Óleo afeta mercado de pescado e estudo da UFBA alerta sobre contaminação


Na colônia do Rio Vermelho, em Salvador, 5 mil trabalhadores se viram obrigados a jogar no lixo toda a produção de um dia de trabalho: 250 quilos de peixe. (Martine Perret/ONU)

As manchas de óleo que atingem o Nordeste já prejudicam o mercado de pescado. Os poluentes dificultam a ação dos pescadores e pesquisas já orientam que se evite comer produtos das regiões afetadas. O Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) realizou uma pesquisa com 50 animais marinhos e detectou metais pesados em todos eles. No organismo humano, essas substâncias podem causar náuseas, vômito, enjoo, problemas respiratórios e arritmia cardíaca, entre outras consequências nocivas.

O professor Francisco Kelmo, da UFBA, explica que, assim que o óleo chega à costa, o material se deposita em rochas, areias e manguezais, que são onde mariscos, caranguejos, ostras e siris se alimentam. Quando esses animais filtram a água do mar, o petróleo entra no sistema respiratório. Em alguns casos, morrem por asfixia; em outros, o metal pesado se deposita no tecido. “Pela cadeia alimentar, esses metais pesados são transferidos para nós, o que é algo extremamente perigoso.” Como metais pesados não são excretados pelo ser humano, esses resíduos ficariam dentro do corpo pelo restante da vida.

Para ele, o cenário de contaminação de animais e da costa pode levar ao menos dez anos para ser revertido, “isso se todas as manchas forem retiradas”, até as que ficam por baixo da superfície. Um estudo detalhado será lançado nesta sexta-feira.

Já para Magno Botelho, biólogo e especialista em meio ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, haverá “contaminação a longo prazo”. “Mas saber a quantidade de óleo vazado é fundamental para que possa ser feito um prognóstico mais apurado.”

Mercado

As manchas de óleo que atingem as praias têm afetado a produção e a venda de pescadores e marisqueiros da Bahia há duas semanas. Consumidores estão receosos em comprar frutos do mar. É o caso da estudante de Engenharia Estefane Caetano, de 25 anos. Mãe de um bebê de 5 meses, conta que está com medo de ingerir camarões. “Eu sempre comia peixe, porque moro perto da praia, mas vou passar um bom tempo sem comprar, especialmente porque tenho um bebê e tenho medo de que alguma coisa passe para o meu leite.”

O estudante de Direito Gabriel Martins, de 18 anos, também afirma que vai passar um tempo sem comer peixe. Ele tomou a decisão depois de ir à Praia de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas (BA). “A água foi afetada e tenho certeza de que vai passar para os peixes.”

Enquanto isso, os pescadores estocam ou jogam fora peixes, mariscos e camarões. Alguns viram a renda média mensal, de R$ 1 mil, cair mais de 80%. Na cidade do Conde, no interior da Bahia, por exemplo, cerca de 2 toneladas de peixes estão em freezers.

“A gente até tem peixe, mas ninguém quer comprar”, diz o presidente de um grupo de pescadores, Givaldo Batista Santos. Frutos do mar são uma das maiores fontes de renda da cidade: cerca de 2 mil pessoas vivem exclusivamente disso.

De acordo com a Bahia Pesca, estatal do governo baiano responsável por fiscalizar e fomentar o trabalho de pescadores, 16 mil trabalhadores foram afetados. Na colônia de Itapuã, em Salvador, são 400 quilos guardados em freezers. “Todo mundo está reclamando nas peixarias”, diz o presidente do grupo, Arisvaldo Filho. “A gente não consegue vender porque a população está com medo de comer o peixe com petróleo.”

Na maior colônia de pesca do estado, que fica no Rio Vermelho, em Salvador, os 5 mil trabalhadores se viram obrigados a jogar no lixo toda a produção de um dia de trabalho: 250 quilos de peixe. O pescador e presidente da colônia, Marcos Antonio Chaves Souza, diz que o movimento caiu porque o governo baiano os orientou a não comercializar os pescados. A Bahia Pesca não confirmou a informação; a orientação seria para “não pescar nas áreas atingidas”.

