Escolas promovem eventos sócio cultural, ambiental e educativo


O Movimento Ecos 2017 atinge sua fase final conforme o regulamento para o encerramento do exercício desse ano, restando apenas duas atividades oficiais. Com isso, as equipes das escolas integrantes estão realizando as atividades e concluindo resultados e objetivos em seus projetos.

Entre os dias 17 a 30 de setembro de 2017, o Colégio Tiradentes, o Instituto de Educação de Minas Gerais e a Escola Estadual Pedro II, efetivaram atividades ligadas à arte, com intuito de enviar os seus “recados ambientais”. As intenções foram trabalhar em palco, números artísticos, musicais e peças teatrais que pudessem atentar a sociedade sobre questões que vem prejudicando toda a biosfera.

O Instituto de Educação de Minas Gerais, coordenado pela professora Marília Pereira, apresentou em seu belo auditório de convenções uma peça que traz a trama de uma história sobre o comportamento da nova sociedade, seus abscessos, escolhas, confrontos e consumo, envolvendo-se com toda a problemática ambiental vigente. O público alvo foi adultos, jovens e crianças que tiveram o privilégio de assistir o espetáculo em vários horários de apresentação durantes as manhãs, tardes e noite.

O Colégio Tiradentes (unidade Argentino Madeira), juntamente com a Escola Pedro II organizaram o evento sócio-cultural e ambiental, coordenados pelo professor Robson de Andrades Pereira e a professora Cristiane atual diretora. Os alunos fizeram apresentações no Salão cultural da Ala Bandeirante de ABUCSUD, Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias. As apresentações contaram com cenário completo. As apresentações dos jovens dessas escolas comoveram toda a platéia presente, composta por jovens alunos das escolas, familiares e comunidades religiosas.

O professor Elmo Júlio de Miranda, um dos representantes do Movimento Ecos, os alunos da Dom Hélder Escola de Direito, apoiadora do Movimento, Júlia Reis, Larissa Martins e Marlon, estiveram presentes em todos os eventos.

“Essa arte recriada e levada por esses jovens nos eventos vem sendo de grande riqueza para que a nova geração perceba que são necessárias mudanças de atitudes, revisão no estabelecimento dos valores e mudanças de hábitos”, disse o professor Elmo.

“Estive presente e me comovi com todas essas apresentações, e percebo que o Movimento Ecos, cada vez mais hasteia a bandeira de que realmente junto nós podemos”, concluiu o professor com a equipe de monitores presentes em um dos eventos.

Publicado em: ECOS

Movimento Ecos avalia preparativos para a IV Caminhada Ecológica


No último sábado (16), a coordenação do Movimento Ecos reuniu-se com monitores e representantes das escolas parceiras para avaliar os preparativos para a IV Caminhada Ecológica em prol do meio ambiente, que será realizada no dia 21 de outubro, em Belo Horizonte.

O trajeto dos manifestantes e a segurança do evento foram alguns dos pontos discutidos. De acordo com o professor Elmo Júlio Miranda, que integra a comissão organizadora, a caminhada será acompanhada pela Polícia Militar, Guarda Municipal, BHTrans, Corpo de Bombeiros e também pela Polícia Civil.

Trajeto 

A concentração terá início às 8h30, na Praça da Liberdade. Em seguida, os manifestantes seguem até a Praça da Assembleia, no bairro Santo Agostinho. “Durante a reunião, concretizamos os elementos necessários para o êxito do evento”, afirmou Elmo.

Alegorias

Os participantes da reunião também discutiram a fabricação de alegorias, abordando temas como a água, energia e reciclagem, e as apresentações artísticas que serão realizadas no dia do evento. Fanfarras e bandas de música já confirmaram presença. Será realizada também a eleição do Garoto e da Garota Ecos, representados por alunos das escolas devidamente estilizados, refletindo os temas de seus projetos.

Publicado em: ECOS

Projetos das grandes companhias de petróleo contrariam objetivos climáticos


Plataforma da Shell diante da costas de Hartlepool, na Inglaterra, em maio de 2017. (AFP)

Os projetos das grandes companhias de petróleo para investir quase US$ 5 trilhões em exploração contrariam os objetivos da luta contra o aquecimento global, destaca um relatório publicado nesta terça-feira, pela ONG Global Witness.

Estes projetos “estão muito longe de ser compatíveis com o objetivo de +1,5 grau”, são contrários ao que “necessitamos”, considerou Murray Worthy, principal autor do relatório da Global Witness.

Enquanto as emissões de gases do efeito estufa seguem aumentando, os pesquisadores do Grupo Intergovernamental de Especialista sobre a Mudança Climática (GIEC) acionaram o alarme em outubro.

Segundo este organismo da ONU, o objetivo do Acordo de Paris de limitar a elevação da temperatura global a 1,5 grau em relação à era pré-industrial só poderá ser obtido com uma mudança da sociedade, o que passa por uma redução drástica do consumo de petróleo, gás e carvão.

Apesar disto, os gigantes do gás e do petróleo preveem investir trilhões de dólares na exploração e no desenvolvimento de novos campos nas próximas décadas.

