Francisco Beltrão, no Paraná, aposta em projeto de compostagem orgânica


O município de Francisco Beltrão, em parceria com o Centro Estadual de Educação Profissional do Sudoeste do Paraná (Colégio Agrícola de Francisco Beltrão), está desenvolvendo um projeto para fazer a compostagem do lixo orgânico da cidade.

                                              

Conforme o coordenador do projeto, o engenheiro agrônomo Nelson Morgan, a iniciativa vai ser desenvolvida nesta primeira etapa no colégio agrícola, sendo que o lixo orgânico produzido na instituição, os resíduos de animais e os resíduos da poda das arvores do perímetro urbano serão transformados em adubo e posteriormente sendo usado nos próprios trabalhos didáticos existentes na instituição. Segundo ele, os alunos poderão fazer comparações e experiências com a agricultura convencional na área de horticultura, cereais, pastagens, entre outras. 

Processo de compostagem

Segundo o engenheiro, o processo de compostagem consiste na decomposição de material orgânico no qual é preciso controlar a umidade e a oxigenação e, durante um período médio de 100 dias, após vários processos de revolvimento, ele se transforma em uma matéria umificada ou húmus, como também é chamado.  

Outras iniciativas

Além do projeto com o colégio, Morgan disse que a intenção é desenvolver uma proposta maior no município, para que o lixo orgânico dos moradores possa ser direcionado para a compostagem e, assim, futuramente ser utilizado como adubo para os canteiros da cidade, hortas das escolas e demais entidades com finalidade educativa, bem como desenvolver o trabalho com pequenos agricultores que trabalham na produção de hortifrutigranjeiros.

Ele explicou que hoje existe uma lei do governo federal que exige que todos os municípios façam a separação dos recicláveis da parte orgânica, para que seja feita a compostagem. “Então, baseado nisso, e por essa demanda, é que estamos fazendo este projeto, começando com o colégio agrícola, mas devemos até o final deste ano começar no próprio aterro aqui do município”, comentou.

Para a secretária de Meio Ambiente de Francisco Beltrão, Joice Barivieira, o projeto evidencia uma necessidade que deve se tornar cada vez mais constante. “Uma tendência cada vez maior é a de reaproveitar o que iria para o lixo. Nós já encaramos isso como uma necessidade e, aos poucos, estamos incentivando a compostagem, por exemplo, de forma institucionalizada, mas que também pode ser feita nas casas das pessoas”, disse.

Fonte: http://www.diariodosudoeste.com.br/noticias

Laísa Mangelli

Francisco Beltrão, no Paraná, aposta em projeto de compostagem orgânica


O município de Francisco Beltrão, em parceria com o Centro Estadual de Educação Profissional do Sudoeste do Paraná (Colégio Agrícola de Francisco Beltrão), está desenvolvendo um projeto para fazer a compostagem do lixo orgânico da cidade.

                                              

Conforme o coordenador do projeto, o engenheiro agrônomo Nelson Morgan, a iniciativa vai ser desenvolvida nesta primeira etapa no colégio agrícola, sendo que o lixo orgânico produzido na instituição, os resíduos de animais e os resíduos da poda das arvores do perímetro urbano serão transformados em adubo e posteriormente sendo usado nos próprios trabalhos didáticos existentes na instituição. Segundo ele, os alunos poderão fazer comparações e experiências com a agricultura convencional na área de horticultura, cereais, pastagens, entre outras. 

Processo de compostagem

Segundo o engenheiro, o processo de compostagem consiste na decomposição de material orgânico no qual é preciso controlar a umidade e a oxigenação e, durante um período médio de 100 dias, após vários processos de revolvimento, ele se transforma em uma matéria umificada ou húmus, como também é chamado.  

