‘Caçadores’ de morcegos percorrem áreas verdes para catalogar animais


‘Alguns autores citam que eles podem comer mais de mil insetos em uma só noite’ (PMPA)

Eles podem comer até metade do próprio peso em uma só noite. Ao contrário do que muitos pensam, enxergam bem e, embora assustem, não são vilões – pelo contrário. Em São Paulo, especialistas percorrem áreas verdes para catalogar as espécies de morcego da cidade. A reportagem acompanhou uma dessas expedições.

O trabalho de biólogos e veterinários da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e do Centro de Controle de Zoonoses foi realizado no Parque Cidade de Toronto, na zona oeste. O objetivo era quantificar espécies e coletar material para exames na Universidade de São Paulo (USP). Uma das participantes foi a bióloga Adriana Ruckert, que estuda os animais há 16 anos. “Sou apaixonada por eles, são fascinantes”, diz Adriana, que não sai de casa sem pelo menos um brinco, colar ou anel que remeta ao mamífero da ordem Chiroptera, palavra que significa “mãos que se transformaram em asas”.

Durante o trabalho de montagem das redes de captura no parque, Adriana dá explicações sobre os morcegos. De grande porte, as chamadas “raposas voadoras”, diz, não ocorrem no Brasil. Já em relação aos menores, há 43 espécies catalogadas só em São Paulo. “Um número considerável se levarmos em conta o tamanho da urbanização.”

Os mais comuns são os insetívoros, que comem mosquitos, moscas e besouros. “Alguns autores citam que eles podem comer mais de mil insetos em uma só noite”, diz Adriana, ressaltando o papel do animal no equilíbrio ambiental. Já os temidos hematófagos, que se alimentam de sangue, são encontrados em regiões de “borda” da cidade, como áreas periféricas, com mais árvores.

Enrico Bernard, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros, explica que o morcego é um animal estigmatizado, principalmente pela falta de conhecimento sobre suas contribuições à natureza. “Das 1.411 espécies, só três se alimentam de sangue e as três ocorrem no Brasil. O que ocorre é que, geralmente, há um alarmismo com mordidas.”

No parque, a equipe de pesquisadores monta as redes em uma área próxima das copas de árvores e do lago. “Está vendo essa movimentação de pássaros em busca de insetos em cima do lago? Daqui a pouco, serão os morcegos que estarão na caça deles, basta a noite chegar”, aponta Adriana.

Pouco depois, eles começam a aparecer nas redes, a maior parte da espécie Myotis nigricans, pequeninos, com 5 centímetros e cerca de 5 gramas. Durante a noite, apesar de enxergarem bem, guiam-se principalmente pelos sons que eles próprios emitem.

A sala de administração do parque se transforma em “laboratório” pelos pesquisadores. Os animais capturados vão sendo pesados e são coletadas amostras de saliva, sangue e fezes, que serão levadas para o laboratório da USP no Departamento de Microbiologia e Medicina Veterinária. Esses exames avaliam a saúde dos morcegos paulistanos com relação à raiva e servem para o levantamento de espécies na área urbana.

Ápice

A equipe trabalha de modo intenso até as 21h. E, quando os biólogos já estavam prestes a encerrar o expediente, surge a “estrela da noite”: um morcego que se alimenta de frutas, o Artibeus lituratus, imponente, e um dos maiores encontrados na cidade. “É uma fêmea e está amamentando”, explica Adriana, admirada.

Todos os animais são soltos na natureza após o estudo. Um aprendiz de biólogo se emociona ao liberar um dos pequenos após coleta das amostras. “Eles são lindos demais.”

Acidentes em SP

O número de acidentes com morcegos na capital paulista cresceu 101,8% neste ano, segundo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde órgão da Secretaria Municipal da Saúde. Os registros passaram de 107, em 2018, para 216, em 2019. Entre os motivos para a alta está a entrada de grupos, principalmente religiosos, em uma Área de Proteção Ambiental (APA) na zona leste da cidade.