A Global Witness compara as conclusões do GIEC às previsões de investimentos dos analistas de mercado e das empresas.

A ONG, do mesmo modo que a GIEC, rejeita a relevância da captura e do armazenamento do carbono (CCS), uma tecnologia que segundo os gigantes do petróleo permitirá seguir utilizando as energias fósseis ao reabsorver o CO2 lançado na atmosfera.

“Descartada esta parte, é preciso reduzir [a produção] do petróleo em 40% até 2030”, afirma Worthy, advertindo que a produção crescerá 12%.

“Os planos da indústria de energias fósseis são incompatíveis com um clima seguro e habitável”, concluiu Worthy.

AFP

Encontro de formação define plano de ação de bolsistas


Foto: Bárbara Teixeira

O Campeonato de Matemática e a Pegada Ambiental 2019 foram destaques do terceiro encontro de formação dos bolsistas EcoDom, realizado nos dias 22 e 23 de abril, quando foram discutidas a avaliação e o desempenho dos estudantes junto das escolas e detalhadas as tarefas para o próximo mês.

O Coordenador do Movimento EcoDom, Francisco Haas, apresentou o Campeonato Estadual de Matemática, ressaltando a importância desta atividade para o EcoDom, do prazo para a inscrição das escolas e dos prêmios – como a viagem à NASA da dupla vencedora e das 70 bolsas de estudos para os cursos de Engenharia Civil e Ciência da Computação. Lembrou mais uma vez da importância dos bolsistas para o sucesso do EcoDom que neste ano vai atuar em 150 escolas Estaduais da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O professor José Cláudio Junqueira, mentor da Pegada Ambiental, anunciou que irá premiar a equipe que mais se destacar no projeto, como forma de incentivar o empenho e o envolvimento das equipes de cada escola. Os ganhadores terão a oportunidade de conhecer um dos maiores centros de diversidade ecológica do Brasil, a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. As inscrições para participar da Pegada já estão abertas no portal do EcoDom.

Para o próximo mês, os bolsistas terão que aplicar as provas de seleção do Campeonato Estadual de Matemática (CEM), no dia 23 de maio, em suas respectivas escolas. As provas serão repassadas em envelope lacrado, que será aberto no momento da aplicação do teste. Cada prova terá o gabarito com o nome do candidato impresso no cabeçalho.

No final dos encontros, os bolsistas se reuniram com seu professor nucleador para definir as próximas tarefas. É importante ressaltar que a primeira tarefa, o diagnóstico, será encerrado em 30 de abril. A segunda tarefa já foi definida e pode ser consultada no portal.

Outra tarefa adicionada aos bolsistas foi a de realizar registros fotográficos das práticas dos projetos socioambientais. As imagens serão enviadas para a divulgação nas redes sociais do Projeto EcoDom. Além das fotos já feitas e enviadas aos professores, agora os bolsistas têm a liberdade de postar as fotos em suas redes sociais para, consequentemente, serem compartilhadas.

Bárbara Teixeira – Equipe EcoDom

 

Jovem ambientalista sueca tem reunião com papa Francisco


A ativista sueca convocou os jovens “para pressionar as pessoas no poder e as gerações mais velhas”. (Reuters)

A jovem militante sueca que alerta sobre a crise climática Greta Thunberg e o papa Francisco se reuniram no Vaticano, depois da audiência-geral do sumo pontífice.

“O Santo Padre agradeceu e encorajou Greta Thunberg por seu compromisso com a defesa do meio ambiente”, disse o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti.

Os dois deram um aperto de mão e a menina sueca de 16 anos agradeceu ao papa “por seus esforços em favor da defesa do planeta” com sua encíclica “Laudato si” dedicada a esse tópico.

“Eu me encontrei com o papa Francisco hoje e agradeci a ele por falar claramente sobre a crise climática e ele me disse para continuar com o meu compromisso”, escreveu Greta Thunberg no Facebook.

Por tradição, depois de cada audiência-geral, o Papa se encontra com algumas dezenas de pessoas com quem ele troca algumas palavras, como fez com Greta Thunberg.

Greta Thunberg inspirou milhares de jovens na Europa que se manifestaram nas últimas semanas para alertar sobre a urgência de lutar contra as mudanças climáticas.

Ela afirmou que a janela de oportunidade para combater esse problema não permanecerá aberta por muito tempo, ao falar no Parlamento Europeu.

“Os políticos europeus devem agir agora, já que não há muito tempo”, afirmou a adolescente de 16 anos falando à imprensa na sede parlamentar em Estrasburgo (nordeste da França).

“Ainda temos uma janela aberta durante a qual podemos agir, mas ela não ficará aberta por muito tempo, por isso devemos aproveitar essa oportunidade”, acrescentou.

Thunberg, que ainda não tem o direito de votar, considerou essencial votar nas eleições para o Parlamento Europeu de 23 a 26 de maio para “aproveitar essa oportunidade para influenciar” o debate sobre o tema.

Com as greves da escola chamadas “Sexta para o Futuro”, Thunberg inspirou um movimento global que começou com seu protesto solitário em agosto passado em frente ao Parlamento sueco.

