No Rio, feira reafirma necessidade da Reforma Agrária


              

Durante dois dias, assentados e assentadas da reforma agrária expuseram os produtos de seu trabalho no Largo da Carioca, centro do Rio. Objetivo foi dialogar com a população e mostrar a importância de uma reforma agrária popular no contexto atual. Foi apenas a quarta edição da feira, mas os números dão o tom de um evento que já se consolidou no Rio de Janeiro: 30 toneladas de alimentos, sendo 11t industrializados e 19t frescos, 110 agricultores e agricultoras,  duas cooperativas do RJ, seis cooperativas de outros estados, e uma estimativa de 50 mil visitantes em dois dias.

Esses foram os números da IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, realizada nos dias 9 e 10 de dezembro, no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro. Mas para Andrea Matheus, umas das coordenadoras da feira, isso não foi o mais importante: “A feira cumpriu seu objetivo fundamental, de seguir pautando a reforma agrária e a necessidade de se olhar para os assentamentos. Mostramos para os cariocas que as áreas de reforma agrária do nosso estado são capazes de produzir alimentos diversificados e saudáveis. Para além da questão financeira, das vendas, o importante é a oportunidade de dialogar com a população sobre o sentido da luta pela terra”, afirma.

Produtos industrializados foram novidade

A novidade deste ano foi a vinda dos alimentos industrializados – arroz, feijão, laticínios, sucos – de seis cooperativas ligadas ao MST no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. “Assim podemos mostrar que a capacidade do MST vai além da produção in natura, e ao mesmo tempo apontamos que o nosso estado precisa de investimentos para a construção de agroindústrias. Se não olharem para os nossos assentamentos, vai sempre precisar vir de fora.”, explica ela.

              

Andrea conta que o movimento já aprovou a construção de uma agroindústria para beneficiamento da cana na região Norte, e já tem pronto o projeto para outra na Baixada Fluminense, dedicada à cadeia da mandioca. “É necessário avançar na construção de agroindústrias no nosso estado”, complementou. Para participar do evento, agricultores dos cerca de 30 de assentamentos do MST em todo o estado vieram para a capital com sua produção. A eles, se juntaram camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores e da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro. Andrea explicou a importância deste momento para os camponeses: “A feira tem um aspecto interessante, que é o de colocar os assentados em contato com o povo da cidade grande. Por um lado, sentem as exigências e curiosidades dos consumidores; por outro, têm a oportunidade de dialogar e de contar da realidade do campo. Tem gente que anda dizendo que a reforma agrária não é mais necessária. Mas isso não se sustenta, porque a realidade do campo e da cidade mostra isso. No Rio de Janeiro, a necessidade da reforma agrária é muito clara, e a feira reafirma isso.”
 

Contra Reforma Agrária

A avaliação do MST, tanto a nível nacional quanto no Rio de Janeiro, é de que a situação da reforma agrária é péssima. “Temos poucas perspectivas de saírem novos assentamentos, e temos muita gente acampada produzindo como se fosse assentada. Mas sem a posse da terra, a pessoa fica sem perspectiva de vida.”, disse a coordenadora. Para Marcelo Durão, da coordenação nacional do MST, o momento é de “contra reforma agrária, pois estamos com dificuldades de conquistar novas áreas, e perdendo outras já conquistadas.” No Rio de Janeiro, o último assentamento em áreas do movimento foi concedido em 2007.”

Este ano, a feira recebeu o nome do militante Cícero Guedes. Ele coordenava o acampamento Luis Maranhão, em Campos, e foi assassinado em janeiro deste ano. “A feira mantém viva a memória do Cícero. Ele sempre pautou isso com as famílias, sempre falava da importância das feiras. O trabalho dele foi essencial pra chegarmos a uma feira desse tamanho hoje.”, conta Andrea. Cícero gostava de mobilizar as famílias antes das feiras, ajudando na preparação da produção. Para ele, além da reforma agrária e do direito à alimentação saudável, a questão da agroecologia era fundamental. “Homenagear o Cícero hoje é reafirmar a feira como instrumento para pautarmos os direitos humanos, alimentação saudável, reforma agrária, e sobretudo a vida. Ele sempre falava da importância de doar os alimentos, para que mais pessoas tenham acesso aos frutos da reforma agrária.”, lembra Andrea. Segundo ela, quando o MST iniciou seu trabalho no Rio de Janeiro, em Campos, no ano de 1997, as feiras eram só de doação de alimentos. “O importante era dialogar com a população. Depois é que começaram a vender, pois a produção precisava dar sustento às famílias.”