“Os morcegos são muito comuns nas áreas urbanas e estão em todos os distritos e bairros, pois se adaptaram bem”, afirma Débora Cardoso de Oliveira, bióloga do setor de quirópteros do Divisão de Vigilância de Zoonoses da secretaria.

Segundo ela, os mais famosos e temidos – que se alimentam de sangue, chamados hematófagos – estão restritos às áreas de mata. Normalmente, mordem outros animais, mas quando encontram pessoas em seu hábitat podem também mordê-las em busca de alimento. “Eles não atacam, não têm um comportamento agressivo”, conta.

São registrados como acidentes mordidas ou arranhões por qualquer espécie de morcego, incluindo os que não se alimentam de sangue. Parte do aumento foi causada pela entrada de grupos religiosos em uma APA.

Embora não seja possível indicar quais regiões da cidade registram mais acidentes, 31,9% dos casos deste ano foram atendidos no Hospital Municipal Tide Setúbal, na zona leste paulistana, unidade de referência para esse atendimento, onde houve 69 casos.

Segundo a pasta, a Unidade de Vigilância em Saúde da Cidade Tiradentes, na zona leste, fez um trabalho de monitoramento dos morcegos na APA Iguatemi e orientou a população. Campanhas de conscientização para que a população busque atendimento médico em caso de acidente também podem ter contribuído para a alta de registros.

Bióloga que trabalha com morcegos há uma década, Helen Regina da Silva Rossi explica que, ao longo dos anos, os morcegos se adaptaram à vida nas cidades, principalmente as espécies que se alimentam de insetos.

“A iluminação das cidades atraiu os insetos e os morcegos vão em busca de alimento. E os morcegos que se alimentam de insetos se adaptaram às casas. Por isso, podem ser encontrados no forro de residências”, alerta a especialista.

Raiva

A capital não tem registro de raiva humana autóctone desde 1981. No Estado, nenhum caso de raiva foi registrado neste ano. No ano passado, houve o registro em um paciente de Ubatuba, segundo a Secretária de Estado da Saúde.

“Caso tenha tido contato direto com um morcego ou se for frequentador de áreas de mata e notar qualquer ferimento com sangue, é imprescindível procurar orientação médica pelo risco de pegar raiva. Essa doença, se não for tratada imediatamente, é fatal. Pessoas, cães e gatos com histórico de contato com morcegos também devem procurar ou ser encaminhados para o serviço de saúde, para a avaliação médica”, informa a secretaria municipal.

A pasta estadual lembra que não é permitido matar nem ferir os animais. “Morcegos são animais silvestres protegidos por legislação e contribuem ambientalmente no processo de polinização, dispersão de sementes e redução de pragas de insetos.”

Agência Estado

Minhocão ganha jardim vertical pioneiro no Brasil


Redução da poluição, isolamento acústico e diminuição da temperatura são, apenas, alguns dos benefícios que os jardins verticais podem trazer às áreas urbanas e que serão cada vez mais percebidos pelos moradores da região do Minhocão

Neste mês de dezembro, o Elevado Costa e Silva, umas das áreas mais cinzas e barulhentas da capital paulista, ganhou o primeiro jardim vertical do Brasil construído em uma "empena cega" – nome dado àqueles paredões dos prédios que não possuem janelas, onde eram colocados anúncios publicitários, antes da Lei Cidade Limpa ser aprovada na cidade de São Paulo, em 2007

Formada por quase cinco mil mudas, de 19 diferentes espécies – o que garante um belo colorido ao mosaico -, a parede verde de 220 m² foi montada, em 15 dias, em um prédio residencial localizado às margens do Minhocão, no largo Padre Péricles, próximo à avenida Francisco Matarazzo. 

O projeto foi idealizado pela Escola São Paulo e pelo Movimento 90º – iniciativa que reúne paisagistas, arquitetos, administradores, advogados, engenheiros e empresários que defendem a instalação de jardins verticais nos centros urbanos em prol de cidades com mais verde

DÁ PARA FAZER MUITO MAIS…
Criador do projeto, o paisagista Guil Blanche mapeou outras edificações no centro expandido de São Paulo onde os jardins verticais poderiam ser instalados e concluiu que existem cerca de 500 "empenas cegas" aptas a receber as paredes verdes. Apenas na região do Minhocão, são 140 paredões que podem ser usados pela iniciativa. 