Em Pernambuco, pescadores também temem o impacto do óleo. “Hoje é um sacrifício de horas para pegar peixe, que não está conseguindo entrar na barra por causa do óleo”, lamenta Valter Dionisio Santana Júnior, de 39 anos, de Jaboatão dos Guararapes. “Ainda se pega uma quantidade, mas está diminuindo cada vez mais.” As manchas já atingiram 233 localidades em todos os Estados do Nordeste, segundo o Ibama. Mais de mil toneladas do poluente foram recolhidas. Com colaboração de Gilberto Amendola.

Agência Estado

Estudo do Banco Mundial analisa impactos do aquecimento global na seca no Nordeste brasileiro


 

Um estudo do Banco Mundial aponta que a variabilidade das chuvas e a intensidade das secas no Nordeste continuarão aumentando até 2050, com graves efeitos para a população, caso os governos locais não invistam em infraestrutura e gestão hídrica.

Pela análise de duas regiões – a bacia de Piranhas-Açu, no Rio Grande do Norte, e o rio Jaguaribe, no Ceará – o relatório “Impactos da Mudança Climática na Gestão de Recursos Hídricos: Desafios e Oportunidades no Nordeste do Brasil” analisa os efeitos do aquecimento global combinados com fatores como o crescimento populacional e o aumento da demanda por água.

Em parceria com a Agência Nacional de Águas, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos e a Universidade Federal do Ceará, entre outras instituições, os pesquisadores avaliam que a bacia de Piranhas-Açu, por exemplo, deve sofrer uma maior perda de água no solo e nas plantas, um fenômeno que os especialistas chamam “evapotranspiração”. No entanto, se forem realizados constantes investimentos na modernização da irrigação, a demanda pela água na agricultura pode diminuir 40%, o que atenuaria o problema de gerenciamento da água da região.

O relatório mostra que, embora futuras compensações sobre o uso da água vão existir e deverão ser negociadas e discutidas entre os usuários, estratégias de alocação mais flexíveis poderiam tornar o setor de água no Nordeste brasileiro menos vulnerável aos impactos da demanda e das mudanças climáticas.

Agência da ONU auxilia na implementação de mudanças

Um programa financiado pelo Banco Mundial já começa a implementar mudanças na região. Uma iniciativa que atenderá 23 pequenos agricultores – com lotes de cerca de cinco hectares cada – apoia os trabalhadores rurais na compra de equipamentos que economizam água, dá assistência técnica na gestão hídrica e auxilia a expansão da rede elétrica na área do projeto, reduzindo a necessidade de água para o cultivo.

O agricultor Jean Azevedo acredita que o novo projeto ajudará os produtores que continuam procurando oportunidades no campo. Ele vive em Cruzeta (RN), uma região onde caem, em média, menos de 800 mm de chuva por ano – um volume de precipitação similar ao de países da África Subsaariana – e onde praticamente não chove entre julho e dezembro.

Preservar esse recurso natural tão valioso é um dos principais objetivos de Vitoriano Alves dos Santos, colega do Azevedo na Associação de Produtores de Cruzeta. “Ainda tenho acesso a uma fonte de água, mas me aflige ver a quantidade gasta todos os dias com a irrigação.”

Fonte: ONU Brasil

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

– See more at: http://www.pagina22.com.br/index.php/2013/12/ano-da-agricultura-familiar/#sthash.bam8VTlS.dpuf

Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

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Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

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Um quinto dos alimentos consumidos no mundo são produzidos em 20 milhões de propriedades familiares chinesas. Estimativas parciais da ONU  indicam que a pequena produção rural, em áreas de até 2 hectares, continua firme em boa parte do mundo, a despeito da falta de crédito, extensão rural, acesso a mercados e políticas públicas, e a despeito, claro, da expansão dos latifúndios.

Os pequenos produtores detêm a maioria das unidades produtivas na Ásia e na África, mas representam apenas 25% das propriedades rurais na América do Sul. É uma economia pulverizada, mas que tem seu peso nas contas nacionais. Segundo o Ministério da Agricultura, as mais de 4 milhões de propriedades agropecuárias familiares no Brasil são responsáveis por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão-de-obra empregada no campo (ou seja, são muito menos mecanizadas e empregam muito mais gente que as grandes fazendas).

Os dados globais saíram de um relatório divulgado em junho pelo Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição (HLPE) do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, que compilou informações de 81 países, que representam dois terços da população global e 38% das áreas agricultáveis. O estudo recomenda o desenvolvimento de políticas públicas que garantam os direitos desses pequenos produtores à terra e viabilizem sua sustentabilidade comercial. Isso, claro, com a finalidade última de gerar renda, descentralizar a economia e assegurar a segurança alimentar.

