Um grupo de cientistas japoneses anunciou a descoberta de uma bactéria capaz de digerir (literalmente) o polietileno tereftalato, a propriedade plástica na qual são produzidas as garrafas PET. A equipe de dez pesquisadores, do Instituto de Tecnologia de Kyoto, concluiu os estudos após coletar 250 amostras de sedimentos, águas residuais e solo contaminado por garrafas PET, em uma usina de reciclagem na cidade de Osaka.
De acordo com Shosuke Yoshida, responsável pela equipe, a grande descoberta promete revolucionar o combate contra o plástico lançado a natureza – que, quando jogado no oceano, só se decompõe com pelo menos meio século.
Depois das amostras terem sido coletadas, um processo de triagem foi realizado, com o objetivo de identificar novos microrganismos capazes de usar o plástico como fonte de carbono para crescimento, e a grande surpresa da pesquisa foi encontrada na amostra de número 46. Segundo o grupo, o sedimento apresentou um consórcio microbiano – formado por diversas bactérias, germes e células semelhantes às leveduras – que, em seguida, foi estudado e pode se constatar a característica digestiva da Ideonella sakaiensis (nome científico da bactéria presente no composto).
Batizada como Ideonella sakaiensis 201-F6, a nova bactéria age com certa simplicidade, acelerando a decomposição da matéria PET, produzindo apenas duas enzimas no processo. A primeira, a PETase, se fixa no material e libera um ácido conhecido como MHET. Em seguida, a segunda enzima, a MHET hidrolase, completa a operação liquidando a digestão do PET.
Os próximos objetivos do grupo se direcionam na otimização dessa nova “estratégia de reciclagem” do plástico, descobrindo novas informações que possam acelerar todo o processo digestivo do micróbio. Ainda sobre a pesquisa, uma série de testes em laboratório foram realizados com a Ideonella sakaiensis 201-F6, exposta a uma temperatura de 30°C, no qual observou-se a decomposição completa de um pedaço de filme fino de PET em apenas seis semanas.
Na natureza, a decomposição do plástico ocorre após 100 anos.
Quanta água! Quanta diferença entre espelhos d’água! Imagens correm pelo mundo. Nos últimos dias, Veneza, na Itália, cidade turística com seus românticos canais e gondolas inundada foi surpreendida pela maior inundação marítima dos últimos 50 anos. Fato que parece distante da nossa realidade, porém nem tanto, quando chama a atenção o que vemos e observamos o espelho d’água dessa inundação. Ou melhor não vemos! Nada boiando.
E o que este fato tem a ver com o nosso Brasil ou Belo Horizonte? Pois bem, o dito popular brasileiro de “o que os olhos não veem o coração não sente” parece afetar sim outros sentidos das pessoas quando chove em Belo Horizonte e em muitas cidades brasileiras que ainda não entenderam sobre os impactos das embalagens plásticas no cotidiano humano.
Em virtude do relevo montanhoso e ocupação urbana, impermeabilizada e higienizada ao longo dos anos para a maior e melhor mobilidade urbana, basta alguns minutos de chuva e logo surgem enxurradas de notícias sobre alagamentos, inundações e enchentes em vários locais da cidade. E com ela a “sopa de plástico” flutuante na lâmina d’água nas áreas mais baixas da cidade, onde deveria ter apenas água pluvial limpa. Deixando evidente a falta de preocupação e educação da população com sua própria casa – a sua cidade.
Resíduos plásticos de diversos tamanhos, mas principalmente os pequenos, por todos os lados. Eles não nasceram na rua. Alguém foi responsável por estarem lá. Quem? Todos. A ação humana é responsável por todo ciclo do plástico, da produção à reutilização. Da extração petrolífera ao destino adequado pelo consumidor final. Criado no início do século passado para inovar a indústria de embalagens e facilitar o cotidiano humano, criou junto problemas ambientais de magnitude global, principalmente em países subdesenvolvidos, notórios em seus aterros sanitários e visivelmente boiando em suas inundações urbanas.