Desde então, dezenas de milhares de estudantes da Europa, Austrália, Uganda, México e Estados Unidos fazem greves toda semana para exigir medidas ambientais das autoridades.

A ativista sueca convocou os jovens “para pressionar as pessoas no poder e as gerações mais velhas”.

“É uma ótima oportunidade para enviar uma mensagem e falar em nome de jovens que compartilham as mesmas preocupações que eu tenho sobre a crise climática”, acrescentou.

AFP

Japão ameaça fechar reatores nucleares vulneráveis a atos de terrorismo


A decisão foi da Autoridade Nuclear do Japão (POOL/AFP/Arquivos)

A Autoridade Nuclear do Japão ameaçou nesta quarta-feira as empresas de energia elétrica com a possibilidade de fechar os reatores nucleares que não cumpram as normas contra o risco de acidentes provocados por um atentado.

O presidente da Autoridade, Toyoshi Fuketa, afirmou que “os prazos atribuídos inicialmente para as obras de conformidade com as normas tendem a não ser respeitados”.

As normas de segurança das centrais nucleares japonesas foram reformadas e reforçadas em 2013, após o acidente da central de Fukushima, em 11 de março de 2011, provocado por um tsunami.

AFP

Pesquisa associa as ondas de calor simultâneas às mudanças climáticas antropogênicas


Bombeiros combatem um incêndio florestal em Valparaiso, um dos piores já registrados no Chile. (Raul Zamora/ AFP)

Muitas pessoas se lembrarão no verão passado – não apenas na Suíça, mas também em grandes partes do resto da Europa, assim como na América do Norte e na Ásia. Múltiplos lugares ao redor do mundo experimentaram calor tão severo que pessoas morreram de insolação, geração de energia teve que ser reduzida, trilhos e estradas começaram a derreter, e as florestas pegaram fogo. O que realmente preocupa nessa onda de calor foi que ela afetou não apenas uma área, como a região do Mediterrâneo, mas várias entre as zonas temperadas e o Ártico ao mesmo tempo.

Os pesquisadores da ETH concluíram que a única explicação de por que o calor afetou tantas áreas ao longo de vários meses é a mudança climática antropogênica. Estas são as conclusões do recente estudo que a pesquisadora climática da ETH, Martha Vogel, apresentou ontem na conferência de imprensa da União Europeia de Geociências, em Viena. O artigo resultante deste estudo está atualmente em revisão para uma publicação acadêmica.

Analisando modelos e observações

No estudo, Vogel, membro da equipe da professora ETH Sonia Seneviratne, examinou as áreas do hemisfério norte ao norte da 30ª latitude que sofreram calor extremo simultaneamente de maio a julho de 2018. Ela e seus colegas pesquisadores concentraram-se em regiões agrícolas e áreas densamente povoadas. Além disso, eles analisaram como as ondas de calor de larga escala devem mudar como conseqüência do aquecimento global.

Para explorar esses fenômenos, os pesquisadores analisaram dados baseados em observações de 1958 a 2018. Eles investigaram simulações de modelos de última geração para projetar a extensão geográfica que as ondas de calor poderiam alcançar até o final do século, se as temperaturas continuarem a subir.

Aumento maciço nas áreas afetadas pelo calor intenso

Uma avaliação dos dados do verão quente do ano passado revela que, em um dia médio de maio a julho, 22% das terras agrícolas e áreas povoadas no Hemisfério Norte foram atingidas simultaneamente por temperaturas extremamente altas. A onda de calor afetou pelo menos 17 países, do Canadá e dos Estados Unidos à Rússia, Japão e Coréia do Sul.

Ao estudar os dados de medição, os pesquisadores perceberam que essas ondas de calor de larga escala surgiram no hemisfério norte em 2010, depois em 2012 e novamente em 2018. Antes de 2010, no entanto, os pesquisadores não encontraram exemplos de grandes áreas. sendo afetado simultaneamente pelo calor.

Extremos de calor generalizados cada vez mais prováveis

Os cálculos de modelo confirmam essa tendência. À medida que a terra se torna mais quente, extremos de calor generalizados tornam-se cada vez mais prováveis. De acordo com as projeções do modelo, cada grau de aquecimento global fará com que a área de terra nas principais regiões agrícolas ou áreas densamente povoadas no Hemisfério Norte, que é simultaneamente afetada pelo calor extremo, cresça em 16%. Se as temperaturas globais subirem a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, então um quarto do hemisfério norte experimentará um verão tão quente quanto o verão de 2018 a cada dois dos três anos. Se o aquecimento global atingir 2 graus, a probabilidade de Um período de calor extremo aumenta para quase 100%. Em outras palavras, a cada ano o calor extremo afetará uma área tão grande quanto a onda de calor 2018.

“Sem a mudança climática que pode ser explicada pela atividade humana, não teríamos uma área tão grande sendo afetada simultaneamente pelo calor como fizemos em 2018”, diz Vogel. Ela está alarmada com a perspectiva de calor extremo atingindo uma área tão grande quanto em 2018 a cada ano se as temperaturas globais subirem 2 graus: “Se no futuro mais e mais regiões agrícolas e áreas densamente povoadas forem afetadas por ondas de calor simultâneas, teria consequências graves ”.