Elisângela Carvalho, do Setor do Educação, também lembrou a importância de Cícero para feira: “Ele está presente nesta feira, não vamos deixar que sua memória se apague. Cícero nos ensinou a todos os dias nos indignarmos com as injustiças, com o uso de agrotóxicos envenenando nosso povo. Ele, que tanto alegrava esta feira com seus gritos de ordem, sempre nos dizia que o mais importante aqui não era vender os produtos, mas  dialogar com a população, e dizer que o capital nos mata todos os dias e que é possível fazer uma mudança.”

A feira foi encerrada por uma mística celebrada pelo Pe. Geraldo, da Comissão Pastoral da Terra de Nova Iguaçu. A todo momento, ele reforçou que “a terra não é coisa, a terra é mãe”. E evocou os regimes da Bolívia e Equador, que incluíram em suas constituições o conceito do Bem-Viver. O padre declarou apoio à reforma constitucional no Brasil: “Essa que está aí já foi estragada por muita gente.”

Geraldo finalizou a mística lembrando o legado dos militantes do MST assassinados na luta pela terra: “Nós, com Cícero e Regina, e todos que semearam a terra com seu sangue, temos o dever de seguir sua luta.” E entoou: “Põe a semente na terra / não será em vão / não te preocupe a colheita / plantas para o irmão.”

A feira acontece sempre em torno do dia 10 de dezembro, em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Marina dos Santos, do MST, explica que a luta pela reforma agrária é em si uma luta por direitos humanos: “Queremos repartir a terra para que todos tenham direito ao trabalho, direto a produzir e consumir alimentos saudáveis. Isso está na nossa constituição como direito humano.”
 

Ainda por conta da data, familiares de Cícero Guedes receberam no dia 9 o Prêmio João Canuto para defensores dos direitos humanos, concedido pelo Movimento Humanos Direitos (MHuD).

Fonte: http://www.mst.org.br/

Laísa Mangelli 

Lei prevê multa para quem jogar lixo no chão em Volta Redonda, RJ


Valores variam entre R$ 50 e R$ 250, dependendo do tamanho do resíduo.
'População sairá satisfeita', diz vereador autor do projeto.

A Câmara Vereadores de Volta Redonda, no Sul do Rio de Janeiro, aprovou um projeto de lei que prevê multas para quem descartar lixo ou entulho em lotes particulares, áreas públicas, ruas e em avenidas do município. A proposta "Povo educado, cidade limpa" determina o pagamento de valores que variam entre R$ 50, para lixos menores, como guimba de cigarro e papel de bala, e R$ 250, para entulhos e restos de móveis.

O autor do projeto é o vereador Fernando Martins (PSDC), que se inspirou em uma iniciativa colocada em prática no Rio de Janeiro. O programa "Lixo zero" teve início em agosto e já reduziu em 50% o volume de lixo nas ruas cariocas. "O povo quer uma cidade limpa, uma cidade conservada, um local limpo para andar, circular, bater um papo… Então, [isso] me levou a protocolar nesta casa esse projeto, que foi bem sucedido", explicou Martins.

Para virar lei, o projeto precisa ser sancionado pelo prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB). Ele tem até 30 dias para decidir. Depois disso, se o projeto for aprovado por ele, a prefeitura vai determinar o órgão responsável por fiscalizar os infratores e terá 180 dias pra realizar campanhas para conscientizar a população sobre as novas regras.

Após esse período, não vai ter jeito: quem for flagrado sujando as ruas vai ter que pagar. "Isso vai inibir doenças, vai inibir entupimento de bueiros e, com certeza, a população sairá satisfeita, porque é um projeto bonito e bacana", acrescentou Martins.

Fonte: G1

Exposição Nós do Mundo


                                 

A exposição Nós do Mundo convida para uma reflexão sobre a nossa relação com o planeta, discutindo os impactos gerados pela fome de consumo infinita das sociedades urbanas atuais e as possíveis alternativas sustentáveis para a preservação da biodiversidade da Terra.

Em cartaz na Casa da Ciência da UFRJ, de 16 de janeiro a 30 de março de 2014, Nós do Mundo foi concebida pelo Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, como parte das atividades da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012.