Realmente quanta diferença entre os espelhos d’água, que está justamente na ausência das embalagens boiando aos olhos.
Observemos: quando vamos ao supermercado para as nossas compras habituais deparamo-nos com milhares de produtos acondicionados em suas embalagens organizados nas prateleiras, em sua maioria plásticas, que tem como destino o meio ambiente. No Brasil e não diferente em Belo horizonte, diariamente estima-se que são jogadas no meio ambiente milhares de toneladas de resíduos plásticos que poderiam voltar para a cadeia produtiva. Embora haja legislação especifica dada pela Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dados precisos inexistem por falta da efetividade e multisetorialidade entre as demais políticas públicas voltadas à pesquisas quantitativas da produção e destinação dos resíduos sólidos. Desde 2010, sequer os lixões foram eliminados. Eles não haveriam se houvesse a aplicação cotidiana da política dos 5Rs por todos os cidadãos: repensar, reutilizar, reciclar, reduzir e recusar.
Vanúzia Gonçalves Amaral, pesquisadora da UFMG, sobre os impactos ambientais causados pelo plástico no aterro sanitário de Belo Horizonte, afirma que a partir do final da década de 70, em virtude do lobby das indústrias alimentícias, higiene e limpeza, e das embalagens “PETs”, não houve a preocupação com a gestão desses resíduos plásticos. Assim, as “inundações do nosso consumo” se avolumaram vertiginosamente.
Vários estudiosos de diferentes áreas cientificas e partes no mundo, dentre eles Pedro Roberto Jacobi, coordenador do Grupo de Estudos de Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados da USP, afirmam que desde o início da industrialização do plástico e sua inserção no cotidiano da vida moderna, ele afetou diretamente a saúde do planeta e seus seres vivos.
A partir do fim da década de 90, com a abertura do mercado nacional para as importações chinesas, produtos plásticos de baixa qualidade e grande volume consumista, constatou-se o surgimento de doenças ambientais até então quase inexistentes no território brasileiro. Aquelas físicas e mentais causadas pela exposição aos resíduos sólidos, principalmente plásticos, afetando vidas humanas e animais, fauna e flora marinhos e terrestres. Sem poder esquecer das atuais que podem levar à morte, ocasionadas por vetores como o mosquito Aedes Aegypti que transmiteo vírus dadengue, zika, chikungunya e febre amarela. Outra não menos grave, a leptospirose é uma doença infecciosa bacteriana transmitida pela urina de roedores, em virtude das inundações urbanas; dentre outras psicossomáticas, surgidas das consequências da “sopa plástica”, como mortes por afogamentos. Todos são autores e vítimas da mesma tragédia anunciada.
Imagens recorrentes retratam a omissão cultural brasileira e belo horizontina diante das consequências do consumo desenfreado de embalagens miúdas que obstruem vias pluviais. Pode-se inferir que os problemas socioambientais do plástico têm tamanho, literalmente. Estudos esclarecem que quanto maiores as embalagens plásticas, menores as possibilidades de obstruírem as vias pluviais, são mais visíveis para coleta e não são transportados pelas correntes pluviais e fluviais facilmente, aumentam possibilidades de reutilização ou retorno para reenvase de conteúdos, menores os riscos de acidentes com humanos ou com animais terrestres ou marinhos. Assim, possibilitando a política cotidiana dos 5Rs: repensar, reutilizar, reciclar, reduzir e recusar.
As embalagens plásticas de produtos de uso industriais, hospitalares, condominiais, dentre outras, já são envasadas em tamanhos bem maiores dos habituais, e dificilmente são encontradas boiando nas “sopas plásticas” das inundações urbanas ou nas correntes marítimas.
Já as embalagens de produtos domésticos de diminutos tamanhos, gerando em progressão geométrica o seu acúmulo no meio ambiente. Como solução para os produtos domésticos cotidianos como alimentares, de limpeza e higiene, dentre outros, quando possível, deveriam ser comercializados em embalagens volumosas, como já são comercializadas em vários outros países desenvolvidos. Por exemplo, os sabões em pó em embalagens de 20 kgs, detergentes, amaciantes ou óleos vegetais em embalagens de 50 litros.