O documento saiu em meio aos preparativos para o Ano Internacional da Agricultura Familiar, que começará em poucas semanas. A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 22 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). É uma iniciativa importantíssima. Cerca de 70% da população extremamente pobre – o 1,4 bilhão que dispõe de menos US$ 1,25 diários – vive em áreas rurais e depende ao menos parcialmente do que consegue plantar em propriedades de pequeno porte ou familiares (dois conceitos que nem sempre se sobrepõem).

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Novo navio que pode ser responsável por vazamento de óleo é identificado por universidade


Em Lauro de Freitas (BA), voluntária retira resíduos de óleo na praia (Antonello Veneri/AFP)

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) informou neste domingo (17) ter identificado um navio que seria responsável pelo vazamento de óleo no litoral do Nordeste. O nome da embarcação e a sua bandeira não foram divulgados, mas não se trata de nenhuma das cinco apontadas pela Marinha como as principais suspeitas pelo derramamento. O cargueiro teria partido da Ásia em direção à África.

O coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Ufal, Humberto Barbosa, afirmou que os dados coletados serão encaminhados ao Senado Federal no próximo dia 21, quando haverá uma audiência pública da comissão externa que acompanha as investigações.

Na última sexta-feira, 15, o Lapis conseguiu identificar uma nova imagem do satélite Sentinel-1A, do dia 19 de julho deste ano, que revela uma mancha de óleo com cerca de 25 quilômetros de extensão por 400 metros a 26 quilômetros do litoral da Paraíba.

O Lapis já havia identificado, a partir de imagens de três satélites (Sentinel 1-A, Aqua-Modis e NOAA-20) feitas em 24 de julho, uma grande mancha de óleo a 40 quilômetros do litoral do Rio Grande do Norte.

“Já havíamos definido um padrão, um protocolo, em função da imagem do dia 24 de julho”, explicou Humberto Barbosa. “Foi assim que encontramos uma nova mancha no litoral da Paraíba, no dia 19 de julho, que nos levou a definir uma primeira embarcação suspeita.”

A partir dessas imagens, o laboratório rastreou todos os navios-tanques que transportavam óleo cru nessas datas e passaram pela costa do Nordeste. No total, os pesquisadores constataram que 111 navios navegaram por lá com esse tipo específico de carga.

De todas as embarcações analisadas, concluiu-se que apenas uma delas apresentava indícios de ter sofrido algum incidente durante o trajeto que justificasse um grande vazamento de óleo como o que atingiu o país.

Segundo as informações levantadas pelo Lapis, o navio costuma fazer o trajeto de um país asiático até a Venezuela, passando pela África do Sul. Normalmente, a embarcação navega com o transponder ligado, indicando sua localização ao longo de todo o percurso. No entanto, entre o dia primeiro de julho e o dia 13 de agosto, a embarcação navegou com o transponder desligado, violando o direito marítimo internacional.

O acompanhamento via satélite mostra que o navio partiu de um país asiático em primeiro de julho. Quando passou pelo Oceano Atlântico, a embarcação seguiu um trajeto incomum e fez uma manobra que indicaria uma mudança de trajetória, justamente na altura do litoral do Nordeste.

“O percurso mostra uma alteração na direção do navio, indicando um comportamento suspeito ou um grande problema mecânico”, afirmou Humberto Barbosa. “Mas é claro que ainda será necessário aprofundar essas investigações.”

O navio suspeito possui uma capacidade de carga duas vezes maior do que o Bouboulina – o navio grego apontado pelo governo como o principal suspeito do vazamento –, o que justificaria as seis mil toneladas de óleo já retiradas das praias do Nordeste.

A Marinha já havia descartado a imagem do dia 24 de julho como sendo de algas e não de óleo. Sobre a nova imagem encontrada, não foi divulgado ainda um comunicado.

