Responsabilidade e foco – Meio ambiente e sociedade


Inseridos em um grupo de organizações preocupadas com o bem-estar social e a preservação do meio ambiente e visando realizar projetos diretamente relacionados a estes valores, a Ejel – Consultoria e Projetos Elétricos Jr. criou, dentro da sua gestão, o Núcleo de Responsabilidade Socioambiental (Núcleo RSA). A Ejel é uma associação civil com fins educacionais, formada por graduandos em engenharia elétrica pela UFSJ, que realiza serviços de consultoria e projetos pertinentes à Engenharia Elétrica. A partir de um projeto trainee da empresa, em 2012, a ideia de criação do núcleo foi lançada e, com a gestão 2013 definida, foi finalizada e consolidada.

O núcleo possui, desde o ano passado, duas diretrizes de atuação: sociedade e meio ambiente. Uma parceria com a APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) de São João Del Rei-MG foi instituída, visando a capacitação dos integrantes da associação e trazendo novas perspectivas de atuação no mercado para os mesmos, inclusive. A APAC realiza um projeto de extrema importância, de reinserção do condenado na sociedade e a parceria com a Ejel trouxe excelentes oportunidades para ambos os lados. Estar em contato com realidades diferentes nos torna pessoas melhores, capazes de conviver com as diferenças e respeitá-las. Foi realizado um minicurso na área de Instalações Elétricas, onde houve uma grande troca de experiências entre todos, provando que a integração no mercado pode ocorrer através de pequenas ações locais, desde que se tenha um ideal.

O elo com a APAC ainda é mantido, e pretende-se estendê-lo através de novos treinamentos, focando outros tipos de capacitações dentro da área de atuação.

Visando minimizar os danos ao meio ambiente, pelo descarte inadequado de eletrônicos e outros componentes, o núcleo criou formas alternativas de recolhimento deste tipo de material. Pontos de coleta foram espalhados pelo campus da UFSJ, no qual localiza-se a empresa, contribuindo assim para a coleta de lixo eletrônico em São João Del Rei. Já neste ano, com os resultados obtidos no ano passado e a expansão do núcleo, notou-se a viabilidade de expandir os pontos de coleta para toda a cidade.

Mas o que fazer com todo o lixo eletrônico coletado? Há um espaço apropriado na universidade para armazenamento, e que atualmente está sendo transferido para outro local. Visando a criação de um laboratório, onde possa ser realizada a triagem do material recolhido e, então, parte dele ser destinado à criação de kits didáticos, visando capacitações futuras.

Pretendendo consolidar ainda mais os projetos já existentes,  a empresa conta com mais colaboradores presentes no núcleo, e dois coordenadores gerais, com a autonomia para direcionar e propor novas ações.  Há muito o que crescer e oportunidades não faltam.

1º treinamento de instalações elétricas ministrado pela Ejel na APAC

 

 

 

 

 

    

 

 

 

Após este tempo, o núcleo é extremamente importante dentro da empresa e para toda a região na qual estão inseridos. Através das atividades, conseguiram muita prospecção da marca além de retornar à sociedade ações de inclusão e capacitação, promovendo conceitos como sustentabilidade, empreendedorismo, aliados aos conhecimentos técnicos em Engenharia Elétrica. Hoje em dia, discute-se muito sobre a responsabilidade socioambiental, mas através do núcleo a empresa afirma que pequenas ações locais podem fazer, e muito, a diferença.

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Desmatamento da Amazônia em novembro sobe mais de 100% na comparação anual


A destruição totalizou 103% a mais do que no mesmo mês do ano passado (REUTERS/Bruno Kelly)

O desmatamento da Amazônia brasileira saltou para o maior nível para o mês de novembro desde o início dos registros em 2015, de acordo com dados preliminares divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A destruição da maior floresta tropical do mundo totalizou 563 quilômetros quadrados em novembro, 103% a mais do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com o Inpe.

O dado coloca o desmatamento total para o período de janeiro a novembro em 8.934 quilômetros quadrados, 83% maior do que no mesmo período de 2018 e uma área quase do tamanho de Porto Rico.

Os dados foram coletados por meio do sistema Deter, que publica alertas de desmatamento na floresta.

Os números do Deter não são considerados dados oficiais de desmatamento. As informações oficiais são do sistema Prodes, também gerenciado pelo Inpe.

Os dados do Prodes entre agosto de 2018 e julho deste ano, divulgados no mês passado, mostraram que o desmatamento cresceu neste ano para o maior patamar em uma década, subindo 30% na comparação para o período entre agosto de 2017 a julho de 2018, para 9.762 quilômetros quadrados.

O desmatamento geralmente desacelera entre novembro e dezembro, durante o período de chuvas na Amazônia. A alta para o mês passado é incomum.