O maior empecilho ainda é o custo do projeto. Com necessidade de sistema automático de irrigação e fertilização para manter as plantas vivas, os jardins custam a partir de R$ 800 por m² de empena. Mas Guil Blanche dá a dica: o valor não precisa ser pago pelos moradores dos prédios. É possível arrecadar dinheiro em sites de crowdfunding na internet ou mesmo por meio de patrocínio, como aconteceu no projeto-piloto feito no Minhocão.

Fonte: Planeta Sustentável

Um táxi ecológico


Para compensar a poluição causada pelo próprio táxi, o motorista João Batista criou um sistema de plantação de mudas de pau-brasil

               

Em 2007, o taxista João Batista já tinha uma clientela fiel em São Paulo, mas estava descontente com o trabalho. Nada relacionado ao trânsito – ele já tinha resolvido isso com bom-humor, revistas e até bebidas para os clientes. O problema agora era o aquecimento global. Descobriu que os carros eram verdadeiros vilões nessa história.

“Um táxi polui muito o ambiente, mas eu não poderia parar de trabalhar. Foi aí que comecei a pesquisar sobre como neutralizar o que eu mesmo sujei”. Também na rádio, fiel companheira dos taxistas, foi que João encontrou uma luz. “Eu estava ouvindo o (colunista da CBN) Gilberto Dimenstein, que falava sobre sustentabilidade. Falei ‘vou escrever para ele’”.

Com a ajuda de Dimenstein, João encontrou ONGs ambientais e, juntos, calcularam quanto CO2 o automóvel liberava por dia e quantas mudas ele deveria plantar para que elas absorvessem tudo. Depois, João chegou ao valor que precisava sugerir aos clientes para a compra das mudas.

Em seis anos, o taxista plantou quase 250 mudas de pau-brasil em praças da cidade de São Paulo. No início, os amigos não colocavam muita fé na ideia; eles lhe diziam que o vandalismo ia arrancar as mudas. Não foi o que aconteceu: as primeiras árvores, plantadas na praça do bairro onde mora, na zona leste, continuam lá, cada vez maiores.

Com uma tabela, o taxista apresenta no final da corrida quantos quilos de CO2 a viagem depositou no ambiente e quanto o passageiro desembolsa se quiser ajudar a comprar uma muda. Um trajeto de uma hora, por exemplo, deposita 11,7 kg de dióxido de carbono e gera uma contribuição de 62 centavos. “Se o cliente não quiser colaborar, não precisa. Mas todo mundo se sensibiliza. Tem gente disposta a ajudar mais e doa até R$ 50, R$ 100 (hoje, a muda custa cerca de R$ 100)”.

As subprefeituras oferecem a praça e a mão de obra. Pelo site de João* (oseutaxi. com.br), dá para se cadastrar num programa de fidelidade em que o usuário troca pontos por mais mudas de pau-brasil.

*O seu táxi

 

Fonte: Planeta Sustentável

Virada da mobilidade


                   

    A Virada da mobilidade é um evento que ocorrerá na cidade de São Paulo entre 17 e 23 de setembro. A virada surgiu da necessidade de se promover alternativas de locomoção mais sustentáveis e inteligentes em grandes concentrações urbanas. O movimento é aberto à participação de coletivos de mobilidade, empresas e órgãos do governo que desejem colaborar com a sensibilização de todas as partes envolvidas nas questões de mobilidade, e  busca resgatar a liberdade que o usuário tem de repensar o planejamento diário do trajeto casa – trabalho, fazendo com que o usuário que estiver no trânsito, perceba que ele é o trânsito, mas que ele pode se tornar um agente de mudança desse cenário.

   A Virada da Mobilidade  promove a reflexão e a conscientização  sobre COMO ocorrem os deslocamentos em grandes concentrações urbanas e o que PODE SER FEITO para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida nas grandes cidades!

