Desmatamento pode prejudicar frigoríficos e exportações do Brasil, diz agência


Os efeitos do desflorestamento continuam sendo um desafio para o país (Pixabay)

A agência de classificação de riscos Fitch afirmou na quarta-feira (6) que o desmatamento na Amazônia pode causar danos de reputação a frigoríficos brasileiros e levar à redução das exportações de carnes do país.

Para a Fitch, os efeitos do desflorestamento no maior bioma do país e a eficácia da sustentabilidade no setor continuam sendo um desafio para o Brasil.

A agência disse crer que amplas normas ambientais melhoram os perfis de crédito das empresas da área de proteínas, acrescentando que as consequências dos incêndios na Amazônia colocaram sob holofotes os setores ambiental, social e de governança dessas companhias.

Apesar do alerta ambiental, as exportações de carne do Brasil acumulam fortes ganhos em 2019, estimuladas especialmente pela forte demanda da China, que enfrenta um grave surto de peste suína africana.

Reuters/Redação São Paulo

Desmatamento na Amazônia cai 33% em novembro, mas continua elevado


             

Boletim divulgado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente (Imazon) nesta quinta-feira (12/12) aponta que o desmatamento na Amazônia Legal teve queda de 33% em novembro de 2013, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A prática ilegal desmatou 37 km² de floresta no último mês, contra 55 km² em novembro de 2012. Pará foi o estado que mais desmatou (26%), seguido por Roraima (22%), Amazonas (17%) e Rondônia (17%).

                

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon ainda trouxe outra notícia: a degradação florestal – causada, entre outras atividades, pela exploração madeireira insustentável – também caiu. Em novembro deste ano, 9 km² de floresta foram degradados, 91% menos do que no mesmo período do ano passado, quando a degradação florestal somou 100 km². De acordo com o Imazon, por conta da cobertura de nuvens, em novembro de 2013 foi possível visualizar 42% da área florestal da Amazônia Legal, enquanto, no ano passado, 80% do território foi monitorado pelo SAD. Confira o Boletim de Desmatamento do Imazon, referente a novembro de 2013. Em outubro, a queda no desmatamento, registrada pelo SAD, foi ainda maior, de 91%.

                

Somando todos esses dados, ainda não é possível mensurar até que nível a degradação da Amazônia desestabiliza o equilíbrio ambiental necessário para a manutenção da vida na floresta. Detemos a maior floresta tropical do planeta, com uma mega biodiversidade e inclusive com espécies de plantas e animais ainda desconhecidos da ciência. É urgente a necessidade de frear essa degradação desmedida e parar com o desmatamento e o assassinato desmedido da fauna e da flora, que ali habitam e procriam.

               

É preciso fiscalizar e monitorar com rigor as práticas de desmatamento e uso indevido da floresta. Pois seus recursos são finitos, ao contrário do que a demanda consumista e a extração desmedida pensam. É necessário planejamento e engajamento para se posicionar na defesa da Amazônia, para assim conservar seu delicado equilíbrio ambiental que sustenta a vida e a biodiversidade da floresta. 

Inconseqüentemente, estamos destruindo àquela que nos dá a vida, para sustentar um mercado insaciável e descartável, de curtíssimo prazo, que ainda gerará resíduo, que volta pra a terra, sem sequer conseguir assimilá-lo devido à alta demanda diária. Ou seja, estamos degradando para consumir. Mas consumir o que afinal?  Prazeres efêmeros, satisfação imediata, vaidade desmedida. Parafraseando Leonardo Boff, ou mudamos, ou morremos.

Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic

Fotos: http://infoamazonia.org/pt#!/map=2528

Laísa Mangelli 

Incêndios ‘nunca antes registrados’ destroem Pantanal no Mato Grosso do Sul


Animal foge das chamas no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, em 30 de outubro de 2019 (Mato Grosso do Sul State Government/AFP)

Incêndios de “proporções nunca antes registradas” devastam três municípios da região do Pantanal, informou nesta quinta-feira (31) o governo do Mato Grosso do Sul, que classificou a situação de “crítica”.

“O incêndio na região é impressionante, afeta mais de 50 mil hectares e cria dificuldades logísticas”, disse o coordenador do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos, Paulo Barbosa de Souza, sobre a área, citado por um boletim do governo estadual.

Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que entre janeiro e outubro de 2019 havia 8.479 focos de incêndio no Pantanal, o pior balanço anual desde 2007.