Pesquisadores e ambientalistas responsabilizam o presidente Jair Bolsonaro por incentivar fazendeiros e madeireiros com seu discurso de que a Amazônia tem de ser desenvolvida e por enfraquecer os mecanismos de fiscalização ambiental.

Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disseram que governos anteriores desempenharam um papel na alta do desmatamento, e afirmaram que o corte de verbas em órgãos como o Ibama começaram antes do atual governo tomar posse em janeiro deste ano.

O Ministério do Meio Ambiente não comentou imediatamente os dados do Deter para novembro.

Reuters

Os limites da Terra e os desafios financeiros e ambientais


                

Os problemas ambientais do mundo já ultrapassaram os limites da Terra e a possível continuidade da melhora dos indicadores sociais estão ameaçados pela crise financeira. Nos últimos duzentos anos, o ser humano tem retirado recursos ambientais da Terra, transformando as riquezas naturais em artigos de luxo e devolvido tudo em forma de lixo, para a tristeza do Planeta. Há quem diga que os seres humanos são os vândalos do meio ambiente.

A metodologia da Pegada Ecológica mostra que a humanidade já superou em 50% o uso sustentável da biocapacidade. A metodologia das Fronteiras Planetárias mostra que estamos ultrapassando os limites seguros para a vida na Terra. O IPCC mostra que o aquecimento global é provocado pelas atividades antrópicas e atingiu os maiores níveis nos últimos 12 mil anos. Em todos os cenários, o quadro é de insustentabilidade do modelo de crescimento da produção e consumo, em um quadro de uma população e renda per capita em expansão.

Em pouco mais de dois séculos, a humanidade teve um impacto maior sobre a biosfera do que nos 200 mil anos anteriores da história do homo sapiens. Entramos na Era do Antropoceno, isto é, da dominação humana sobre a Terra e sobre as demais espécies animais e florestais. Mas ao mesmo tempo os ganhos de escala da economia estão virando deseconomias de escala e a sinergia virando entropia. As mudanças climáticas têm provocado diversos desastres naturais e têm aumentado o sofrimento dos refugiados do clima.

Levantamento da FAO mostra que 200 quilômetros quadrados de florestas foram dizimadas por dia no mundo, entre 2000 e 2005, com perda de 7,3 milhões de hectares. Somente o Brasil destruiu 3,1 milhões de hectares de florestas nesse período de 5 anos. Entre 2000 e 2010 aproximadamente 13 milhões de hectares de florestas foram convertidos para outros usos ou perdidos. Aliás, o Brasil já destruiu 93% da Mata Atlântica, mais de 50% do Cerrado e a Amazônia está sendo saqueada de suas madeiras de lei e invadida pela pecuária, as plantações de soja e agora o Congresso permite a plantação de cana-de-açúcar na região. Os ecossistemas brasileiros estão sendo depredados e destruídos.

Segundo o relatório Povos resilientes, Planeta resiliente: “a sobrepesca fez com que 85% de todos os estoques de peixes fossem atualmente classificados como sobre-explorados, esgotados, em recuperação ou totalmente explorados, uma situação substancialmente pior do que há duas décadas. Enquanto isto, os escoamentos agrícolas significam que os níveis de nitrogênio e fósforo nos oceanos triplicaram desde a época pré-industrial, levando a aumentos maciços das zonas mortas costeiras. Os oceanos do mundo também estão se tornando mais ácidos em consequência da absorção de 26% do dióxido de carbono emitido na atmosfera, afetando tanto as cadeias alimentares marinhas quanto a resiliência dos recifes de corais. Se a acidificação dos oceanos continuar, é provável que haja alterações nas cadeias alimentares bem como impactos diretos e indiretos sobre diversas espécies, com consequente risco para a segurança alimentar, afetando as dietas baseadas em alimentos marinhos de bilhões de pessoas em todo o mundo” (p. 30).

Diversos rios e lagos do globo estão sendo destruídos, contaminados ou desviados para diversos usos. O rio Colorado nos Estados Unidos não chega mais ao mar. Os rios da China estão sendo represados e poluídos, gerando conflitos hidropolíticos. Nas grandes cidades brasileiras a transformação de rios em canais de esgoto segue a ritmo acelerado, como nos casos do rio Arrudas em Belo Horizonte, do rio Carioca no Rio de Janeiro e do rio Tietê em São Paulo. Por tudo isto, cresce a luta pelo “Direito das águas”.

A dependência do petróleo, de produtos químicos e o uso de métodos não-orgânicos na agricultura tem gerado agressões ao meio ambiente, provando erosão, infertilidade, desertificação, contaminação dos solos, das águas, dos animais e dos seres humanos. A pecuária não tem causado menos danos, além de acelerar o desmatamento e elevar a emissão de gás metano. A acidificação do solo e dos oceanos reduz a fertilidade em geral e ameaça a biodiversidade.

