É preciso Salvar o Legado Socioambiental


Recente matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo deu conta de uma situação preocupante em relação à gestão da biodiversidade paulista.

Os gestores das Unidades de Conservação estariam sendo substituídos por critérios político-partidários, perdendo-se, com isso, lideranças técnicas capacitadas.

Além disso, recursos vultosos da compensação legal devida por empreendimentos não estariam sendo devidamente aplicados.

E obras financiadas com empréstimos contraídos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estariam em péssimo estado de conservação, mesmo aquelas recém construídas. Sem falar da fiscalização precária e quase inexistente dessas áreas.

Este quadro é extremamente preocupante porque a proteção da biodiversidade é uma obrigação constitucional e representa um patrimônio indiscutível em termos de qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável. A perda da biodiversidade tem sido apontada pela comunidade científica internacional como uma das ameaças ao planeta e as Nações Unidas, em documento publicado em 2010, The Economics of Ecosystems and Biodiversity – TEEB, confirma a sua importância em termos econômicos.

Vale enfatizar que as Unidades de Conservação, nesse sentido, são consideradas um ativo importante para o desenvolvimento regional, sendo que o empréstimo contraído pelos paulistas junto ao BID tem como objetivo o desenvolvimento do ecoturismo no litoral de São Paulo.

Por sua vez, um dos programas mais bem sucedidos do mundo, relativo ao conhecimento científico da biodiversidade paulista, o Biota, financiado pela Fapesp, indica a riqueza biológica da biodiversidade e a rigorosa necessidade de sua conservação.

É bom lembrar que os tucanos sempre tiveram um papel importante na construção de políticas de desenvolvimento sustentável no Brasil. O ex-governador Montoro criou o CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Também é resultado de seu governo o tombamento da Mata Atlântica paulista. Além da criação da Fundação Florestal, hoje responsável pela gestão das Unidades de Conservação do estado.

Por sua vez, Mário Covas criou o Parque Estadual Intervales e iniciou, pioneiramente, uma série de programas em 1995, inspirados na recém aprovada Agenda 21, entre os quais, o Programa Estadual da Biodiversidade, do qual surgiu o já mencionado Biota.

O governador Geraldo Alckmin, na sua primeira gestão, instituiu, em uma postura de vanguarda, o Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade em 2005, além de estender a proteção da biodiversidade paulista pela criação de várias Unidas de Conservação. Em 2012, recebeu o prêmio South Australian International Climate Change Leadership Award. José Serra, ao instituir a Política Estadual de Mudanças Climáticas em 2009, tornou São Paulo o mais importante estado do hemisfério sul a combater o aquecimento global.

Daí a pergunta: em nome do que estão se desfazendo desse patrimônio? E a quem interessa?

Com o esvaziamento da representação política do CONSEMA e os fatos descritos no Estadão, o PSDB ameaça destruir o seu próprio legado. E pior, iguala-se nas práticas que tanto condena no PT.

Por: Fábio Feldmann

Retirado do Site: http://brasileconomico.ig.com.br/

1º Seminário Internacional de Sustentabilidade na Gestão de Eventos


O Seminário Internacional de Sustentabilidade na Gestão de Eventos reunirá profissionais do segmento de eventos (produtores, empresas, fornecedores), estudantes ou pessoas de interesse geral para troca de práticas e geração de negócios sustentáveis.

                                               

Palestrantes renomados da área de sustentabilidade farão parte da programação, para compartilhar a sua experiência no setor, entre os palestrantes, André Palhano – idealizador da Virada Sustentável e parceiro da Agenda Sustentabilidade.

Como resultado deste encontro vamos construir uma rede de profissionais conscientes sobre a sua responsabilidade e papel no ambiente e na sociedade ,que permitirá alavancar os negócios sustentáveis no Brasil e estimular a adoção de boas práticas na realização de eventos.

Local: Auditório Principal do campus Brasília – Bloco C Térreo – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Brasília.

Endereço: Via L2 Norte, SGAN 610 (610 Norte), Módulo D, E, F e G. Asa Norte. Brasília/DF

Inscrições: evento gratuito

Informações: https://www.facebook.com/SISGEBrasil

 

Fonte: Agenda Sustentabilidade

É preciso Salvar o Legado Socioambiental


Recente matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo deu conta de uma situação preocupante em relação à gestão da biodiversidade paulista.