Por meio de painéis, atividades interativas e vídeos, a exposição aborda temas como consumismo exagerado, mudanças climáticas, matrizes energéticas, desigualdades sociais e degradação ambiental, apresentando algumas das soluções existentes para o alcance de um desenvolvimento mais sustentável.

Localização: Rua Lauro Müller, 3, Botafogo – Rio de Janeiro

Informações: http://www.casadaciencia.ufrj.br

Fonte: Agenda Sustentabilidade

ONG promove integração com a natureza, educação e tecnologias sustentáveis em MG


Trabalho da ONG Terra Una consiste na manutenção de uma ecovila e em mais uma série de atividades em MG, SP e RJ

                          

A 360 km de Belo Horizonte fica a pequena cidade de Liberdade. Lá, dentro da APA (Área de Preservação Ambiental) da Serra da Mantiqueira fica a um terreno de 48 hectares onde funciona um “centro educacional transdisciplinar de integração rural-urbana”. Em outras palavras, é lá que fica a Ecovila Terra Una.

O espaço integra moradia, trabalho, educação e lazer para vários grupos de moradores e visitantes praticarem técnicas e valores que permeiam um modelo de vida mais sustentável, como  a permacultura e a bioconstrução. Além das casas, a estrutura do local – a sede da ONG Terra Una – conta com um salão de vivências, dormitórios, camping, cozinha, hortas, viveiro de mudas e plantios variados.

A Ecovila recebe pessoas interessadas em participar de suas atividades, durante os eventos variados que acontecem ao longo do ano. Existe um programa de voluntariado para quem quiser ir trabalhar e experimentar a vivência comunitária. Para saber mais sobre visitas e voluntariado, entre em contato pelo e-mail ecovila@terrauna.org.br. Mais informações sobre as outras atividades da ONG podem ser encontradas em sua página na internet.

Fonte: Catraca Livre

Créditos de logística reversa de embalagens são negociados no Rio


Bolsa de Valores Ambientais lança primeiro lote de 1.200 toneladas de plásticos e vidros

 

               
 
LUCIENE DE ASSIS

Começou a funcionar na manhã desta sexta-feira (25/04), no Rio, uma ação inédita destinada ao pagamento de serviços ambientais a catadores de material reciclável. Os créditos de logística reversa para embalagens passaram a ser negociados pela Bolsa de Valores Ambientais (BVRio). O primeiro lote colocado à venda, contendo 1.200 toneladas de três tipos de plásticos e de vidros, está em negociação com representantes do grupo O Boticário.

O evento contou com a participação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que destacou o grande potencial de mercado da logística reversa de embalagens: “Precisávamos de uma política que dialogasse com uma nova governança ambiental para o Brasil, sob a ótica de Estado e não de governo, integrando o setor produtivo com o setor social, com segurança jurídica, papéis bem definidos, metas, fiscalização, controle social, transparência”, salientou. Estimativas oficiais mostram que, a cada ano, no Brasil, pelo menos 20 milhões de toneladas desses materiais vão parar no lixo, sem aproveitamento na reciclagem, pois as prefeituras só conseguem coletar 2% de todo esse volume.

CERTIFICADO

Para participar do sistema, cada catador separa uma tonelada de material reciclável e vende, emitindo nota fiscal eletrônica, momento em que é gerado o certificado da logística reversa. E as empresas podem comprar o certificado, conscientes de que estão contribuindo para a logística reversa dos seus produtos.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirmam um prejuízo anual de R$ 8 bilhões devido a não reciclagem de produtos recicláveis. De acordo com Izabella Teixeira, é preciso, também, debater o tema “cidades”. “Sem esse debate, não tem como a política ambiental avançar nos temas estruturantes, como segurança energética, alimentar, hídrica, porque, em 2030, o Brasil terá 90% da sua população vivendo nas cidades; a América Latina, 93%, e as relações formais com a comunidade acontecerão, predominantemente, nas cidades”, acrescentou.

CADASTRO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos determina a prática da logística reversa, que é a retirada do mercado, pelos fabricantes de sete setores da economia, das embalagens descartadas dos produtos que cada um deles comercializar. Para tornar a iniciativa uma realidade, a BVRio firmou parceria com o Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, que reúne, no país, 800 mil catadores, cujo trabalho permite a reciclagem de quase 90% das latinhas que chegam ao mercado.