O apetite humano tem provocado o sofrimento e o desaparecimento de outras espécies de seres vivos e animais sencientes. Segundo a FAO, cerca de 60 bilhões de animais são mortos todos os anos para enriquecer a dieta dos 7,1 bilhões de habitantes do mundo. Cerca de 30 mil espécies são extintas a cada ano. A perda de biodiversidade prossegue de maneira assustadora, mostrando a gravidade dos problemas ambientais.

O Parque Nacional do Iguaçu, considerado por biólogos um dos locais com as melhores condições de abrigar uma grande população de onças-pintadas no pouco que resta da Mata Atlântica no Brasil, sofreu uma redução de mais de 80% no número de indivíduos do final dos anos 1990 para cá. De uma média de cem onças estimadas em estudo naquele período, hoje se acredita que só restem 18, de acordo com reportagem do jornal o Estado de São Paulo.

Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera saltaram 2,67 partes por milhão (ppm) chegando ao montante recorde de 395 ppm, em 2012. O registro do ano passado só ficou atrás do aumento de 2,93 ppm ocorrido em 1998. Sem surpresas, em maio de 2013, os níveis de CO2 chegaram ao limite crítico de 400 ppm. Controlar o aquecimento global nos limites dos 2 graus está ficando cada vez mais difícil.

Para agravar tudo isto, os governos continuam emitindo moeda e se endividando para elevar a “demanda agregada” (os níveis de investimento e consumo), com a boa intenção de reduzir o desemprego. Mas gerar crédito fictício pode minorar os problemas do curto prazo, mas não vai resolver os problemas de longo prazo da economia. Os Estados Unidos, por exemplo, estão paralisados pelo debate interminável sobre o teto da dívida pública (a dívida está em US$ 16,7 trilhões atualmente, mas crescendo).

Tanto as economias desenvolvidas quanto as chamadas economia emergentes estão passando por grandes incertezas e redução do crescimento. Enquanto o clima esquenta, a economia esfria. Nunca o mundo se viu diante de tão graves problemas ambientais e financeiros. Não vai ser fácil resolver esta dupla crise.

Referências:

TVERBERG, Gail. Oil Limits and Climate Change. Posted on May 23, 2013

TVERBERG, Gail. Oil Prices Lead to Hard Financial Limits, Posted on August 28, 2013

Kate Raworth. Um espaço seguro e justo para a humanidade: Podemos viver dentro de um “Donut”? Textos para Discussão da Oxfam, 2012

WWF. Relatório Planeta Vivo 2012

ALVES, JED. A destruição dos ecossistemas brasileiros, EcoDebate, Rio de Janeiro, 07/03/2013

ALVES, JED. O Decrescimento Demo-Econômico e a Sustentabilidade Ambiental. XI ENABER – XI Encontro da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, Foz do Iguaçu, 02 a 04/10/2013

 

* José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

** Publicado originalmente no EcoDebate e retirado do site CarbonoBrasil.

Fonte: Envolverde

Mesmo não sendo sede, Brasil terá papel importante em debate climático da COP25


Bolsonaro disse durante a campanha no ano passado que o país desistiria do Acordo de Paris, mas depois voltou atrás. (Valter Campanato/Agência Brasil)

BRASÍLIA – O Brasil pode ter desistido de sediar a cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU) este ano, mas o país ainda assumirá um papel de liderança na negociação dos mecanismos necessários para implementar o Acordo de Paris, afirmou nesta terça-feira (15) seu principal negociador climático.

Logo após a eleição do presidente Jair Bolsonaro no ano passado, ele cancelou os planos do Brasil de sediar a conferência sobre mudanças climáticas COP25. A cúpula será realizada no Chile em dezembro.

Na reunião, os países tentarão estabelecer os detalhes finais sobre como implementar o Acordo de Paris de 2015, que visa limitar o aquecimento global de 1,5 a 2 graus Celsius para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.

Leonardo Cleaver de Athayde, o principal negociador climático do Ministério das Relações Exteriores, disse em uma audiência no Congresso que o Brasil será protagonista de muitos dos principais pontos de negociação, incluindo regras para mercados de carbono e financiamento para países em desenvolvimento.

Athayde afirmou que os países desenvolvidos deveriam se lembrar de que desempenharam um papel maior na causa da mudança climática e, portanto, deveriam assumir mais responsabilidade na resolução.

“Isso é um aspecto central do regime, sempre foi, do regime da mudança do clima, um reconhecimento das responsabilidades históricas dos países desenvolvidos e das nações mais industrializadas pelas emissões de gases do efeito estufa”, declarou ele.

Ele alertou os países desenvolvidos para não esquecerem os compromissos assumidos antes do Acordo de Paris, observando que a promessa de mobilizar US$ 100 bilhões em financiamento anual para apoiar as iniciativas climáticas dos países em desenvolvimento até 2020 ainda não se concretizou.