Calor coloca a segurança alimentar em risco

O Professor Seneviratne acrescenta: “Se múltiplos países são afetados por esses desastres naturais ao mesmo tempo, eles não têm como se ajudar mutuamente.” Isso foi ilustrado em 2018 pelos incêndios florestais na Suécia: naquela época, vários países puderam ajuda com infra-estrutura de combate a incêndios. No entanto, se muitos países estiverem enfrentando grandes incêndios ao mesmo tempo, eles não poderão mais apoiar outros países afetados.

A situação do fornecimento de alimentos também pode se tornar crítica: se amplas extensões de áreas vitais para a agricultura forem atingidas por uma onda de calor, as colheitas poderão sofrer perdas maciças e os preços dos alimentos disparariam. Qualquer um que ache essas suposições excessivamente pessimistas faria bem em relembrar a onda de calor que assolou a Rússia e a Ucrânia em 2010: a Rússia interrompeu completamente todas as suas exportações de trigo, o que elevou o preço do trigo no mercado global. No Paquistão, um dos maiores importadores de trigo russo, o preço do trigo subiu 16%. E como o governo paquistanês cortou os subsídios alimentares ao mesmo tempo, a pobreza aumentou 1,6%, de acordo com um relatório da organização humanitária Oxfam.

“Tais incidentes não podem ser resolvidos por países individuais agindo por conta própria. Em última análise, eventos extremos que afetam grandes áreas do planeta podem ameaçar o fornecimento de alimentos em outros lugares, até mesmo na Suíça ”, enfatiza Seneviratne.

Ela continuou apontando que a mudança climática não se estabilizará se não nos esforçarmos mais. Atualmente, estamos em curso para um aumento de temperatura de 3 graus. O Acordo de Paris visa um máximo de 1,5 graus. “Já estamos sentindo claramente os efeitos apenas do ponto em que a temperatura média global aumentou desde a era pré-industrial”, diz Seneviratne.

Artigo citado:

Vogel MM, Zscheischler J, Wartenburger R, Dee D, Seneviratne SI. Concurrent 2018 hot extremes across Northern Hemisphere due to human-induced climate change. Earth’s Future, em revisão.

* Com informações da European Geosciences Union General Assembly, Press Meeting.

EcoDebate

Equipes EcoDom iniciam diagnóstico das escolas


Por Lívia Gonçalves

O Projeto EcoDom, iniciou com tudo! Todas as escolas estaduais do ensino médio, cadastradas iniciaram a primeira tarefa proposta. Significa que, até 30 de abril de 2019, o diagnóstico de cada escola deverá ser encaminhado para análise da banca examinadora. Mas o que é esse diagnóstico? O diagnóstico é o conhecimento do ambiente escolar pelos próprios alunos. Pode-se dizer que é um exame detalhado de cada espaço da escola do ponto de vista da equipe EcoDom. A partir do estudo desse ambiente é que poderá ser proposto um projeto socioambiental para suprir as necessidades encontradas na escola.

Após a formação de cada equipe, os alunos integrantes deverão descrever as características físicas da escola, sua localização, quantificar seu corpo docente, discente e, em seguida, detalhar quantitativa e qualitativamente cada elemento que compõe comunidade escolar.

Sob a perspectiva da sustentabilidade, o diagnóstico tem a função de desenvolver nos alunos o sentimento de pertencimento ao ambiente escolar, ao mesmo tempo em que serve de base concreta para definir o plano de atuação para o Projeto EcoDom, além de estabelecer as bases para a avaliação da Pegada Ambiental, que permitirá a certificação das instituições ao final do ano. Por tal importância, os dados descritos no diagnóstico devem ser precisos, para não comprometer os outros trabalhos desenvolvidos.

A professora orientadora da equipe da Escola Geraldo Jardim Linhares, Aracele Maria De Souza, conta em entrevista a experiência da escola no EcoDom, em 2018, as mudanças feitas na instituição e a expectativa da equipe EcoDom para 2019.

Qual experiência da Escola Geraldo Jardim Linhares no Projeto EcoDom 2018?

Nossa escola alcançou, em 2018, o 21º lugar na competição sem nunca ter o histórico de participar de um evento como este. Os alunos se mostraram dedicados, comprometidos e pudemos notar o surgimento de um espírito de trabalho em equipe, da excelente disciplina e de um outro olhar para o mundo. Outra grande experiência deste projeto foi com a horta escolar, na qual foram cultivados legumes que, posteriormente, compuseram as merendas escolares.

A escola percebeu alguma mudança de comportamento dos alunos?

Com o desenvolvimento do Projeto EcoDom na escola, no decorrer do ano de 2018, observamos que trabalhar com temas como economia de água, economia de energia, reciclagem de resíduos, entre outros, introduz nos alunos uma conscientização que leva à mudança de hábitos no ambiente escolar. É perceptível a responsabilidade desses alunos em fazer algo pelo meio ambiente, além de postura atenta em cuidar, preservar e racionalizar os recursos ambientais. Pequenas atitudes – como se preocupar com a torneira ligada ao lavar a área externa da escola e acúmulo de lixo orgânico produzido – são algumas questões levantadas pelos alunos durante as aulas de biologia.