Agência Estado

Vivemos um período de esquizofrenia coletiva, avalia especialista


Fogo atinge área próxima a Altamira, no Pará, em agosto deste ano. (Nacho Doce/Reuters)

Patrícia Azevedo

No dia 10 de agosto, agricultores e grileiros da Região Norte do país teriam iniciado um movimento simultâneo para incendiar áreas da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e a suas medidas para enfraquecer a fiscalização de órgãos ambientais. A data ficou conhecida como “Dia do Fogo” e o caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). “Se o malfadado ‘Dia do Fogo’ for realmente comprovado, é a prova de que estamos em um período de esquizofrenia coletiva”, avalia Daniel Caixeta Andrade, presidente da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (Ecoeco) e professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais (Ieri), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

De acordo com o professor, era esperado que a retórica agressiva do governo atual resultasse em algum fenômeno atípico. O que foi surpreendente, para ele, é que na primeira estação seca da Amazônia o atípico já apareceu: um aumento expressivo nos focos de queimadas. Assim como a liberação de agrotóxicos, Andrade aponta que o fenômeno é repudiável por boa parte da população, mas não algo inesperado. “Basta um conhecimento político mínimo para reconhecer a aliança política que suportou a eleição do atual presidente. As contrapartidas começam a aparecer”, aponta.

O professor considera que queimadas e agrotóxicos são partes de algo maior – a reunião de forças retrógradas do Brasil para a imposição de um modelo anacrônico de sociedade. “Modelo este muito ligado a uma ideia de gestão conservadora, como se a sociedade fosse uma empresa projetada para gerar lucro, e que despreza o debate público, democrático e plural”, completa Daniel Caixeta Andrade.

Repercussão

Fato é que os episódios recentes têm afetado a imagem do Brasil no exterior. Conforme lembra o especialista, o país sempre foi considerado um líder nato nas questões ambientais. Primeiro, porque possui grande diversidade e abriga a maior parte da maior floresta tropical do mundo. Segundo, porque sediou duas grandes cúpulas da Organização das Nações Unidas (ONU) para as questões ambientais, em 1992 e 2012. “Além disso, sempre fomos reconhecidos pela nossa flexibilidade, pela heterogeneidade/diversidade e cosmopolitismo de nossa sociedade. Não é à toa que temos o privilégio de tradicionalmente iniciarmos os debates nas Assembleias-Gerais das Nações Unidas”, acrescenta.

No entanto, essa imagem de um país ordeiro e comprometido com a fronteira civilizatória está ficando turva e pode sofrer reveses importantes, principalmente se o Brasil insistir numa ideia anacrônica de soberania, acredita o professor. Para continuar sendo protagonista nos debates mundiais, o país precisa urgentemente contribuir para a Agenda 2030, que indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em entrevista exclusiva ao Dom Total, Daniel Caixeta Andrade aborda outros aspectos do cenário ambiental brasileiro, as atuais crises econômica e política, o papel dos jovens e os 25 anos da Ecoeco, entre outros pontos. Confira abaixo:

Como o senhor avalia o atual cenário ambiental brasileiro? Continuamos em um momento de fragilização excessiva da institucionalidade ambiental ou algumas iniciativas positivas já começam a aparecer?

O cenário ambiental brasileiro não é o desejável, principalmente num momento em que o mundo está discutindo cada vez mais seriamente como enfrentar a emergência climática. Vemos neste momento, no Brasil, uma volta ao debate ambiental da década de 1970, em que ficou muito nítida a polarização entre conservacionistas e crescimentistas. Estamos, portanto, revivendo este contexto. Quanto à fragilização da institucionalidade ambiental brasileira, este é um processo mais longo que se inicia em meio à reforma do Código Florestal, em 2012. Não há dúvida, porém, que este processo entra numa nova fase de aceleração em 2019 por dois motivos principais: a retórica do governo e a crise fiscal brasileira. Mas iniciativas positivas se fazem notar, como o ativismo jovem, liderado por Greta Thunberg, e a realização do Sínodo para a Amazônia.

Como as crises econômica e política interferem na questão ambiental?

No Brasil percebe-se a reiteração da seguinte dinâmica: nos momentos de crise econômica e política, sempre há a priorização do restabelecimento do status quo, o que resulta em fenômenos ou pactos de conciliação. A questão ambiental é prejudicada em duas dimensões: primeiro, ela é mais uma vez preterida nestes momentos de crise; segundo, a necessidade de recuperação da crise reitera velhos métodos e atividades nocivas ao meio ambiente. Um exemplo é o que aconteceu na Cúpula de Johanesburgo, em 2002. Os resultados tímidos se devem ao fato de que naquele momento a prioridade geopolítica era combater o terrorismo. Da mesma forma, na Rio +20, em 2012, a prioridade era a recuperação da crise financeira de 2008. Nas eleições brasileiras em 2018, a excessiva polarização política obliterou o debate ambiental sério.