A responsabilidade também é coletiva para a saúde ambiental urbana e de todo meio ambiente como direito humano transindividual e transgeracional. Não bastam somente as políticas públicas verticais e/ou horizontais, mas sim políticas atitudinais cotidianas de todos os cidadãos corresponsáveis ambientalmente por todos os espaços públicos.
No Brasil sobra legislação e falta eficiência e eficácia das mesmas e responsabilidade coletiva como o meio ambiente, a legislação brasileira ambiental já inovou e continua inovando para a maior e melhor sustentabilidade socioambiental.
Desde a Política Nacional do Meio ambiente, Lei 6939/81, em seu Art 2º, que traz como objetivo “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida”, nos diversos ambientes e dá providências da regulamentação e execução das demais políticas públicas decorrentes. Dela decorre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12305/2010, que dispõe sobre os seus princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes sobre a gestão integrada e o gerenciamento compartilhados dos resíduos sólidos em todos país, das ações do poder público e de toda sociedade para eliminar os lixões e as “sopas de plásticas”, ou em cidades permeadas por rios, como é o caso da cidade de Manaus, em que diariamente são retiradas cerca de 50 toneladas de resíduos sólidos dos seus rios.
Nos últimos anos, emergem iniciativas legais sobre a proibição de embalagens e objetos plásticos de pequenos tamanhos vêm sendo aplicadas em várias cidades brasileiras. A proibição dos canudos e sacolas plásticos iniciada pelo Rio de Janeiro e ampliada para outras como Belo Horizonte. Atualmente, objetivando reduzir e eliminar a exposição das embalagens plásticas no meio ambiente, tramitam no legislativo federal alguns Projetos de Leis que aprofundam a PNRS, como por exemplo o PL 4868/2019, estabelece que edificações públicas tenham recipientes para separação dos resíduos sólidos recicláveis em municípios em que exista coletiva seletiva de resíduos; e o PL6044/2019, dispõe sobre a capacitação dos consumidores para o acondicionamento dos resíduos sólidos no sistema de coleta seletiva.; dentre outros afins.
Projetos como esses não seriam necessários se as Políticas Públicas conversassem entre si e convergissem para o principal objetivo principal: a sustentabilidade do público e coletivo. Se a Política Nacional de Educação e sua Base Nacional Comum Curricular nas escolas fosse colocada em prática cotidianamente na educação ambiental transversal, os resultados seriam outros. A mudança atitudinal coletiva da cadeia de produção ao consumo das embalagens plásticas iniciadas nas escolas e nos lares pelas famílias.
As políticas públicas ambientais voltadas para o consumo são fundamentais para o desenvolvimento humano sustentável em qualquer cultura. A sustentabilidade da permanência e existência das pessoas nas cidades dependem da responsabilidade de todos para garantia das futuras gerações. Já quem tudo que consumimos estão dentro das embalagens. Então, Repensarmos o consumo delas é crucial, tendo em vista que toda atividade humana gera consequências desastrosas ao seu meio ambiente – a nossa casa.
Por fim, repensemos: embalagens de grandes NÃO entupiriam bueiros, NÃO seriam engolidas por baleias ou outros animais e poderiam ser reutilizadas ou recicladas eliminando as “sopas de plásticos” visíveis em muitas inundações urbanas.
*Tania Scarabelli – Graduanda em Direito e membro do Grupo de Pesquisa do Mestrado Políticas Públicas-ESDHC. Pós-Graduada em: Estomaterapia, Saúde da Familia, Sáude Pública-UFJF. Graduada e Licenciada em EnfermagemUFJF.