Qual a sua expectativa como professora orientadora da equipe para o Projeto EcoDom 2019?

Espero despertar maior consciência crítica sobre as questões ambientais, envolvendo toda a escola (corpo docente, discente, direção e demais funcionários) na participação de atividades criativas, como oficinas, palestras e gincanas que envolvam o tema da educação ambiental. Ao final, pretende-se desenvolver em todos consciência ampla e crítica da educação ambiental.

 

Edição: Bárbara Teixeira e Pablo Pires – Equipe EcoDom

‘Coquetel’ com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios


São Paulo, Rio de Janeiro e outras 1.300 cidades acharam agrotóxicos na rede de abastecimento. (AFP)

Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.

Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.

Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos, pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do país.

Embora se trate de informação pública, os testes não são divulgados de forma compreensível para a população, deixando os brasileiros no escuro sobre os riscos que correm ao beber um copo d’água. Em um esforço conjunto, a Repórter Brasil, a Agência Pública e a organização suíça Public Eye fizeram um mapa interativo com os agrotóxicos encontrados em cada cidade. O mapa revela ainda quais estão acima do limite de segurança de acordo com a lei do Brasil e pela regulação europeia, onde fica a Public Eye.

Saiba o nível de contaminação da sua cidade clicando na imagem abaixo.

O retrato nacional da contaminação da água gerou alarde entre profissionais da saúde. “A situação é extremamente preocupante e certamente configura riscos e impactos à saúde da população”, afirma a toxicologista e médica do trabalho Virginia Dapper. O tom foi o mesmo na reação da pesquisadora em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará, Aline Gurgel: “dados alarmantes, representam sério risco para a saúde humana”.

Entre os agrotóxicos encontrados em mais de 80% dos testes, há cinco classificados como “prováveis cancerígenos” pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e seis apontados pela União Europeia como causadores de disfunções endócrinas, o que gera diversos problemas à saúde, como a puberdade precoce.  Do total de 27 pesticidas na água dos brasileiros, 21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e ao meio ambiente.

A falta de monitoramento também é um problema grave. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes na sua água entre 2014 e 2017.

Coquetel tóxico

A mistura entre os diversas químicos foi um dos pontos que mais gerou preocupação entre os especialistas ouvidos. O perigo é que a combinação de substâncias multiplique ou até mesmo gere novos efeitos.  Essas reações já foram demonstradas em testes, afirma a química Cassiana Montagner. “Mesmo que um agrotóxico não tenha efeito sobre a saúde humana, ele pode ter quando mistura com outra substância”, explica Montagner, que pesquisa a contaminação da água no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo. “A mistura é uma das nossas principais preocupações com os agrotóxicos na água”.

Os paulistas foram os que mais beberam esse coquetel nos últimos anos. O estado foi recordista em número de municípios onde todos os 27 agrotóxicos estavam na água. São mais de 500 cidades, incluindo a grande São Paulo – Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André e Osasco – além da própria capital. E algumas das mais populosas, como Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Sorocaba. O Paraná foi o segundo colocado, com coquetel presente em 326 cidades, seguido por Santa Catarina e Tocantins.

Os especialistas falam muito sobre a “invisibilidade” do efeito coquetel. As políticas públicas não monitoram a interação entre as substâncias porque os estudos que embasam essas políticas não apontam os riscos desse fenômeno. “Os agentes químicos são avaliados isoladamente, em laboratório, e ignoram os efeitos das misturas que ocorrem na vida real”, diz a médica e toxicologista Dapper.

Por isso, ela lamenta, as pessoas que já estão desenvolvendo doenças em decorrência dessa múltipla contaminação provavelmente nunca saberão a origem da sua enfermidade. Nem os seus médicos.

Questionado sobre quais medidas estão sendo tomadas, o Ministério da Saúde enviou respostas por email reforçando que “a exposição aos agrotóxicos é considerada grave problema de saúde pública” e listando efeitos nocivos que podem gerar “puberdade precoce, aleitamento alterado, diminuição da fertilidade feminina e na qualidade do sêmen; além de alergias, distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, neurológicos e neoplasias” (Leia a íntegra das respostas do Ministério da Saúde).

A resposta, porém, ressalta que ações de controle e prevenção só podem ser tomadas quando o resultado do teste ultrapassa o máximo permitido em lei. E aí está o problema: o Brasil não tem um limite fixado para regular a mistura de substâncias.

“O esforço deve ser na prevenção porque o sistema de tratamento convencional não é capaz de remover os agrotóxicos da água”, diz Rubia Kuno, da Cetesb

Essa é uma das reivindicações dos grupos que pedem uma regulação mais rígida para os agrotóxicos. “É um absurdo esse problema ficar invisível no monitoramento da água e não haver ações para controlá-lo”, afirma Leonardo Melgarejo, engenheiro de produção e membro da Campanha Nacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida “Se detectar diversos agrotóxicos, mas cada um abaixo do seu limite individual, a água será considerada potável no Brasil. Mas a mesma água seria proibida na França”.