Os gestores das Unidades de Conservação estariam sendo substituídos por critérios político-partidários, perdendo-se, com isso, lideranças técnicas capacitadas.

Além disso, recursos vultosos da compensação legal devida por empreendimentos não estariam sendo devidamente aplicados.

E obras financiadas com empréstimos contraídos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estariam em péssimo estado de conservação, mesmo aquelas recém construídas. Sem falar da fiscalização precária e quase inexistente dessas áreas.

Este quadro é extremamente preocupante porque a proteção da biodiversidade é uma obrigação constitucional e representa um patrimônio indiscutível em termos de qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável. A perda da biodiversidade tem sido apontada pela comunidade científica internacional como uma das ameaças ao planeta e as Nações Unidas, em documento publicado em 2010, The Economics of Ecosystems and Biodiversity – TEEB, confirma a sua importância em termos econômicos.

Vale enfatizar que as Unidades de Conservação, nesse sentido, são consideradas um ativo importante para o desenvolvimento regional, sendo que o empréstimo contraído pelos paulistas junto ao BID tem como objetivo o desenvolvimento do ecoturismo no litoral de São Paulo.

Por sua vez, um dos programas mais bem sucedidos do mundo, relativo ao conhecimento científico da biodiversidade paulista, o Biota, financiado pela Fapesp, indica a riqueza biológica da biodiversidade e a rigorosa necessidade de sua conservação.

É bom lembrar que os tucanos sempre tiveram um papel importante na construção de políticas de desenvolvimento sustentável no Brasil. O ex-governador Montoro criou o CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Também é resultado de seu governo o tombamento da Mata Atlântica paulista. Além da criação da Fundação Florestal, hoje responsável pela gestão das Unidades de Conservação do estado.

Por sua vez, Mário Covas criou o Parque Estadual Intervales e iniciou, pioneiramente, uma série de programas em 1995, inspirados na recém aprovada Agenda 21, entre os quais, o Programa Estadual da Biodiversidade, do qual surgiu o já mencionado Biota.

O governador Geraldo Alckmin, na sua primeira gestão, instituiu, em uma postura de vanguarda, o Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade em 2005, além de estender a proteção da biodiversidade paulista pela criação de várias Unidas de Conservação. Em 2012, recebeu o prêmio South Australian International Climate Change Leadership Award. José Serra, ao instituir a Política Estadual de Mudanças Climáticas em 2009, tornou São Paulo o mais importante estado do hemisfério sul a combater o aquecimento global.

Daí a pergunta: em nome do que estão se desfazendo desse patrimônio? E a quem interessa?

Com o esvaziamento da representação política do CONSEMA e os fatos descritos no Estadão, o PSDB ameaça destruir o seu próprio legado. E pior, iguala-se nas práticas que tanto condena no PT.

Por: Fábio Feldmann

Retirado do Site: http://brasileconomico.ig.com.br/

Capacitação em sustentabilidade prepara MPEs


Capacitação em sustentabilidade prepara MPEs para entrar no mercado externo

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O tamanho da empresa e uma posição consolidada ou não no mercado nacional não são impeditivos à entrada das micro e pequenas empresas (MPEs) no mercado internacional, mas a falta de uma gestão em sustentabilidade empresarial pode coibir esse processo já que é uma das práticas de negócios mais valorizadas lá fora.

Dados de 2015 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que, apesar de micro e pequenas empresas representarem 44,3%do universo de empresas exportadoras, o valor dessas exportações compõe apenas 0,9% do total. Segundo especialistas, algumas causas deste cenário são a ausência de conhecimento do mercado consumidor de outros países, bem como da logística de armazenagem, de distribuição e assistência técnica dos produtos no exterior.

Para capacitar as MPEs , o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP) e a Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) oferecem formação intensiva gratuita em sustentabilidade. As inscrições online estão abertas até segunda-feira, 7 de março. São 30 vagas disponíveis.