O mês de outubro concentrou 2.427 focos de incêndio, muito acima dos 120 registrados no mesmo período de 2018. Este é o pior outubro desde 2002, quando foram contabilizados 2.761 incêndios no bioma, o maior índice registrado até o momento.

Os municípios afetados são os de Corumbá, Miranda e Aquidauana.

O fogo “está se espalhando com o vento e a vegetação seca (…). Chamas intensas e fumaça espessa voltaram a interromper o tráfego nas estradas próximas”, disse à reportagem a assessoria de comunicação do governo do Mato Grosso do Sul, que pediu ajuda ao governo federal.

AFP

A Terra está ficando mais verde, mas isso ainda não é o bastante para parar o aquecimento global


mundo verde vegetacao aumenta

As notícias ambientais são geralmente desanimadoras e focam no desmatamento e perda de habitat. No entanto, uma nova pesquisa australiana publicada na revista Nature Climate Change mostra que o mundo tem, na verdade, ficado mais verde ao longo da última década.

Isso exclui o Brasil, que tem definitivamente ficado mais marrom. Porém, apesar do desmatamento em curso na América do Sul e no Sudeste Asiático, o declínio de plantas nessas regiões foi compensado pela recuperação de florestas fora dos trópicos e um novo crescimento vegetal em regiões mais secas, como savanas e matagais da África e da Austrália.

Isso não significa que podemos parar de nos preocupar com nossas emissões de carbono crescentes. O clima está ficando mais quente, e há dúvidas de por quanto tempo esse aumento de plantas poderá segurar a barra do aquecimento global.

A medição

Os pesquisadores utilizaram medições de satélite para mapear mudanças na biomassa (vegetação acima do solo) da Terra, através de mudanças na radiação de radiofrequência emitida a partir da superfície da Terra, uma técnica chamada de sensoriamento remoto de micro-ondas.

A radiação varia com a temperatura, umidade do solo e a blindagem de água nessa biomassa.

A informação de vários satélites foi combinada com dados que já possuíamos da vegetação nas duas últimas décadas, o que permitiu que os cientistas acompanhassem as mudanças globais mês a mês, algo que não era possível antes.

Verificou-se que, entre o período de 2003 a 2012, a quantidade total de vegetação acima do solo aumentou resultando em cerca de 4 bilhões de toneladas de carbono a mais sendo absorvidas.

Perda em um canto, ganho em outro

A análise global mostra perdas de vegetação em muitas regiões, particularmente na região dos trópicos da América do Sul e do Sudeste Asiático.

Como esperado, as maiores quedas foram no chamado “Arco do Desmatamento”, na borda sudeste das vastas florestas da Amazônia. No sudeste da Ásia, os maiores declínios foram vistos nas províncias indonésias de Sumatra e Kalimantan.

No entanto, essas perdas foram compensadas por aumentos na biomassa em outras partes do mundo. Por exemplo, as florestas têm crescido de forma espontânea em terras agrícolas abandonadas após a queda do comunismo na Rússia e nos países vizinhos, enquanto os grandes projetos de plantação de árvores na China têm adicionado muito à biomassa global.

Os pesquisadores encontraram também grandes aumentos de vegetação em savanas e matagais da Austrália, África e América do Sul. Esse efeito pode estar relacionado com os padrões de chuva.

Mais vegetação desacelera, mas não impede as alterações climáticas

A vegetação desempenha um papel importante em retardar a mudança climática. Cerca de um quarto de todas as emissões de carbono de atividades humanas são removidas pela vegetação terrestre.

No entanto, ainda não sabemos como o aumento da variabilidade do clima que acompanha a mudança climática afetará este “sumidouro de carbono” terrestre no futuro. Isto é particularmente verdadeiro para os ecossistemas sazonalmente secos que experimentam incêndios, como as savanas da Austrália, onde um único evento pode facilmente remover o carbono armazenado na biomassa ao longo de muitos anos anteriores.