Ele se refere à regra da União Europeia que busca restringir a mistura de substâncias: o máximo permitido é de 0,5 microgramas em cada litro de água – somando todos os agrotóxicos encontrados. No Brasil, há apenas limites individuais. Assim, somando todos os limites permitidos para cada um dos agrotóxicos monitorados, a mistura de substâncias na nossa água pode chegar a 1.353 microgramas por litro sem soar nenhum alarme. O valor equivale a 2.706 vezes o limite europeu.

Foto: Shutterstock

O risco das pequenas quantidades

Mesmo quando se olha a contaminação de cada agrotóxico isoladamente, o quadro preocupa. Dos 27 agrotóxicos monitorados, 20 são listados como altamente perigosos pela Pesticide Action Network, grupo que reúne centenas de organizações não governamentais que trabalham para monitorar os efeitos dos agrotóxicos.

Mas, aos olhos da lei brasileira, o problema é pequeno. Apenas 0,3% de todos os casos detectados de 2014 a 2017 ultrapassaram o nível considerado seguro para cada substância. Mesmo considerando os casos em que se monitora dez agrotóxicos proibidos no Brasil, são poucas as situações em que a presença deles na água soa o alarme.

E esse é o segundo alerta feito por parte dos pesquisadores: os limites individuais seriam permissivos. “Essa legislação está há mais de 10 anos sem revisão, é muito atraso do ponto de vista científico” afirma a química Montagner. “É como usar uma TV antiga, pequena e preto e branco, quando você pode ter acesso a uma HD de alta definição”.

Ela se refere a pesquisas mais recentes sobre os riscos do consumo frequente e em quantidades menores, um tipo de contaminação que não gera reações imediatas. “Talvez certo agrotóxico na água não leve 15% da cidade para o hospital no mesmo dia. Mas o consumo contínuo gera efeitos crônicos ainda mais graves, como câncer, problemas na tireoide, hormonal ou neurológico”, alerta Montagner. “Já temos evidências científicas, mas a água contaminada continua sendo considerada como potável porque não se olha as quantidades menores”, afirma.

Em resposta a essa crítica, um grupo de trabalho foi criado pelo Ministério da Saúde para rever os limites da contaminação. “Estamos fazendo um trabalho criterioso”, afirma Ellen Pritsch, engenheira química e representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental no grupo. Segundo ela, pesquisas internacionais e regulações de outros países estão sendo levados em conta. Criado em 2014, a previsão é que os trabalhos sejam concluídos em setembro.

Pelo menos 144 cidades detectaram o mesmo pesticida de modo contínuo durante os quatro anos de medições seguidos, segundo os dados. Mais uma vez, São Paulo é o recordista desse fenômeno de intoxicação. Especialistas ouvidos pela reportagem apontam o uso de pesticidas na produção de cana de açúcar como a provável origem para a larga contaminação do estado. “A cultura da cana é a que tem mais herbicidas registrados. Como São Paulo é um dos maiores produtores de cana, isso justifica sua presença elevada [de pesticidas na água]”, afirma Kassio Mendes, coordenador do comitê de qualidade ambiental da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas.

O diuron, um dos principais herbicidas usados pelo setor, foi detectado em todos os testes feitos na água dos mananciais das regiões onde mais se cultiva cana no estado, segundo dados de 2017 da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A substância é uma das apontadas como provável cancerígena pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

São Paulo é o estado recordista no número de cidades com contaminação contínua e onde todos os 27 agrotóxicos estavam na água

De que é a responsabilidade?

Depois de contaminada, são poucos os tratamentos disponíveis para tirar o agrotóxico da água. “Alguns filtros são capazes de tirar alguns tipos de agrotóxicos, mas não há um que dê conta de todos esses”, afirma Melgarejo. “A água mineral vem de outras fontes, mas que são alimentadas pela água que corre na superfície, então eventualmente também serão contaminadas”.

O trabalho preventivo, ou seja, evitar que os agrotóxicos cheguem aos mananciais, deveria ser primordial, afirma Rubia Kuno, gerente da divisão de toxicologia humana e saúde ambiental da Cetesb. “O esforço deve ser na prevenção porque o sistema de tratamento convencional não é capaz de remover os agrotóxicos da água”, afirma.

É grande o debate sobre a complexidade em se enfrentar o problema, mas é difícil encontrar quem está assumindo a responsabilidade.

A reportagem procurou as secretarias do Meio Ambiente, Agricultura e Saúde  e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para entender quais ações são tomadas no estado com o maior índice de contaminação. As respostas foram dadas pela Sabesp e pela assessoria do meio ambiente com informações técnicas sobre o monitoramento. Nem as secretarias nem a empresa esclareceram o que está sendo feito para controlar ou prevenir o problema. (respostas na íntegra da Sabesp e da Secretaria do Meio Ambiente)

O Ministério da Saúde diz que a vigilância sanitária dos municípios e dos estados deve dar o alerta aos prestadores de serviços de abastecimento de água para que tomem as providências de melhoria no tratamento da água. “Caso os dados demonstrem que o problema ocorre de forma sistemática, é preciso buscar soluções a partir da articulação com os demais setores envolvidos, como órgãos de meio ambiente, prestadores de serviço e produtores rurais”, diz a nota enviada pelo órgão.