A venda de créditos de logística reversa de embalagens na Bolsa de Valores Ambientais aumentará a receita dos catadores, enquanto prestadores de serviços, e das cooperativas, que terão mais facilidade para suas pagar despesas e fazer a manutenção do maquinário. O trabalho da BVRio no projeto de créditos de logística reversa começou há seis meses e já cadastrou mais de três mil catadores de cem cooperativas do país.

 

Greve dos garis demonstra que racismo e discriminação devem ser superados


Entrevista especial com Antonio Cechin e Roque Spies

 

“Há uma tentativa de mostrar para a sociedade que a discriminação não tem cabimento, especialmente no caso dos garis, dos catadores de lixo, que desenvolvem um trabalho fundamental”, diz o assessor de cooperativas Roque Spies.

 

Foto: Manchete Online

greve dos garis do Rio de Janeiro, que teve como desfecho o aumento salarial de 37% e outros benefícios aos trabalhadores, suscitou discussões que estão entrelaçadas na história do Brasil.



As desigualdades sociais, o racismo, as más condições de trabalho foram alguns dos temas comentados por conta da greve que, sem contar com o apoio do sindicato, conseguiu um aumento salarial surpreendente. Para comentar esse fato, a IHU On-Line conversou com Antonio Cechin, por e-mail, que trabalha com catadores e recicladores de Porto Alegre, e Roque Spies, que assessora cooperativas de catadores na região do Vale do Rio dos Sinos.

 

Na avaliação de Cechin, “a grande lição deixada por esses vitoriosos garis, aplaudidos pelo povo depois do sensacional tento que lavraram e que deixou a eles mesmos perplexos, porque jamais imaginavam tanto, é que não há meio popular que não possa se organizar em busca de sua própria libertação. Isso porque o Deus da fé cristã é o Deus dos últimos, dos excluídos”.

 

Para Roque Spies, “esse foi o momento acertado para fazer a reivindicação, ou seja, antes da Copa do Mundo, porque, com tantos recursos sendo canalizados para outros serviços e atividades, chegou a hora de valorizar pessoas que trabalham por um salário tão mísero”. Em entrevista concedida pessoalmente à IHU On-LineSpieslembrou que a “Política Nacional de Resíduos Sólidos trouxe uma necessidade de valorização das pessoas que atuam nessa área, sejam garis, coletores, catadores de rua, ou pessoas que trabalham nas cooperativas, nos processos de triagem. Essas pessoas desenvolvem um trabalho ambiental muito importante, o qual só é lembrado quando há casos de inundações. A sociedade não pensa muito nesse tipo de trabalho, mas o movimento nacional de reciclagem popular está reivindicando que as pessoas que fazem esse serviço mais ‘sujo’ sejam valorizadas, porque há um descompasso de valores entre aquilo que os trabalhadores ganham e aquilo que as empresas ganham com as coletas ou no beneficiamento de materiais”.

 

Antônio Cechin é irmão marista, graduado em Letras Clássicas e em Ciências Jurídicas e Sociais. Trabalha como agente de Pastoral em diversas periferias da região metropolitana de Porto Alegre, sendo também assessor deComunidades Eclesiais de Base do Rio Grande do Sul, de catadores e de recicladores. É coordenador do Comitê Sepé Tiaraju e da Pastoral da Ecologia do Regional Sul III da CNBB

 

Roque Spies atua como assessor e capacitador de catadores, auxiliando na formação de cooperativas, discutindo a coleta seletiva e a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.

 

Foto: Manchete Online

Confira a entrevista. 

IHU On-Line – O senhor acompanhou a repercussão da greve dos garis no Rio de Janeiro? O que essa greve demonstra?

 

Antonio Cechin – A greve dos garis do Rio de Janeiro ficará para a história como um exemplo de que até o impossível pode acontecer neste ‘Brasilzão de Deus’.

 

Arrostando todo tipo de dificuldades, os limpadores da Cidade Maravilhosa, contra a vontade da empresa que os contratou para o trabalho, contra o governo da cidade que lhes acenava apenas com a possibilidade de 5% de aumento, contra a direção pelega do próprio sindicato da categoria a que pertencem, contra a mídia escrita e falada, em suma, contra todos os tipos de poderes que se possa imaginar, depois de oito dias parados e de braços cruzados para as atividades insanas do dia a dia, conseguirem um aumento salarial de 37%, mais um adicional de insalubridade de 40% e, ainda, de lambuja, aumento no tíquete alimentação de 12 reais para 20 reais (66% de aumento), além de outros direitos — munidos apenas de cara e coragem na mobilização homem a homem —, é simplesmente espetacular.