Com a vegetação terrestre removendo cerca de um quarto das emissões de carbono das atividades humanas e os oceanos globais removendo mais um quarto, metade de nossas emissões de CO2 ainda permanece na atmosfera. Portanto, é óbvio que continuam necessárias grandes reduções de emissões globais de combustíveis fósseis. [IFLS]

Fonte: hype science

Como ações sociais podem ajudar a reduzir o desmatamento na Amazônia


A comunidade São João Batista do Rio Apocuitauá, na Floresta Estadual de Maués, recebe uma caixa d´água de 5 mil litros para o poço artesiano do programa Bolsa Floresta (Foto: Kátia Serique )
 
 

Grandes ações de fiscalização envolvendo o Exército, a Polícia Federal e representantes dos órgãos ambientais são as imagens mais lembradas quando pensamos na luta contra o desmatamento na Amazônia. Outro recurso comum em nosso imaginário contra o desmatamento é a criação de novas unidades de conservação na região. O que poucos sabem é que a criação de alternativas econômicas para as comunidades da floresta também pode ajudar a controlar, a longo prazo, o desmatamento.

A Amazônia não é um território desabitado. Vivem na região cerca de 24 milhões de pessoas ou 13% da população nacional. Cerca de 4 milhões estão na floresta, seja em comunidades indígenas e ribeirinhas, seja vivendo como seringueiros ou pequenos produtores rurais. São essas pessoas que vivem em contato direto com à floresta e que também estão fortemente ligadas ao combate ao desmatamento. 

O Brasil enfrenta hoje os menores índices de derrubadas dos últimos vinte anos. Porém, a perda anual de cerca de 5 mil quilômetros quadrados de floresta  ainda é a maior do planeta. Cerca de 30% desse desmatamento ocorre dentro de assentamentos rurais. Se considerarmos que os pequenos produtores também vivem fora das áreas demarcadas pelo governo, em unidades de conservação, comunidades ribeirinhas entre outras, podemos afirmar que 50% dos índices de desmatamento ocorrem nas pequenas propriedades rurais. 

Existem dois tipos de desmatamento. O primeiro é o que ocorre entre os grandes donos de terras. “Esse desmatamento está associado à especulação da fundiária. A pessoa desmata pela perspectiva de valorização da área, mas não produz nada”, afirma Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Uma solução proposta para este problema seria a cobrança efetiva do Imposto Territorial Rural, criado justamente para evitar esse tipo de ação e que hoje não atinge nem 6% de seu potencial. “O grande problema é que muitos adulteram o valor da terra para reduzirem a cobrança”, diz Barreto. O outro tipo de desmatamento é o dos pequenos produtores rurais. É a devastação dos assentamentos, que perpetua a pobreza. A saída para isso é criar alternativas de renda, associadas a exigência de floresta em pé. “Essas ações vão desde o pagamento pelos serviços florestais até o desenvolvimento do turismo em unidades de conservação”, diz Barreto.

>> Leia as reportagens do Especial Amazônia

Resolver os graves índices sociais da região são outros efeitos esperados dessas ações. Segundo dados do último relatório de desenvolvimento humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1990, 48% da população da região vivia em situação de pobreza. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) desenvolveu, em 2014, o Índice de Progresso Social da Amazônia (IPS), que considera exclusivamente os indicadores sociais e ambientais em sua análise sobre a região. O diagnóstico abrangeu 772 municípios dos nove estados da Amazônia Legal. Um dos dados mais relevantes foi que o IPS médio da Amazônia (57,31) ficou inferior também à média nacional (67,73). O quesito oportunidades foi a que teve o pior desempenho, com 48,33 pontos. A questão é reconhecida como um ponto-chave para garantir o combate ao desmatamento e a continuidade do progresso social da região.

Os programas de pagamento por serviços ambientais oferecidos pela floresta, com a controle do regime hídrico, a fertilidade dos solos e a biodiversidade, são considerados como uma das melhores opções para remediar a falta de oportunidades para a população da Amazônia. Tanto Aécio Neves quanto Dilma Rousseff afirmam que vão investir para melhorar essa questão. Um dos possíveis modelos para essa ação seria um dos programas mais bem-sucedidos de transferência de renda e promoção de oportunidades da Amazônia: o Bolsa  Floresta. Executado desde 2007, pela Fundação Amazonas Sustentável  (FAS), do governo do estado do Amazonas. O programa paga uma bolsa para as populações ribeirinhas moradoras das unidades de conservação. Também oferece assessoria educacional e profissional a 40 mil moradores de uma área de 10 milhões de hectares no Amazonas. As atividades da mini-universidade de formação profissional estão entre as opções de novos modelos para a geração de renda associada à preservação da floresta em pé. Em novembro, 45 jovens das comunidades do Amazonas, que integram os projetos da FAS, vão estar formados com mil horas de treinamento em um currículo inovador. O curso é voltado para atividades que possam promover o desenvolvimento sustentável da floresta, como o manejo de peixes e como usar os ativos da floresta para melhorar a nutrição das famílias locais.

