A evolução da gestão sustentável


Quando falamos em medir a sustentabilidade, algumas perguntas que vêm à mente dos executivos são: o que queremos medir exatamente? Com que “régua” ou metodologia devemos medir e avaliar a sustentabilidade? Como extrair valor desta informação?

Para a maior parte dos gestores, o ideal é que um estudo para medir e avaliar aspectos de sustentabilidade possa ajudá-los a aumentar as vendas, melhorar as margens de lucro ou, na pior hipótese, mitigar riscos e evitar perda de mercado por não disponibilizar para seus clientes as informações sobre os impactos ambientais de seus produtos. Nesse sentido, os estudos mais realizados para ajudar as empresas a reduzirem seus impactos ambientais são as pegadas de carbono, hídrica e a energética.

As ferramentas cujas metodologias são baseadas na Análise do Ciclo de Vida (ACV) proporcionam informações mais completas, pois trata-se de uma técnica que permite a quantificação dos impactos ambientais de um produto, sistema ou processo durante todo o ciclo de “vida”, ou seja, desde o início (por exemplo, da extração das matérias-primas) até o final da vida (quando o produto deixa de ter uso e é descartado como resíduo ou é reciclado), passando por todas as etapas intermediárias (manufatura, transporte e uso). Por essa razão, essa avaliação é também chamada de “análise do berço ao túmulo” ou do “berço ao berço”.

De acordo com a Associação Brasileira de Análise de Ciclo de Vida (ABCV), o número de especialistas em ACV no Brasil ainda é insuficiente para atender a crescente demanda por estudos. Segundo especialistas, como a doutora Kelly Alonso Costa (Universidade Federal Fluminense), em sua tese A utilização da Avaliação do Ciclo de Vida no processo de tomada de decisão em sustentabilidade na indústria da construção no subsetor de edificações, “os trabalhos acadêmicos brasileiros contemplam diversos segmentos, tais como: químico, petroquímico, construção civil, energético, automobilístico, agrícola, metalúrgico e eletrônico”.

Por outro lado, os dados exatos sobre a realização de estudos no Brasil sobre ACV são incertos, mas,  segundo a especialista, nos últimos anos 10 anos foi possível encontrar, em bancos de dados nacionais e internacionais, cerca de 280 trabalhos, entre dissertações, teses e artigos científicos publicados sobre o tema ACV. Com a criação de entidades e publicação das normas, observa-se uma maior produção nos últimos anos de trabalhos para a consolidação do banco de dados brasileiro.

Cabe, então, às empresas entender – e algumas já têm feito isso, como divulgado no Guia Exame de Sustentabilidade 2013 – que o tema da ecoeficiência é cada vez mais estratégico para as organizações. Além disso, pode ser mais interessante realizar estudos que ofereçam informações além das emissões de gases de efeito estufa ou apenas da pegada hídrica, pois possibilitam a melhoria de qualidade da gestão e a eficiência operacional.

Ferramentas que avaliam, simultaneamente, os impactos ambientais, sociais e econômicos são mais avançadas e completas, pois podem analisar mais de uma dezena de categorias, mais de 50 indicadores diferentes e mais de uma centena de fatores de avaliação. Aspectos como direitos humanos, consumo de energia, uso do solo, dentre outros fatores são essenciais para uma análise mais consistente. Os critérios científicos estão passando por constante evolução e o maior desafio para os especialistas em avaliação de sustentabilidade tem sido melhorar a qualidade dos bancos de dados locais.

Entramos na era da gestão sustentável compartilhada, por isso a necessidade de se pensar e planejar a sustentabilidade sob a perspectiva de toda cadeia de valor.

Roberto Araújo é diretor-presidente da Fundação Espaço ECO®.

Fonte: ideiasustentável 

Como uma postura “verde” do Vaticano pode influenciar a sustentabilidade?


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Papa Francisco discursa durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro
Foto: Jorge in Brazil

Pouca gente questiona a popularidade atual do papa Francisco. Carismático e reformador, o líder da Igreja Católica angaria cada vez mais admiradores em todo o mundo, inclusive os não-católicos. Mas onde entra o meio ambiente nisso? É que o tema tem tido presença constante nos discursos do sucessor de Bento XVI. O que isso pode significar?

Em análise recente publicada no site da revista Página 22, a jornalista Regina Scharf observa que "o meio ambiente é o novo alvo do furacão Francisco, o papa-rockstar que está revirando todas as pedras e pedros do Vaticano. Após semanas de boatos, o padre Federico Lombardi, porta-voz do líder dos católicos, anunciou que a Igreja está produzindo uma encíclica (documento pontifício dirigido aos bispos de todo o mundo e, por meio deles, aos fiéis) sobre “a ecologia humana”, ainda no seu esboço inicial".

Segundo Scharf, "o papa Francisco tem dado evidências de que é bastante engajado nas lutas ambientais". A jornalista lembra que a adoção do nome de São Francisco de Assis não foi casual. Pouco após sua eleição, ele justificou a escolha do padroeiro dos animais, que:

“nos ensina um profundo respeito por toda a criação e a proteção do nosso meio ambiente, que, com excessiva frequência, em vez de ser usada para o bem, é explorada com ganância, em detrimento de todos".

O papa é sustentável?