“Há essencialmente um grande desafio que o regime da mudança do clima está enfrentando e continuará enfrentando nos próximos anos. Nós temos percebido que há infelizmente da parte de muitos atores uma tendência… de agir como se de fato a partir da adoção do Acordo de Paris, tudo que veio antes deixou de existir.”

O Brasil estabeleceu metas ambiciosas para reduções de gases de efeito estufa sob o Acordo de Paris, comprometendo-se a reduzir as emissões em 37% até 2025, em comparação com os níveis de 2005, com um compromisso mais amplo de elevar esses valores para 43% até 2030.

Bolsonaro disse durante a campanha no ano passado que o país desistiria do Acordo de Paris, mas depois voltou atrás. Athayde confirmou que as metas do país permanecem inalteradas sob o novo governo.

Bolsonaro, no entanto, nomeou céticos climáticos para posições-chave, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Reuters

Ártico experimentou em 2019 seu segundo ano mais quente desde 1900


A costa da Groenlândia, fotografada de uma aeronave da NASA em 30 de março de 2017 (GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP)

Relatório publicado nesta semana afirma que o Ártico experimentou em 2019 seu segundo ano mais quente desde 1900, levando temores sobre o baixo gelo marinho no verão e o aumento do nível do mar.

O Polo Norte está esquentando duas vezes mais rápido que o resto do planeta desde os anos 90, um fenômeno que os climatologistas chamam de amplificação do Ártico, e os últimos seis anos foram os mais quentes da região.

A temperatura média durante o período entre outubro de 2018 e setembro de 2019 foi 1,9 grau Celsius acima da média de 1981-2010, de acordo com o boletim anual da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa).

A cobertura de gelo marinho no final do verão, medida em setembro de 2019, foi a segunda mais baixa no registro de satélites de 41 anos, junto com os dados de 2007 e 2016, informou o relatório anual.

“O ano de 2007 foi um divisor de águas”, disse Don Perovich, professor de engenharia de Dartmouth e coautor do relatório.

“Em alguns anos há um aumento, em alguns anos há uma diminuição, mas nunca tínhamos retornado aos níveis de antes de 2007”, acrescentou.

O ano até setembro de 2019 foi superado apenas pelo período equivalente em 2015-16 – o mais quente desde 1900, quando os registros começaram.

No mar de Bering, entre a Rússia e o Alasca, os dois últimos invernos registraram uma cobertura máxima de gelo marinho inferior à metade da média de longo prazo.

O gelo também é mais fino, o que significa que os aviões não podem mais pousar com suprimentos para os moradores de Diomede, uma pequena ilha no Estreito de Bering, que agora depende de helicópteros, menos confiáveis.

O gelo espesso também é vital para os habitantes locais que viajam de moto e guardam seus barcos ou caçam focas e baleias.

À medida que o gelo se forma no final do outono, os habitantes ficam isolados a maior parte do ano.

O gelo ancorado ao fundo do mar é cada vez mais raro, e é nesse gelo que pescadores e caçadores armazenam seus equipamentos.

“No norte do Mar de Bering, o gelo marinho costumava estar presente conosco oito meses por ano. Hoje, podemos ver apenas três ou quatro meses com gelo”, escreveram os residentes indígenas em um ensaio incluído no relatório.

Não é apenas o gelo marinho que está recuando, de acordo com o relatório: o gelo na Groenlândia também está derretendo.

Para o resto do mundo, esse derretimento é medido pelo aumento do nível do mar. A cada ano, o derretimento da Groenlândia eleva o nível do mar global em 0,7 milímetros.

AFP

Fundação alemã liderada por crianças e jovens cria aplicativo para reflorestamento global


A ferramenta foi desenvolvida pela Fundação Plant-for-the-Planet, formada por crianças e jovens em janeiro de 2007. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.

O aplicativo Plant-for-the-Planet (“Plante pelo planeta”, na tradução livre) permite que pessoas plantem árvores no mundo inteiro com apenas alguns cliques. O usuário escolhe entre os 50 projetos de reflorestamento de organizações que atuam em países em desenvolvimento disponíveis no app.

Cada árvore é adicionada ao contador e o total do dinheiro arrecadado vai diretamente para os plantadores. Não há taxas para doadores, ONGs que plantam as árvores ou qualquer outra pessoa.

Com o aplicativo, os benefícios do reflorestamento não se limitam ao meio ambiente; plantar árvores também representa uma fonte vital de renda para comunidades locais.

Greta Thunberg, jovem ativista climática, disse: “é simples. Precisamos proteger, restaurar e financiar a natureza”. Dados apontam que o reflorestamento global poderia capturar ao menos um quarto das emissões anuais de carbono.