Questionado sobre quais ações estão sendo tomadas, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), que representa os produtores de agrotóxicos, fez uma defesa sobre a segurança dos pesticidas. Em nota, o grupo afirma que a avaliação feita pela Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura garante que eles são seguros ao trabalhador, população rural e ao meio ambiente “sempre que utilizados de acordo com as recomendações técnicas aprovadas e indicadas em suas embalagens”.

O sindicato afirma que a aplicação correta dos produtos no campo é um desafio e atribui a responsabilidade aos trabalhadores que aplicam os pesticidas. “O setor de defensivos agrícolas realiza iniciativas para garantir a aplicação correta de seus produtos, uma vez que alguns problemas estruturais da agricultura como a falta do hábito da leitura de rótulo e bula e analfabetismo no campo trazem um desafio adicional de cumprimento às recomendações de uso” (respostas na íntegra).

Ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil as empresas que produzem agrotóxicos não se envolvem com o monitoramento da água, que é custeado pelos cofres públicos e pelas empresas de abastecimento.

Em Santa Catarina, que está entre os três estados com maior contaminação, o Ministério Público Estadual chamou a responsabilidade de prefeituras, secretarias estaduais, concessionárias de água, agências reguladoras e sindicatos de produtores e trabalhadores rurais. A iniciativa partiu dos resultados de um estudo inédito que encontrou agrotóxicos na água de 22 municípios. “Alertamos todos os órgãos públicos e privados envolvidos para buscar soluções, é preciso aplicar medidas corretivas para diminuir os riscos dos cidadãos”, diz a promotora Greicia Malheiros, responsável pela investigação. A iniciativa teve início em março desse ano e ainda não tem resultados.

Mais do que remediar a contaminação da água, a coordenadora técnica do estudo, a engenheira química Sonia Corina Hess, defende a proibição do uso dos pesticidas que oferecem maior risco. Das substâncias encontradas em seu estudo no estado catarinense, sete estão proibidas na União Europeia por oferecer risco à saúde humana. “Tem que proibir o que é proibido lá fora, tem que proibir o que é perigoso. Se faz mal para eles porque no Brasil é permitido?”, questiona.

Perigoso na Europa, permitido no Brasil

O controle da água feito pelo Brasil também está distante dos parâmetros da União Europeia. Com o objetivo de eliminar a contaminação, o continente fixou a concentração máxima na água em 0,1 micrograma por litro – valor que era o mínimo detectável quando a regulação foi criada.

Para descobrir como a água do Brasil seria avaliada pelo padrão europeu, a organização Public Eye classificou os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde segundo o critério daquele continente. Alguns dos agrotóxicos mais perigosos ultrapassaram os limites europeus em mais de 20% dos testes. Entre eles, o glifosato e o mancozebe, ambos associados a doenças crônicas, e o aldicarbe, proibido no Brasil e classificado pela Anvisa como “o agrotóxico mais tóxico registrado no país, entre todos os ingredientes ativos utilizados na agricultura”.

O glifosato é o caso mais revelador sobre as peculiaridades do Brasil na regulação sobre agrotóxicos. Classificado como “provável carcinogênico” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde, o pesticida está sendo discutido em todo o mundo. Há milhares de pacientes com câncer processando os fabricantes nos Estados Unidos – e vencendo nos tribunais – além de protestos e petições pedindo a sua proibição na Europa. Não há consenso, entre as agências reguladoras, sobre sua classificação. No Brasil, que oficialmente colocou a substância em revisão desde 2008, o Ministério da Agricultura liberou novos registrospara a venda de glifosato no início deste ano. O pesticida passou a ser vendido em novas formas, quantidades e por número maior de fabricantes.

Nos testes com a água do país, a controversa substância foi a que mais ultrapassou a margem de segurança segundo o critério da União Europeia: 23% dos casos acima do limite. Pela lei brasileira, o glifosato foi um dos que menos soou o alarme: apenas 0,02% dos testes ultrapassaram o nosso limite.

“Isso é um escândalo de saúde pública. Nós colocamos o limite alto, lá na estratosfera, e aí comemoramos que temos uma água segura”, questiona a pesquisadora Larissa Bombardi, professora de geografia na Universidade de São Paulo e autora de um atlas que compara a lei brasileira e europeia no controle dos agrotóxicos. Seu estudo revela como nossos limites chegam a ser 5 mil vezes mais altos que os europeus.  O caso mais grave é o do glifosato: enquanto na Europa é permitido apenas 0,1 miligramas por litro na água, aqui no Brasil a legislação permite até 500 miligramas por litro.

Como o glifosato é o agrotóxico mais vendido no país, e também o que tem o limite mais generoso para presença na água, Bombardi lança suspeitas sobre os critérios usados: “no caso do glifosato é realmente difícil encontrar justificativa científica, parece ser mais uma decisão política e econômica”. O pesticida foi o mais consumido em 2017 no Brasil com 173 mil toneladas vendidas, segundo o Ibama. O volume corresponde a 22% das estimativas de vendas para esse químico em todo o mundo no mesmo ano – o que faz do Brasil um importante mercado para as fabricantes, entre elas as gigantes Syngenta e a Monsanto – comprada pela Bayer no ano passado.