  • Você gostaria de ter mais tempo livre?
  • Você gostaria de viver em uma cidade mais justa e humana?
  • Você gostaria de ter acesso a toda a cidade?
  • Você gostaria de viver em uma cidade mais criativa?

   O evento promove de maneira inteligente e divertida o uso consciente dos diversos modais de transporte (carro, bicicleta, ônibus, a pé etc.) e a integração entre eles, reforçando o conceito de intermodalidade como solução de transporte.

   As atividades serão realizadas em 3 frentes:

  • Palestras e debates;
  • Competição Multimodal;
  • Atividades lúdicas e artísticas;
  • Propostas para um plano de mobilidade urbana

Confira a programação, saia de casa e participe!

Afinal, todos queremos viver em uma cidade em movimento!

 

Fonte: http://viradadamobilidade.wordpress.com

Capacitação profissional através da reciclagem de papel – Uma iniciativa do bem!


O Instituto Reciclar, em São Paulo, criado há 18 anos, realiza um amplo programa de capacitação profissional através da reciclagem de papel. Nele, adolescentes de comunidades carentes aprendem todo o processo de produção artesanal de papel para a fabricação de produtos reciclados como cadernos, blocos e cartões.

                                        

Todos os papéis são produzidos pelos jovens que participam da Oficina de reciclagem, uma das etapas do processo educacional e profissionalizante desenvolvido pelo Reciclar. Nela os jovens aprendem todo o processo de produção artesanal do papel, numa vivência de trabalho em equipe que funciona como seu primeiro emprego, já que todos recebem salário e têm carteira assinada.

Todo o processo pelo qual o papel passa beneficia diretamente tanto o jovem como a natureza, tornando a Instituto uma combinação entre sustentabilidade ecológica e motivador ambiental, social e profissional. Além de educar sobre conscientização ambiental dentro da comunidade.

                                                

Além de uma ampla oferta de produtos fabricados com primor, a organização sem fins lucrativos que atua com os jovens da cidade de Jaguaré também possui uma parceria com o Banco Central para utilizar as cédulas picadas em uma série de papeis reciclados. “Fazemos duas retiradas anuais de cédulas, de acordo com nosso ritmo de produção. São utilizados 150 kg de cédulas picadas para produzir 1000 folhas de papel reciclado”, informa João Batista da Cruz Filho, Gerente de Produção.

Os recursos advindos da venda dos produtos gerados na Oficina são revertidos para a sustentabilidade do Instituto, e muitos produtos são encomendados por grandes empresas como Carrefour, Banco Fibra, Banco Barclays, BRF Brasil Food, VB Serviços, Instituto Ethos e BrasilPrev.

                                               

 

Fonte: http://www.reciclar.org.br/

Laísa Mangelli 

III CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO


Após o grande sucesso alcançado nas duas edições anteriores, a ABAS tem o prazer de apresentar o III Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo, um evento internacional técnico-científico com enfoque especializado e exclusivo no meio ambiente subterrâneo.

Durante os três dias de evento congregaremos representantes de universidades, legisladores, reguladores, consultores e prestadores de serviço em geral para mostrarem suas novidades, seus erros e acertos; reuniremos os maiores experts do setor, em palestras e mesas redondas voltadas às apresentações e otimização de tecnologia.

Paralelamente será realizada a VIII FENÁGUA – Feira Nacional de Águas, nesta ocasião os visitantes terão a oportunidade de conhecer as novidades em produtos e serviços do setor de águas e meio ambiente subterrâneo.

DATA E LOCAL

Data: 1 a 3 de outubro de 2013
Local: Centro FECOMERCIO de Eventos
Endereço: Rua Dr. Plinio Barreto, 285 – São Paulo
Clique aqui para acessar o mapa de localização

 

Mais informações: ABAS

Sacolas plásticas voltam a ser proibidas em São Paulo


                      

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou, nesta terça-feira (7), a volta da proibição das sacolinhas plásticas nos supermercados de São Paulo. A decisão, publicada no Diário Oficial de Justiça, torna improcedente a ação movida pelo Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de São Paulo.