Apesar de ser 100% reciclável e colaborar com a sustentabilidade, ao reduzir emissões de gases do efeito estufa, o material ainda é visto como vilão do meio ambiente
Bismarck Rodrigues
Silvia, da Plastivida: Apenas 10% das cidades brasileiras possuem coleta seletiva Foto: AG. Riguardare
SÃO PAULO – Quando o tema é sustentabilidade ambiental, a polêmica criada em torno do plástico é enorme. Apesar de a matéria-prima beneficiar os mais diferentes setores da economia, facilitar a vida das pessoas e ser 100% reciclável, a imagem é de vilão do meio ambiente. A culpa, atestam especialistas, é da falta de informação e da ausência de programas de coleta seletiva e reciclagem eficientes e capazes de reduzir o descarte inadequado do produto.
Para Camilo Terranova, consultor da WayCarbon, os debates sobre o tema no Brasil ainda estão muito baseados em achismos. "O debate sobre as sacolas de plástico teve viés político, não trouxe estudos científicos, só polêmica", reclama. Em sua percepção, o discurso desinformado ajuda a mascarar a falta de ação da sociedade para a coleta seletiva e reciclagem. O plástico torna-se vilão e a população acha que não tem responsabilidade. "Os governos, nas diferentes instâncias, também não tratam o tema como deveriam", comenta.
A assessora da Plastivida, Silvia Piedrahita Rolim, lembra que o plástico muitas vezes é amigo do bolso e do meio ambiente. "Quando as empresas automotivas trocaram ferro e aço pelo plástico, deixaram os carros mais leves, o que reduz o consumo de combustível e a emissão de poluentes", explica Silvia. O uso do plástico ainda promove a economia de recursos naturais, como água e energia, e reduz a geração de resíduos. Na construção civil, por exemplo, os canos de PVC substituem o cobre, poupando o metal e reduzindo o preço da obra para o consumidor.
Se não dá para imaginar a vida sem plástico – a matéria-prima está presente desde as sacolas plásticas até em utensílios e equipamentos complexos de saúde -, a saída é encarar a necessidade de engajamento da sociedade para promover a reciclagem e o descarte correto. Segundo estudos da Plastivida, apenas 10% das cidades brasileiras têm coleta seletiva. "Como resultado, só 21% do plástico descartado no Brasil é reutilizado", lembra Silvia.
Para a assessora, a destinação errada ajuda a criar uma imagem negativa do plástico para a população. "A sacola não vai sozinha para o meio do mar, para as ruas e esgotos, alguém jogou lá e é isso que precisa mudar."Uma das alternativas é inserir definitivamente o plástico dentro da economia circular, com a reutilização, a recuperação e a reciclagem de materiais, atingindo assim o chamado ciclo fechado de produção.
Dados da Ellen MacArthur Foundation dão conta que a comunidade europeia consegue economizar 620 milhões de euros anualmente com a reciclagem de plástico. Já o Brasil, segundo estimativas do Ministério do Meio Ambiente, deixa de economizar 8 bilhões de reais por ano pelo fato de o plástico não estar inserido em um ciclo fechado de produção.
Para promover ações sustentáveis com o plástico e melhorar a imagem do país no exterior, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Instituto Nacional do Plástico firmaram parceria para atuar na sensibilização da sociedade. "A indústria do plástico possui sete mil empresas e gera 350 mil empregos diretos. É um setor capaz de mobilizar", afirma Terranova.
Foi implantado na ultima semana o Selo Nacional de Plásticos Reciclados (SENAPLAS), nova certificação de qualidade para os produtos derivados da reciclagem. Instituída pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), a regulamentação vai trazer mudanças para toda a cadeia produtiva de pós-consumo, incentivando a população a reaproveitar os materiais, além de trazer benefícios aos catadores e às indústrias que transformam os resíduos.
A nova regulamentação tem por objetivo fortalecer a reciclagem no país, tornando a atividade mais lucrativa e sustentável em suas etapas. Assim, o selo de produção vai colaborar para reduzir as distâncias entre os produtos virgens e os reciclados, agregando valor aos materiais encontrados no lixo. “Além de não gerar resíduos sólidos no planeta, a reciclagem traz a economia de todos os recursos necessários do ciclo de vida do produto. Sua importância é algo muito maior do que a população consegue perceber”, explicou Eloisa Garcia, gerente dos grupos de embalagens plásticas e de meio ambiente do Centro de Tecnologia de Embalagem.