O que é a economia ecológica? Ela tem se fortalecido no decorrer dos anos?

De maneira lacônica, é um ramo científico que busca integrar numa perspectiva transdisciplinar as contribuições das ciências sociais (economia, principalmente) e ciências naturais (ecologia, principalmente) para o estudo e a busca de três objetivos simultâneos: a sustentabilidade ecológica, a justiça social intra e intergeracional e a eficiência econômica. Nas palavras de Robert Costanza, um importante pesquisador estadunidense, a economia ecológica é a ciência da gestão da sustentabilidade. Formalizada há três décadas, a perspectiva econômico-ecológica sempre foi considerada marginal e periférica na academia brasileira. Mas temas como a emergência climática e colapso da biodiversidade vêm colocando cada vez mais a economia ecológica em evidência. O momento atual é sui generis: internamente, o momento político é considerado pouco animador para debates ambientais, mas globalmente o meio ambiente vem ganhando atenção política, midiática e acadêmica. A economia ecológica pode e deve ser invocada para guiar os debates necessários. Os pesquisadores da área devem ter a maturidade acadêmica requerida para se inserirem nos espaços apropriados.

Como vê a relação das reservas ambientais e das terras indígenas com a economia e a preservação?

O Centro de Resiliência de Estocolmo, referência nos estudos sobre ciência da resiliência, vem pelo menos há uma década chamando a atenção para as fronteiras planetárias. São limites que uma vez ultrapassados podem colocar a humanidade em um “espaço de operação” não seguro, com riscos de colapsos e consequências catastróficas e irreversíveis. Por isso, muitos autores defendem que é preciso restaurar e proteger parte dos ecossistemas globais de maneira a garantir este espaço seguro para nossa espécie e não transgredirmos estas fronteiras. É vital, portanto, que sejam criados e ampliados santuários naturais para garantir a contínua oferta de serviços ecossistêmicos e a própria biodiversidade. Seriam inimagináveis os impactos de um modelo econômico predatório que pereniza o extrativismo primitivo na Amazônia brasileira. Com relação aos indígenas, deve-se lembrar que sustentabilidade é uma ideia ampla e multidimensional, que incorpora a manutenção de modos de vida alternativos e enfatiza a importância de conhecimentos tradicionais. A sustentabilidade não deve ser vista apenas como tema da dita ciência normal.

Como garantir que a carne e a soja brasileiros tenham certificado de procedência e não contribuam para o desmatamento da Amazônia?

Creio que este é um problema que tende a ser mediado por questões mercadológicas, em primeiro lugar, e por normativas ao estilo de comando e controle, em segundo lugar. Os países importadores de commodities, sejam elas vegetais, animais ou minerais, vêm demandando crescentemente que as atividades econômicas que geram aqueles bens produzam o menor nível possível de externalidades. Fundos que gerenciam volumes gigantescos de recursos ao redor do mundo tendem a se afastar de atividades econômicas nefastas ao meio ambiente. Acho que é uma tendência irreversível os negócios se distanciarem, pois, da imagem de que contribuem para a destruição ambiental. Isso tudo em função do exponencial crescimento da conscientização ecológica. Veja, por exemplo, as ondas de movimentos pelo clima nas últimas semanas. A novidade aí é o fato de que são liderados por uma geração supernova. Em princípio, é perfeitamente possível que o Brasil continue exportando soja ou carne sem que seja necessário derrubar uma árvore da Amazônia. Cientificamente e do ponto de vista técnico, este trade-off (produzir carne/soja ou destruir a Amazônia) já está superado. Mas ainda persistem razões políticas para que este falso dilema ainda seja ventilado.

Em carta no site da Ecoeco, o senhor deixa uma mensagem especial aos jovens e estudantes, para não desanimarem. Ao mesmo tempo, acompanhamos cortes de recursos para educação, polarização de ideias sem o devido debate e aprofundamento. Onde esses jovens podem buscar energia e incentivos?