"Daí em diante, o tema ambiental nunca saiu de pauta. Francisco costuma condenar a cultura do desperdício e promover os benefícios sociais e ambientais da reciclagem. Sempre que pode, ele favorece o transporte público, deixando o papamóvel na garagem, para desespero dos fiéis que temem por sua segurança e não esquecem o atentado contra João Paulo II", enumera Scharf. Em julho, noticiamos aqui no EcoD que o papa foi presenteado com uma bicicleta elétrica da Mercedes.

O assunto, reforça ela, também foi abordado na passagem do papa pelo Brasil, em meados de 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, quando ele pediu que as florestas tropicais fossem tratadas como um jardim. "Finalmente, há alguns dias, num encontro com diplomatas baseados no Vaticano, ele declarou que 'Deus sempre perdoa, nós às vezes perdoamos, mas a natureza – a criação – é maltratada, ela nunca perdoa'”.

"Desnecessário lembrar o impacto positivo que uma encíclica verde pode ter sobre a postura de 1,2 bilhão de católicos. A Igreja – como, aliás, todas as religiões organizadas – faz cabeças. Documentos gerados no Vaticano inspiram sermões, campanhas da fraternidade e outras atividades em milhares de paróquias. Vamos ver até onde vai, e quais serão as nuances, do engajamento ambiental do novo papa", conclui Regina Scharf.

– Leia o texto (na íntegra) de Regina Scharf – 

Fonte: EcoDesenvolvimento  e Página 22

Sustentabilidade – Passado, Presente e Futuro


Por Eduardo Bastos, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS)
 
Foto: Marco Flávio
 
 
A pecuária é uma das atividades mais antigas do Brasil. Desde os primeiros portugueses chegando em suas caravelas, com gado bovino trazido da península ibérica até hoje, a atividade se expandiu de costa a dentro, ajudando na conquista deste grande e diverso País.
 
Um avanço ainda mais acentuado aconteceu pós década de 1970, quando um conjunto de situação conjuntural (“colonização” do interior, “integrar para não entregar”) aliado a um avanço em genética (zebuína, em sua maioria) e em pastagens (braquiárias) ajudou o pecuarista a ampliar a fronteira produtiva e junto com ela várias cidades foram criadas. Só como exemplo, de 1970 a 2010 o rebanho cresceu 2,6 vezes, mas na Região Norte a taxa chegou a 24 vezes! No total foram mais de 200 milhões de hectares já convertidos. Claro que boa parte desse avanço se deu em áreas nativas, ou seja, houve desmatamento para promover esse crescimento. 
Este é o contexto da pecuária nacional, uma expansão muito grande até a década de 1990, notadamente nos períodos de 1970 a 1990. Até pouco tempo atrás, falar de sustentabilidade era palavrão. Depois virou sinônimo de preservação da floresta, redução do desmatamento e a conversa em geral parava por aí, focada em meio ambiente.
 
Hoje o setor movimenta mais de U$ 180 bilhões em toda sua cadeia, gerando milhares de empregos e riqueza. Gera também divisas, já que produzimos mais de 10 milhões de toneladas, aproximadamente 8 para consumo interno e 2 para exportação, U$ 6 bilhões só em 2013.
 
                   
 
É preciso lembrar que apesar da área ocupada pela pecuária ser a maior convertida no Brasil, algo em torno de 190 dos 850 milhões de hectares existentes, ainda temos mais de 60% de área totalmente preservada, uma das maiores do mundo! E também que, desde 1950, temos investido muito em tecnologia para garantir aumento de produção baseado em produtividade e não desmate. Números da Embrapa mostram um crescimento em produtividade na ordem de 3,36% ao ano, ou seja, se usássemos hoje a mesma tecnologia de 1950, teríamos de ter convertido mais de 525 milhões de hectares! 
 
Hoje, falar em sustentabilidade significa pensar não só no pilar ambiental, importantíssimo, com suas temáticas ainda voltadas a desmatamento e de alguns anos para cá a água, carbono, biodiversidade, entre outros. Mas também temos de falar dos outros 2 pilares essenciais ao equilíbrio: social e o econômico. Se não se falar em produção de alimentos (alimentar o mundo é uma das tarefas mais nobres existentes!) e geração de empregos (quantidade e qualidade), por exemplo, não se é social. E quanto ao econômico? Como gerar riqueza para distribuir? Ou, como diz o caboclo: “Não se pensa no verde quem está no vermelho”. Sabedoria popular, muito verdadeira. É preciso buscar sim um uso mais eficiente das pastagens (qualidade, manejo) e um uso mais eficiente do gado (sanidade, genética, nutrição), só para citar algumas frentes de trabalho.
 
O desafio está posto, teremos ao menos 2 bilhões de pessoas a mais até 2050. Mais de 9,5 bilhões de bocas famintas, que demandarão 70% a mais de alimentos e quase o dobro de proteínas animais. Deste total, mais da metade terá de vir do Brasil! Ou seja, precisaremos dobrar a produção, reduzir o desmatamento, gerar mais emprego, mais riqueza, menos carbono e por aí vai. Simples assim – o desafio é grande demais para fazermos sozinhos. Hoje o conceito de sustentabilidade vai além do tripé aqui falado de econômico-social-ambiental, ele também é garantir o hoje sem comprometer o amanhã e só faremos isso juntos!
 