 

Roque Spies – Fiquei admirado com a iniciativa dos garis de se organizarem e realizarem uma greve. O resultado foi muito justo. Além disso, fiquei abismado ao saber o valor que eles recebiam por realizarem um serviço tão importante. Esse foi o momento acertado para fazer a reivindicação, ou seja, antes da Copa do Mundo, porque, com tantos recursos sendo canalizados para outros serviços e atividades, chegou a hora de valorizar pessoas que trabalham por um salário tão mísero. Apesar da conquista, o valor recebido pelos garis ainda está aquém do merecido.

 

 

“A greve dos garis do Rio de Janeiro ficará para a história como um exemplo de que até o impossível pode acontecer neste ‘Brasilzão de Deus’”

IHU On-Line – O que a conquista dos garis sinaliza em relação à discussão sobre desigualdades sociais, profissões ligadas à temática do lixo? Que perspectiva as conquistas dessa greve geram para outros trabalhadores?

 

Antonio Cechin – Comprova-se mais uma vez a tese central da Teologia da Libertação a respeito da força histórica dos pobres, sobre a qual Gustavo Gutierrez escreveu todo um livro sobre os fundamentos desta nova ciência de modelo latino-americano.

 

O verdadeiro milagre dessa vitória total dos garis cariocas também vai na linha do anúncio do maior milagre da história, quando foi anunciado pelo anjoGabriel à Virgem Mãe de Jesus o mistério da encarnação: a Deus nada é impossível.

 

O grande cientista sociólogo Marx deve estar dando pulos dentro da tumba em que jazem os seus ossos. Não afirmava ele que o lumpezinato (lumpem proletariat) é totalmente imprestável para a revolução, simplesmente inútil para qualquer coisa? Funciona apenas como "o combustível da sociedade capitalista", segundo as palavras textuais de Marx, como a dizer que desse mato dos párias da civilização urbana não sai coelho de espécie alguma.

 

A grande lição deixada por esses vitoriosos garis, aplaudidos pelo povo depois do sensacional tento que lavraram e que deixou a eles mesmos perplexos porque jamais imaginavam tanto, é que não há meio popular que não possa se organizar em busca de sua própria libertação. Isso porque o Deus da fé cristã é o Deus dos últimos, dos excluídos. Esse dado da fé cristã está também, desde um ano, sempre na boca de nosso grande bispo de Roma de nome Francisco.

 


“Fiquei admirado com a iniciativa dos garis de se organizarem e realizarem uma greve. O resultado foi muito justo”

Roque Spies – A Política Nacional de Resíduos Sólidos trouxe uma necessidade de valorização das pessoas que atuam nessa área, sejam garis, coletores, catadores de rua, ou pessoas que trabalham nas cooperativas, nos processos de triagem. Essas pessoas desenvolvem um trabalho ambiental muito importante, o qual só é lembrado quando há casos de inundações. A sociedade não pensa muito nesse tipo de trabalho, mas o movimento nacional de reciclagem popular está reivindicando que as pessoas que fazem esse serviço mais “sujo”sejam valorizadas, porque há um descompasso de valores entre aquilo que os trabalhadores ganham e aquilo que as empresas ganham com as coletas ou no beneficiamento de materiais.

 

IHU On-Line – Como esse episódio contribui para uma discussão social no país?

Roque Spies – Há uma tentativa de mostrar para a sociedade que a discriminação não tem cabimento, especialmente no caso dos garis, dos catadores de lixo, que desenvolvem um trabalho fundamental. As questões do racismo e da discriminação pela atividade que as pessoas desenvolvem devem ser superadas. Todas as pessoas e profissões têm sua importância e devem ser reconhecidas pelos seus trabalhos. Hoje, os catadores podem ser reconhecidos e, inclusive, ter uma microempresa individual. Essa questão já está reconhecida por lei.

Fonte: IHU – Unisinos

Paralisação dos garis no Rio, educação ambiental e a quantidade de resíduo produzido.