As oficinas sobre comportamento empresarial, argumentos de vendas, atributos de sustentabilidade em produtos e serviços, entre outras temas, serão realizadas nas cidades de São Paulo e Recife durante um ano e meio de duração. A iniciativa faz parte do projeto Inovação e Sustentabilidade nas Cadeias Globais de Valor (ICV Global).

Fonte: EcoD

Mineirão é o primeiro estádio do Brasil a receber premiação máxima em sustentabilidade


Prêmio foi concedido pela Gren Building Council Institute, dos Estados Unidos

Gil Leonardi/Imprensa-MG


Mineirão  é o primeiro estádio brasileiro e o segundo do mundo a conquistar o selo Platinum, categoria máxima de certificação ambiental Leedership in Energy and Environmental Design (LEED), concedida pela norte-americana Green Building Council Institute (GBCI), uma das instituições ambientais mais importantes do planeta. A premiação é resultado de ações ambientalmente sustentáveis implementadas nas obras de reforma da nova arena. 

O estádio conquistou 81 dos 110 pontos para a concessão do selo máximo e se destacou em diversos quesitos, como eficiência da água (10 em 10 pontos) e Energia e Atmosfera (32 em 35 pontos).

“A conquista da certificação é fruto de um trabalho rigoroso desenvolvido desde o momento da concepção do novo estádio, em que as responsabilidades ambientais, sociais e financeiras foram devidamente planejadas e, agora, reconhecidas", destaca Tiago Lacerda, secretário de Estado de Turismo e Esportes de Minas Gerais (Setes).

Ações sustentáveis

 

Renato Cobucci/Imprensa-MG

Vários procedimentos de sustentabilidade foram adotadas no período de reforma do Mineirão. Uma delas foi o sistema de lavagem dos pneus dos veículos que transitaram pelo canteiro de obras para diminuir sujeira e poeira nas vias públicas. A água usada nesta ação foi captada por calhas e destinada para um sistema de tratamento, sendo tratada e bombeada para uma caixa d’água, voltando a abastecer o sistema de lavagem. A prática gerou economia de aproximadamente 18 mil litros de água por dia e cerca de R$ 500 mil.

Outro importante exemplo foi o reaproveitamento de 90% dos resíduos gerados com a reforma do estádio. O concreto demolido foi transformado em brita para ser utilizado na pavimentação de ruas de Vespasiano, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A terra foi utilizada no aterro do Boulevard Arrudas, no centro da capital. Já os antigos assentos também receberam destinação ecológica, sendo doados a estádios e outros espaços esportivos de Minas Gerais.

Com relação ao emprego de energia limpa dentro do Mineirão, a Usina Solar Fotovoltaica (USF) do estádio é outro exemplo de pioneirismo ambiental. Pela primeira vez, um jogo de Copa do Mundo foi disputado num estádio com usina solar em funcionamento. No dia 17 de junho, a Colômbia venceu a Grécia por 3 a 0. Desde o dia 25 de abril, a USF do estádio injeta mais de 1 MW de energia no sistema de distribuição da Cemig, o suficiente para abastecer cerca de 1.200 residências.

Fonte: MG – Superesportes

Usina na Inglaterra será alimentada com gordura


Muita gente ainda não sabe, mas, quando descartado junto ao lixo de casa ou jogado no ralo da pia, o óleo que usamos para fritar batatinhas e outros alimentos é altamente prejudicial ao meio ambiente. Além de poluir a água, impermeabilizar o solo e danificar encanamentos, sua decomposição emite na atmosfera um dos principais gases causadores do efeito estufa, o metano. Ou seja, como se já não bastasse tudo isso, seu ralo fica fedorento!

Brincadeiras à parte, o problema preocupa o mundo todo. Por mês, a capital da Inglaterra gasta mais de R$ 3,8 milhões para limpar seus esgotos, entupidos 40 mil vezes por ano (!) por uma massa gordurosa de óleos de cozinha. Em 2013, Londres contra-atacou. A empresa concessionária de serviços de saneamento básico e fornecimento de água revelou planos de usar gordura para produzir energia.

E o “bote” não é modesto: será construída a maior usina de energia movida à gordura do mundo, segundo a empresa. O empreendimento sairá por R$ 267 milhões e promete fornecer 130 GWh por ano de energia renovável – o suficiente para abastecer 40 mil casas – para grandes obras de esgoto, uma estação de dessalinização e para a rede nacional.

