisas no supermercado ou na loja dizendo "me compre! me compre! vou mudar sua vida”, e penso “não…” e saio feliz dando de costas!

E depois é como eu escrevi no post: “Este projeto é difícil para caramba. Primeiro, vamos combinar, é muuuuuuuito chato, dá trabalho, e você tem que decidir o que fazer com as coisas. Aqui na Alemanha até doar para quem precisa dá trabalho. Jogar fora também. O lixo tem mil restrições e se você for feliz e contente jogar a cafeteira sobressalente na lixeira do prédio, pode voltar com uma bela multa…. Além disso, esse negócio de possuir coisas está muito enraizado na gente. Dá medo de se arrepender, de alguma vez na vida precisar de novo daquele conjunto de chá que foi usado numa única ocasião nos últimos 5 anos. Mas estou decidida a começar uma nova era aqui em casa. A ordem agora é liberar a energia, doar e pasmem, até fazer uma grana…"

E a família, tem apoiado a decisão? Quais são os principais resultados até agora?

Meu marido é meio apegado… O sótão é só tralha dele, praticamente. Mas aos poucos ele está vendo que é mais fácil largar. Minha meta agora é conseguir jogar fora uns brinquedos DELE, que a mãe dele trouxe para cá quando as crianças nasceram. Ele morre de dó… E a mãe então nem se fala (risos!)

Eu ainda estou no processo de desintoxicação da casa, mas posso te dizer que já sinto as coisas bem mais fáceis. TUDO. Mais fácil de arrumar, de achar o que você tá procurando, e também de se concentrar nas coisas que você quer se concentrar, sabe? Um exemplo: toalhas e roupas de cama, tenho um armário só para isso. E esse armário estava lotado, fiz uma reflexão e pensei que nem que eu estivesse hospedando um batalhão eu ia precisar de tanta toalha e roupa de cama. Doei metade. Cada vez que eu abro aquele armário, e enxergo as toalhas que eu tenho, e pego uma sem cair outras mil, sinto um alívio…

camila-ecod2.jpg
Camila tenta adotar um estilo de vida mais próximo da natureza possível

Além da redução do consumo, você adota outras práticas mais sustentáveis?

Nós fazemos o que todo mundo faz praticamente. Reciclamos o lixo, não desperdiçamos água, tentamos reutilizar as coisas, preferimos comprar produtos locais, andamos a pé e de bicicleta sempre que possível.

Quais são os valores que você que passar para os seus filhos? Qual é o mundo que você quer que eles vivam?

Eu quero que meus filhos cresçam conscientes de que a felicidade não está em ter coisas, nem em atingir um determinado status social. Claro que eu quero que eles gozem de segurança financeira, que tenham, como eu sempre tive, suas necessidades bem atendidas. Mas eu gostaria que eles fossem mais evoluídos espiritualmente do que a minha geração foi e ainda é. Que eles vejam que a felicidade está em ter amigos, ter família, se sentir em paz consigo mesmo, cultivar a bondade, ter chance de perseguir seus sonhos. Ou seja, que eles foquem mais no interior do que no exterior.

 

Fonte: EcoD

Papa Francisco pede que jovens ‘ousem e nadem contra a corrente’ do consumo


O papa Francisco (foto) afirmou que "é muito triste ver a juventude com fartura mas frágil", e estimulou a juventude a mudar de vida e não transformar em "ídolos" o sucesso, o prazer e as posses de maneira egoísta.

 
Fonte: http://goo.gl/dAOGP6  

A reportagem é publicada pela Rede Brasil Atual, 06-02-2014.

O Vaticano publicou hoje (6) a primeira mensagem do papa argentino para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que a Igreja Católica celebra em 13 de abril, com os conselhos de Francisco aos jovens.

O Pontífice pediu aos jovens que não se "abarrotem" de coisas supérfluas. "Ousem nadar contra a corrente. Sejam capazes de buscar a verdadeira felicidade. Digam não à cultura do provisório, da superficialidade e do usar e descartar, que não os considera capazes de assumir responsabilidades e de enfrentar os grandes desafios da vida", aconselhou o Papa.

Além disso, Francisco disse aos jovens que por trás da "verdadeira felicidade" está o "desmascarar e rejeitar tantas ofertas a baixo custo" que lhes oferecem.

"Quando buscamos o sucesso, o prazer, o possuir de maneira egoísta e os transformamos em ídolos, podemos experimentar também momentos de embriaguez, um falso sentimento de satisfação, mas no final nos tornamos escravos, nunca estamos satisfeitos, e sentimos a necessidade de buscar cada vez mais", acrescentou em sua mensagem.

Fonte: IHU – Unisinos

Que tal reduzir seu consumo de energia?


Você se considera um consumidor de energia consciente?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A resposta da maioria das pessoas para essa pergunta certamente seria sim. Mas no Brasil, o desperdício de energia elétrica chega a R$16 bilhões por ano! E boa parte desse valor é justamente de consumidores que andam gastando mais do que realmente precisam.