          

Cerca de 300 garis aderiram à greve de paralisação do trabalho, reivindicando melhores condições de trabalho, aumento de salário e benefícios que não lhe são concedidos. E para mostrar a todos a falta que eles nos fazem, decidiram parar em pleno carnaval carioca, ou seja, a cidade virou um lixão a céu aberto. Com toneladas de lixo espalhadas por todos os lados e esquinas, uma imagem desagradável e vergonhosa.

 

Sabendo que só o que é visto, é lembrado, a greve teve seus efeitos colaterais, nos revelando a nossa relação com o lixo que produzimos. Diante dos nossos olhos está a resposta de como lidamos com os resíduos produzidos e de como cuidamos da nossa cidade. A greve trouxe o lixão para a cidade, e a população se assustou e se indignou. Mas, não fomos nós mesmos que jogamos todo esse lixo no chão? E qual é a participação do governo nessa história?

       

                               Centro da cidade tomado pelo lixo que a cada hora acumula mais

 

Sou moradora da cidade aclamada como “cidade maravilhosa” e posso afirmar que mesmo que você queira destinar corretamente o seu lixo, vai ter que suar a camisa. Os incentivos governamentais para a destinação correta dos resíduos são poucos e, afirmo: ineficientes. Para os governantes é mais fácil e mais barato manter os garis a salário de miséria, do que lidar seriamente com a questão ambiental e implementar uma política eficiente para transformar o lixo em riqueza. Lembrando a você que o prazo para cumprir a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) acaba este ano.

 

             

Os garis que mantiveram a greve foram indevidamente demitidos por justa causa, já que o direito a greve é legitimo. Sem contar que os que continuaram a trabalhar receberam escolta militar, ou seja, estão sendo forçados a trabalhar sob ameaças. Cenário assustador que me relembra os quilombolas e seus senhores.

            

                                         Escolta da prefeitura obrigando os garis a trabalharem

 

É espantoso em como uma cidade que é referência mundial pelas belezas naturais e biodiversidade, dependa exclusivamente de alguns trabalhadores para que um tapete de lixo não se forme em apenas cinco dias. Onde está a educação ambiental da população? Para uma pessoa como eu, que recicla quase 80% do meu lixo domiciliar, é incômodo ver tanto material que poderia ser reciclado nessas pilhas infinitas de lixo.

 

Mas infelizmente a situação é caótica, e a responsabilidade é transferida de mãos em mãos, por fim, chegando a lugar nenhum. Não existe participação efetiva do governo em querer educar ambientalmente a população, simplesmente não existem lixeiras suficientes em lugares de grande circulação de pessoas, quiçá lixeiras para reciclados.

 

Ainda há muito que progredir quando se trata dos resíduos que descartamos. Um longo caminho precisa ser traçado, para num futuro próximo, talvez, consigamos enxergar o potencial que o lixo tem, e o que uma cidade sem lixo pode ganhar.

 

Laísa Mangelli

 

 

Mesmo com acúmulo de lixo, garis decidem manter greve no Rio


Em assembleia na manhã de hoje (3), garis do Rio de Janeiro decidiram continuar a greve iniciada há três dias. Alguns bairros da capital fluminense estão tomados de lixo, sobretudo, os locais por onde passaram ontem (2) os blocos de carnaval e o Sambódromo. Dos cerca de 15 mil garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), aproximadamente 3,5 mil estão parados.

 

 

Bairros como Copacabana e Botafogo não apresentavam problemas com a limpeza urbana nesta manhã, com ruas limpas e lixeiras vazias.Na Lapa, bairro boêmio da cidade, resíduos sólidos aglomeravam-se pelas calçadas, meios-fios e canteiros. O mau cheiro incomodava as pessoas que passavam pelas ruas. Durante a manhã, um grupo de garis da Comlurb, sem o uniforme, faziam a limpeza nos Arcos da Lapa. O turista inglês John Mills que veio ao Rio pela primeira vez para o carnaval não sabia da greve. “Eles foram espertos por fazer a greve logo neste período, pois a cidade está realmente muito suja.”

 

O movimento grevista reivindica ajuste salarial de R$ 803 para R$ 1,2 mil, aumento no valor do tíquete-alimentação diário de R$ 12 para R$ 20, pagamento de horas extras para quem trabalhar nos domingos e feriados, como previsto em lei, e melhores condições de trabalho. Eles fizeram um protesto ontem na sede da prefeitura.