O desenvolvimento de novos negócios que façam a conexão entre a biodiversidade da floresta as indústrias é outra opção de novas oportunidades. Um exemplo disso são as novas produtoras de pneus que usam borracha nativa da Amazônia e que antes operavam com matéria-prima importada da Indonésia na Zona Franca de Manaus. “Garantir o progresso social e o desenvolvimento da Amazônia não é apenas uma medida eficaz para combater o desmatamento.  Esse é um desafio enorme, pois estamos mudando uma visão de mundo e criando de fato um caminho sustentável para o planeta”, afirma Virgílio Viana, presidente da FAS.

Fonte: Época

 

Caso de fraude em plano de manejo da Amazônia


Greenpeace expõe mais um caso de fraude em plano de manejo da Amazônia para ‘lavar’ origem suja de madeira

O ipê é uma das espécies mais valiosas da Amazônia. Normalmente, é possível encontrar 1 árvore de ipê a cada 3-5 hectares (ou 3-5 campos de futebol). No entanto, um plano de manejo do Pará apresentou um inventário florestal em que os ipês nascem aos borbotões, com um volume 1300% maior do que a média encontrada para a espécie!

A Agropecuária Santa Efigênia, situada no município de Uruará-PA, superestimou a presença de Ipê no inventário florestal da área com o objetivo de gerar créditos excedentes para esquentar madeira ilegal. Os créditos excedentes podem ser utilizados para legalizar madeira extraída, no caso Ipês, de áreas sem autorização, como terras indígenas e unidades de conservação, ou podem ser vendidos para as serrarias da região que utilizam esses créditos com a mesma finalidade. Nos dois casos, é crime ambiental previsto em lei.

Em 2014, uma autorização de exploração florestal (Autef) emitida pela Sema para a Santa Efigênia aprovou cerca de 12 mil metros cúbicos de ipê, o equivalente a cerca de 600 caminhões de madeira. De acordo com um parecer técnico da Universidade de São Paulo, que analisou o inventário do plano, o número de indivíduos de Ipê encontrados na área licenciada foi de 1,01 árvores por hectare, e, em relação ao volume, o valor foi de 5,75 m³/hectare. A literatura científica aponta, no entanto, que a densidade média de indivíduos desta espécie na Amazônia fica entre 0,2 e 0,4 árvores por hectare, e, em termos de volume por hectare, esse valor dificilmente supera 0,4 m, valores bem mais baixos do que o inventariado no plano.

“A exploração ilegal de madeira causa grave degradação da floresta e abre caminho para a destruição da biodiversidade e violência contra a população local. As florestas não podem mais ser destruídas se queremos reduzir as mudanças climáticas e garantir água para nosso futuro”, diz Marina Lacôrte, da campanha da Amazônia do Greenpeace.

Desde o ano passado, a campanha tem revelado fraudes como a do plano de manejo Santa Efigênia. Em outubro, uma investigação que contou com a utilização de rastreadores por GPS monitorou rotas de caminhões transportando madeira de áreas sem autorização até as serrarias de cidades do oeste do Pará, como Santarém, Uruará e Placas. Uma dessas serrarias que receberam a madeira ilegal foi a Comercial de Madeiras Odani Ltda, de Placas, no Pará, que recebeu parte dos créditos justamente do plano de manejo da Agropecuária Santa Efigênia.

A denúncia levou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA) a realizar uma fiscalização no plano de manejo que confirmou as irregularidades na área. Na ocasião, a equipe não apenas concluiu que houve fraude no inventário florestal – especialmente para o Ipê – como também recomendou a suspensão do plano e autuou a empresa.

A vistoria e as multas não impediram a Agropecuária Santa Efigênia de continuar movimentando os créditos excedentes, o que indica que madeira ilegal “lavada” com esses créditos entrou no mercado nacional e internacional:  99% do volume de ipê autorizado foi comercializado. Essa madeira foi destinada a diversas serrarias localizadas nos municípios de Uruará e Placas, onde o monitoramento por satélite mostra uma enorme quantidade de áreas degradadas no entorno. Inclusive, os alertas de degradação foram detectados na mesma época em que ocorreu a comercialização dos créditos: de junho a dezembro de 2014.