O GTPS se orgulha de ter começado esta discussão em 2007, com 17 membros e hoje já conta com mais de 60, de toda a cadeia produtiva, que inclui, entre outros, insumos, produtores, frigóríficos, varejo, bancos, ongs, centros de pesquisa e universidades. Mantemos diálogo constante entre os membros e com governos, em todas as suas esferas. Buscamos debater e formular, de maneira transparente, princípios, padrões e práticas comuns a serem adotados pelo setor.
 
Acreditamos que os próximos 10 anos serão pautados pelos mesmos desafios de hoje adicionados a uma brutal pressão de produzir cada vez mais com cada vez menos recursos. Acreditamos que é possível fazer mais e melhor, exemplos do passado mostram que temos capacidade para isso. Acreditamos no poder transformador da ciência e do diálogo e que juntos, conhecimento e ação, poderemos trazer mais valor a todos os membros e principalmente a sociedade. O Brasil merece. O mundo precisa.
 
Sobre o GTPS
Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) foi criado no final de 2007 e formalmente constituído em junho de 2009. É formado por representantes de diferentes segmentos que integram a cadeia de valor da pecuária bovina no Brasil, entre eles indústrias, organizações do setor, produtores e associações, varejistas, fornecedores de insumos, bancos, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e universidades. O objetivo do GT é debater e formular, de maneira transparente, princípios, práticas e padrões comuns a serem adotados pelo setor, que contribuam para o desenvolvimento de uma pecuária sustentável, socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente viável. Mais informações sobre o GTPS estão disponíveis no site www.pecuariasustentavel.org.br. Acompanhe também pelo twitter, em @gtps_brasil, e pelo Facebook, em www.facebook.com/gtpsbrasil.  
 
Fonte: IMAFLORA

O consumo consciente é responsabilidade apenas do consumidor?


            Polemica_Sacolas Plasticas

O consumo consciente virou moda, assim como falar em sustentabilidade (termo que possui suas belezas, apesar de estar um pouco desgastado…). A parte boa é acreditar que, se a moda virar hábito, talvez estejamos no caminho certo.

Uma pesquisa da eCGlobal Solutions em parceria com a eCMetrics (especialista em pesquisas em mídias sociais) mostra que quase 100% das pessoas entrevistadas acham importante que as empresas cuidem do meio ambiente.

O estudo “Evolução do Consumo Sustentável no Brasil” foi feito com 4.270 consumidores em 2012 e 2.659 em 2013 (todos internautas brasileiros entre 18 e 65 anos). O objetivo é ajudar as marcas a compreenderem as vontades e o perfil de quem compra. Mais de 70% dos entrevistados acreditam nos selos dos produtos  e 74% querem tirar as sacolas plásticas do mercado.

Apesar da amostragem ser pequena, os números podem apontar alguns caminhos para marcas que insistem em não repensar a forma de produzir. É nas mãos dos fabricantes que está este poder. Os bens de consumo chegam às mãos dos consumidores após passarem por uma ampla rede de fornecedores, trabalhadores e linhas de produção. Como saber se uma marca de celular usa minérios extraídos de forma legal? Como escolher marcas de roupas que não mantenham trabalhadores escravos em suas confecções?

Recentemente, as grifes Le Lis Blanc e Bo.Bô (Bourgeois e Bohême), marcas pertencentes ao grupo Restoque, que tem 212 lojas no Brasil e encerrou o primeiro trimestre com receita líquida de R$ 195 milhões, viraram notícia com a denúncia de que várias pessoas trabalhavam em suas confecções em condições análogas à escravidão (quando o trabalhador é submetido a condições degradantes, como jornada exaustiva (acima de 12 horas), servidão por dívida e com riscos no ambiente de trabalho).

As vias “alternativas” de investigação e denúncia mostram, constantemente, que empresas não lucram impunemente: há sempre um lado perdendo. Este, claro, é o elo mais fraco da corrente – países subdesenvolvidos e trabalhadores explorados.

A pesquisa sobre consumo sustentável mostrou 72% das pessoas conferem se o fabricante se preocupa com a preservação do planeta. Mesmo assim, apenas um quarto leva em conta – às vezes – o fator sustentabilidade na hora de dizer sim ou não para um produto. Ainda são muitas as marcas que não atendem a padrões elevados de exigência ambiental e social, e quando atendem, nem sempre se mostram acessíveis à maioria. Por isso, é difícil atribuir a responsabilidade total pelo consumo ao consumidor final.

O jornalista Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil, especializada em denúncias de trabalho escravo no Brasil,  argumenta que, muito além das decisões tomadas por quem compra, os problemas têm raízes fixas em outras esferas – decisões políticas, a lógica do sistema econômico… “O fato é que em alguns casos o boicote funciona e é viável, em outros, não. Então, como consumidores, temos que, além de realizar nossos protestos e externar nossa indignação, cobrar as pessoas certas (…) Mas algo que não podemos esquecer é que a responsabilidade principal não é do consumidor”, diz no blog.

E você, o que pensa sobre o assunto?

fonte: Folha de S. Paulo.

Publicado em: Help Planeta

Duas ou três propostas para a Amazônia


Duas ou três propostas para a Amazônia, artigo de Rinaldo Segundo

amazônia legal

 

“…sei que… na vida a gente só fica irritado e zangado com uma proposta quando não está muito seguro de poder resistir-lhe e está intimamente tentado a aceitá-la.” Thomas Mann, Os Buddenbrooks.