Limites generosos

A larga diferença entre os limites fixados pela União Europeia e pelo Brasil é um dos principais argumentos dos críticos do uso da substância no Brasil. “Essa diferença só pode se dar por dois motivos. Ou porque nossa sociedade é mais forte, somos seres mais resistentes aos agrotóxicos. Ou mais tola, porque estamos sendo ingênuos quanto aos riscos que corremos”, provoca Melgarejo, da Campanha Contra os Agrotóxicos.

A engenheira química Ellen Pritsch, representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental no grupo de trabalho que reavalia os limites dos pesticidas na água, discorda. Para ela, os atuais limites são seguros e foram fixados com embasamento científico. “O critério brasileiro é dez vezes menor do que o efeito que geraria problema. Então, mesmo que seja encontrado um percentual acima esse valor, ainda assim seria menor [estaria abaixo do risco]”, afirma.

“Isso é um escândalo de saúde pública. Nós colocamos o limite alto, lá na estratosfera, e aí comemoramos que temos uma água segura”, diz a pesquisadora Larissa Bombardi

Antes de aprovar os registros dos agrotóxicos, as empresas fabricantes entregam estudos com testes feitos com animais em laboratórios. O Sindiveg, sindicato da indústria de fabricantes de pesticidas, defende que esses estudos são o suficiente para avaliar os riscos das substâncias. “São estudos de bioconcentração em peixes e micro-organismo, algas e organismos do solo, abelhas, microcrustáceos, peixes e aves”, afirma nota enviada pelo Sindiveg em resposta às perguntas da reportagem (Leia na íntegra).

A principal reivindicação dos grupos que fazem campanha pelo controle dos agrotóxicos é por mais restrição e até pela proibição de alguns dos pesticidas hoje aprovados no país, como a atrazina, o acefato e o paraquate, que são campeões de venda no Brasil, mas proibidos na União Europeia.

Chamada à Câmara para explicar as liberações de novos registros de agrotóxicos, a ministra da Agricultura chamou de “desinformação” os estudos que apontam os riscos dessas substâncias (Foto: Agência Câmara)

Mas o governo aponta na direção oposta. A responsável pela pasta da agricultura, ex-líder da bancada ruralista Tereza Cristina, foi presidente da comissão especial na Câmara que aprovou, em junho passado, o Projeto de Lei que propõe agilizar a aprovação de novos agrotóxicos no país. Apelidado pelos críticos como o “PL do veneno”, já gerou grande polêmica, sendo criticado em uma carta assinada por mais de 20 grupos da comunidade científica.

Sem previsão de conseguir maioria no Congresso para aprovar o PL, a estratégia parece ter mudado. Desde o início do ano, o Ministério da Agricultura publicou novos registros para 152 agrotóxicos, uma velocidade recorde de 1,5 aprovações por dia. Chamada para esclarecer as liberações em audiência na Câmara na última terça-feira (9), a ministra disse que “não existe liberação geral” e que longos processos de aprovação só atrasam o agronegócio brasileiro. Ela chamou de “desinformação” os estudos que apontam os riscos dessas substâncias e, usando o mesmo argumento do sindicato dos produtores de agrotóxicos, declarou que as intoxicações ocorrem devido ao modo como os trabalhadores aplicam as substâncias. Um dia depois da audiência, o governo aprovou a comercialização de mais 31 agrotóxicos no Brasil.

Agência Pública e Repórter Brasil

Novos caminhões deverão emitir 30% a menos de poluentes na UE até 2030


Os fabricantes de caminhões também terão de investir em alternativas ao diesel. Foto (AFP)

Até 2030, os novos caminhões deverão emitir menos de 30% de dióxido de carbono (CO2) em relação aos níveis atuais na União Europeia (UE), em virtude da legislação aprovada nesta quinta-feira (18) pela Eurocâmara.

Por 474 votos a favor, 47 contra e 11 abstenções, os eurodeputados reunidos em Estrasburgo (França) aprovaram esta lei, um mês após concordar também em reduzir em 37,5%, até 2030, as emissões nos carros de passageiros.

Para os caminhões, a norma, a primeira para este tipo de veículo, estabelece que deverão circular emitindo menos 15% de dióxido de carbono, até 2025, e 30%, até 2030, em relação aos níveis de 2019.

Em 2022, a Comissão Europeia, o braço executivo da UE, deverá propor os novos objetivos para o período posterior a 2030.

Os fabricantes de caminhões também terão de investir em alternativas ao diesel e garantir que os veículos com emissões zero, ou baixas, representem pelo menos 2% das vendas da frota nova até 2025.

Estes objetivos “estão distantes de serem suficientes para alcançar as metas do Acordo de Paris”, destacou a ONG especializada em poluição automobilística Transport&Environment.

O processo legislativo destes textos, seja sobre carros, ou sobre caminhões, foi marcado pela forte mobilização da indústria do setor, que ameaçava cortar postos de trabalho caso estabelecessem metas muito audaciosas.

AFP