A Fazenda Santa Efigênia é cortada por uma estrada que adentra a Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, do povo Arara. Boa parte da TI, inclusive os arredores dessa estrada, já sofreu e continua sofrendo inúmeras invasões por parte de madeireiros. Imagens de satélite registram nessas áreas um intenso processo de degradação típico desse tipo de exploração. Fotografias realizadas durante sobrevoo do Greenpeace em há poucas semanas confirmam a retirada de madeira de dentro do território indígena.

Galeria de fotos:

 

 

 

Mercado internacional

Os principais destinos internacionais da madeira amazônica são Estados Unidos, União Europeia (UE), China e Israel. Em 2013, só os países da UE importaram, em produtos de madeira tropical provenientes da Amazônia Brasileira, o equivalente a 148 milhões de dólares. A partir das denúncias feitas pelo Greenpeace desde o ano passado, diversas empresas europeias cancelaram contratos de importação com madeireiras brasileiras.

“A exploração predatória é o primeiro passo para o desmatamento total dessas áreas. Já passou da hora de dar um basta a essa situação para acabarmos de vez com o desmatamento”, afirma Marina Lacôrte, do Greenpeace. “O governo brasileiro precisa revisar urgentemente todos os planos de manejo aprovados desde 2006 para tirar de circulação créditos fraudados. Este é o primeiro passo para uma reforma robusta no sistema de controle de madeira”, completa.

Junte-se a nós

Não podemos deixar que isso continue acontecendo. Você pode fazer muito mais para ajudar a acabar com a madeira ilegal de uma vez por todas, antes que essas fraudes destruam a floresta.Junte-se ao nosso time pelas florestas.

 

Informe do Greenpeace Brasil, publicado no Portal EcoDebate, 11/06/2015

O mundo vai conseguir se alimentar no futuro?


            food-crisis-550px

Os impactos ambientais na agricultura criam problemas de instabilidade, escassez e volatilidade de preços de alimentos. Isto já é perceptível em alguns mercados, especialmente em países mais pobres e vulneráveis, que são severamente atingidos por extremos do tempo como enchentes e seca – e onde problemas estruturais como armazenamento e distribuição são agravados pela pobreza.

O mundo precisa urgentemente melhorar o modo como produz e consome alimentos. Nas próximas décadas, o setor agrícola, que emprega duas bilhões de pessoas, vai ter de fornecer comida suficiente para uma população crescente e ser um agente de desenvolvimento econômico social e econômico inclusivo. Os riscos ambientais, no entanto, aumentam.

Atualmente, usamos cerca de metade da vegetação do planeta para a produção de alimentos, de acordo com o World Resources Institute. A quantidade de terra utilizada pela agricultura cresceu em mais de dez milhões de hectares por ano desde os anos 1960, e a expansão das áreas de colheita e de pasto criam mais pressão sobre as florestas tropicais. Os espaços encolhem e os que restam são ameaçados por fenômenos criados pela própria atividade – a agricultura hoje responde por quase um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa e 70% do uso de toda a água doce. Estas tendências tendem a se intensificar. Até 2050, o setor pode consumir 70% de todo o “orçamento” permitido de emissões consistente com a limitação ao aumento de temperaturas do planeta em até 2°C – limiar do cenário de desastre.

Há um grande gap a ser fechado, e isto tem de ser feito de maneira sustentável, de forma a melhorar a vida de agricultores pobres e reduzir o impacto da atividade no ambiente, que traria degradação dos solos, escassez de água e efeitos adversos da mudança do clima.

Mais de 800 milhões de pessoas vivem hoje em estado de insegurança alimentar, o que significa que estão periodicamente com fome. Existe um fosso de 69% entre as colheitas de calorias produzidas em 2006 e aquelas necessárias em 2050. Durante o mesmo período, a produção de leite e carne de pastos precisará crescer 40%, mais do que aumentou de 1962 a 2006.

“Bem-vindos à nova geopolítica da escassez de alimentos,” diz Lester Brown, fundador do WorldWatch Institute, e fundador e presidente do Earth Policy Institute, autor dePlaneta Cheio, Pratos Vazios – A Nova Geopolítica da Escassez Alimentar, de 2012. O influente pensador dizia já em 1978, em outra obra, que o mundo corria risco pela “sobrepesca, desmatamento e transformação de terra em deserto”.