Outras iniciativas

Além do projeto com o colégio, Morgan disse que a intenção é desenvolver uma proposta maior no município, para que o lixo orgânico dos moradores possa ser direcionado para a compostagem e, assim, futuramente ser utilizado como adubo para os canteiros da cidade, hortas das escolas e demais entidades com finalidade educativa, bem como desenvolver o trabalho com pequenos agricultores que trabalham na produção de hortifrutigranjeiros.

Ele explicou que hoje existe uma lei do governo federal que exige que todos os municípios façam a separação dos recicláveis da parte orgânica, para que seja feita a compostagem. “Então, baseado nisso, e por essa demanda, é que estamos fazendo este projeto, começando com o colégio agrícola, mas devemos até o final deste ano começar no próprio aterro aqui do município”, comentou.

Para a secretária de Meio Ambiente de Francisco Beltrão, Joice Barivieira, o projeto evidencia uma necessidade que deve se tornar cada vez mais constante. “Uma tendência cada vez maior é a de reaproveitar o que iria para o lixo. Nós já encaramos isso como uma necessidade e, aos poucos, estamos incentivando a compostagem, por exemplo, de forma institucionalizada, mas que também pode ser feita nas casas das pessoas”, disse.

Fonte: http://www.diariodosudoeste.com.br/noticias

Laísa Mangelli

Vegetação do Cerrado corre risco de extinção


Vegetação de Cerrado de 7 mil anos corre risco de extinção. Entrevista especial com Mauro Parolin

 

“O Paraná é o último estado onde há ocorrência de Cerrado no Brasil e na América do Sul, uma vez que nos demais estados ao sul não existe mais essa vegetação”, adverte o geógrafo. 

 

Imagem cedida pelo entrevistado
 

Os 102 quilômetros quadrados de vegetação deCerrado registrados no município de Campo Mourão, no Paraná, em 1940, já foram reduzidos a 13 mil metros quadrados e continuam sendo “paulatinamente reduzidos”, de tal modo que hoje a região tem a “menor área de Cerrado preservada no Brasil”, totalizando a extensão de uma quadra, e no município como um todo existem apenas 32 espécies de barbatimão, uma planta usada para fins medicinais, e 250 de butiá, diz Mauro Parolin à IHU On-Line.

 

Coordenador do Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam – Lepafe, daFaculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – Fecilcam, o geógrafo desenvolve um estudo que demonstra a existência, no passado, de uma grande extensão de Cerrado no Paraná. “O nosso último estudo mostra que há pelo menos 7200 anos havia presença de pólen de pequi [Caryocar Brasiliense, árvore símbolo do Cerrado] na região. Como o pequi é uma planta muito característica do Cerrado, podemos afirmar que há mais de sete mil anos uma mancha de Cerrado já existia em Campo Mourão e provavelmente ela era muito maior do que é agora, porque à medida que o clima foi ficando mais úmido e quente, essa mancha foi sendo reduzida e hoje essa vegetação de Cerrado já está num processo sucessional de substituição pela floresta estacional”, informa na entrevista a seguir, concedida por telefone.

Segundo ele, por conta do processo de urbanização e do desenvolvimento da agricultura, as áreas de Cerradoforam diminuindo e gerando perda de biodiversidade. “Quando se vende uma área agrícola – que é o que aconteceu em Campo Mourão –, as melhores terras são utilizadas para cultivo e, em contrapartida, as áreas destinadas à preservação são aquelas que têm os piores solos e, portanto, as que têm a vegetação mais pobre em termos de condição genética. Ao se fazer essa opção, restringe-se a capacidade de troca entre gerações de plantas com outras plantas mais saudáveis e, portanto, a troca de sementes e a fecundação ficam muito endogâmicas, ou seja, acontecem apenas dentro do mesmo grupo familiar de cada espécie, e isso vai ocasionando a perda genética das plantas e, consequentemente, a qualidade genética da floresta, o que por sua vez vai levando as espécies à extinção”, explica.

Mauro Parolin é professor Associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá e também coordena o Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam e a Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão.

Confira a entrevista.