O fornecimento da “matéria-prima” para a usina de gordura ficará por conta das empresas: serão recolhidas, diariamente, 30 toneladas do resíduo descartado por restaurantes e companhias alimentícias locais. Essa quantia será responsável por mais da metade do combustível necessário para o funcionamento da planta. O restante virá de resíduos de óleo vegetal e sebo (gordura animal).

Aqui,no Brasil, também temos alguns bons exemplos, como a primeira usina autossustentável do país, em Sorocaba/SP, que reutiliza o óleo de cozinha como combustível, e uma campanha realizada em Florianópolis/SC, que é considerada pelo Guiness Book a cidade que mais recicla óleo no planeta.

Mobilize-se também! Procure pontos de coleta – existe até um site para ajudar a encontrar os mais próximos de você – para reciclar o resíduo e transformá-lo em sabão, tinta, verniz e biodiesel. As aplicações são diversas, então não há mais desculpa para continuar poluir as águas do planeta!

Fonte: Planeta Sustentável

Sustentabilidade Energética


A sustentabilidade é um termo bastante adotado por várias empresas para representar seus valores de responsabilidade socioambiental. Isso é uma resposta aos questionamentos frequentes sobre a busca do lucro privado às custas de impactos arcados por toda a sociedade. Por exemplo, se uma indústria deixa de investir em prevenção à poluição, economizará num primeiro momento, mas provavelmente se exporá a maiores riscos e causará impactos que afetarão sua imagem e sua competitividade no médio e longo prazos.

Com a energia isso é muito patente. Assim como nós precisamos de alimentos para nos aquecer e movimentar, as empresas precisam de eletricidade e combustíveis para produzir seus produtos e serviços. Como isso se dá de maneira sustentável? Aliás, o que significa ser sustentável?

O desenvolvimento sustentável preserva, em todos os seus três pilares – econômico, social e ambiental –, os direitos de todos à qualidade de vida. Por todos, devemos entender tanto os que aqui habitam como os que ainda não nasceram. Dessa forma, a base de sustentação das atividades econômicas deve ser socialmente inclusiva e ambientalmente preservada para também as gerações futuras.

A energia sustentável é aquela que minimiza seus impactos a ponto de preservar essa base. Entendido esse conceito, estratégias energéticas precisam ser ao máximo possível eficientes e renováveis.

Fontes renováveis de energia nós conhecemos bem. O sol, os ventos, os potenciais hidráulicos, o calor do fundo da terra e a biomassa (plantas e resíduos) podem e devem substituir progressivamente o carvão, o petróleo e os demais combustíveis fósseis responsáveis por grande parte do aquecimento global. A energia nuclear não é renovável, apresenta riscos e, acima de tudo, é cara.

As políticas energéticas reconhecem o valor das fontes renováveis, mas muitas vezes priorizam os combustíveis fósseis por uma série de motivos: tecnologias convencionais mais conhecidas, preferência por grandes obras de infraestrutura e até, porque não, fortes influências políticas. Um argumento frequente é a falta de confiança nas fontes renováveis, mas diversas experiências bem-sucedidas ao redor do mundo se contrapõem a essa tese. Devidamente integradas, as fontes renováveis se complementam.

O que uma empresa pode fazer nesse sentido? Se queimar combustíveis diretamente, pode preferir aqueles da biomassa, mais sustentáveis – caso do etanol e das florestas plantadas. Se essa biomassa for certificada quanto às suas práticas socioambientais, melhor. Se gerar energia elétrica ou térmica, pode tentar a alternativa solar, pelo menos de forma complementar.

                                                      

O segundo ponto é a eficiência. Ser eficiente é obter o mesmo produto ou serviço final consumindo menos, ou seja, desperdiçando menos energia e materiais em seus processos. Como fazer isso? De várias formas. Nos transportes, adequando a logística e evitando que veículos circulem vazios.

Pode-se também preferir modelos de veículos mais leves e ágeis. Nos processos industriais, as empresas podem observar as melhores práticas (benchmarks) aqui e no exterior. Há bastante informação para isso disponível na internet, dentre as quais os relatórios da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) e do Lawrence Berkeley National Laboratory dos Estados Unidos.