 

[EcoDebate] Um modelo de desenvolvimento sustentável amazônico deve contemplar propostas em diferentes áreas e para diferentes grupos amazônicos. Assim, devem merecer propostas: as principais atividades econômicas e grupos amazônicos. São exemplos disso: pecuária, agricultura do agronegócio, a pequena agricultura familiar, grupos economicamente marginalizados, setor florestal, biotecnologia.

Ao lado disso, é preciso construir propostas para uma rápida e efetiva regularização fundiária e redução do desmatamento, bem como estabelecer a relação entre o desenvolvimento sustentável e as instituições financeiras, o Estado e o Mercado. Considerando tudo isso, apresento algumas propostas.

A primeira visa democratizar o acesso ao desenvolvimento. É natural pensar o desenvolvimento como um direito coletivo e não individual. Estratégias desenvolvimentistas nacionais reafirmam isso. O que fazer para a Eritreia prosperar como o Brasil? O que fazer para o Brasil prosperar como o Chile?

Democratizar o acesso ao desenvolvimento oportuniza gerar prosperidade para todas regiões, grupos e pessoas na Amazônia. Essa nova perspectiva deve readequar instituições e institutos jurídicos para incluir grupos excluídos de estratégias desenvolvimentistas.

Então, 300 mil mulheres extraem o coco do babaçu na Amazônia ainda primitivamente ganhando aproximadamente 10 reais por dia. Não seria possível gerar tecnologia que aumentasse a eficiência, reduzindo o trabalho penoso que realizam e garantindo-lhes ainda mais renda e tempo livre? Difícil imaginar que numa época de impressora 3D, essa tecnologia não possa ser produzida e democratizada. Indígenas desejam ter acesso a políticas de geração de renda, por exemplo, com tanques para criação de peixes? É possível lhes assegurar essa oportunidade, definindo critérios para isso.

Outra proposta se volta para a pequena agricultura familiar. Considerando a Amazônia, a reforma agrária não é a melhor medida (refiro-me a trazer agricultores não amazônicos para a Amazônia.) Situação diferente é dos 600 mil pequenos agricultores já assentados na Amazônia, cuja produção sustentável deve ser estimulada. Nem heróis, nem vilões, qualquer política de desenvolvimento sustentável amazônica deve considerar tais agricultores, pois é inconcebível desapossar 600 mil pequenos agricultores da Amazônia.

Pensar a sustentabilidade amazônica sem seus 23 milhões de habitantes é fácil, difícil é construir um modelo sustentável que inclua tais pessoas. Os desafios da escolha difícil para a pequena agricultura se acentuam, inclusive pelo fato dos pequenos agricultores amazônicos não auferirem toda renda familiar da agricultura, dependendo de atividades como a extração ilegal de madeira.

Para a agricultura familiar, um modelo sustentável deve priorizar: a criação de um mercado de terras na Amazônia; programas de financiamento, mecanização, tecnologia e extensão rural aos 600 mil agricultores amazônicos, testando estratégias variadas para um melhor resultado; a diversidade na produção para reduzir o risco.

Finalizo com a pecuária, atividade que exerce a maior pressão por novos desmatamentos na Amazônia, ocupando nove vezes mais terras que a agricultura na Amazônia.

O desmatamento pode ser contido e a produção de carne bastante elevada freando-se o avanço da pecuária sobre novas áreas preservadas de florestas. Como fazer isso? Priorizando a intensividade, a produtividade e a tecnologia. E na prática? Um único exemplo: a cobrança do Imposto de Terras (ITR) em áreas de pecuária pode considerar índices de produtividade, isto é, a quantidade de cabeças de gado por hectare. Referida medida aumenta o custo das terras amazônicas de baixa produtividade (pecuária extensiva), estimulando a comercialização de terras especulativas e a pecuária intensiva.

Propostas sustentáveis econômica, ambiental e socialmente podem redefinir o desenvolvimento amazônico. Assim, uma Amazônia que já é grande pode ser ainda maior!

*Artigo 10 da série de artigos Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.

Rinaldo Segundo, promotor de justiça no MPE/MT e mestre em direito (Harvard Law School), é autor do livro “Desenvolvimento Sustentável da Amazônia: menos desmatamento, desperdício e pobreza, mais preservação, alimentos e riqueza,” Juruá Editora.

 

in EcoDebate, 22/03/2016

IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental


O IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental terá como tema a gestão ambiental e a sustentabilidade.

No evento serão discutidos subtemas como a sustentabilidade urbana, a gestão da qualidade do ar, sustentabilidade industrial, os créditos de carbono e a gestão de resíduos sólidos. Além disso, haverá palestras sobre o enfoque socioambiental da sustentabilidade urbana, tecnologias limpas, riscos ambientais, o papel do gestor ambiental nas empresas do Século XXI, dentre outras.

Data: 25 a 28 de novembro/2013

Local: UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado – Salvador, Bahia.

Inscrições no site: http://www.ibeas.org.br/congresso4/


 

Não há como fugir da sustentabilidade


Por Jeffrey D. Sachs

Um ano atrás estive no Brasil para inaugurar o polo brasileiro da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas (RSDS), uma iniciativa do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A informação mais importante que ouvi naquele dia foi que São Paulo estava sofrendo uma megasseca, mas os políticos estaduais e locais se mantinham calados a respeito. Essa é uma realidade em todo o mundo: muitos líderes políticos estão ignorando uma crescente crise ambiental, pondo em perigo seus próprios países e outras nações.