 

Foto: Unespar/Fecilcam
 

IHU On-Line – O que o estudo que o senhor está realizando no Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam – Lepafe tem demonstrado sobre a situação da vegetação de Cerrado no Paraná?

 

Mauro Parolin – O trabalho no Lepafe tem sido feito a partir de sedimentos turfosos, ou seja, fizemos uma recuperação a partir de sondagens geológicas e nessas sondagens retiramos tubos de aproximadamente dois ou três metros de profundidade contendo material turfoso e estudamos os conteúdos polínico e fitolítico desse material. O conteúdo polínico nos fornece um espectro davegetação do passado e o conteúdo fitolítico é a sílica da planta que acabou ficando preservada nas turfeiras. Com a ajuda da datação do carbono-14 e a partir da quantificação que fizemos desse conteúdo polínico e fitolítico, conseguimos ter ideia de como estava a vegetação no passado. Nesse sentido também usamos como parâmetro o carbono-13, que pode discriminar dois tipos de plantas: as adaptadas a campos, que são as plantas de tipo C4 e aquelas plantas que vivem em ambientes florestais, como as C3.

O nosso último estudo mostra que há pelo menos 7200 anos havia presença de pólen de pequi [Caryocar Brasiliense, árvore símbolo do Cerrado] na região. Como o pequi é uma planta muito característica do Cerrado, podemos afirmar que há mais de sete mil anos uma mancha de Cerrado já existia em Campo Mourão e provavelmente ela era muito maior do que é agora, porque, à medida que o clima foi ficando mais úmido e quente, essa mancha foi sendo reduzida e hoje essa vegetação de Cerrado já está num processo sucessional de substituição pela floresta estacional.

IHU On-Line – Além do pequi, outras espécies foram identificadas?

Mauro Parolin – O nosso grande problema até então era de que os pólens que estávamos recuperando são encontrados tanto no bioma Cerrado, quanto no bioma da floresta estacional. Contudo, no final do ano passado, encontramos o pólen do pequi e esse é o elemento marcador de que a vegetação que existia em Campo Mourão era de Cerrado, apesar de que, nas proximidades da área em que encontramos o pequi, não existe mais essa espécie. Por isso estamos estipulando que a área de Cerrado antes deveria ser maior do que é hoje e a evidência que marca essa ocorrência é justamente o pequi. Outras espécies que existem no Cerrado têm um pólen muito redundante e por isso não temos condições de afirmar se elas são ou não do Cerrado, mas o pequi é, com certeza, um marcador. O dado isotópico também mostrou a predominância de plantas tipo C4 no Cerrado há mais de 7200 anos, ou seja, C4 indica campo e com isso estamos conseguindo dizer desde quando existe cerrado na região de Campo Mourão.

IHU On-Line – É possível chegar a conclusões de como essa vegetação de cerrado foi mudando ao longo dos anos e sendo substituída pela floresta estacional?

Mauro Parolin – Em Campo Mourão existe a menor área de Cerrado preservada no Brasil, que é uma quadra, porque Campo Mourão foi “erguida” em cima do Cerrado e todo o solo que dava sustentação à vegetação do Cerrado foi modificado e transformado, de modo que ele foi sendo suprimido. A pesquisa mostra que essa sucessão de Cerrado para floresta estacional está ocorrendo naturalmente. No entanto, nos últimos cem anos, esse processo foi acelerado pela entrada efetiva de vegetação de floresta ombrófila mista e estacional, como, por exemplo, a entrada de palmito em áreas em que não havia antes. Essa é a evidência de um processo lento que demonstra que a vegetação do Cerrado está se transformando em área de floresta estacional, mas esse processo foi acelerado pelas correções de solo no entorno da área e também pelo processo de urbanização na região.

Nas áreas do entorno, a 60, 70 quilômetros de Campo Mourão, já verificamos que havia mistura de plantas, ou seja, a área não era composta apenas de vegetação do Cerrado, mas também não era uma mata fechada. Porém, as matas foram adensando nos últimos cinco mil anos, enquanto a vegetação em Campo Mourão foi adensando mais lentamente.