Por exemplo, o Brasil produz uma tonelada de aço com 24 unidades de energia (chamadas megajoule), mas pode produzir com menos de dois terços, ou até com 4 megajoules por tonelada. Isso não se faz da noite para o dia, mas deve ser considerado nos planos estratégicos bastando, para tal, uma disposição, que nas conversas informais chamamos de vontade política. Outro exemplo: basta ir a uma praça de alimentação de shopping e verificar que há vários fornos elétricos, fontes de calor em ambientes climatizados com ar- condicionado.

Gasta-se eletricidade para aquecer e para esfriar num mesmo ambiente. Como se combate esse desperdício? Primeiro, com bons projetos. Segundo, com alguns ajustes, isolando os fornos e dando exaustão ao ar quente. Nos escritórios e residências, soluções simples também resolvem problemas de ineficiência: boa ventilação substituindo o ar-condicionado, lâmpadas eficientes, desligar aparelhos não utilizados ou em modo stand by fazem uma enorme diferença.

Outra forma simples de se economizar energia: não perder materiais. Alimentos que são mal-acondicionados e manuseados estragam rapidamente e viram lixo. Menos alimentos na ponta significa maior produção necessária de matérias primas e maior geração de lixo. Tudo isso consome muita energia. Mais um exemplo: construção civil, que além de desperdiçar materiais intensivos em energia, como cimento, utiliza conceitos de projetos importados e mal-adaptados que demandam muito ar-condicionado.

Um enorme contrassenso que vemos todos os dias é a “obesidade veicular”. Verdadeiros tanques, alguns pesando quase três toneladas, transportam uma pessoa pelas ruas congestionadas das cidades. Ao parar por uma hora na rua, privatizam um espaço público que poderia ser utilizado de forma mais inteligente. O comércio afirma que precisa de vagas de estacionamento, mas, curiosamente, quando se faz compras em Nova Iorque, Paris ou até na Rua 25 de Março, não há lugar para se parar e nem por isso as vendas diminuem.

Outro ponto da eficiência energética está no valor agregado aos produtos. O Brasil é um grande produtor de commodities, sabemos bem. Trocamos vagões pesados de minérios e soja, que ficam presos nas filas dos portos, por tablets, aplicativos, artigos de grife e tantos outros produtos e serviços que consomem proporcionalmente pouca energia e que rendem muito para seus países de origem.

A contenção do desperdício deveria estar também nas instituições. Gastamos muita energia para suprir nossa ineficiência. A juventude nas ruas é resultado de um colapso nos sistemas. Enquanto lá fora se desenvolvem polos de inovação, nosso projeto de futuro está em algumas competições esportivas e na esperança num concurso público. Há falta de engenheiros e excesso de advogados.

Em vez de ampliarmos agressivamente nossos tímidos planos de eficiência e de geração distribuída, gastaremos centenas de bilhões de dólares para buscar petróleo no fundo dos oceanos e daremos mais incentivos para as pessoas comprarem ainda mais carros. Isso sem falar nos resgates com dinheiro público a projetos mirabolantes falidos e tantos outros casos que levam a classe alta a Miami e a classe média às ruas.

Precisamos canalizar adequadamente nossas energias. No sentido mais estrito, é preciso ser eficiente e renovável. Algumas empresas mais proativas já perceberam que isso é questão de sobrevivência e defendem políticas coerentes nesse sentido. Elas precisam, contudo, se fazer representar mais fortemente junto aos seus conselhos, associações e federações.

Isso é importante do ponto de vista estratégico: o mundo está mudando, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas e, se quisermos nos manter competitivos, devemos perceber que isso não acontecerá à base de desperdícios e protecionismo. Desperdício aumenta custos e reduz lucros. Menos lucros, menos empregos. Lutar permanentemente contra isso significa ser sustentável.

Por Oswaldo Lucon

Oswaldo Lucon é professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, assessor em Mudanças Climáticas da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e coautor do livro Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento (Edusp).