“Ampla restauração exige que alcancemos um grande número de pessoas, de maneira econômica e rápida”, afirmou Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O aplicativo foi construído ao longo de dois anos por sete jovens da Fundação Plant-for-the-Planet, sob a liderança de Sagar Aryal, de 24 anos, que planta árvores com a Plant-for-the-Planet há mais de dez.

Através do seu chamado “plante sua própria floresta”, o aplicativo também ajuda a implementar as metas do Desafio de Bonn — um esforço global para restaurar 150 milhões de hectares de terras desmatadas e degradadas do mundo até 2020 e 350 milhões de hectares até 2030 — criando uma reação em cadeia do bem.

Mais informações sobre o aplicativo

O aplicativo Plant-for-the-Planet está disponível para Android e iOS ou como um WebApp.

Mais de 10.000 pessoas se inscreveram no aplicativo ainda na fase de desenvolvimento.

A ferramenta também permite que o usuário:

  • Veja onde todas as árvores doadas foram plantadas;
  • Registre árvores que plantou carregando fotos e adicionando o local;
  • Presenteie alguém com árvores doadas;
  • Inicie uma competição de plantio de árvores em escolas, com colegas ou grupo de amigos;
  • Veja a “Lista da Forbes” ambiental – que classifica os usuários por número das árvores plantadas;

Em sua versão 2.0, o aplicativo permitirá que os usuários observem as florestas doadas crescerem com imagens de satélite.

Sobre a Fundação Plant-for-the-Planet – Crianças na linha de frente contra as mudanças climáticas

O movimento que desencadeou a Fundação Plant-for-the-Planet, responsável pelo aplicativo de reflorestamento, foi iniciado pelo alemão Felix Finkbeiner, de apenas nove anos na época. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.

O movimento que desencadeou a Fundação Plant-for-the-Planet, responsável pelo aplicativo de reflorestamento, foi iniciado pelo alemão Felix Finkbeiner, de apenas nove anos na época. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.

A iniciativa de crianças e jovens Plant-for-the-Planet foi lançada em janeiro de 2007, depois de um chamado à ação feito pela ativista ambiental e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2004, Wangari Maathai e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) através da campanha Billion Tree (“Bilhões de Árvores”, na tradução livre).

O movimento que desencadeou a Fundação foi iniciado pelo alemão Felix Finkbeiner, de apenas nove anos na época.

Inspirado pela ativista ambiental queniana Wangari Maathai, que plantou 30 milhões de árvores na África ao longo de 30 anos, Felix formulou a visão: “crianças poderiam plantar 1 milhão de árvores em todos os países do mundo, e com isso contrabalancear as emissões de CO² por contra própria, enquanto os adultos ainda estão pensando em como resolver a questão”.

Em 2011, o PNUMA transferiu a campanha Bilhões de Árvores para a Fundação Plant-for-the-Planet, que aumentou a meta para 1 trilhão e desenvolveu uma ferramenta on-line interativa para motivar outras pessoas a se envolverem com o plantio.

Até agora, mais de 13 bilhões de árvores já foram plantadas em 193 países.

“Iniciativas como o ‘Trilhões de Árvores’ podem contribuir bastante para impulsionar soluções e contornar as mudanças do clima; e garantir tanto meios de subsistência quanto uma sustentabilidade baseada na natureza”, avaliou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.

Iniciativa em prol do reflorestamento mundial

Até agora, mais de 13 bilhões de árvores já foram plantadas em 193 países. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.

Até agora, mais de 13 bilhões de árvores já foram plantadas em 193 países. Foto: Divulgação | Plant-for-the-Planet.

As árvores são o meio mais barato e mais eficaz de capturar CO2, e o reflorestamento garante mais tempo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, alcançar a neutralidade de carbono e mitigar a crise climática.

Na península de Yucatán, no México, a Plant-for-the-Planet planta uma árvore a cada 15 segundos. Este projeto demonstra o quão fácil é tornar o plantio de árvores eficaz em larga escala.

A iniciativa usa seus próprios produtos (The Change Chocolate, “O chocolate da mudança”) e campanhas (como a “Pare de falar. Comece a plantar”) para plantar árvores e motivar outras pessoas a se envolverem no plantio.

Crianças embaixadoras da justiça climática

Voluntários da Plant-for-the-Planet ensinam e capacitam outras pessoas a se tornarem embaixadoras da justiça climática. Mais de 81.000 crianças e jovens de 73 países já estão participando. O Brasil, por exemplo, possui um escritório da iniciativa, localizado em São Paulo.

As crianças e jovens comprometidos com a iniciativa lembram da importância que lideranças pelo clima exercem ou já exerceram em seus novos papéis como jovens ativistas.

“Com a falecida Wangari Maathai em mente, dediquei todo meu coração e alma a este aplicativo nos últimos dois anos. Espero que ela fique feliz e orgulhosa de nós”, disse Sagar Aryal, desenvolvedor-líder do aplicativo da Plant-for-the-Planet.