Apenas na última década, diz ele, os estoques mundiais de grãos caíram em um terço. O súbito aumento de preços de alimentos, que dobraram entre 2007 e 2008, deixou mais pessoas famintas que em qualquer momento da história. Quando o período de abundância alimentar foi inaugurado, nos anos 1960, o mundo tinha 2 bilhões de habitantes. Hoje, tem 7 bilhões. De 1950 a 2000 houve saltos bruscos ocasionais de preços em grãos como resultado de eventos induzidos pelo tempo, mas seus efeitos eram de curta duração e logo tudo voltava ao normal. Normal é algo que não existe mais.

A escassez de alimentos provocou a queda de civilizações antigas como a dos sumérios e maias porque elas adotaram um modelo agrícola ambientalmente insustentável. E, enquanto nestes casos, a falência possa ser atribuída a duas tendências como desmatamento e erosão de solos, atualmente os problemas são de muitas naturezas, como a depleção dos aquíferos, o pico da produtividade de grãos e o aumento de temperaturas. Para países avançados como os EUA, onde as pessoas gastam 9% de sua renda com comida, não parece tão sério. Mas pense naqueles que gastam de 50 a 70% dos seus rendimentos para se alimentar, e no que acontece com eles quando os preços dobram. O número de pessoas com fome no planeta estava caindo nas últimas décadas do século 20, chegando a 792 milhões em 1997. A partir daí, começou a subir, chegando a 1 bilhão, e a situação mais grave é a encontrada no subcontinente indiano e na África Subsaariana.

Há até o prejuízo causado a safras pelos automóveis. Extensões cada vez maiores de terras agricultáveis estão sendo usadas para a insana produção de biocombustíveis, que irão alimentar uma frota sedenta – caso de extensões imensas de solo compradas muitas vezes ilegalmente ou tomadas por corporações na África para alimentar veículos na Europa. E há poucos sinais de que líderes políticos estejam entendendo a magnitude da crise.

Outro especialista, Paul McMahon, aponta em O Delírio Alimentar: A Nova Política da Comida (2013) que o que se planta hoje é o bastante para alimentar 9 bilhões de pessoas, população projetada para 2050. Para aumentar a disponibilidade, é preciso reduzir o desperdício, e usar cereais para colocar nas bocas de seres humanos, e não de animais – o que acontece em escala crescente pelo consumo de proteína das novas classes médias de países emergentes. Em partes da África, por exemplo, a produção pode dobrar, se não houvesse falta de conhecimento, de acesso à tecnologia e mercado disfuncionais.

McMahon descreve um quadro utópico: “Imagine que não existam fronteiras, disparidades econômicas, ou relações desiguais de poder dentro de sociedades. Em vez disso, pensem o planeta como um sistema único que pode ser administrado para fornecer alimentos e outros serviços para a humanidade”. Porém, ele mesmo diz, a suposição é uma “fantasia”.

No clássico Saciados e Famintos: Poder e a Batalha Oculta pela Sistema Alimentar Mundial (2007), Raj Patel examina um paradoxo. Sua tese é que a existência simultânea de quase um bilhão de pessoas subnutridas e o mesmo número de gente com sobrepeso é na verdade um corolário de um sistema no qual um punhado de corporações tiveram permissão de se apropriar do valor da cadeia alimentar. As consequências sociais são desastrosas, apesar de toda a retórica neoliberal de livre comércio e escolha.

Em um seminário realizado em Roma pela organização de alimentos e agricultura da ONU em 2009 (FAO), Como Alimentar o Mundo em 2050, se advertiu que a agricultura irá ser forçada a competir por terra e água com o espalhamento urbano, será exigido que ela atue em outras frentes importantes: adaptação e mitigação da mudança do clima, ajuda para preservar habitats naturais, proteger espécies ameaçadas e manter um alto nível de biodiversidade. Como se estes desafios não bastassem, cada vez menos pessoas viverão no campo, e menos ainda serão agricultores.

As questões levantadas pela FAO são muitas e diversas. Seremos capazes de produzir comida a preços acessíveis ou preços maiores de alimentos vão levar mais pessoas à pobreza e fome. Quais são as novas tecnologias que nos ajudarão a utilizar recursos escassos com mais eficiência, aumentando e estabilizando safras? Estamos investindo o suficiente em pesquisa e desenvolvimento para que revoluções aconteçam a tempo? Quanto precisamos investir para ajudar a agricultura a se adaptar à mudança do clima, e o quanto ela pode contribuir para mitigar eventos extremos do tempo?