Segundo pesquisas do cientista alemão Reinhard Maack [1892-1969], a vegetação de Cerrado ocupava uma área de aproximadamente 102 quilômetros quadrados em Campo Mourão na década de 1940 e agora essa vegetação está restrita a uma área de 13 mil metros quadrados, ou seja, essa área está sendo paulatinamente reduzida. Além desses 13 mil metros, estamos tentando preservar mais 20 mil metros quadrados desde 2001, mas não estamos conseguindo.Mapa cedido pelo entrevistado

IHU On-Line – Que percentual de vegetação de Cerrado existia no estado do Paraná e que percentual existe hoje?

Mauro Parolin – O Cerrado no Paraná foi identificado em 1940 em algumas regiões do estado, como Campo Mourão,Cianorte e Jaguariaíva. No entanto, a única área em que se estimou qual seria o percentual de Cerrado foi Campo Mourão, com esse valor de 102 quilômetros quadrados. É possível que essa área fosse muito maior no passado, contudo não se tem o registro de qual é o volume de Cerrado hoje no estado. Em Jaguariaíva existe uma reserva muito grande de Cerrado, e nas regiões de CianorteSabáudiaCruzeiro do Oeste, o Cerrado já não existe mais, porque as áreas foram totalmente transformadas em campo ou foram engolidas pela floresta estacional.

Paraná é o último estado onde há ocorrência de Cerrado no Brasil e na América do Sul, uma vez que nos demais estados ao sul não existe mais essa vegetação. Campo Mourão está a 24 graus de latitude e Jaguariaíva está a 24,5, e esse é o último ponto ao sul do país onde ocorre Cerrado. Depois se tem apenas campo, como ocorre no Rio Grande do Sul, a exemplo do Pampa gaúcho.

"Quando uma espécie dessas entra em extinção, dificilmente é possível recuperá-la"

  

IHU On-Line – Em termos de biodiversidade, é possível contabilizar o que já se perdeu?

Mauro Parolin – Há grande perda em termos de biodiversidade e o primeiro problema ocorre quando se começa a diminuir as áreas de floresta natural. Por exemplo, quando se vende uma área agrícola – que é o que aconteceu em Campo Mourão –, as melhores terras são utilizadas para cultivo e, em contrapartida, as áreas destinadas à preservação são aquelas que têm os piores solos e, portanto, as que têm a vegetação mais pobre em termos de condição genética.

Ao se fazer essa opção, restringe-se a capacidade de troca entre gerações de plantas com outras plantas mais saudáveis e, portanto, a troca de sementes e a fecundação ficam muito endogâmicas, ou seja, acontecem apenas dentro do mesmo grupo familiar de cada espécie. Isso vai ocasionando a perda genética das plantas e, consequentemente, a qualidade genética da floresta, o que por sua vez vai levando as espécies à extinção. E quando uma espécie dessas entra em extinção, dificilmente é possível recuperá-la.

As pessoas costumam dizer que tem barbatimão em Goiás e em Campo Mourão, mas não se sabe, por exemplo, que tipos de adaptações genotípicas de DNA ocorreram no barbatimão de Campo Mourão para que ele conseguisse se adaptar à condição fria da região, que é, provavelmente, muito diferente daquela de Goiás. Por exemplo, se o barbatimão ou o butiá do Cerrado [Butia paraguayensis], que é o butiá que existe em Campo Mourão, entrarem em extinção, não temos pesquisas feitas sobre as diferenças genéticas entre eles e, por isso, não sabemos que tipo de condição e que tipo de princípio de tratamento poderíamos usar nessas plantas para que, de repente, pudessem ajudar no fabrico de algum medicamento. É nesse sentido que entra o contexto da preservação da biodiversidade.