Para conseguirem a certificação, as empresas recicladoras precisarão cumprir diversas demandas, desde a qualidade dos itens enviados para o reaproveitamento, até os impactos causados no ambiente e entre os profissionais envolvidos. Além de diminuir o número de indústrias de reciclagem clandestinas, a nova norma também contribui para a Política Nacional de Resíduos Sólidos, marco regulatório que incentiva a redução e o tratamento do lixo.
Os representantes da ABIPLAST também deixaram clara a importância do catador para a cadeia produtiva da reciclagem, e destacaram que a criação do novo selo vai colaborar para a capacitação e a valorização destes profissionais, por meio de projetos e da criação de novos empregos nesta área. Segundo especialistas, a cada emprego gerado em uma unidade de reciclagem, surgem trinta vagas indiretas nas etapas de coleta seletiva.
O novo selo da indústria da reciclagem vale em todo o país e pode contribuir para o aumento do índice de reaproveitamento de resíduos. De acordo com Marcos Nascimento, analista econômico sênior da ABIPLAST, 5,8 bilhões de reais são desperdiçados no país pelo não aproveitamento dos resíduos plásticos. “Aproximadamente, 30% do plástico consumido em nossa sociedade tem potencial para reciclagem. Destes, 22% são aproveitados”, conta o analista da organização responsável pelo controle de qualidade.
Proibição de plásticos na Califórnia, artigo de Roberto Naime
fonte da imagem: alpambiental.com.br/reciclagem/plasticos/ e recicloteca.org.br
[EcoDebate] As realidades do Brasil e do estado americano da Califórnia são bastante diferentes, mas sempre que se encontra um tema para reflexão, não se deve perder a oportunidade. Na Califórnia se institucionalizou, ou seja, virou lei, a proibição do uso de sacolas plásticas, pelo que se registra, a partir do ano de 2.016. A Califórnia é um dos estados americanos mais desenvolvidos e se fosse classificado separadamente teria a sétima maior economia do globo pela pujança de seu Produto Interno Bruto (PIB).
Aqui no Brasil, afora os estímulos para utilização de sacolas retornáveis ou permanentes, a eventual cobrança pelas sacolas de plástico, a desestimular seu uso, proibições de uso de plásticos se alternam com liberações, ao sabor de interesses de consumidores ou indústrias de plásticos. Lei mesmo, permitindo ou proibindo, não existe qualquer registro a fazer.
Ninguém é contra normatizações ou incorporações exegéticas à legislações atualmente vigentes, mas dentro da realidade brasileira, vários registros devem ser realizados. Nos Estados Unidos como um todo e na Califórnia em particular existe uma quase universalização do tratamento de esgotos e efluentes domésticos e outra quase generalização na utilização de moagem caseira de resíduos sólidos de natureza orgânica e sua destinação acompanhado de outros efluentes domésticos para tratamento quase universal.
Aqui no Brasil, a questão de saneamento básico é complicada, conforme bem abordam os dados e análises do site “Trata Brasil”. Além de índices muito reduzidos de tratamento de esgotos, que não atingem a 40% em todo o país, não existe infraestrutura instalada para moagem doméstica de resíduos sólidos orgânicos e sua destinação para tratamento como efluente adicionado aos esgotos domésticos. Mesmo que existisse a possibilidade, aumentaria apenas o volume de efluentes domésticos com elevada carga orgânica e não tratados.
Por outro lado a coleta de resíduos sólidos orgânicos, recicláveis e resíduos em geral, é bastante desenvolvida e cobre a maior parte das municipalidades do país. E esta coleta se viabiliza com o uso da embalagem plástica obtida em supermercados ou em outros pontos principalmente de varejo, uma vez que as embalagens fornecidas por atacadistas são diferenciadas. Tanto faz alguém utilizar uma embalagem plástica fornecida por algum varejista, ou adquirir embalagens plásticas com esta finalidade específica.