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é o principal porta-voz mundial em questões ambientais.

Ele proporciona liderança e incentiva parcerias no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer as gerações futuras.

ONU News

Para ativistas, vazamento de ácido no México é golpe mortal ao meio ambiente –


            

Crianças observam o rio Sonora que teve sua tonalidade modificada pela contaminação de 40.000 metros cúbicos de ácido sulfúrico, provenientes de um vazamento da mineradora mexicana Buenavista del Cobre, no município de Cananea.

Ativistas denunciam que o vazamento de grandes proporções de ácido sulfúrico em um rio do norte do México representa um "golpe mortal" para o meio ambiente e rechaçam que a mineradora responsável pelo acidente seja a encarregada das análises de água nos próximos anos.

A governamental Comissão Nacional de Água (Conagua) contratou um laboratório privado internacional para analisar a qualidade da água no rio Sonora, contaminado em 6 de agosto com o vazamento acidental de 40.000 metros cúbicos de ácido sulfúrico por parte da mina Buenavista del Cobre, no município de Cananea.

Este vazamento levou ao fechamento de poços em comunidades de pelo menos sete municípios da região de Sonora (noroeste), fronteira com os Estados Unidos.

"É um golpe mortal para o rio Sonora", denunciou Jorge Acedo, presidente da organização civil Súmate a Cananea e ex-líder de um sindicato da mina na década de 1980.

Até agora, o laboratório tomou 56 amostras de diferentes pontos do rio e conta com o resultado de 40 delas, embora não os tenha difundido. "Os exames continuarão até que se demonstre que a água não representa nenhum risco para a saúde humana", indicou nesta quarta-feira a Conagua em um comunicado.

Mais adiante, a Conagua disse que a responsabilidade de analisar o rio, que abastece água para 20.000 habitantes, durante os próximos cinco anos será da mina Buenavista del Cobre, uma das maiores do mundo com uma produção anual 200.000 toneladas que está sendo ampliada para chegar a 510.000 toneladas em 2016.

"Por que não a Conagua não continua fazendo? É ilógico", disse à AFP Rafael Chávez, integrante de Súmate a Cananea, formada por ex-funcionários da mina e moradores desta localidade de 32.000 habitantes.

Os moradores desta árida região expressou seu temor de que persistam riscos à saúde ou às terras das comunidades ribeirinhas no futuro.

Eles temem, inclusive, comer seus cultivos ou carne do gado que pode ter bebido água do rio no dia do vazamento do qual, sem aviso das autoridades, só souberam quando viram subitamente as águas mudarem de cor de verde transparente para vermelho.

Chávez acredita que, caso alguma afetação futura seja registrada, "a empresa seria muito burra em dizer: 'sim, estou contaminando'. Nunca vai dizer que é causa (sic) do que fez".

Jorge Acedo pede que o governo leve durante os próximos cinco anos ambientalistas para a região "e que sejam eles que digam que não é tóxico".

A mina, que ocupa uma imensa extensão de Cananea, onde circulam quase cem caminhões de carga com capacidade para 300 toneladas de pedras, já está contaminando outras regiões há anos, destacou Acedo.

"A contaminação dos arredores da mina de Cananea é muito maior que a do rio", concluiu o ativista.

Javier García, presidente da Mineradora México – parte do gigante do setor Grupo México e administradora da Buenavista do Cobre -, disse à AFP que corresponde às autoridades "determinar" os riscos presentes e futuros existentes com o vazamento.

O acidente aconteceu quando o ácido sulfúrico usado no processo para obter o cobre nesta mina a céu aberto atingiu uma pequena represa em construção e transbordou devido às intensas chuvas dos últimos dias.

"Lamentamos muito isso e nos solidarizamos com a população e não nos preocupam as sanções" eventuais que impuserem as autoridades ambientalistas, acrescentou García.

O executivo alega que as amostras que a empresa pediu para analisar imediatamente depois do vazamento para a Universidade Autônoma de Sonora indicam que o risco praticamente desapareceu.

"Pela experiência que temos de vários anos, sabemos que estas soluções são basicamente de ferro e cobre e que (…) têm uma parte por milhão de vários outros elementos que já existem na natureza", comentou.

Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20140814/para-ativistas-vazamento-acido-mexico-golpe-mortal-meio-ambiente/180925.shtml

Laísa Mangelli

Eleições de 2020 são cruciais para que EUA fique em dia com ação climática


Imagens de satélite de incêndios florestais no Alasca e Canadá (NASA/NOAA/AFP/Arquivos)

Se um democrata partidário de um new deal vencer Donald Trump nas eleições de 2020, os Estados Unidos poderiam reduzir pela metade suas emissões de gases de efeito estufa até 2030 em relação a 2005, a fim de cumprir com os objetivos do Acordo de Paris, segundo o grupo America’s Pledge.