Eu me dirigi aos jovens porque são eles a verdadeira força motriz das mudanças. Como professor, não posso jamais me entregar ao pessimismo generalizado. Muito pelo contrário, sinto que neste momento todos nós devemos ter especial atenção para com o estado de espírito da sociedade brasileira. Não estou dizendo nada sobre proselitismo ou coisas semelhantes das quais somos acusados de prática dentro das universidades. Isso não corresponde à verdade. Refiro-me aqui a uma perspectiva evolucionária da sociedade e do sistema econômico e à compreensão de que momentos turbulentos são inerentes à dinâmica de sistemas sociais complexos. O que não podemos admitir é a deliberada manipulação do moral da sociedade em nome de falsos valores. Tudo aquilo que está fragilizado é mais fácil de ser tomado e vilipendiado. Por isso, sou um entusiasta da chama otimista e da vibração que vem dos jovens. Greta Thunberg é a expressão atual desta efervescência.

Neste ano, a Ecoeco completa 25 anos de existência, comemorados com congresso na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Conte-nos um pouco sobre a importância e a proposta do evento.

Acabamos de realizar na última semana de setembro nosso encontro bienal de economia ecológica. A despeito das condições adversas do ponto de vista do financiamento, o evento foi muito bem-sucedido e comemoramos nossas bodas de prata e homenageamos a principal referência teórica da moderna economia ecológica – o matemático e economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen. Tivemos um bom público e uma excelente qualidade dos debates acerca do Antropoceno e as possibilidades de um colapso global. Antropoceno diz respeito a uma nova época geológica em que as mudanças globais no sistema terra são causadas principalmente por forças antrópicas. Substitui o Holoceno, uma época de cerca de 12 milênios com excepcional estabilidades climática e geológica que permitiram o início do processo civilizador humano. A grande questão aqui é discutir se este processo civilizador humano poderá continuar no novo contexto do Antropoceno. Se sim, em quais bases isso será possível? Se não, estamos destinados ao colapso e à extinção? São perguntas para as quais não é possível fornecer respostas definitivas, mas devemos expor este debate para a sociedade brasileira.

Dom Total

Em 78 dias, óleo avança e desafia investigação


Muitos voluntários participam do processo de limpeza das praias (VEETMANO PREM/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Há 78 dias, o petróleo cru encontrado na costa brasileira ainda era chamado de “substância escura e oleosa”. O que poderia parecer inicialmente um caso isolado se mostrou, contudo, uma das maiores tragédias ambientais do país, atingindo desde então quase 600 localidades do Nordeste e do Espírito Santo.

O óleo chegou a praias, ilhas, manguezais, rios e Áreas de Proteção Permanentes (APPs) em grandes manchas ou fragmentos. Em alguns lugares, foi encontrado mais de uma vez, inclusive em pontos que estavam praticamente limpos, como a Praia de Itapuama uma das mais afetadas em Pernambuco.

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Os casos mais recentes são de vestígios, menores ou do tamanho da palma da mão, mas também impactantes para as comunidades locais, como a capixaba Praia de Regência, atingida há quatro anos pela lama da barragem de Mariana. O encontro do óleo e da lama também se repetiu em Abrolhos, na Bahia, que reúne a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul.

A retirada começa de forma improvisada, pela população local e até por turistas, e depois conta com diferentes esferas governamentais. Com o avanço do óleo por destinos turísticos do Nordeste, a gestão Jair Bolsonaro foi pressionada a intensificar a resposta. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, negou demora na reação ao desastre e o governo enviou militares às praias para ajudar na limpeza.

Em vários pontos, a maior parte da força-tarefa é de voluntários muitas vezes sem equipamento adequado para evitar o contato direto com a substância. “Não era para voluntários terem contato com o resíduo nas praias. É só pegar o exemplo de outros países. Mas imagina o pescador, que tem no mar a fonte de renda, vendo que está chegando o piche”, afirma Sidney Marcelino Leite, coordenador do movimento Salve Maracaípe.

Com a menor concentração de óleo em alguns Estados e o relato de contaminação ao contato com óleo, ONGs têm visto menos voluntários e até tentam emplacar convocações como “o óleo não acabou” e “cadê vocês?”. “O grosso (do óleo) parou de chegar, as pessoas acham que está tudo bem e cai o número de voluntários. Ainda vem bastante gente no fim de semana. Agora, o processo é mais minucioso, como o de tirar das pedras”, diz Leite.