Ninguém está aqui defendendo o uso de embalagens plásticas em pontos comerciais varejistas. Sejam embalagens fornecidas gratuitamente ou mediante remuneração. Mas está se expondo a complexidade que assume uma questão, que aparentemente é simples. Como se diz em um aforisma popular, não adianta vestir um santo e desvestir o outro. Nossa própria legislação manifesta na Lei 11.445 que saneamento são as questões que envolvem os efluentes domésticos, água potável, a gestão de resíduos sólidos e drenagem urbana pluvial.
Não se está tampouco defendendo o uso indiscriminado e eterno de material plástico, seja em embalagens, seja em outras formas de utilização. Mas é preciso evoluir pensando no conjunto. Nem mesmo práticas de separação de resíduos sólidos, ou de segregação na origem, acompanhadas de coleta seletiva e da atuação de cooperativas de recicladores ou agentes ambientais, se encontra institucionalizada ou operativa, nem mesmo nas grandes cidades brasileiras como um todo.
Ocorrem iniciativas isoladas, mesmo quando persistentes no tempo. E isto é impressionante. Num país que detêm grande parcela de população pobre e desprovida de qualificação profissional para absorção no mercado de trabalho formal, nem mesmo os argumentos de geração de ocupação e renda e a materialização de inclusão social efetiva, sensibiliza boa parte dos administradores e gestores públicos.
Por isto não se pode condenar de forma simples, os fabricantes de plásticos, embora os mesmos procurem apenas defender seus interesses corporativos e econômicos e nada mais. Não existe consideração ou reflexão com a realidade do conjunto da sociedade.
Mas é preciso pensar coletivamente e refletir holisticamente sobre a situação descrita. Certamente em algum momento, a “era dos plásticos” passará sobre o cotidiano das nações. Mas é preciso pensar nas soluções globalmente. Ressalta-se a situação da Califórnia, que saudável ser possível eliminar os plásticos sem gerar transtornos de qualquer natureza para a vida cotidiana das pessoas.
Embora da lei aprovada em agosto de 2.010 estabelecendo os princípios e diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305), onde se trata dos modernos mecanismos de gestão compartilhada e logística reversa, ainda é espantoso que passados 4 anos, além de não se ter erradicado os ”lixões”, não se conseguiu estabelecer de forma generalizada mecanismos de apoio a cooperativas de catadores ou agentes ambientais, que poderiam ser mais eficientemente incluídos em termos sociais, com a geração de ocupação e renda.
Os mecanismos de reciclagem são muito importantes, tanto para os catadores ou agentes ambientais, como para a natureza. Que observa redução de impactos ambientais relevantes sobre os recursos naturais pela menor demanda de matérias primas renováveis ou não renováveis, materializada pela reutilização dos materiais.
Quando um produto termina seu ciclo de vida útil, não significa que seus materiais componentes também tenham encerrado seu ciclo. Os materiais podem ser reutilizados para industrialização ou concepção de novos produtos. O exemplo mais clássico são as latinhas de alumínio que são recicladas gerando economias de água e de energia. A eficientização energética gerada se aproxima de 90%. O ciclo da reciclagem das latinhas atualmente gira em torno de 20 a 30 dias. O Brasil recicla cerca de 99% das latinhas de alumínio, sendo a maior referência mundial, seguido de perto pelo Japão.
A motivação e os estímulos é que podem ser diversos. No Brasil isto se deve ao valor econômico agregado à atividade, enquanto nos países desenvolvidos isto se deve a práticas institucionalizadas por políticas públicas e normatizações atuantes. Mas isto não importa. O fator relevante são os resultados para a qualidade ambiental e a qualidade de vida do conjunto das populações.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Buscando resolver dois grandes problemas das metrópoles: a falta de moradia e a destinação incorreta do lixo plástico, uma dupla do México desenvolveu um método para construção de casas utilizando resíduos plásticos.