Agora a lei que bania as sacolinhas dos supermercados a partir de 1º de janeiro de 2012, sancionada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), volta a ter vigor em 30 dias, segundo os procuradores. Quem obteve a vitória a favor da lei contra as sacolinhas foi a Procuradoria da Câmara Municipal. O Sindiplast afirma que vai recorrer da decisão.

A decisão de suspender a proibição foi proferida em junho de 2011 pelo desembargador Luiz Pantaleão, que atendeu ao pedido de liminar feito pelo Sindicato da Indústria de Material Plástico. O argumento é que, além de ineficaz, a lei foi aplicada sem dar tempo de os supermercados se prepararem para a transição. A prefeitura chegou a recorrer da decisão, mas em 2013 o TJ considerou improcedente as alegações e decidiu manter a liminar dada ao sindicato.

Na decisão final, porém, o tribunal não acatou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida contra a lei que proíbe as sacolinhas. Não cabe mais recurso para o Sindicato da Indústria do Material Plástico no processo atual no TJ. A entidade, porém, poderá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contestando a decisão da Justiça estadual.

Fonte: Veja São Paulo

Virada Científica


Seguido o ritmo das Viradas, a USP preparou a primeira Virada Científica, evento que tem como objetivo enriquecer seu conhecimento sobre o mundo.

O foco são as crianças, mas tem eventos para todos. Bem interessante a proposta e possibilidades de conhecimento oferecidas, vale a pena passar visitar alguma atração e enriquecer seu conhecimento.

A Virada começa as 8h da manhã do sábado 11 de outubro e vai até o final do dia 12 com mais de 100 atividades, não apenas pela USP, mas no Instituto Butantan, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na Faculdade de Medicina (Zona Oeste), na Casa de Dona Yayá, no Centro Universitário Maria Antonia (Centro) e no Parque CienTec (Zona Sul). Fora da Capital, três unidades da USP participarão: a Escola de Engenharia de Lorena, o Museu Republicano “Convenção de Itu”, ambos no interior, e o Engenho dos Erasmos, no litoral.

As atividade vão de oficinas, experimentos, shows, jogos, palestras, a sessões de cinema e de planetário – boa parte delas voltadas às crianças. A entrada é franca e não há restrição de idade e público.

Acesse a programação completa no link.

Evento gratuito.

Fonte: Agenda Sustentabilidade

Crise de água em São Paulo pode ser “ponta do iceberg” de crise nacional


Faltam investimentos, mas oportunidade para cobranças é ótima: especialista em recursos hídricos explica como chegamos até aqui e o que sociedade e governo devem fazer para evitar uma catástrofe regional de abastecimento

Fonte: Catraca Livre

Não precisa morar em São Paulo, basta ter lido alguma notícia sobre a cidade nos últimos meses para ter encontrado a expressão “crise da água” escrita em algum lugar. A metrópole passa, às vésperas das eleições, por uma situação delicada. O chamado “volume morto” do Sistema Cantareira já está em uso e a Sabesp estuda utilizar um nível ainda mais profundo de suas águas. O mesmo deve ser feito com oAlto TietêCachoeiras estão secando e o nível de alguns rios está baixando. Apesar da negativa de racionamento do governo estadual, falta água com frequência para parte dos moradores da região metropolitana. Por causa disso, empresas reduziram suas atividades e, segundo a Fiesp, 3 mil demissões já ocorreram apenas em São Paulo.

As imagens da TV Folha ilustram bem a situação.

       

Um estudo aponta que essa situação poderia ter sido evitada se, nos últimos quatro anos, R$ 22 bilhões tivessem sido investidos em abastecimento – valor semelhante ao gasto com a Copa do Mundo. A situação é de crise, mas também de oportunidade. Exemplos dentro e fora do Brasil mostram possíveis caminhos. Mas todos têm que agir.