Fonte: Ideia Sustentável

Agenda brasileira para o desenvolvimento sustentável: economia para a sustentabilidade


O primeiro item proposto é a aprovação de uma política fiscal e tributária que incentive as atividades sustentáveis e desincentive as não sustentáveis.

Por Jorge Abrahão*

 

A vida política continua em ebulição, as candidaturas vão se delineando, mas os programas que eles vão defender para balizar suas ações de governo, caso eleitos, parecem ainda muito frágeis.

Daí o movimento de várias entidades da sociedade civil, inclusive do setor privado, em favor da elaboração de uma agenda nacional para o desenvolvimento sustentável, cujo conteúdo estamos comentado aqui neste espaço nas últimas semanas. A mensagem é de que há uma agenda comum proposta pela sociedade civil que pode ser adotada pelos governantes, independentemente dos partidos.

Na última vez que tratamos desse tema nesta coluna, listamos alguns projetos fundamentais que precisam ser adotados pelos governos para reduzir as desigualdades. Hoje, vamos tratar da economia para a sustentabilidade.

O primeiro ponto de proposta da agenda é a aprovação de uma política fiscal e tributária que incentive as atividades sustentáveis e desincentive aquelas não sustentáveis. Vale lembrar que política fiscal significa, grosso modo, a administração das receitas e despesas de um governo. Política tributária é aquela que envolve ações para angariar receitas para o erário público por meio de impostos e taxas.

Juntar política fiscal e tributária significa administrar receitas e despesas da União, dos Estados e dos municípios no sentido de contribuir para o fortalecimento de atividades ou negócios sustentáveis e desincentivar os que não sejam sustentáveis.

Isso já é feito, por exemplo, com o cigarro, cujos impostos não param de crescer há vários anos, para desincentivar o consumo. A medida foi adotada junto com outras ações educativas e de restrição à publicidade. O resultado é que o consumo de cigarros no país caiu 20% nos últimos seis anos.

A proposta é fazer algo parecido, por exemplo, com os materiais recicláveis, que, ao serem encaminhados para reaproveitamento, são novamente tributados como matéria-prima original. Acontece que latas, garrafas pet, aço e plásticos em geral já foram tributados na fonte na primeira vez em que saíram da linha de produção.

O que se perderia em receita de um lado – a desoneração dos recicláveis, no caso – pode ser compensado pelo aumento de tributos dos materiais que não podem ser reciclados e que ainda são utilizados pela indústria. Esse é o “desincentivo” às atividades não sustentáveis.

É claro que tudo isso deve passar por discussões com as diversas indústrias e com a sociedade, para definir as prioridades. Em parte, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e outros marcos regulatórios já trazem essa priorização. A questão principal é criar marcos regulatórios para que o Estado se movimente nessa direção.

Falando em marco regulatório, o país precisa de um que estabeleça e regulamente as compras públicas sustentáveis. Há leis e normas em vários Estados, municípios e órgãos públicos. Todavia, falta uma legislação geral que unifique e harmonize todas as ações locais, algo como uma Política Nacional de Compras Públicas Sustentáveis, que adote condicionantes de sustentabilidade, e não apenas de preço, para que as empresas possam participar de licitações ou vender produtos e serviços ao Estado brasileiro.

A ONU, inclusive, por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançou um programa global para apoiar a adoção, pelos países-membros da entidade, de programas nacionais de compras públicas sustentáveis para redirecionar gastos públicos para produtos e serviços que tragam benefícios sociais e ambientais relevantes. Esse assunto foi tema de nosso artigo no último dia 30 de abril (“ONU lança programa para deixar os mercados mais sustentáveis”).

Inovação

Outro fator importante da economia para a sustentabilidade é que ela precisa ser inovadora em processos, produtos e serviços, menos intensiva em carbono, mais eficiente no uso e reúso de recursos naturais, gerando oportunidades para os ainda bilhões de excluídos e mantendo o bem-estar para todos. Esse desafio vai exigir o melhor do espírito empreendedor e da criatividade dos brasileiros e das brasileiras. Portanto, também precisaremos que os governos, em todos os âmbitos, incentivem, nas escolas, nas empresas e nos próprios órgãos públicos, a inovação científica e tecnológica no sentido do desenvolvimento sustentável.