No caso do Brasil, as autoridades estaduais e locais tinham outras coisas em mente em 2014: sediar a Copa do Mundo em junho e julho e vencer as eleições mais adiante. Por isso, usaram tática política testada pelo tempo: esconder as más notícias atrás de uma mensagem de "está tudo bem".

Alguns lugares têm agido de modo ainda mais irresponsável do que simplesmente ignorar os riscos. Áreas costeiras na Carolina do Norte, como áreas costeiras em todo o mundo, estão ameaçadas pela elevação do nível do mar causada pelas mudanças climáticas induzidas pelo homem. No entanto, em 2012 incorporadoras imobiliárias convenceram o Legislativo estadual a barrar a incorporação de evidências científicas referentes às elevações dos níveis do mar nas políticas de gestão costeira do Estado pelo menos até 2016. A questão é igualmente flagrante no nível federal: membros do Congresso dos EUA, a serviço das grandes companhias petrolíferas, simplesmente negam a realidade das mudanças climáticas.

Alterações climáticas induzidas pelo homem e o uso excessivo de água doce para as necessidades de irrigação e urbanas (especialmente quando as cidades estão construídas em regiões secas) estão, todos, alimentando o potencial para catástrofe

Mas crescentes ameaças ambientais estão chegando às manchetes da mídia, quer políticos e incorporadores imobiliários gostem ou não. As más notícias sobre megassecas e escassez de água doce vêm tanto do Brasil como da Califórnia como de países palcos de conflitos no Oriente Médio.

A Região Metropolitana de São Paulo, com 20 milhões de pessoas, está agora na iminência de um racionamento de água, ameaça sem precedentes a uma das principais cidades do mundo. Na Califórnia, este inverno tem sido mais uma estação seca num período de quatro anos, uma das mais graves da história da região. No Paquistão, o ministro de Água e Energia declarou recentemente que "sob a situação atual, daqui a seis ou sete anos o Paquistão poderá ser um país carente de água". No Irã, as zonas de mangue Hamoun na fronteira com o Afeganistão estão desaparecendo, o que representa uma grave ameaça para a população local.

Retrospectivamente, fica também claro que uma década de seca na vizinha Síria contribuiu para desencadear a instabilidade que transformou-se numa guerra civil catastrófica, com pelo menos 200 mil sírios mortos e sem fim à vista para a violência. A seca tinha deslocado em torno de 1,5 milhão de pessoas e provocou uma alta nos preços dos alimentos que resultou numa espiral de protestos, repressão e, finalmente, guerra. Embora a seca não explique toda a violência que se seguiu, ela certamente desempenhou um papel.

Cada uma dessas secas reflete uma complexa combinação de fatores: mudança climática em longo prazo, padrões climáticos no curto prazo ou com duração de uma década, crescentes demandas populacionais por água doce, má gestão dos recursos locais, e, claro, falta de atenção e vontade políticas. Cada seca precisa, portanto, ser confrontada localmente, abordando as realidades locais.

No entanto, a mensagem mundial também é clara: a crescente população do mundo (agora de 7,3 bilhões de pessoas, mas que provavelmente chegará a oito bilhões até 2024 e nove bilhões por volta de 2040), as alterações climáticas induzidas pelo homem e o uso excessivo de água doce para as necessidades de irrigação e urbanas (especialmente quando as cidades estão construídas em regiões secas) estão, todos, alimentando o potencial para catástrofe.

Pesquisas recentes indicam que essas tendências deverão intensificar-se. Quase todos os estudos sobre alterações climáticas induzidas pelo homem mostram que a região do Mediterrâneo, incluindo focos de insegurança, como a Líbia, Egito, Israel, Palestina e Síria, provavelmente sofrerão mais uma redução significativa nas chuvas, agravando a tendência de secas que ocorreram durante o último quarto de século. Da mesma forma, recente estudo realizado por meus colegas no Instituto da Terra, da Universidade de Columbia, mostrou que as mudanças climáticas induzidas pelo homem provavelmente causarão cada vez mais frequentes megassecas nos Estados americanos do sudoeste e das Grandes Planícies na segunda metade deste século.

Em setembro deste ano, líderes mundiais deverão reunir-se nas Nações Unidas para adotar um conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para enfrentar essas crescentes ameaças. Os ODS não assegurarão uma ação mundial, mas como disse certa vez John F. Kennedy, então presidente dos EUA, sobre os acordos da ONU, eles podem servir como uma alavanca para ajudar a mover o mundo em direção à ação. É por isso que é tão importante iniciar o planejamento para os ODS agora.

Ban Ki-Moon lançou os ODS para ajudar os países a atingir os novos objetivos. Os membros-chave da iniciativa incluem universidades e centros de pesquisa em todo o mundo, e importantes empresas e ONGs atuam como importantes parceiros. Polos nacionais e regionais vinculados aos ODS estão sendo formadas em todo o mundo – nas Américas, Europa, Oriente Médio, Ásia Meridional, Leste Asiático, África e Oceania. O objetivo é garantir uma vigorosa participação nos ODS em todos os países no momento em que eles forem adotados em setembro.