“O Sistema Cantareira pode ser só a ponta de um enorme iceberg chamado crise de água no Brasil. Os demais estados do Sudeste caminham para o mesmo destino. E a ‘culpa’ é de todos: da estiagem, do consumo e, principalmente, da gestão”. Quem afirma isso é Glauco Kimura de Freitas, biólogo e especialista em recursos hídricos da WWF-Brasil.

Gestão deve ser prioridade

 

Kimura explica que o tripé estiagem, consumo e gestão é o grande responsável pela crise. Mesmo assim, e apesar da falta de chuvas, a ação humana tem peso grande. Para ele, a população não tem consciência do uso cotidiano da água. “Quase tudo que fazemos envolve água”, conta. “Uma xícara de café que você toma na padaria precisou de água para ser feita. Mas ninguém pensa nisso.”

Segundo uma pesquisa realizada pela WWF em parceria com o Ibope, 82% dos brasileiros acreditam que o Brasil terá problemas com falta de água no futuro e 70% reconhecem que desperdício, consumo exagerado e poluição são os motivos. Mas 60% confessam ter pouco controle sobre os gastos e 84% nunca ouviram falar dosComitês de Bacia.

domínio público

domínio público

O reservatório Paulo de Paiva Castro, em Mairiporã, faz parte do Sistema Cantareira, que se encontra atualmente em um estado bem diferente do da foto.

A falta de atenção ao tema, na opinião do especialista, se reflete na falta de ações dos governantes. O Governo do Estado afirmou em várias declarações ao longo do ano que o período anormal de estiagem, e não a gestão, deveria ser culpado pela crise. A Sabesp diz, em nota, que “estamos enfrentando a maior período de falta de chuvas registrada nos últimos 84 anos” e que “não há rodízio, racionamento nem restrição de consumo em nenhum dos 364 municípios atendidos pela empresa”.

“O Brasil sempre foi um privilegiado, mas assim como dinheiro, não se pode gastar toda a água que você tem sem pensar no futuro”, explica Kimura. “Nós temos uma das melhores legislações do mundo quanto ao tema, com a Política Nacional de Recursos Hídricos, mas ela não é utilizada da forma correta.”

O que fazer de imediato

“As ações tomadas pelo governo, ao incentivar a economia de água, são boas, mas devem ser lembradas sempre, não apenas em momentos de crise”, defende Kimura. Além da conscientização, contudo, algumas atitudes podem ser tomadas pelas administrações responsáveis.

Segundo o especialista, “a curto prazo, três ações devem ser tomadas: incentivar o uso racional, como já vem sendo feito, sanar os vazamentos, consertando os sistemas de distribuição, e recuperar as nascentes”.

Dados da Sabesp mostram que 40% do volume total de água, quatro de cada dez litros disponíveis para consumo, ficam pelo caminho. 

                             

As perdas de água (erros de medição, fraudes e vazamentos) correspondem a 40% de todo o volume produzido pela Sabesp.

 

A situação dos mananciais também é complexa. Segundo um estudo do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da POLI-USP, metade de toda a área da região metropolitana de São Paulo está localizada em mananciais da Bacia do Rio Tietê. São 21 municípios de um total de 39 – a maior parte deles está poluída.

 

Exemplos a seguir

 

 

A crise de água pode ser a oportunidade ideal para que os recursos hídricos passem a ser discutidos entre governos e sociedade civil. E há bons exemplos que podem servir de inspiração.

No Brasil

reprodução governo de minas gerais

reprodução governo de minas gerais

Consideradas como uma tecnologia simples e barata, as cisternas adaptam o homem ao ambiente semiárido, onde chove muito durante pouco tempo e chove pouco durante muito tempo.

No semiárido brasileiro, onde a crise existe de forma perene, a solução adotada foram as cisternas, estruturas feitas de alvenaria e instalada próximas às casas. A água da chuva é captada dos telhados por meio de calhas e armazenada em reservatórios de 16 mil litros, capazes de garantir água para atender uma família de cinco pessoas em um período de estiagem de aproximadamente oito meses. “Trata-se de uma tecnologia simples e barata”, explica Kimura. “É um ótimo exemplo pois mostra que é mais fácil e mais barato o homem se adaptar ao meio ambiente do que o contrário.”