Mas a perda de biodiversidade é ainda mais gritante em razão dos seus impactos aos pássaros, pois o Cerrado tem uma fauna que necessita de frutos que somente aquelas espécies que estão nesse bioma conseguem dar. À medida que essas áreas vão sendo reduzidas, os pássaros vão perdendo locais de alimentação e de nidificação.

Numa das quadras de vegetação do Cerrado que estão preservadas em Campo Mourão, tem mais biodiversidade do que numa mesma área em uma floresta ombrófila. Por exemplo, no Cerrado de Goiás só existem espécies do Cerrado, mas no Cerrado do Paraná existem, além das espécies do Cerrado, as espécies da floresta de araucária e da floresta estacional, todas vivendo praticamente juntas. Em outra quadra preservada, a cerca de 400 metros de distância, há sete ou oito outras espécies, ou seja, em uma distância de 400 metros, às vezes, já se tem uma biodiversidade muito diferente.

IHU On-Line – Quais são as principais dificuldades para preservar essa vegetação de Cerrado hoje?

Mauro Parolin – Na década de 1980, o poder público conseguiu preservar um pouco dessa vegetação. Obviamente a área era enorme se comparada com hoje, pois havia Cerrado em um bairro inteiro na década de 1970. Mas com o processo de urbanização a vegetação foi diminuindo e em 1987 foi feito o primeiro mapeamento de quais eram as áreas ainda livres de ação antrópica, o qual detectou que ainda existiam algumas quadras de vegetação.

Ainda na década de 1980 a universidade fez um projeto de preservação, sensibilizou a comunidade, a prefeitura e com isso se conseguiu fazer uma troca de terras, ou seja, pessoas que tinham lotes na área de Cerrado trocaram suas terras por outros lotes que a prefeitura disponibilizou em outras áreas na cidade. Com isso se conseguiu preservar uma quadra de Cerrado. No entanto, isso acabou gerando outro problema: como esta quadra está preservada e virou uma estação ecológica, não estamos conseguindo colocar fogo na região – é preciso colocar fogo na área para fazer a germinação das sementes – e as invasoras começaram a tomar conta da área justamente em razão da ausência de fogo.

Desde 2001 estamos tentando implementar novamente esse sistema de troca entre áreas com Cerrado e outras terras, mas não temos o mesmo empenho, a mesma sensibilização por parte da comunidade e do poder público e a transação dessa negociação tem sido pouco eficaz e pouco eficiente. 

falta de preservação também acontece, de certa forma, pelo próprio desconhecimento da população, que olha a quantidade de quiçaça [mato rasteiro e espinhento] existente na região e diz que “tem que colocar tudo abaixo” mesmo. Mas as pessoas não entendem que, embora aquelas espécies sejam muito parecidas com uma quiçaça que qualquer um vê, elas são diferentes, têm características e princípios diferentes.

Em Campo Mourão, por exemplo, o pessoal vive raspando a casca de barbatimão para fazer chá, porque ele é adstringente, como o próprio nome da espécie diz, Stryphnodendron adstringens. As pessoas da região usam essa planta para fazer chás, para fazer gargarejo para infecção e dores de garanta, para uso tópico em feridas, mas essa mesma população, quando olha aquela quiçaça, diz: “ah, mas isso é só uma quiçaça, não precisa preservar”. Então, também tem esse problema de convencer a própria população de que essa vegetação é importante.

"Se o município criasse uma política de considerar as espécies do cerrado de Campo Mourão como Patrimônio Histórico e Cultural, seria possível encontrar maneiras de mudar o atual cenário"

IHU On-Line – Quais seriam as políticas públicas adequadas para reverter o atual quadro de paisagem de Cerrado no Paraná?

Mauro Parolin – Uma ação que já foi feita no passado e que poderia ser retomada é “atingir” o bolso de cada habitante. Por exemplo, aquele morador que plantar espécies do Cerrado em sua casa poderia ter uma redução no valor doIPTU. Se o município criasse uma política de considerar as espécies do Cerrado de Campo Mourão como Patrimônio Histórico e Cultural – e isso é possível, pois o próprio nome da cidade, Campo Mourão, já vem dessa ideia de que aqui tinha um campo, logo, a nossa vegetação é um patrimônio histórico -, seria possível encontrar maneiras de mudar o atual cenário.