Nesta primavera e verão, em países ao redor do mundo, instituições afiliadas aos ODS convidarão os governos a começar a produzir ideias sobre como alcançar o desenvolvimento sustentável em suas cidades, países e regiões. Muitos políticos, sem dúvida, ficarão gratos ao apoio a suas universidades, ONGs e empresas líderes. E aqueles que querem esconder-se da realidade verão que isso já não é possível.

Isso porque nossa nova realidade é caracterizada por secas, ondas de calor, tempestades extremas, elevação do nível do mar e padrões climáticos instáveis. Se não agirmos com visão de longo prazo e basearmos nossas ações em evidências científicas, o estresse hídrico, a insegurança alimentar e crises sociais não demorarão muito a chegar. Em outras palavras, as crescentes ameaças atuais não podem ser ocultadas. A Era do Desenvolvimento Sustentável precisa ser construída sobre transparência, participação e conhecimento científico. (Tradução de Sergio Blum)

Jeffrey D. Sachs – professor de economia e diretor do Instituto Terra, da Columbia University. É também assessor especial do secretário-geral das Nações Unidas no tema das Metas de Desenvolvimento do Milênio.

Matéria originalmente publicada no jornal Valor Econômico

Obter, usar, compartilhar


Prática foi eleita uma das dez ideias que vão mudar o mundo

     

A psicóloga Alcione Kolanscki ficou surpresa quando, durante uma das edições belo-horizontinas da Feira Grátis da Gratidão, a qual ela ajuda a organizar, um homem se aproximou seção de brinquedos – que, a princípio, deveria atrair crianças –, pegou uma bonequinha e foi embora, segundo ela, feliz da vida. Dias depois, pelo grupo de Facebook da feira, ela descobriu que o moço reformou a boneca, fez uma nova roupinha e deu de presente para a mãe.

O evento em questão é uma versão da “gratiferia”, proposta idealizada pelo argentino Ariel Rodríguez Bosio em 2011, que de lá pra cá se espalhou e já foi realizada em países como Uruguai, Espanha e França, além de várias partes do Brasil. Seu lema é “traga o que quiser (ou nada) e leve o que quiser (ou nada)” e, dessa forma, acabam aparecendo o que as pessoas imaginam que possa fazer algum bem ao outro – de roupas a abraços, passando por brigadeiros e até massagens – tudo sem o envolvimento de dinheiro. A proposta, que já chegou a reunir cerca de 800 pessoas, é ajudar as pessoas a se livrarem do acúmulo excessivo de coisas e exercitar o desapego, seguindo a linha do chamado consumo colaborativo.

Eleita pela revista “Time” uma das dez ideias que vão mudar o mundo, a prática do consumo colaborativo, bastante difundida na Europa e nos EUA, vem ganhando corpo no Brasil e viabiliza a economia de dinheiro, espaço e tempo, além do surgimento de novas amizades por meio de ações como compartilhamento, escambo, empréstimo, negociação, locação, doação e troca. Segundo Rachel Botsman e Roo Rogers, autores do livro “O Que É Meu É Seu: Como o Consumo Colaborativo Vai Mudar o Nosso Mundo” (Bookman, 2011), em trecho do livro, “estes sistemas fornecem benefícios ambientais significativos ao aumentar a eficiência do uso, ao reduzir o desperdício, ao incentivar o desenvolvimento de produtos melhores e ao absorver o excedente criado pelo excesso de produção e de consumo”. (Leia mais sobre o consumo colaborativo nesta notícia do IS Dom Helder).

Inspirada pela movimentação de troca de figurinhas que já é tradicional na praça República do Líbano, no bairro São Bento, a especialista em educação ambiental e comunicação Maristela Rodrigues também idealizou uma feira que se enquadra na proposta. Chamada de “Projeto Seumeunosso”, propõe trocas de livros de literatura, que acontecem no primeiro e terceiro domingo de cada mês na praça JK, no Sion. “Eu fui procurando apoio de pessoas da vizinhança para viabilizar uma ideia que é muito simples: com uma tenda, mesas e cadeiras, as pessoas vêm, trazem o material que já não usam, levam outros e criam laços umas com as outras”.

Catalisador

Naquele mesmo grupo do Facebook em que Alcione soube o desfecho de uma história que começou na Feira Grátis da Gratidão, o evento é articulado. “A organização é horizontal e nós fazemos enquetes para decidir local, data e horário. Já tivemos edições nas praças Duque de Caxias, Floriano Peixoto e da Liberdade”, diz. O potencial de criação de vínculos que a internet proporciona é algo fundamental para a difusão do consumo colaborativo.

As redes sociais e tecnologias em tempo real contribuem diretamente para a superação de hábitos de hiperconsumo e são o grande trunfo do que acontece agora, se comparado a iniciativas análogas em outros momentos da história, de acordo com a pesquisadora e professora universitária Uiara Gonçalves de Menezes. “Iniciativas como as vendas de garagem norte-americanas ou o próprio movimento hippie já continham essa ideia contrária ao consumo excessivo. Porém, a internet as traz para um ambiente mais dinâmico e é capaz de pulverizar essas práticas, espalhando-as em proporções maiores”.