Uma expansão significativa das ações climáticas a nível estadual, municipal e empresarial poderá reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos Estados Unidos em até 37% para 2030 em relação aos níveis de 2005, inclusive sem apoio federal, segundo a projeção publicada pelo grupo na segunda-feira (9).

A eleição de um presidente que promova uma estratégia climática nacional integrada poderá reduzir as emissões em 49% até 2030, em torno dos níveis que os especialistas da ONU consideram necessário para cumprir as metas do Acordo de Paris, a fim de evitar o aquecimento global.

O America’s Pledge é um grupo fundado em 2017 e financiado pelo magnata Michael Bloomberg, que neste mês anunciou que se candidatará para ser o candidato democrata para as eleições presidenciais de 2020.

Os especialistas climáticos citados no relatório, da Universidade de Maryland e do Rocky Mountain Institute, estimam que os Estados Unidos devem, seguindo a trajetória atual, reduzir as emissões em 25% até 2030 em relação a 2005.

Essa redução seria impulsionada principalmente pelas forças naturais do mercado, que favorecem cada vez mais as energias renováveis e desfavorecem o carvão, assim como as leis nos estados liderados pelos democratas, especialmente na Califórnia e em Nova York.

O melhor dos casos implicaria a eleição de um presidente democrata e uma maioria do congresso que adote um conjunto de leis sobre o setor energético e sobre os veículos, o que possibilitaria ao país alcançar a neutralidade de carbono para 2050.

Os cientistas consideram que é necessário limitar o aquecimento no longo prazo a 1,5 ou 2 graus em relação aos níveis pré-industriais.

“Temos tempo para ficarmos em dia com o objetivo de Paris, mas temos que avançar muito rapidamente”, disse na segunda-feira Carl Pope, vice-presidente da America’s Pledge, aos jornalistas antes da apresentação do relatório na conferência sobre o clima COP25 da ONU em Madri.

“Requer uma mudança revolucionária, mas essa mudança está ocorrendo”, acrescentou Pope.

“Portanto, precisamos de uma reinserção federal, idealmente precisamos dela em 2021, mas não deveríamos nos deter se não obtivermos”.

No sistema federal americano, os estados têm ferramentas para impor energias renováveis na produção local de eletricidade, por exemplo. Mas áreas muito importantes permanecem nas mãos do poder federal: normas automotivas, aviação, transporte marítimo, oleodutos, perfuração de hidrocarbonetos em terras federais, setor de energia e regulamentos para indústrias.

AFP

Origem de derramamento de óleo ainda é mistério, diz Marinha


Demora do governo federal em agir pode ter relação com dificuldade de descobrir origem do óleo (Igor Santos – Secom)

Depois de anunciar que estava próximo de revelar a causa do maior acidente com petróleo do país e de chegar apontar um navio grego como o responsável pelo crime ambiental, o governo admite que, na realidade, ainda não sabe qual foi a causa da tragédia.

Em audiência pública realizada pela CPI do Óleo, na Câmara dos Deputados, o vice-almirante da Marinha Marcelo Francisco Campos, responsável pela coordenação das investigações e operações em campo, resumiu a situação atual.

“Não sabemos até o momento qual foi a origem desse derramamento, bem como a data”, disse. Campos afirmou que a única possibilidade descartada no momento é a de vazamento do petróleo cru. Segundo ele, a Marinha considera a possibilidade de derramamento acidental ou intencional, além de um incidente durante a transferência de óleo entre embarcações. “Cogitamos, ainda, com menor probabilidade, o naufrágio de um petroleiro. Todas as hipóteses do inquérito administrativo são consideradas” comentou.

A Marinha reafirmou que o óleo seria uma mistura de petróleo da Venezuela. Passados 101 dias desde a primeira ocorrência do derramamento no litoral da Paraíba, em 30 de agosto, uma faixa 3.600 km do litoral já foi atingida pelo óleo. São 906 localidades der 127 municípios nas regiões Nordeste e Sudeste.

O levantamento das ações feitas pela Marinha, Ibama e demais órgãos que atuam na retirada do petróleo cru aponta que 5 mil toneladas de óleo foram coletadas.

Segundo os dados oficiais, há 31 dias não aparecem novas manchas no mar. Nos últimos 35 dias, foram encontrados apenas vestígios de óleo. “Há uma estabilização das ocorrências”, comentou Campos.

Nas contas da Marinha, as ações reunidas por todas as instâncias somam mais de 16 mil pessoas trabalhando nas operações. “Estamos lidando com algo inédito e que se constitui em uma grande agressão ao nosso País”, disse.