Além disso, a legislação poderia prever algumas espécies imunes a cortes. Isso ajudaria a garantir a permanência delas. Só temos 32 espécies de Stryphnodendron adstringens em Campo Mourão e apenas 250 plantas de butiá; foi o que sobrou. Então, se fizermos uma política de deixar essas plantas imunes a cortes, já ajudaria, mas não adianta apenas ter a lei e não ter a fiscalização. É nesse sentido que falo que as políticas têm que ser voltadas para preservação do nosso Cerrado, ou seja, é preciso criar formas e instrumentos em que a população se sinta compensada pelo fato de estar preservando e, de outro lado, é necessário ter uma fiscalização mais efetiva da preservação.

Por Patricia Fachin

Fonte: IHU

Biogás pode tornar município paranaense autossuficiente em energia elétrica


Por Fabiula Wurmeister, do G1 PR, em Foz do Iguaçu

Entre Rios do Oeste, município do Paraná com 4 mil habitantes, poderá se tornar, em 2014, o primeiro do país a se tornar autossuficiente em energia elétrica, térmica e automotiva obtida com biogás. A bioenergia será produzida com dejetos de animais de criação e esgoto. Considerado um problema aos municípios de economia baseada na pecuária, os dejetos dos 130 mil suínos criados na cidade passarão a ser tratados como matéria prima e totalmente aproveitados. O assunto é um dos temas do 2º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, que está sendo realizado em Foz do Iguaçu e conta com a participação de representantes de 58 países.

A ideia de aproveitar os dejetos começou a ser testada com a implantação do Condomínio Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, também no oeste. A experiência reúne 33 famílias de agricultores e aproveita o próprio potencial da região, comum a outras regiões do estado. Um levantamento feito por Itaipu mostra que, só no Paraná, “130 dos 395 municípios apresentam condições para usufruir desta riqueza”, aponta o superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley.

O projeto de saneamento desenvolvido pela Plataforma de Energias Renováveis de Itaipu em Entre Rios do Oeste será financiado nesta primeira fase pelo Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) e desenvolvido em parceria com a prefeitura. Serão destinados R$ 14 milhões para a estruturação de 63 das 93 propriedades rurais onde são criados suínos e gado de leite. 

Os dejetos produzidos pelos animais criados nestas propriedades inicialmente selecionadas podem produzir 12 mil metros cúbicos de biogás por dia (m³/dia), volume suficiente para atender toda a demanda dos prédios públicos da cidade, incluindo as escolas, e suprir a iluminação pública. Com a sobra, de mais de 40%, será possível ainda abastecer com energia térmica a maior olaria do município, substituindo o uso de lenha. A segunda fase do projeto será destinada à implantação do serviço de coleta de esgoto.

O biogás produzido nas propriedades deverá ser transportado por um gasoduto até uma central de aproveitamento. Nessa central, ele poderá ser convertido em energia elétrica, térmica e em gás natural renovável (GNR) usado como combustível de veículos. O biogás também pode substituir o gás de cozinha e a lenha utilizada na secagem de grãos. A economia pode passar de R$ 385 mil por ano.

Sustentabilidade

“Além do mau cheiro, os dejetos dos animais produzem gases do efeito estufa e podem contaminar o solo e a água”, destacou Bley ao lembrar que o problema pode se transformar em uma solução ambientalmente correta e lucrativa. “A geração distribuída a partir de energias primárias, como biogás, garante sustentabilidade ao desenvolvimento local e ajuda na redução da poluição hídrica e atmosférica.”

Matéria originalmente publicada em: http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2013/10/com-biogas-cidade-consegue-autossuficiencia-em-energia-eletrica.html

Fonte: Cidades Sustentáveis