Investigação

Até agora, a Polícia Federal não tem uma explicação definitiva sobre a origem e a causa do derramamento. Bolsonaro afirmou que o óleo tem “DNA da Venezuela”, mas não há provas de que o país vizinho tenha relação direta com o vazamento, que teria começado em meados de julho até atingir, em agosto, o litoral do país.

Entre as hipóteses estão o derramamento por um navio que teria passado pela área ou, até mesmo, afundado. Segundo a PF, o navio grego Bouboulina é o principal suspeito, mas a empresa proprietária nega e especialistas têm questionado os indícios do governo. Outras questões seguem sem resposta, como o impacto no pescado. Embora o governo federal considere seguro o consumo, a pesquisa usada como base era inicial e teve anúncio contestado até por um dos cientistas responsáveis (por envolver produto da pesca industrial, minoria na região).

A maior parte dos esforços científicos vem de universidades federais, organizadas individualmente ou em rede do Norte ao Sul do Brasil. “O trabalho de pesquisadores e voluntários é desenvolvido em rede com outros Estados. Umas são formais, como as dos institutos, e outras informais”, conta Jailson Bittencourt de Andrade, do Centro Interdisciplinar de Energia da Federal da Bahia (UFBA) e vice-presidente regional da Associação Brasileira de Ciências.

As pesquisas buscam soluções para questões emergenciais, mas devem se prolongar. “Os efeitos não vão cessar de imediato. É preciso alguns anos para investigar as consequências no ambiente e nos organismos”, diz Emerson Soares, coordenador da força-tarefa da Federal de Alagoas (Ufal), que reúne 22 professores e cerca de 80 alunos de graduação e pós. Pesquisadores estimam que serão precisos de 10 a 20 anos para acabar com os efeitos nocivos do óleo.

Também são desconhecidos os efeitos no turismo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis potiguar, não houve cancelamentos expressivos de reservas e o impacto deverá ser conhecido no início de dezembro, quando dados da ocupação hoteleira do último trimestre são tabulados.

Destino

No Sudeste, Estados e Prefeituras têm feito treinamentos diante da possível chegada do óleo. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), correntes marinhas podem levar o material até o norte fluminense, mas uma proteção natural dificulta a passagem ao sul de Cabo Frio.

Agência Estado / Dom Total

Manchas de óleo já atingem 494 localidades no Nordeste e Espírito Santo


299 praias ainda estão oleadas (Divulgação/Governo Sergipe)

O número de praias, rios, ilhas e mangues atingidos por óleo chegou a 494, segundo balanço divulgado na segunda-feira (11), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ao todo, ao menos 111 municípios de todos os nove estados do Nordeste e do Espírito Santo foram afetados por fragmentos ou manchas de petróleo cru desde 30 de agosto.

O balanço do Ibama também indica que apenas 195 das 494 localidades atingidas estão “limpas”, isto é, sem vestígios ou manchas. Dentre as que ainda têm óleo, estão a Praia do Japaratinga e o Mangue da Foz do Rio Coruripe, em Alagoas, e a Ilha de Comandatuba e o Porto do Sauípe, na Bahia.

Por estado, as 299 localidades ainda oleadas se distribuem da seguinte forma: Bahia (136), Sergipe (47), Alagoas (44), Pernambuco (26), Rio Grande do Norte (17), Espírito Santo (14), Ceará (9), Maranhão (3), Paraíba (1) e Piauí (2). O balanço do Ibama diverge do divulgado pela Marinha na mesma data, o qual aponta que “os estados de CE, RN, PE, SE, PB, MA, PI, PA e AP estão com as praias limpas”.

Em relação à fauna, ao menos 133 animais oleados foram identificados pelo Ibama. Os dados se referem especialmente a tartarugas marinhas (89) e aves (30). Nas redes sociais, a Fundação Mamíferos Aquáticos chegou a compartilhar imagens da recuperação de uma ave oleada encontrada em Maragogi (AL).

Na Praia do Janga, em Paulista (PE), a reportagem chegou a encontrar algumas dezenas de peixes mortos junto a uma grande mancha em outubro. Além disso, o material já foi encontrado em regiões de corais.

Pesquisadores apontam que o petróleo também foi encontrado no organismo de animais diversas, como mariscos e peixes. Eles também ressaltam que o impacto ambiental do óleo pode persistir por décadas.

