A Reutilização de Pneus


Artigo de Beatriz Souza Costa

Afinal, como se deve chamar a transformação de pneus pelas indústrias reformadoras? Reciclagem, reutilização ou reaproveitamento?

 

Quando se trata de outros resíduos transformados, não há importância em nomeá-los de produtos reciclados, mas ao tratar-se de pneus, principalmente de sua remodelação, reciclagem não é a forma correta para denominá-los.

 

Não se pode perder de vista que para a remodelação de um pneu, primeiramente a estrutura do mesmo, não deve apresentar cortes e deformações.

 

Os pneus usados serão reutilizados/reaproveitados, grosso modo, da seguinte forma: depois de uma triagem feita com rigor, remove-se a banda de rodagem desgastando-a por raspagem. Após faz-se a colação de uma nova banda. Em seguida, a esse procedimento, vulcaniza-se o pneu. O importante é que esse pneu, reutilizado, deverá ter a mesma qualidade e durabilidade que o pneu novo.

 

É por esse motivo que o pneu remoldado tem a garantia da empresa que o reutilizou e também do Inmetro. Tendo em vista a importância da reutilização de pneus, que em média têm 600 anos para se decompor no meio ambiente, os órgãos ambientais apoiam todo tipo de política, seja privada ou pública, para sua destinação correta.

 

O próprio Inmetro, tendo em vista um bom reaproveitamento, faz a distinção entre a recapagem de pneus, a recauchutagem e a remoldagem dos mesmos. A recapagem é um processo pelo qual um pneu é reformado pela substituição de sua banda de rodagem e de seus ombros; a recauchutagem é o processo pelo qual um pneu é reformado pela substituição de sua banda de rodagem e de seus ombros, e a remoldagem é o processo pelo qual um pneu é reformado pela substituição de sua banda de rodagem, dos seus ombros e de toda sua superfície de seus flancos, (Inmetro, Portaria 227/06).

 

Fica claro que a técnica utilizada pelos reformadores de pneus, a remoldagem, é muito mais eficiente e seu tempo de vida é maior. Essa é uma troca segura e econômica para o cidadão brasileiro.

 

Portanto, as reformadoras não reciclam pneus, mas os reutilizam.

 

Reutilizar significa o seu reaproveitamento sem transformá-lo em uma nova matéria-prima. A reciclagem, por sua vez, pode ser exemplificada com o pó, proveniente, da moagem das carcaças, de pneus inservíveis, que são utilizados como um dos componentes na feitura do asfalto ecológico, mas este é assunto para outro artigo.

 

Beatriz Souza Costa é professora de Direito Ambiental Constitucional no Mestrado da Escola Superior Dom Helder Câmara e Prof. e Coordenadora, em Direito Ambiental da Pós-Graduação no CAD- Centro de Atualização em Direito, conveniado com a Universidade Gama Filho. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Resíduos Sólidos.

 

Reciclagem de pneus mobiliza comunidade


Reciclagem de pneus mobiliza comunidade e poder público em Peixoto de Azevedo


Maria Dinalva, vê na capacitação de reciclagem de pneus uma forma de contribuir no combate ao Aedes Aegypti. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV

Maria Dinalva, vê na capacitação de reciclagem de pneus uma forma de contribuir no combate ao Aedes Aegypti. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV

Sucena Shkrada Resk/ICV

Dar um destino sustentável aos pneus inservíveis recolhidos pela Prefeitura de Peixoto de Azevedo, Mato Grosso, acumulados em um galpão público está mobilizando ações que envolvem diferentes pastas do governo municipal, o Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) e a comunidade local. A iniciativa foi batizada de “Reciclarte: arte, saúde e sustentabilidade”.

O pontapé inicial estão sendo oficinas de reciclagem, em que integrantes de diferentes associações de bairro da cidade estão se capacitando para transformar  os pneus em recipientes para a destinação de resíduos sólidos em suas próprias casas e em locais públicos, entre outras finalidades, como brinquedos em parques e creches e cercas e bebedouros de animais em áreas rurais.

A ideia é que se tornem multiplicadores e a proposta esta sendo encampada pelo CMMA, que deverá dar prosseguimento na Associação do Bairro Santa Isabel, com recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente (Fumdema). Essa ação é importante ao conselho, porque a temática de resíduos sólidos faz parte do plano de metas do município, um instrumento do Programa Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis (PMS) de planejamento das ações municipais voltadas ao meio ambiente e agricultura familiar, que tem o apoio do Instituto Centro de Vida (ICV), por meio de arranjos locais.

A iniciativa teve seu embrião por meio de projeto apresentado por Clarice Marines Cenci Bee, coordenadora de Vigilância em Saúde, que compõe o CMMA. “Há quatro anos dei início à proposta, para chamar a atenção da população, quanto à esta alternativa de combate ao Aedes aegypti no município. Ao montar um grupo de trabalho no CMMA, conseguimos mostrar o projeto à promotoria pública, que teve boa receptividade”, conta.

Com isso, a proposta é que multas recebidas no órgão também sejam transferidas ao Fumdema, que começará a ser utilizado com este projeto. A estimativa de custo anual para as ações, segundo Clarice, é na casa de R$ 30 mil, que envolve prestação de serviços de educador, ferramentas, entre outras despesas.

Como ainda a verba não foi liberada e exige uma tramitação burocrática para a utilização dos recursos, foi firmada uma parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, que possibilitou a realização das oficinas com cerca de 25 interessados da comunidade, em galpão cedido pela pasta da Cultura. “Com o curso, estou desenvolvendo a capacidade de transformação para tirar os pneus das ruas, que provocam doenças e poderei também gerar renda para a minha família”, disse a dona de casa Evonilde Costa, 39 anos, que participou do curso ministrado pelo artista Valdomiro Vougado.  “Assim evita que possam se encher de água e atrair os mosquitos da dengue”, completa Maria Dinalva Lima dos Santos, 49.

A secretária municipal interina de Meio Ambiente Afonsina Aparecida Fermino Crescêncio explica que o projeto é uma forma positiva de educação ambiental. “Futuramente o município também se adequará para facilitar a logística reversa destes pneus aos fabricantes, por meio do Reciclanip  (programa das indústrias dos pneus)”, disse.