 

No sábado (1º), o Tribunal Regional do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro (TRT-RJ) declarou a “abusividade e ilegalidade” de qualquer movimento de paralisação dos garis vinculados à Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). O Sindicato e Comlurb não reconhecem a greve. A Companhia informou por meio de nota que está em negociação com o sindicato da categoria “como faz todos os anos no período do acordo coletivo”. Até o fechamento desta matéria a Comlurb não havia se manifestado sobre a paralisação nem sobre as providências para solucionar o problema do lixo.

 

Por Flávia Villela – Repórter da Agência Brasil

 

Fonte: Agência Brasil

Abandono de animais aumenta 70% nas férias em SP e RJ


Divulgação


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    

 

 

 

O descanso de final de ano, por conta do Natal, Reveillon e das férias coletivas, é sempre muito esperado e comemorado pelas pessoas, mas vários animais não têm motivo algum para festejar nesse período. 

Levantamentos feitos pelas ONGs Suipa, do Rio de Janeiro, e Arca Brasil, de São Paulo, apontam que o número debichos abandonados aumenta cerca de 70% nas férias. Isso porque muitos donos querem viajar no período, mas não podem levar os animais de estimação e não têm com quem deixá-los. Sem dinheiro para hospedar os bichos em hotéis especializados, acabam optando por abandoná-los dentro de casa – sem cuidados como comida, água e higienização – ou mesmo na rua. 

Os dados da Secretaria de Defesa dos Animais da capital fluminense também chocam. Segundo a instituição, o número de cães e gatos deixados em abrigos cresceu, aproximadamente, 340% em novembro, em comparação com os meses de março a outubro. Normalmente, essas entidades recebem cerca de 28 animais a cada 30 dias. Em novembro, 95 bichos foram entregues e, em dezembro, já são 49, apenas nos primeiros dez dias. 

Vale lembrar que abandonar e maltratar animais é crime, previsto no artigo 32 da Lei Federal 9.605/98 de Crimes Ambientais. A punição é detenção de três meses a um ano, além de multa. E mais: caso o bicho abandonado morra, a pena do criminoso pode aumentar de um sexto a um terço. 

Se presenciar qualquer tipo de maus tratos a animais, denuncie. A queixa pode ser feita nas delegacias comuns ou especializadas em meio ambiente. Também é possível denunciar para o Ministério Público ou para o Ibama.

 

Fonte: Planeta Sustentável

Bloco de limpeza invade praias cariocas


Pelo 11º ano consecutivo, o Carnaval será marcado pelo mutirão de voluntários nas praias cariocas conscientizando os banhistas a respeito do “microlixo” deixado na orla. A campanha Bloco Limpeza 2014 virá com a ala das sacolas de plástico reciclado da Dover Roll – sacolas fabricadas com plásticos usados, retirados do meio ambiente -, coletando bitucas de cigarro, tampinhas de garrafa, cotonetes, canudinhos, palitos, preservativos e muitos outros detritos descartados incorretamente nas praias do Rio de Janeiro pelos blocos, bandas, trios elétricos e foliões.

 

A ação vai alertar para a necessidade de preservação da vida marinha. Os folders explicativos informarão à população como esse microlixo pode prejudicar e matar por asfixia ou inanição os animais marinhos, além de contaminar a areia e prejudicar a saúde e a qualidade de vida humana.

 

       

 

O bloco é realizado pelo Instituto Ecológico Aqualung no próximo sábado (22), das 10h às 13h. Confira abaixa como participar desta folia sustentável:

Pontos de Encontro/Coordenadores de Área:

(Sempre com início às 10h e término às 13h, em todos os pontos).

Praia de Copacabana:

– No Posto 6, andando até a Rua Santa Clara;

Praia de Ipanema:

– Na pedra do Arpoador, caminhando até a Rua Garcia D'Avila;

Praia da Barra da Tijuca:

– Quebra-Mar, andando até a Barraca do Pepê;

Prainha:

– Parque da Prainha;

Ilha de Paquetá:

– Praia da Moreninha

Mangaratiba:

– Na Praia de Muriqui, na Barraca do Cabeça, com a Secretaria de Meio Ambiente.

Saquarema – Região dos Lagos (RJ):

– Praia de Vilatur

 

Imagens: Reprodução

Fonte: Ciclo Vivo