Caso não haja soluções para estes problemas, os custos sociais serão imensos. O peso para a economia global trazido pela desnutrição, como resultado de produtividade perdida e custos diretos de saúde, podem ser de até 5% do PIB mundial, equivalente a U$ 3.5 trilhões por ano, ou U$ 500 por pessoa. Os custos da subnutrição e deficiência de micronutrientes são estimados em 2% 3% do PIB global, equivalente a U$ 1.4 trilhão e U$ 2.1 trilhões por ano. Uma conta muito cara, em dinheiro e, principalmente, em vida perdidas.

Foto: Oxfam East Africa / Creative Commons

Fonte:  Planeta sustentável

Unidades de Conservação na Amazônia


Pesquisadores revelam as 50 Unidades de Conservação na Amazônia com maiores desmatamentos entre 2012 e 2014

Áreas Protegidas críticas na Amazônia no período de 2012 a 2014

 

Em geral, as Unidades de Conservação (UCs) têm sido uma das medidas mais eficazes contra o desmatamento na Amazônia e, consequentemente, para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Mas, algumas delas se encontram em situação crítica de desmatamento. Geralmente, essas áreas apresentam ocupações irregulares e estão em regiões de influência de grandes obras de infraestrutura, como rodovias e hidrelétricas, e estão vulneráveis por causa da fiscalização ineficiente. Cientes destes problemas, recentemente órgãos de fiscalização como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) demandaram a implementação das UCs no país e, especialmente, na Amazônia.

Para contribuir com essas iniciativas, apresentamos as 50 UCs críticas em desmatamento que deveriam ser prioritárias para as ações de implementação, sobretudo de regularização fundiária – ou seja, a retirada de ocupantes irregulares e a indenização e reassentamento daqueles que tiverem esse direito. Essas áreas críticas concentraram 96% do desmatamento ocorrido em UCs da Amazônia no período de agosto de 2012 a julho de 2014. Sete das dez áreas mais desmatadas e que respondem por 81% do desmatamento nas áreas críticas sofrem com o baixo grau de implementação de acordo com dados do TCU (ou seja, faltam planos de manejo, conselho gestor, recursos humanos e financeiros suficientes).

O sucesso das UCs contra o desmatamento e como base para o desenvolvimento local (turismo, extração de madeira sustentável) depende de investimentos. O governo deve fazer um plano de longo prazo que considere os recursos necessários e as ações prioritárias. O foco inicial dessas ações deve ser as áreas críticas de desmatamento, mais pressionadas (em torno de projetos que atraem imigrantes como hidrelétricas e o asfaltamento de estradas) e vulneráveis por causa de ocupações irregulares. Para garantir a integridade dessas áreas, recomendamos: punir todos os crimes associados ao desmatamento ilegal, que resultam em confisco de bens e penas maiores; retirar ocupantes não tradicionais das UCs em que sua permanência não é permitida; e retomar terras públicas fora das UCs para os reassentamentos necessários.

Referência: Araújo, E., Barreto, P., & Martins, H. 2015. Áreas Protegidas críticas na Amazônia no período de 2012 a 2014. (p. 20) Belém: Imazon.

Baixe aqui o arquivo.
http://imazon.org.br/PDFimazon/Portugues/livros/APsCriticas_2015.pdf

Informe do Imazon, publicado no Portal EcoDebate, 10/06/2015

Ministério lança estratégia de redução das emissões de gases do efeito estufa


estoqueflorestal-ecod.jpg
Estoques de carbono florestal: estratégia
Foto: Arquivo/MMA

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lança nesta quarta-feira, 6 de abril, em Brasília, a Estratégia Nacional para Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal, Conservação dos Estoques de Carbono Florestal, Manejo Sustentável das Florestas e Aumento de Estoques de Carbono Florestal (Enredd+).

O evento incluirá apresentações e um debate entre representantes das instituições envolvidas no processo de amadurecimento do tema Redd+ no Brasil. O objetivo da estratégia é contribuir para a mitigação da mudança do clima por meio do combate ao desmatamento ilegal. Além disso, a Enredd+ aborda a conservação e a recuperação de ecossistemas florestais e tem por objetivo promover o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, com benefícios econômicos, sociais e ambientais.

A estratégia nacional foi estabelecida com a publicação da Portaria do MMA nº 370, de 2 de dezembro de 2015. Um de seus objetivos é aprimorar o monitoramento e a análise de impacto das políticas públicas para o alcance dos resultados de REDD+, no sentido de contribuir para frear o aquecimento global de acordo com os dispositivos acordados na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).