Lá fora

Na década de 1990, Nova York, nos Estados Unidos, se encontrava em meio a uma crise como a que passa São Paulo. A solução adotada foi uma nova política ambiental. Ao constatar que várias fazendas do entorno da cidade possuíam mananciais, a prefeitura decidiu pagar para que os proprietários rurais tratassem seus esgotos, preservassem as nascentes e desenvolvessem projetos de recuperação e conservação.

reprodução ny water

reprodução ny water

Ao calcular suas despesas, a prefeitura de Nova York concluiu que seria mais barato preservar a água do que tratá-la.

“Na época, eles fizeram as contas e chegaram à conclusão de que os gastos para preservação de mananciais eram menores do que para tratamento de águas poluídas”, lembra Kimura. “Todos saíram ganhando: a administração diminuiu gastos, os produtores rurais passaram a receber incentivos financeiros e a população a ter acesso a uma água de excelente qualidade”.

 

 

R$22 bilhões

Se prontamente algumas medidas podem ser tomadas para amenizar a crise e evitar danos ainda maiores, a médio e longo prazo a opção, de acordo com o especialista em recursos hídricos Glauco Kimura, é apena uma: investimento.

 

Em 2011, um estudo da Agência Nacional de Águas concluiu que, dos 5565 municípios brasileiros, 55% poderiam ter déficit no abastecimento de água dentro de poucos anos. Desses, 84% necessitavam de investimentos para adequação de seus sistemas produtores. Se R$ 22 bilhões fossem investidos até 2015, explicava a agência, essa situação poderia ser regularizada. A ANA não sabe dizer, atualmente, quanto desse montante foi investido.

“Claro que é difícil investir em água sendo que há saúde, emprego, moradia, educação e transporte como demandas da sociedade”, explica Kimura. “Mas sem água não haverá nada disso, então precisa investir. Ainda mais se pensarmos que o investimento para a Copa do Mundo foi de R$ 25,6 bilhões.”

portal da copa

portal da copa

“Ao Brasil não faltam nem recursos hídricos nem legislação. Falta colocar a água como prioridade nas agendas de governo e investir nisso”, diz Glauco Kimura, biólogo e especialista em recursos hídricos da WWf-Brasil.

 

 

Greenpeace faz protesto “luxuoso” contra escassez de água na Grande São Paulo


Ativistas exibiram taças e baldes dourados para representar a água como artigo raro

 

Manifestante fantasiado de Geraldo Alckmin em ato na região dos JardinsDivulgação/Greenpeace

Um desfile de moda em uma das ruas mais luxuosas do País, a Oscar Freire, foi a forma bem-humorada que o Greenpeace adotou para fazer um protesto de alerta à crise hídrica na Grande São Paulo, nesta quinta-feira (17). A água, exibida em taças e em baldes dourados, foi tratada como artigo de luxo durante o ato.

O Greenpeace critica a forma como o governo do Estado enfrenta o problema e pede “transparência e eficácia”. A ONG também ressalta que bairros da periferia enfrentam falta de água e que o problema deverá avançar para as regiões mais ricas.

Hoje, o nível de armazenamento do sistema Cantareira — maior reservatório de água da região metropolitana — está em 17,7%. A aposta do governo e da Sabesp é que esse volume seja suficiente para abastecer os consumidores até março de 2015. A expectativa é de que as chuvas regulares comecem a encher as represas a partir de setembro. 

A presidente da Associação de Lojistas dos Jardins, Rosangela Lyra, disse que houve "um estranhamento geral" de quem passava pela região.  

— Muitos acreditaram não se tratar, de fato, do Greenpeace, pela postura e discurso usados. Parecia mais uma ação política e menos ambiental.   

Ela ainda acrescentou que os Jardins não são uma referência de luxo, mas sim de tudo o que é "hype, cool".   

— Nós criamos as tendências, mas somos acessíveis.

Fonte: R7.com