Um exemplo brasileiro é o etanol de cana-de-açúcar. Ele foi uma inovação que surgiu ainda nos anos 1970, durante a crise do petróleo, e contou com muito investimento público em pesquisa e desenvolvimento. Hoje, o produto que compramos nos postos de gasolina já é muito mais avançado, graças a contínuos investimentos dos próprios produtores de cana e das empresas distribuidoras do combustível.

Questão de cultura

E não adianta pensar em inovação sem cuidar do aperfeiçoamento cultural de todos os brasileiros, mas principalmente dos jovens da periferia. Inovação implica mais mudança de comportamento do que acesso a bens de consumo. E, no caso do desenvolvimento sustentável, mudar processos, produtos e serviços significa transformar a maneira como vivemos. O bem-estar deve vir mais pelos valores do que pelo consumo, mais pelo compartilhamento do que pela posse de bens individuais. As inovações sustentáveis precisam levar em conta os limites do planeta e as necessidades dos seres humanos, entendendo o bem-estar como saúde, educação, segurança, saneamento e acesso à cultura, que são os bens imateriais da sociedade.

Ainda no âmbito da economia para a sustentabilidade, a agenda propõe que o Brasil aproveite mais as vantagens comparativas, entre outras, de recursos naturais e da janela demográfica (que permitirá ao país ter uma população economicamente ativa relevante, formando, em pouco tempo, imensa força de trabalho e um novo mercado interno).

Outra dessas riquezas que podem dar vantagem ao país na nova geopolítica do século 21 são as comunidades e povos tradicionais, cuja sobrevivência depende de manter e conservar nossos ecossistemas.

Precisamos de um novo padrão de desenvolvimento para garantir o bem-estar dessas populações, utilizando os recursos naturais sem destruí-los e gerando emprego e renda para esses milhões de brasileiros. Só conseguiremos tal patamar com políticas públicas e investimentos em ciência e inovação.

Finalmente, nesse item, não haverá economia para a sustentabilidade sem a progressividade dos tributos, principal ferramenta para uma rápida e consistente redução das desigualdades sociais.

Jorge Abrahão é diretor-presidente do Instituto Ethos.

 

Fonte: Ethos

Casa ecológica construída com 8 mil reais


Utilizando apenas produtos ecologicamente corretos encontrados em abundância na natureza, Brian Liloia e um grupo de amigos construíram com as próprias mãos a COB House, uma casa natural e de baixo custo. A construção que levou cerca de 9 meses custou apenas 8 mil reais. Em sua composição, foram utilizados apenas barro, madeira, pedras, areia e fibra. Utilizando a técnica da construção com COB, Brian conseguiu construir uma casa aconchegante, confortável termicamente e sustentável.

O COB é um material de construção divulgado recentemente pelos movimentos de sustentabilidade e construção natural, ele é composto por argila, areia e palha, similar ao adobe. A mistura é a prova de fogo e altamente resistente a abalos sísmicos. Seu custo é quase nulo e é geralmente usado para fazer um tipo de arquitetura mais artística e escultural, por conta de sua fácil manipulação.

As paredes feitas com COB são necessariamente grossas e servem como massa térmica, fazendo com que a casa se mantenha quente no inverno e fresca no verão, além de funcionar bem com variações de temperatura mais curtas, fazendo a casa ficar fria de dia e quente a noite. Mesmo sendo feito basicamente de barro, o material é totalmente estável em climas úmidos e chuvosos, e se sua estrutura for feita adequadamente, o COB não se deteriora.

Algumas casas feitas com COB em Devon, uma das regiões mais úmidas da Inglaterra, sobrevivem e estão em uso há séculos. O material tem muitas características incomuns com o adobe, material muito comum no México e no sudoeste dos Estados Unidos, mas enquanto o adobe é usado para fazer blocos, o COB é usado para esculpir a parede da fundação de baixo pra cima em uma peça única.

O COB pode ser feito e utilizado de formas bem simples e com muita liberdade de criação.

Confira abaixo as imagens da construção feita com a técnica do COB.