São usados materiais plásticos que há em abundância pelas ruas: garrafas vazias e brinquedos descartados. A matéria-prima é derretida para formar grandes painéis, que são usadas como paredes e tetos.
| Foto: Eco Domum/Divulgação
Usando 80 painéis, cada residência possui 40 metros quadrados, sendo dividida em dois quartos, um banheiro, uma sala de estar e uma cozinha. Em cada uma delas são usados cerca de dois mil quilos de lixo processado.
| Foto: Eco Domum / Divulgação
Os empreendedores Carlos Daniel Gonzalez e Nataniel são os responsáveis pela startup EcoDomum em Puebla (México), que pode alterar o modo pelo qual as pessoas fazem suas residências. Segundo eles, o material fabricado é durável e resistente. O resultado é uma casa com isolamento acústico e térmico e que ainda resiste às intempéries climáticas.
Uma quantidade incalculável de plástico vai parar nos oceanos (animais marinhos são mortos pela ingestão) e aterros. O pior é que este tipo de material demora cerca de mil anos para se decompor, logo todas as soluções que visem minimizar seu impacto são muito bem vindas.
Já existem no mercado brasileiros plásticos alternativos, que não são feito de petróleo ou que são biodegradáveis. Mas dá para confiar nesse plástico “verde”?
Em substituição às sacolas de plásticos comuns, alguns supermercados já oferecem sacolas de plásticos biodegradáveis, chamadas também de compostáveis. Nas gôndolas, será possível encontrar outros tipos de sacos plásticos, como o oxibiodegradável e o chamado plástico verde. Afinal, qual é a diferença entre esses tipos de plásticos alternativos? Veja a seguir as características deles:
Plástico Verde
Já existem sacos e embalagens de produtos disponíveis no mercado como o chamado plástico verde, fabricado pela Braskem. Esse plástico é feito a partir da cana-de-açúcar, que é uma matéria-prima renovável, ao contrário do petróleo, o que é uma vantagem. Porém, ele não é biodegradável, isto é, não se decompõe. Assim como o plástico comum feito a partir do petróleo, o plástico verde vai continuar a causar problemas nas cidades e na natureza como o entupimento de bueiros e a morte de animais que consomem fragmentos de plástico. Além disso, o plástico verde é mais caro que o comum.
Plástico Oxibiodegradável
Esse tipo de plástico, já oferecido no mercado brasileiro, contém na sua formulação um aditivo acelerador do seu processo de degradação. De acordo com os fabricantes, ele se decompõe de 18 a 24 meses. Porém, não há consenso na comunidade científica de que isso ocorra. Além disso, o plástico oxibiodegradável não pode passar pela reciclagem mecânica, o método mais comum no Brasil. Assim como o plástico verde e o biodegradável, é mais caro que o plástico comum.
Plástico Biodegradável (Compostável)
Muitos supermermercados estão vendendo nos caixas as sacolas plásticas biodegradáveis, feitas a partir do milho. Segundo os fabricantes, a decomposição leva cerca de seis meses. Para que isso aconteça, entretanto, é preciso que o material seja encaminhado para usinas de compostagem, que não são comuns no Brasil, que utiliza principalmente aterros sanitários. "O ambiente dos aterros sanitários é anaeróbio, não tem característica de biodegradação para este tipo de sacola", diz a professora Eglé Novaes Teixiera, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Campinas (Unicamp), especialista em resíduos sólidos. O preço do plástico biodegradável também é mais alto que o do plástico comum.
Ou seja..
Para o consumidor brasileiro consciente, atualmente, só resta uma opção: banir o consumo de sacos plásticos seja ele comum, verde, oxibiodegradável ou biodegradável. Qualquer que seja o plástico utilizado haverá prejuízos ao meio ambiente e às cidades. Portanto, faça um uso racional dos sacos plásticos e destine à reciclagem aqueles que não for usar. Reuse sacolas convencionais, caixa de papelão, sacolas de feira, vale de tudo. Lembre-se, que são 20 minutos em suas mãos e depois, 150 anos na natureza. Vale realmente a pena?