De várias maneiras

Desde a adolescência, a jornalista Gabriela Garcia, 24, é frequentadora de brechós. Para ela, sempre foi mais atraente a ideia de poder encontrar peças singulares, diferentes e, ainda por cima, com preços mais em conta. Quando se casou, no ano passado, buscou a mobília de sua casa em “topa-tudos” e antiquários. “Me interessava poder comprar barato e reformar. Isso acabou se tornando passeio de sábado com meu marido: sair em busca das peças, depois comprar tinta e outros materiais para ‘brincar de casinha’ e deixar as coisas com a nossa cara. Tudo aprendido com tutoriais da internet e muitos erros antes de acertar”, conta.

Quando veio a gravidez de Cora, hoje com dois meses, e a necessidade de ir para um apartamento maior, começou tudo outra vez, só que agora com enxoval da filha no pacote: comprar coisas novas, só em último caso. Coincidência ou não, um amigo um pouco mais velho, a apresentou a um grupo de compartilhamento de roupas de bebê. “Eles estão naquela idade em que todo mundo começa a ter neném mais ou menos simultaneamente, e como são coisas que perdem o uso muito fácil, decidiram ir passando uns pros outros. Eu recebi uma sacola cheia e a única condição para isso foi que eu passasse pra outra pessoa depois”, explica.

Além disso, Gabriela faz parte de dois grupos virtuais de estímulo ao consumo colaborativo: o “Reciclistas”, de doações e o “Enjoei Desapega”, um tipo de brechó online. “Para mim, acabou virando uma espécie de prazer ir descobrindo coisas pra trocar e doar. A ideia é essa, não ficar com nada parado. Não é uma forma de ganhar dinheiro, porque ninguém cobra demais. E cria uma certa confiança, já peguei indicações de diarista, maquiadora, tudo nesses grupos. E participei de encontros presenciais também. A gente cria laços”.

A troca vai além do material

Situado no coração de Belo Horizonte, o Guajajaras era, até poucos meses atrás, só mais um entre os vários escritórios de advocacia do centro da cidade. Com espaço de sobra, foi repaginado e reformulou sua proposta. “Eu e meu amigo Lucas, que é arquiteto e da família a quem o imóvel pertence, tentamos encontrar uma forma de aproveitar melhor aquele lugar, que fica em um super ponto da cidade, mas estava desperdiçado”, explica o publicitário Daniel Amarilho, membro do que acabou se tornando, mais do que um ambiente de coworking, uma comunidade criativa. “Nós queríamos ir além do simples aluguel de mesas e cadeiras e proporcionar o convívio, a troca de experiências”.

De adesão flexível – as pessoas podem comprar turnos isolados ou em conjunto ou ainda fazer pacotes mais longos – o Guajajaras também recebe eventos de pequeno porte e estão previstos workshops e palestras, a partir do próximo mês. 

Sofá amigo

O servidor público Marcelo Boaventura, 24, conheceu o CouchSurfing em uma viagem ao Rio de Janeiro, em 2008. A ideia de ser anfitrião de viajantes desconhecidos lhe pareceu muito mais extraordinária do que perigosa e, de lá pra cá, já hospedou cerca de 15 pessoas. “Meus pais não moram comigo, mas quando falo sobre o programa, eles ficam meio desconfiados com a ideia de hospedar pessoas que nunca vi na vida. Mesmo explicando que existe uma verificação dos dados e que as pessoas recebem referências positivas ou negativas a partir das interações, a desconfiança não passa, mas há uma diferença ideológica muito grande entre nós, o que torna a compreensão e aceitação mais difíceis”, conta.

Além disso, sua intenção é continuar investindo em iniciativas parecidas. “Eu sou daqueles que vive mais para as experiências do que para os produtos, o consumo em si. O abstrato sempre vale mais a pena do que o materialismo puro. Você se encontrar para trocar livros, por exemplo, é uma ótima ideia. Além de conseguir os livros, você acaba tendo uma conversa com alguém, que pode ser bastante interessante”, afirma.

Mas vai pegar?

Como o consumo em massa, experimentado pelos Estados Unidos no lá pós-Segunda Guerra, só vem sendo realidade no Brasil há cerca de dez anos, o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, Eduardo Rios Neto, acredita que pode demorar muito tempo até que isso se torne realmente uma tendência no país. “Precisamos ser materialistas primeiro, antes de partirmos para o pós-materialismo”, frisa.

No entanto, Uiara Gonçalves de Menezes, pesquisadora e professora de administração, aposta em outros motivos para a adesão dos brasileiros. “Entre as razões de proliferação podem estar a reação aos impactos ambientais do consumismo, o poder de influência das relações mediadas pela web ou mesmo pode ser uma forma de boicote a abusos de determinadas marcas”, cita.

Um estudo realizado pela Inventta Consultoria, empresa de gestão da inovação, diagnosticou que o consumo colaborativo vai se consolidar cada vez mais por aqui. O que não dá para mensurar é velocidade com que isso vai acontecer. “Vai depender de incentivos tanto da iniciativa privada, quanto de políticas públicas”, pondera Renato Silva, analista em projetos envolvido com a pesquisa.