Fonte: http://arquiteturasustentavel.org/

Laísa Mangelli

Ricardo Cardim: o caçador de tesouros verdes


         

Pesquisador abastece o blog “Árvores de São Paulo” ao divulgar espécies raras encontradas ao redor da capital

 

Muito antes de o termo sustentabilidade se tornar lugar-comum, o botânico Ricardo Henrique Cardim já andava pela cidade com sementes dentro dos bolsos. A mania chegou a ser motivo de chacota entre os colegas. Não era usual um garoto com menos de 10 anos falar tanto em meio ambiente, citando de cor nomes de espécies da flora brasileira, como açoita-cavalo e embiruçu. "Inventei jeitos de recolher as plantas sem ninguém perceber, como fingir que amarrava os cadarços", recorda. Hoje, aos 33 anos, a paixão pelo verde continua a falar alto. Cardim escreve o blog Árvores de São Paulo, no qual divulga espécies raras encontradas ao redor da capital, além de dados curiosos e pensatas ecológicas. Uma das estrelas mais recentes da página foi um tipo de orquídea habenaria, que ele localizou no câmpus da Universidade de São Paulo e se tornou destaque na rede.

Com cerca de 1.500 acessos diários na internet e aparições frequentes nos jornais, Cardim chama atenção no meio por unir conhecimento técnico a engajamento. Em 2010, foi um dos três finalistas do Prêmio Empreendedor Social, entregue pela Fundação Schwab e pelo jornal Folha de S.Paulo, por ter conseguido que a prefeitura transformasse em parque uma área de cerrado no Jaguaré, na Zona Oeste. O local será aberto para visitação até o fim do ano, tornando-se o primeiro espaço do gênero na cidade com esse bioma.

A descoberta aconteceu por acaso, em 2009. "Ao abastecer o carro em um posto de gasolina próximo, vi que ao fundo havia a mesma vegetação da década de 40." Entusiasmado com a conquista, Cardim passou a defender destinação semelhante para 20.000 metros quadrados de cerrado em duas áreas do câmpus da USP. No último dia 5, a causa teve mais um avanço. As terras se tornaram reservas de preservação, restauração e estudos. "São Paulo é uma cidade de riquíssima biodiversidade, mas 80% da vegetação é de origem estrangeira", diz. "Essa é uma das coisas absurdas da nossa metrópole."

O blog também ganha repercussão por levantamentos feitos para incitar a reflexão sobre o verde na capital. Alguns são de produção simples, como o mais recente da página, no qual uma comparação de fotos de satélite do Google desde o ano de 2002 mostra como a mata nativa pode se regenerar com fôlego, especialmente em locais abandonados. "A ideia é enfatizar que nossa riqueza pode ser recuperada."

Hoje, além da atuação na internet, o paulistano de Moema trabalha como consultor de paisagismo para projetos arquitetônicos. "Um dos diferenciais dele é um telhado verde com vegetação nativa, que insiro em todos os meus projetos", diz o arquiteto Octávio de Siqueira, que costuma recorrer a seus serviços.

O caminho na história do menino que queria proteger a natureza e se tornou um botânico destacado teve um desvio de rota. Na adolescência, tudo indicava que trabalharia na área. Aos 16 anos, um tio lhe cedeu uma área de 1.000 metros quadrados em um sítio em Pedra Bela, na divisa com Minas Gerais, para que fizesse suas experiências e erguesse ali sua mata apenas com árvores tipicamente brasileiras. Por pressão dos pais e familiares, porém, optou pela graduação em odontologia, vista como mais rentável.

Depois de trabalhar em consultório durante oito anos, com rendimento médio de 10.000 reais mensais, começou a se afastar da profissão e em 2009 ingressou em mestrado sobre os anéis de crescimento de árvores tropicais. "Estou muito mais feliz agora", diz Cardim. "Poucos biólogos têm essa disposição toda para defender o meio ambiente", afirma Nanuza Menezes, professora do departamento de botânica da USP. Quem está por perto, como ela, percebe a animação.

Blog: www.arvoresdesaopaulo.wordpress.com, no qual mostra raridades da capital
Feito: ao identificar espécies em extinção, ajudou na transformação de uma área de cerrado no Jaguaré em parque, que deve ser aberto ao público neste ano.

Fonte: www.recriarcomvoce.com.br

Laísa Mangelli