Questione produtos intitulados ‘verdes’ antes de usá-los. Pois a ganância voraz do sistema capitalista que governa este planeta, infelizmente burla a si mesmo usando da boa vontade e consciência ambiental alheia para aumentar suas cifras, mesmo que tal atitude prejudique a todos e ao habitat comum a todos nós, bichos, mas humanos.
A primeira impressão que se tem quando sugerimos a abolição das sacolinhas plásticas, é de que elas são indispensáveis no cotidiano. Surgem perguntas unânimes, como: Como vou jogar fora o meu lixo? E o lixo do banheiro? Como fazer compras no supermercado? E por aí vai. Mas já parou para pensar que antes delas serem inventadas, as pessoas viviam e isso não era problema. Chegamos ao comodismo, por que afinal elas são práticas, e olhando para as suas sacolinhas elas não parecem assim tão perigosas. Ou não? Já parou para pensar qual o destino que elas recebem?
O plástico foi inventado em 1862, pelo inglês Alexander Parkes com a intenção de reduzir os custos dos fabricantes e comerciantes, e incrementando a sanha consumista da civilização moderna. O plástico é derivado de petróleo, é tóxico, e a maioria deles contém Biofenol A, um composto utilizado na fabricação de policarbonato que em contato com o organismo humano pode causar diversas doenças, entre elas, o câncer. E os perigos do plástico não param por aí, tomando o consumidor um colaborador passivo de um desastre ambiental de grandes proporções com o derrame indiscriminado de plástico na natureza, o meio ambiente clama por medidas urgentes de mudança de postura e conscientização do que nós estamos fazendo com ele.
Todo o plástico já fabricado até hoje, desde o primeiro em 1862, ainda não foi decomposto pela natureza. Pois este material leva em média 450 anos para se integrar novamente ao meio em que seus compostos foram extraídos e se decompor, por ser um produto sintético que teve a sua natureza modificada pela industrialização. Todas as sacolinhas que você já usou na vida, estão agora em algum lugar do planeta contaminando a natureza e agredindo covardemente os ecossistemas, levando a morte animais marinhos, aumentado em toneladas de lixo os aterros e lixões, entupindo bueiros e galerias que causam inundações urbanas, entre outros. Por ano são utilizadas no Brasil, cerca de 12 bilhões de sacolas plásticas. Apesar de ser um produto 100% reciclável, apenas 1% do total tem esse destino.
Oferecida gratuitamente pelo comércio, o uso das sacolas está incorporado na rotina dos consumidores onde tudo que passa pela caixa registradora ‘merece’ uma sacolinha. Mas é possível e completamente viável uma mudança nesse cenário de horror, com a sua postura e o seu consumo consciente. Vamos voltar no tempo e relembrar como era feito antes delas surgirem.
A substituição das sacolas pode e deve ser incorporada no dia a dia. Reutilize saquinhos de arroz, feijão e outros grãos na lixeira da cozinha. O mesmo também vale para o banheiro. Outra opção é fazer uma sacolinha de origami com jornal, é simples e rápido, veja no vídeo abaixo.
Ah, mas não sei fazer ou vai levar muito tempo.. Ok. Em vez de sacos convencionais, adote o consumo de sacolas biodegradáveis, são um pouco mais caras para o bolso, mas infinitamente mais ecológicas. Na hora de ir às compras, adote o uso de sacolas retornáveis, como as bolsas de feira da vovó ou qualquer outra bolsa de pano. Deixe-a vista, na cozinha de preferência, pois o que não é visto não é lembrado. Ah, mas as minhas compras de mês são enormes, é muita coisa.. Ok. Utilize caixas específicas para compras em supermercados, como essas abaixo, que se encaixam perfeitamente no carrinho e cabem no porta-malas do carro.
As opções são inúmeras e deixe o comodismo de lado, você não gastará mais de cinco minutos do seu dia e a natureza lhe agradecerá por 450 anos. Seja a mudança que quer ver no mundo. E vale ressaltar que não só as sacolinhas plásticas fazem parte desse cenário destruidor, mas sim todo plástico que você descarta incorretamente no meio ambiente. Recicle, reutilize, reduza! REPENSE!