A estratégia contribuirá, ainda, para a mobilização de recursos internacionais em escala compatível com a meta nacional voluntária de corte de emissões até 2020

A Enredd+ também busca integrar as estruturas de gestão do Plano Nacional sobre Mudança do Clima e dos Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento nos biomas, em consonância com as políticas voltadas para a mudança do clima, a biodiversidade e as florestas nos níveis federal, estadual e municipal. A estratégia contribuirá, ainda, para a mobilização de recursos internacionais em escala compatível com a meta nacional voluntária de corte de emissões até 2020.

Comissão
As ações serão acompanhadas pela Comissão Nacional para Redd+ (Conaredd). Instituído pelo Decreto nº 8.576, de 26 de novembro de 2015, o grupo tem a responsabilidade de coordenar, acompanhar e monitorar a implantação da Estratégia Nacional para Redd+. A comissão também tem a finalidade de coordenar a elaboração dos requisitos para o acesso a pagamentos por resultados de políticas e ações de Redd+ no Brasil, reconhecidos pela UNFCCC.

De acordo com o Decreto, a Conaredd+ é presidida pelo MMA e tem a participação da Casa Civil, dos ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda, do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Ciência, Tecnologia e Inovação, além da Secretaria de Governo da Presidência da República. A Comissão conta ainda com representantes sociedade civil organizada e dos governos estaduais e municipais indicados pelas associações competentes.

(Via Ministério do Meio Ambiente)

Fonte: EcoD

Desmatamento da Amazônia nos países andinos é alarmante, mostra WWF


         

Nos últimos dez anos, o Brasil tem se esforçado para evitar o desmatamento na Amazônia, por meio de políticas públicas, mecanismos e sistemas de proteção da floresta tropical, mas permanecem alarmantes o desmatamento e a degradação florestal em países vizinhos que compartilham o bioma, como BolíviaPeruEquador e Colômbia, diz relatório da organização não governamental WWF Brasil.

A reportagem é de Paula Laboissière, publicada por WWF Brasil e reproduzida por Agência Brasil, 11-03-2015.

Em levantamento divulgado na segunda-feira (9), a ONG destaca que foram identificadas 25 frentes de desmatamento na região, com aumento da perda florestal nos países andinos. Em 2001, o desmatamento no Brasil representou 81% do total desmatado no bioma e, em 2012, a proporção caiu para 44%.

“Desse modo, os avanços brasileiros, no que se refere à queda do desmatamento de florestas da Amazônia, foram perversamente compensados pelo crescimento da destruição das florestas amazônicas em outros países”, diz o documento.

WWF ressaltou, porém, que, apesar da redução significativa, o Brasil ainda figura no topo do ranking de desmatamento no mundo, com a supressão de 4.571 quilômetros quadrados (km²) de florestas em 2012, que aumentaram para 5.891 km² em 2013. “A indicação de uma retomada da elevação das taxas de desmatamento, em 2014, exige atenção ainda maior para o assunto”, acrescenta o relatório.

O coordenador do Programa Amazônia WWF BrasilMarco Lentini, lembrou que o desmatamento ainda é visto por muitos como um simples problema de cunho ambiental, quando, na verdade, é um assunto intimamente ligado ao ordenamento do uso do território e à economia, por exemplo.

“O desmatamento na Amazônia teve dois picos importantes, em 1995 e 2004. Perdemos algo em torno de 400 mil km² desmatados desde 1988. É uma grande mazela brasileira, já que perdemos pelo menos 19% da Amazônia”, disse. “Tivemos redução muito significativa, mas ainda temos grandes desafios”, ressaltou Lentini.

Das recomendações do relatório, ele destacou que as prioridades são manter a atenção e estimular a vontade política de combate e prevenção ao desmatamento; enfrentar o desafio, incentivar e promover as integrações; e investigar e decifrar as cadeias de relações causais de desmatamento para orientar o planejamento, conforme situações específicas de prevenção e combate.

WWF Brasil também recomenda incentivar a legalidade e combater as fragilidades institucionais e normativas que abrem espaço para a impunidade; incentivar e intensificar a formação e consolidação de cadeias produtivas sustentáveis; e implementar e buscar aprimoramento de sistemas de monitoramento da cobertura florestal.

Para André Dias, da Iniciativa Amazônia Viva, o relatório da WWF deve servir de estímulo e oportunidade para que os demais países que abrigam a Amazônia instituam e fortaleçam políticas públicas de controle do desmatamento.

Fonte:Instituto Humanitas Unisinos