Conheça algumas ferramentas:

Facebook: Existem vários grupos de troca e venda de produtos usados no Facebook, jogue na busca: Reciclistas; ESCAMBO BH; Troco ou dôo; fique atento aos grupos relacionados para encontrar outros que te atendam;

Bondsy: Aplicativo (para iOS) criado por um brasileiro que, ao se mudar para Nova York, resolveu levar o mínimo de coisas. A ferramenta permite trocar tudo por tudo (inclusive dinheiro, ou um jantar), mas só entre pessoas previamente conectadas;

Enjoei: Criado em 2010, o site enjoei.com.br tem curadoria, ou seja, os itens passam por uma seleção antes de serem disponibilizados para compra. Além disso, existe uma seção só de atendimento ao cliente e uma equipe encarregada de produzir os textos bem humorados para cada produto;

Trânsito: Os serviços de compartilhamento de carros são cada vez mais populares no mundo. Em terras brasileiras, ainda estão restritos a São Paulo e funcionam da seguinte forma: os carros ficam espalhados por vários pontos da cidade (principal diferença entre as locadoras tradicionais) e os usuários podem usá-los por pequenos períodos (a partir de 1h)

 

Fonte: O Tempo – Pampulha

Alta tecnologia, economia e sustentabilidade: entenda como funciona um carro híbrido


            

Em busca de um planeta mais sustentável, as empresas vêm estudando alternativas para adaptar as atividades que sempre realizam, para que passem a ser ecologicamente corretas. Em suma, buscas-se, já há algum tempo, soluções socialmente aceitas, economicamente plausíveis e que não prejudiquem o meio ambiente.

O carro híbrido é um exemplo. Ele é composto tanto por motor elétrico quanto a combustão, sendo que o primeiro garante uma redução de consumo de combustível, pelo fato de “auxiliar” o motor principal do carro. Todavia, já existem modelos como o Full Hybrid, que contam com um motor elétrico que atua sozinho, ou seja, sem o auxilio do motor movido à gasolina. Nestes casos, economiza-se no mínimo 20% de combustível.

Entretanto, diferentemente do Full Hybrid, o Mild Hybrid proporciona uma economia de até 20%. Além disso, ele conta com um motor elétrico que auxilia o outro movido a gasolina.

Falando em preço, os carros híbridos, que já são produzidos há 10 anos, não são considerados automóveis populares, mesmo porque custam cerca de 30% a mais que os convencionais. Apesar disso, suas vendas já alcançaram um milhão de unidades por todo o mundo e acredita-se que elas tendem a aumentar nos próximos cinco anos – a estimativa é que tripliquem, alcancem 2,87 milhões, segundo a consultoria Gartner.

Em relação às peças que compõe o carro híbrido temos:

Baterias – Elas armazenam energia ao motor elétrico, o qual pode fornecer ou remover energia ás baterias;

Transmissão – Apresenta a mesma finalidade que os modelos convencionais;

Gerador – é semelhante ao motor elétrico, porém opera de forma a produzir somente energia elétrica;

Motor elétrico – Ele pode atuar tanto como motor quanto como gerador de energia para as baterias, já que é composto por energia eletrônica;

Tanque de combustível – Armazena energia para o desempenho do motor à gasolina;

Motor a gasolina – São parecidos com o motor à gasolina dos outros carros, entretanto, diferem-se no quesito tamanho e tecnologia, pois são um pouco menores e contam com uma tecnologia mais avançada. Visam tanto reduzir a emissão de poluentes quanto aumentar a eficiência.

As peças do carro híbrido são menores e mais leves, sendo que estes dois fatores permitem que o automóvel funcione com menos cilindros. Seu motor, por exemplo, é menor, não necessitando assim, consumir uma energia adicional. Além disso, quando falamos em carros híbridos, nos referimos a um sistema de recuperação de energia cinética, o qual eleva a autonomia da bateria.

Fonte: http://www.dinamicambiental.com.br/blog

Laísa Mangelli

Forma e foco para comunicar sustentabilidade


Na era da comunicação em rede, proliferam alertas e informações que apoiam mudança de hábitos cotidianos e rumos da economia mais conectados aos limites ambientais do planeta e a uma sociedade inclusiva. Mas a tal da sustentabilidade ainda enfrenta barreiras de forma e foco dos discursos para engajar mais adeptos.

Esta semana, captei duas referências pelo Twitter que ajudam a repensar a comunicação para sustentabilidade. A primeira,  um artigo no Guardian Sustainable Business, escrito pelo diretor da Narrative Leadership Associates, vai direto ao ponto: “Sustentabilidade necessita de nova narrativa, entre a utopia e a catástrofe“. O título do texto (em inglês) faz referência aos filmes de Hollywood que vem explorando o tema -como Avatar, O Dia Depois de Amanhã e 2012 – e defende abordagens mais elucidativas, como em “Indomável Sonhadora”. Mas a crítica poderia servir também para outros produtos da mídia mais tradicional, desde matérias jornalísticas até conteúdo gerado por empresas e ONGs, que ao exagerar nas tintas do bem e do mal podem causar afastamento pelo temor ou pelo excesso de otimismo, longe da realidade desafiadora que envolve nosso futuro comum, em meio a interesses diversos.

As tecnologias digitais e a comunicação em rede vêm trazendo boas dicas de como diversificar a forma de construir e proliferar os diálogos. Neste sentido que destaco outra referência que me chamou atenção esses dias no Twitter: as discussões sobre clima e comunicação, reunidas em #climatecomms. Boas matérias, apps, fóruns de discussão, questionamentos, dados, autores, obras, eventos, ferramentas … enfim, referências de quem atua em comunicação no contexto das mudanças climáticas, que ajudam a entender o potencial de novos modos de comunicar e como a comunicação é parte indissociável da sustentabilidade.

Por: Ricardo Barretto

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