A fim de estreitar o relacionamento com as comunidades e promover o consumo consciente de energia e outros recursos, a Ampla criou o Consciência Ampla. Seus dez projetos – Futuro, Saber, Com Arte, Na Tela, Sobre Rodas, Eficiente, Cidadania, Cultural e EcoAmpla – já beneficiaram mais de dois milhões de pessoas em sete anos!

 

“Depois de algumas campanhas de conscientização… percebemos que as famílias passaram a gastar até 40% menos. Isso mostra que utilizavam muita energia desnecessária, o que não é bom para o meio ambiente, para o consumidor e nem para a empresa”, disse André Moragas,diretor de relações institucionais da Ampla.

De acordo com um estudo publicado pela Royal Society, associação britânica de cientistas, o consumo consciente é uma das medidas mais importantes para a conservação da saúde do nosso planeta nos próximos anos.

 

Também quer economizar energia? Fique ligado nessas 10 dicas:

1)      Saiu do cômodo? Apague a luz!

2)      Lâmpadas incandescentes não estão com nada. Troque já para as fluorescentes, elas duram muito mais e gastam muito menos.

3)      O standy by é um vilão para o bolso, procure sempre desligar completamente os aparelhos eletrônicos.

4)      Secar roupa atrás da geladeira não! Pode parecer inofensivo, mas faz o motor da geladeira trabalhar muito mais e, portanto, consumir muito mais também.

5)      Não fique abrindo e fechando a geladeira o tempo todo. Pense antes o que você precisa, pegue e feche – e a borracha deve estar sempre em boa condição para não ficar abrindo sozinha ou fechando mal.

6)      Nada de dar aquela passadinha na roupa antes de ir pro trabalho. Junte uma boa quantidade de roupas e passe tudo de uma vez. Você sentirá a diferença no bolso.

7)      O ar condicionado pode ser o grande violão da sua conta de luz. Procure utilizá-lo apenas quando houver muita necessidade, e quando já estiver frio abaixe a potência.

8)      Tome banhos rápidos – procurando regular a potencia de acordo com a temperatura – isso representa 20% de economia. O chuveiro é o aparelho elétrico que mais consome energia.

9)      As bombas de água também utilizam muita energia, e se não estiverem devidamente instalados podem estar gastando muito além do que precisariam.

10)   Por fim, esteja sempre alerta e ajude todos seus amigos e familiares a fazerem do consumo consciente um hábito!

Fonte: Consciência Ampla

 

 

Fonte: Fonte: Consciência Ampla

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quase metade dos brasileiros compra produtos que nunca usa


88% dos entrevistados declaram-se moderados ou conservadores na hora de fazer compras, mas 47% admitiram terem comprado produtos que sequer chegaram a usar.

                                  

Fonte: Mercado Ético

 

Apesar de se declarar moderado na hora das compras, o brasileiro não resiste aos impulsos e leva para casa produtos sem planejamento, revela pesquisa divulgada na terça-feira, 22 de outubro, pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O levantamento mostra uma contradição no comportamento do consumidor: 88% dos entrevistados declaram-se moderados ou conservadores na hora de fazer compras, mas 47% admitiram terem comprado produtos que sequer chegaram a usar.

O estudo constatou a tendência de o brasileiro usar o consumo para satisfazer as vontades pessoais. De acordo com a pesquisa, 62% dos entrevistados declararam pensar em compras supérfluas do mês seguinte antes mesmo de receber o salário. Além disso, 59% disseram ter comprado um produto pensando que o merece, sem analisar as condições financeiras.

Para o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, as compras por impulso são resultado tanto de fatores psicológicos como socioeconômicos. Segundo ele, boa parte do contingente de 40 milhões de pessoas que subiram para a nova classe média na última década tem usado o consumo para se encaixar na sociedade.

“Existe um processo de redefinição da identidade de classe pelas pessoas que subiram de classe social. Por uma questão de status, elas compram mais para impressionar a família, os amigos e obter autoestima. Sem planejamento, essas pessoas adquirem produtos de que não precisam de fato e acabam se endividando excessivamente”, explica Borges. Ele ressalta que o levantamento mostrou que 12% dos consumidores fazem questão de ter acesso a tecnologias de ponta assim que são lançadas. “Será que tem necessidade?”, questiona.

 

Sinal de alerta

De acordo com o gerente do SPC, o consumidor deve ser ainda mais cuidadoso com as compras em tempos de aperto no crédito e baixo crescimento da economia. “Os bancos estão aumentando os juros e reduzindo a oferta de crédito. O emprego está crescendo menos. Isso deveria ser um sinal de alerta para a população, mas o consumidor continua gastando muito, mesmo num cenário menos otimista”, alerta.

Além dos fatores sociais e culturais, o especialista cita a falta de educação financeira como uma das principais causas para a impulsividade do consumidor. “Quem tem educação financeira tende a saber definir prioridades e organizar gastos e passa até a ter maior controle psicológico sobre a impulsividade. Se esse tipo de conhecimento for trabalhado desde a idade escolar, o consumidor chegará à idade adulta com maior controle sobre os gastos”, destaca.

Fonte: Mundo Sustentável