No início de novembro, a Polícia Federal chegou a apreender documentos em escritórios ligados a empresas de navegação no Rio de Janeiro. Na ocasião, a Marinha informava que, com a ajuda de relatórios da Petrobras, perícia técnica e estudos de uma empresa de engenharia, a Hex, de Brasília, chegou à identificação do navio grego Bouboulina, como suspeito de ser a origem do vazamento de óleo cru. A empresa Delta Tankers, no entanto, dona da embarcação, negou qualquer relação com a tragédia e se prontificou a cooperar com as investigações.

Agência Estado

Atuação das grandes corporações de agrotóxicos


Atuação das grandes corporações de agrotóxicos, artigo de Roberto Naime

 

Imagem: ENSP

 

[EcoDebate] Reportagem de Jorge Américo revela que para manter o nível de consumo, os fabricantes e fornecedores de agrotóxicos estão financiando a produção agrícola. Este incentivo consiste em fornecer, aos produtores insumos, as sementes, adubos, fertilizantes e pesticidas, além de assistência técnica. O pagamento é efetuado após a colheita, que recebe parte da produção.

Com isto, os produtores ficam reféns destas empresas. Um exemplo está na região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, conhecida pela forte presença da indústria fumageira. A integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Rosiele Cristiane, denuncia a exploração dos produtores de fumo, que por meio de contratos, tiram o controle do agricultor sobre a sua produção.

“Antes de iniciar a safra, o orientador agrícola da empresa que presta a assistência técnica, que vai à casa das pessoas, faz o contrato com as famílias. Vê quantos pés de fumo eles querem plantar. Os agricultores assinam esse contrato sem ler, há várias promissórias, em branco também. E este contrato está dizendo que o agricultor não é dono do produto. Ele é o fiel depositário”.

Ela prossegue “isto dá à empresa o direito de buscar o fumo, se o agricultor não entregar. Nos últimos anos, os agricultores estão esperando o melhor preço. Então, no início da comercialização, eles não estão entregando o fumo. Eles esperam até maio, junho, que é a melhor época para vender. Quando o fumo não é entregue para a empresa, e existem contratos a honrar no exterior, se usa dessas artimanhas para buscar o fumo em casa”

A partir deste modelo de financiamento, a venda de defensivos agrícolas, no Brasil, pode crescer de US$ 6,6 bilhões para US$ 8,5 bilhões em cinco anos. Segundo o engenheiro agrônomo Horácio Martins, as plantas deixaram de ser espécies vegetais para se tornarem unidades de produção de moléculas.

“A maior parte das moléculas, que são desenvolvidas, não está na natureza. Elas são criadas em laboratórios, e o custo de uma nova molécula, hoje, gira em torno de US$ 250 milhões. Aquele novo germoplasma, o material genético da semente, traz características e propriedades que outras sementes não têm. Ele é inovador e permite então ser patenteado.”

A biotecnologia está nas mãos de empresas que controlam quatro áreas, sementes, agroquímicos, farmacêutica e veterinária. Existem cerca de mil princípios ativos de agrotóxicos, que combinados criam mais de dez mil formulações. Cada uma dessas formulações gera lucro para as empresas. Horácio Martins explica que as empresas exercem forte pressão sobre o poder público para viabilizar suas atuações na cadeia produtiva.

“Eles têm a patente dos seus produtos, dos princípios ativos que depois são combinados para gerar substâncias comerciais. A partir daí, pressionam os governos para que façam legislação, normas internas e um marco regulatório que vai controlar o uso daquela patente, daquele princípio ativo que ela mesma fabricou. Enfim, fabrica o produto e cria regulamentação para controlar o seu uso.”

“Num contexto em que estas substâncias provocam danos ao meio ambiente, danos à saúde da população, o Estado barateia o custo destes produtos, incentivando o uso de modo que os custos sociais são “externados” pelo sistema público de saúde e pelo sistema público da previdência. Por exemplo, quando o Estado aplica uma política de taxação do cigarro e do álcool, para inibir o uso destas substâncias, porque são consideradas agressivas e para poder adquirir recursos para financiar o sistema público, uma vez que vai cuidar dos danos, esta lógica não se aplica para os agrotóxicos”.

As populações do entorno destes empreendimentos acabam ficando muito vulneráveis, porque elas encontram um Estado que não tem capacidade de fiscalizar. A partir disto, a gente percebe que o embate não é só com as empresas. Existe também um embate que precisa ser feito com estas políticas públicas que beneficiam este tipo de modelo de desenvolvimento.

O impacto na saúde e no meio ambiente é instantâneo. Existe uma portaria do Ministério da Saúde, que estabelece valores máximos permitidos de venenos em águas consideradas próprias para consumo humano. Então, a água que as pessoas bebem pode ter veneno. O próprio Estado estabelece isto.

Referência:

O papel das grandes empresas no mercado dos agrotóxicos

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 20/01/2016