A primeira mancha de óleo foi oficialmente identificada em 30 de agosto, no município de Conde, na Paraíba. Quatro dias depois, o material foi encontrado no segundo estado, Pernambuco, na Ilha de Itamaracá. Em 1º de outubro, a Bahia foi o nono e último estado do Nordeste a receber óleo, com a primeira mancha identificada na Mata de São João. Por fim, fragmentos são encontrados no Espírito Santo desde 7 de novembro.

Ao todo, foram retiradas mais de 4,4 mil toneladas de petróleo e itens contaminadas com o óleo, tais como baldes e equipamentos de proteção.

Agência Estado

MPF cobra urgência da União para reunião de combate às manchas de óleo


Órgão pediu para que a Justiça Federal em Sergipe determine uma data para o encontro até, no máximo, o próximo dia 17 (Fredrik Axel Boëthius)

O Ministério Público Federal (MPF) cobra da União a realização de uma reunião extraordinária do Comitê de Suporte do Plano Nacional de Contingência (PNC) que trata da contaminação de praias do Nordeste por manchas de petróleo cru. Nessa segunda-feira (11), o MPF pediu para que a Justiça Federal em Sergipe determine uma data para realização da reunião até, no máximo, o dia 17 deste mês.

Desde 30 de outubro, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) determinou que órgãos ambientais fossem convidados “de modo a viabilizar a efetiva participação” do colegiado do PNC. Segundo o MPF, o procurador da República Ramiro Rockenbach frisou que “a União fez o convite em 1º de novembro mas até agora nenhuma reunião ou providência foi tomada. Uma semana passou e a situação continua a mesma: os estados do Nordeste à margem do PNC”.

O pedido do MPF ainda reforça que, dada a urgência, o agendamento da reunião poderá ser feito para o feriado nacional de 15 novembro ou no fim de semana. O pedido cita a carta dos governadores da região que cobra “celeridade no processo de combate e contenção às manchas de óleo por parte do Governo Federal, tendo em vista que o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por óleo ainda não foi colocado, na sua concretude, em prática”.

Agência Estado

Marinha nega que imagem identificada pela Ufal no RN seja mancha de óleo


A Marinha ressalta que as investigações prosseguem, com apoio de instituições nacionais e estrangeiras (Diego Nigro/Reuters)

A Marinha divulgou nesse domingo (10) nota na qual contesta a versão de que o material encontrado em São Miguel do Gostoso (RN) seja mancha de óleo e esteja associado ao vazamento que atinge o Nordeste. “As análises efetuadas, por meio de imagens de satélites e geointeligência, classificaram essa ocorrência como falso positivo”, afirmou a Marinha.

“A região mencionada apresenta um sistema de correntes marítimas constantes no sentido oeste-noroeste, o que não possibilitaria a chegada da mancha de óleo ao litoral leste nordestino.” A Marinha disse ainda que as investigações prosseguem, com “apoio de instituições nacionais e estrangeiras”.

Especialistas detectaram uma imagem no litoral do Nordeste dois dias antes da passagem do navio grego Bouboulina, apontado pela Polícia Federal como o principal suspeito pelo vazamento do óleo na costa da região. A imagem, encontrada pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), identifica uma mancha de 86 quilômetros de extensão e um quilômetro de largura, a aproximadamente 40 quilômetros do município de São Miguel do Gostoso.

A mancha varia de 40 a 1.200 metros de profundidade, dependendo do trecho. A mesma imagem registra também a presença de um navio, que não seria nenhum dos cinco petroleiros gregos.

Veja a íntegra da nota da Marinha:

Em relação ao estudo que correlaciona uma imagem satelital, identificada 40 km ao norte de São Miguel do Gostoso-RN, em 24 de julho, com uma mancha de óleo que poderia ser a origem do crime ambiental que atingiu o litoral nordeste, a Marinha do Brasil informa:

1- As análises efetuadas, por meio de imagens de satélites e geointeligência, classificaram essa ocorrência como falso positivo.

2- A região mencionada apresenta um sistema de correntes marítimas constantes no sentido oeste-noroeste, o que não possibilitaria a chegada da mancha de óleo ao litoral leste nordestino.

As investigações prosseguem, com apoio de instituições nacionais e estrangeiras.

Agência Estado/Dom Total